O Fascínio da Dama escrita por 0 Ilimitado


Capítulo 1
O Fascínio da Dama




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Quando a sinceridade dos homens foi leiloada certamente eu não estava no show, estava longe dali, preso no banheiro com uma mão manchada de branco e a outra agarrada ao papel.

Os anos se passaram e ao ver o quão exaurido terminava meus turnos eróticos, solo, resolvi lutar o meu litígio interno e de verão até o inverno, tornei-me outra pessoa.

Entre as paredes do colégio não havia pudor entre disseminar o que eu já havia sido, conversava normalmente sobre as minhas perversões com ambos os sexos. Ao contrário do que possa acreditar, não extingui o vício da minha vida, adestrei-o, direcionei-o para o papel em branco do que para o meu órgão flácido e insaciável. E quando alguma alma feminina estivesse disposta a conhecer esse meu universo, transformava minha alma em boa lábia.

Poeta e pesquisador abstrato pela natureza humana. Alguns dos meus grandiosos atributos. Não atraía todos os tipos femininos, digo “que ainda bem”. Sempre fui um ponto de referência entre os portões escolares, qualquer um que quisesse ter uma agradável ou triste conversa, direcionava-se a mim, pois sabiam que não havia restrições quanto a minha pessoa. Relatarei um dos casos, que conscientemente mistura tudo que já tratei até esse parágrafo. Não tenho medo de rótulos, imagine se cada general de guerra se enfraquecesse quando alguém o chamasse de fanático.

No início de um período letivo, sempre há alguns alunos que se ingressam no colégio. A partir desta premissa, procurava me enturmar entre eles, nada muito difícil, todavia naquele ano, estava cansado, por problemas familiares, afinal não são apenas vícios que assolam uma vida.

Entrou certa menina, cabelo liso e longo, com seu toque amarronzado, com olhos azuis que se realçavam na face limpa e branca. Pernas carnudas e uma voz majoritária. Uma cintura sinuosa e digna de curvas perigosas.

Com o seguir da vida adquirimos experiências, qualidades, vivências boas e ruins, com elas desenvolvemos habilidades. Com um rápido passar de olhos conseguia com toda certeza captar o sentimento que era passado, saber se a tristeza resumia-se em prantos ou se a alegria transbordava entre os dentes. Apenas pela risada indecente e os olhos fitando os meus, sabia que entre a linha de visão havia mais do ferômonios.

Eu estava apático e ela descontraída se agarrando entre os garotos que havia acabado de conhecer. Não disse nada, deixei-os aproveitarem as suas crenças de que ela tinha algum interesse neles. Com o meu conhecimento sobre o instinto das mulheres, posso dizer sem receio que conseguem o que querem através de meios exteriores, adaptando-se aos entornos, de um modo ou de outro, instaurou-se na minha consciência poética e possessiva, sem ao menos tocar-me, fisicamente.

E há muitos anos, nenhuma havia conseguido quebrar a minha crosta. Nos meus olhares ela era minha, nos dela, um objeto a ser instigado até o bote, como uma serpente agressiva e sedutora, que vai se esgueirando pelo palácio, esperando o imperador deixá-la entrar, ao adormecer do senhor, ataques impiedosos resumem a vida em morte.

Após alguns dias, Rebecca veio ao meu encontro no recreio, afirmo que me assustei ao vê-la adentrar meu templo que era junto aos arbustos, ao lado do banco onde residia a minha sala, quase inteira.

Durante o período de aula, de conversações, pegava-a fitando-me, sabia definidamente que passava a língua entre os dentes e o céu da boca, premeditando o que poderia acontecer.

Havia chego a hora, ela iniciou-se dizendo:

— Davi?

Estava desorientado no momento, extraviado nos meus pensamentos, ao retomar a realidade vi-a em uma irrupção.

— Olá! Sente-se...

Afastei-me dando espaço para o seu corpo acomodar-se ao lado do meu.

— Estava conversando com os meninos e entre os assuntos veio um sobre você. —Rebecca disse terminando com a boca entreaberta, empunhava uma intimidade maliciosamente concreta.

— E pode me dizer qual é?

— Sobre o seu vício.

— O meu antigo vício. — Dei entonação na terceira palavra.

— Como era ter esse vício?

— Acima de tudo, insuprível, como todos os outros. Sempre fui fascinado pelo cheiro das mulheres, por seus cabelos, lábios carnudos ou finos, no olor dos seus hálitos pensava que tudo premeditava sexo, e eu corria para o banheiro, imaginando... Liberava toxinas, sabia que tinha que parar com aquilo, meu estresse resumia-se em masturbação... Mas já passei por essa fase.

— Como conseguiu passar por ele?

— Preferi gerir a minha energia sexual para o papel, devem ter dito também que escrevo bastante.

— Sim, falaram também que você noutros anos era profissional para pegar garotas.

— Falando assim soa vulgar, entretanto esse é o passado, vamos viver o presente, não sou mais assim.

— E se uma eu pedisse que me conquistasse agora mesmo? — Perguntou aumentando a adrenalina no meu corpo.

— Não sei. Apenas me diga que garota é, romântica incomparável? Perversa? — Sem permitir que continuasse, interrompeu-me.

— Sou igualitária as duas.

Passei a mão na face, simulando inconscientemente uma retirada da máscara, aproximei-me dela, do seu rosto de veludo, deixei-a perder-se entre os meus olhos verdes. Levei minhas narinas aos seus cabelos, senti o olor, fechando levemente os olhos e comecei a recitar já com as mãos percorrendo as coxas pomposas diante minha carne.

— Seus cabelos são como cobertores, que me abraçam em dias frios, esses seus lábios ... — Ao disser isto, com um rápido movimento da mão, aproximei-me de sua virilha e voltei aos movimentos circulares naquela região sensível, facilmente perceptível, pois ao me mover, as pálpebras da dama remexiam-se descontroladamente, em uma velocidade aprazível — São os mais belos labirintos que encontro e ao cair do céu sinto o seu nobre cheiro envolvendo o meu, você pede mais ... — Com a outra mão senti a cintura através da blusa — Agora eu beijaria a sua nuca, mas...

Após um suspiro profundo e sensual que atraiu a atenção dos jovens estudantes que repousavam no tal banco, ela disse com tanta cautela e tensão sexual:

— Mas se continuarmos o inspetor nos pega ou você me mata de tesão?

Deixei-a na deriva e dominada, retirei minha pele da dela, e fiquei estagnado esperando os espólios.

— Você é muito mais do que eles haviam me dito... Devíamos repetir isso mais vezes.

Levantou-se e com um sorriso no rosto se foi na imensidão no pátio, levantei fazendo a mesma curva e olhei para onde ela iria, como esperado, dirigiu-se ao banheiro inebriada.

Houve mais, muito mais... Foi em uma festa onde o clímax atingiu o auge, sem olhares atentos, iluminados por uma luz de abajur, mas não judiarei mais de vocês, apenas se quiserem.

FIM
09/01/2015


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