Já fazia uma semana que eu tinha decidido falar com o pai de Lily. E hoje seria o dia perfeito, a minha ruivinha estava na casa de Dorcas Meadowes, juntamente com Marlene McKinnon, numa despedida dos “tempos de Hogwarts”.

Levantei-me especialmente cedo num sábado sem aulas para me aprontar e acordar Sirius, que tinha concordado que iria comigo até a casa dos Evans.

­— Você ‘tá mais veado do que o normal, Pontas. — ele fazia questão de me lembrar do meu nervosismo a cada três minutos e ria de suas próprias piadas — Olha só, usando terno e tudo! Parece uma marica, acordando cedo pra se arrumar para um encontro com Amos Diggory.

— Quero ver quando for a sua vez de pedir a mão da McKinnon ao pai dela. E pare de falar de Amos Diggory, as garotas se arrumavam mais para sair comigo!

Eu estava nervoso. Não, eu estava nervoso pra caralho. Por vários motivos. Primeiro: o senhor Evans não gosta de mim. Ainda me lembro de quando Lily me apresentou à sua família. Sua mãe sorria doce e abertamente para nós, enquanto seu pai me olhava feio e Petúnia bufava de raiva. Eu tinha certeza que era inveja de não ter James Potter. Veja bem, eu o entendia. Sua filha decente — e a caçula, vale lembrar — estava apresentando-lhe um namorado. Segundo: eu ia pedir para me casar com ela. Ia encarar o mesmo olhar sério, mas dessa vez sem o meu Lírio para mediar. Terceiro: ele tinha músculos e era alto. Não necessita de maiores explicações.

Chamei Sirius para irmos e ele me seguiu, arrancando as chaves do carro das minhas mãos quando me alcançou. Era óbvio que ele ia usufruir da oportunidade de me zoar pelo nervosismo e dirigir o meu carro. Acenei bem gay quando ele abriu a porta do passageiro para mim e soltava m beijinho no ar.

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Sirius acelerou mais ainda quando implorei que chegássemos logo enquanto tentava me acalmar conversando sobre Quadribol e ser Auror. Sempre foi meu desejo, apesar do melhor jogo de todos os tempos ser minha paixão e apenas um hobbie. Chegamos à Rua da Fiação e pedi que Almofadinhas parasse duas casas antes da residência dos Evans. Ele usaria um feitiço para ouvir perfeitamente o que eu diria de qualquer forma.

Caminhei a passos rápidos até a casa perfeitamente pintada de amarelo claro e bati na porta. Esperei que a mãe de Lily atendesse, me acalmasse e dissesse que eu não precisava falar com mais ninguém, apenas ao meu Lírio. Claro que eu me iludi completamente, e ao invés de uma mulher baixa, com cabelos ruivos, vestido e olhos sinceros, vi uma montanha com músculos e um olhar desaprovador, apesar dos olhos verdes da minha ruivinha.

Saturday morning jumped out of bed
And put on my best suit
Got in my car and raced like a jet, all the way to you
Knocked on your door with heart in my hand
To ask you a question
'Cause I know that you're an old-fashioned man

Tentei não gaguejar antes de sequer abrir a boca, repassando tudo o que meu pai mandou que eu dissesse. Respirei fundo quando o senhor Evans pigarreou e fez menção que eu começasse.

— Posso... posso ter a sua filha pro resto da minha vida? — falei rapidamente, dando um passo para trás. — Diga sim, por favor, diga sim. — era isso que eu repetia, como um mantra, bem baixinho.

Ele estava me encarando por um bom tempo, quando finalmente disse:

— Só depois que eu morrer. Desculpe, garoto, mas a resposta é não.

— Por quê? Oras, não seja tão rude. Droga, eu sou humano, não seja tão rude! Eu a amo. — tirando coragem não sei de onde, acrescentei: — Eu me casarei com Lily de qualquer maneira. — esperei por uma reação sua, um soco, talvez.

Why you gotta be so rude?
Don't you know I'm human, too?
Why you gotta be so rude?
I'm gonna marry her anyway

Casar com Lily se tornou minha vida desde quando percebi que não a queria na minha Lista — sim, ela existia —, que queria seu nome na minha aliança, na minha vida. Porra, eu tatuaria PROPRIEDADE DE LÍLIAN EVANS na testa, se ela me pedisse. E agora seu pai não concordou que eu me casasse com ela. Eu deveria ter escutado Almofadinhas e ter falado diretamente com ela. Maldita hora que ouvi Remus.

Eu quero ter uma família com a Evans. Quero que ela me chame de querido, ver seu sorriso todas as horas. Eu quero viver com ela, sob o mesmo teto. Quero ouvi-la dizer sim diante de todos. Eu quero casar com ela. Eu morreria por ela. Não importa se seu pai nos deu a bênção ou não, nós nos casaremos.

Marry that girl
Marry her anyway
Marry that girl
Yeah, no matter what you say
Marry that girl
And we'll be a family
Why you gotta be so rude?

— Por Deus, Potter! Deixe de loucuras, vocês são muito jovens para se casarem. — ele não entendia! Uma guerra estava acontecendo no mundo bruxo, pessoas estavam morrendo, e eu não queria correr o risco de não tê-la antes de morrer. Suspirei pesadamente.

— Desculpe-me, senhor, mas eu a amo demais para aceitar. Eu fugiria com Lily, se fosse preciso. E não importa se somos novos, não podemos perder tempo... — se ele visse que eu estava sendo sincero, talvez cedesse. — E, bem, ela também me ama, então aceitaria. Assim espero. — falei essa ultima parte mais baixo.

I hate to do this, you leave no choice, can't live without her
Love me or hate me we will be boys standing at that altar
Or we will run away to another galaxy, you know
You know she's in love with me, she will go anywhere I go

— E então? Deixe-me casar com ela. Não seja rude! Eu a quero pelo resto da minha vida.

Dei as costas a ele e rumei para o carro. Eu tentei! Mas se ele não aceita, bem, eu fugiria. Eu me casaria com Lily de qualquer maneira.

{...}

Contei tudo a Sirius e Remus, depois que Aluado aparatou em minha casa. Eles concordaram comigo, menos na parte de fugir, mas sei que se decidisse isso, me apoiariam.

Bufei de raiva e me joguei na cama, os garotos preferiram me deixar sozinho — um pretexto para arrancarem comidas do nosso Elfo Doméstico. Levantei rápido e procurei por um pedaço de pergaminho e uma pena, escrevendo em seguida:

“Meu Lírio, vamos nos casar?

E, como se imaginasse o que ela responderia, continuei:

“Eu meio que pedi ao seu pai,

mas ele foi rude e não nos abençoou.

Por favor, Lírio! Nós seremos uma família.

Eu amo você. Eu morreria por você.

Eu fugiria do seu pai por e com você.

JP”

Dobrei o pequeno bilhete e escrevi “Ruivinha”, depois entreguei para minha coruja e ela saiu voando para casa dos Meadowes.

Fui até a sala para ver os garotos, e, como sempre, estavam na cozinha. Comemos um lanche e depois de uns minutos conversando, subimos para meu quarto.

Um tempo depois, ouvi um barulho perto da janela e fui ver, encontrando uma coruja com um pedaço de pergaminho preso à pata.

“Você é maluco, James.

Imagino que tenha usado um terno, não?

Como ela sabia? Ela é incrível, e mais ainda por ter aceitado sair comigo, apesar do idiota que eu fui.

“Não precisamos fugir do meu pai

Ah, ele disse que éramos muito jovens, aposto.”

Sorri ao terminar de ler e voltei à cama, brincando com o pergaminho entre os dedos, quando vi que o verso também estava escrito.

“Sim, James, vamos nos casar.

Eu amo você.

LEP”