O Meu Eu Amaldiçoado escrita por NinaCruz


Capítulo 2
Minha Nova e Morta Irmã




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“You hid your skeletons when I had shown you mine
You woke the devil that I thought you'd left behind”

“É. Mais um ano. De vida e de colegial. Sem amigos, sem ninguém”.

Antes de abrir os olhos, eu inspirei e tomei coragem. Meu despertador já tinha tocado, e sabia que ia me atrasar. Mas tudo bem. Não vou passar mais um ano tentando impressionar as pessoas.

Abri os olhos bem quando o refrão da música estava tocando:

“And you held it all
But you were careless to let it fall
You held it all
And I was by your side
Powerless”

– Filha, vai se atrasar... e parabéns.

Limpei as remelas dos olhos e abracei minha mãe, enquanto ela segurava um pacote nas costas. Fui passando levemente a mão nas costas dela, afim de pegar o presente, e...

– Ai, filha! Você sabe que eu sinto calafrio quando você passa a mão nas minhas costas!

– Desculpa, eu...

– Shiii! Feche os olhos...

Ela me deu o pacote e continuou:

– É muito especial para mim... Foi meu. Foi assim que conheci seu pai.

Nem precisei tocar para saber o que era. Já tinha escutado aquela história várias vezes. O cosplay. A convenção. O livro...

– Não acredito! Mãe, você está me dando O Livro?

– Eu confio em você. Vai escolher o certo.

Ela estendeu o pacote em minha direção e eu agarrei, eufórica. Meu pai sempre pedia para minha mãe para que ele lesse para mim antes de dormir, mas ela não deixava, alegando que eu iria ter pesadelos. Eu nunca liguei para pesadelos, mas minha mãe tinha medo. Taí uma coisa sobre mim: a palavra medo não existe no meu dicionário.

Dizem que os sonhos são desejos que a consciência tenta realizar, e os pesadelos, os piores medos. Nunca tive pesadelos, ou sonhos. Parece que quando durmo não sou eu mesma. E acho que não sou.

Eu folheei algumas páginas e vi vários tipos de ilustrações; desde vampiros a espectros. Todas as histórias me pareciam muito interessantes, mas somente uma me interessava: A Paixão da Morte.

Minha mãe estava lendo esse livro num parque e meu pai sentou ao lado dela, falando que adorava esse livro, sendo que ele era o autor. Então ele a chamou para sair, e de novo... e de novo... e de novo, até que ela pediu ele em namoro, o que não é comum. E ele aceitou.

Minha mãe olhou no relógio e deu um tapa de leve nas minhas costas, para eu me apressar. Dei um beijo no rosto dela e fui correndo para o banheiro.

Me arrumei bem rápido e fui para o portão, com minha bolsa de couro e meu novo livro, os dois da minha mãe. Meu penteado era o de sempre: um rabo de cavalo alto. Minha farda, bem, é como qualquer outra farda de escola: feia e folgada de mais. Não ligo. Afinal, sou tratada como alma penada no colégio: ninguém repara.

Esperei o transporte escolar por um pouco menos de um minuto e entrei. As meninas não paravam de fofocar o que tinha acontecido nas férias inteiras. Os meninos estavam discutindo entre jogos e garotas, tirando um, que estava dormindo com os fones de ouvido. Resolvi seguir o exemplo anterior.

Chegando na escola, limpei um pouco de baba do canto da minha boca, refiz o penteado e fiquei lendo o livro enquanto o sino não batia. Decidi ler todas as histórias, então abri o livro no primeiro capítulo: Aliens. E viajei para um mundo só meu...

Eu terminei o capítulo e olhei em volta. Só tinham umas dez pessoas comigo. Olhei para o relógio que tinha na parede ao lado e percebi que o sino já tinha batido há quatro minutos. Gravei o número da página e subi correndo as escadas. Quando cheguei na porta, fechei os olhos, respirei fundo e a abri.

Todos os olhares da sala se voltaram para mim. O professor olhou para mim de baixo pra cima e enfim disse:

– Você já ouviu aquele ditado “antes tarde do que nunca”?

– Sim, professor.

– Pois esse ditado não se aplica quando eu estou no comando...

Pschiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Toda a sala ficou me olhando, com um misto de pena, de sarcasmo e de bem-feito-vadia. Menos um garoto, que levantou-se e logo disse:

– Professor, ouvi dizer que tinha um Roberto que comia quem se acha esperto... Quer que eu te apresente a ele?

Dessa vez ninguém falou ou fez nada. Tá bom, eles ficaram de boca aberta! Mas as palavras não saiam. Eu ri e ele também.

– Saiam daqui! Já!

O menino sorriu e deu um abraço no professor, dizendo no seu ouvido alto bastante para que todos ouvissem:

– Antes tarde do que nunca...

Dessa vez todos riram. E riram. E riram.

Ele se aproximou de mim, passou o braço pelos meus ombros e junto saímos da sala.

– Como é seu nome, hein? – o menino, de sobrancelha falha, de cabelos ondulados e castanhos perguntou.

– Helen. E o seu?

– Axel, mais conhecido como seu herói.

A aula, que deveria ser chata como todo estudante prevê, foi incrível. Foi perfeita.

E esse é o meu primeiro e único amigo, Axel.

As outras aulas e o recreio não valem a pena contar, mas sim a saída do colégio. Eu estava conversando com Axel, quando apareceu um garoto idêntico a ele: cabelos castanhos (dessa vez lisos) e pele pálida, que nada combinava com o bronzeado do irmão. Axel, vendo que ele estava se aproximando, puxou-o para perto de si e disse:

– Esse é meu irmão gêmeo, Alex. Alex, essa é Helen, minha nova amiga.

O garoto deu um sorriso tímido e esticou a mão em minha direção, que logo apertei. A mão dele era gelada, igual a minha, o que gerou um aperto de mão quente.

Ele também parecia ter percebido e de novo me lançou um sorriso, que eu devolvi. Então ele olhou para o relógio de couro e disse para o irmão:

– Hora de irmos. – Ele olhou em minha direção – Prazer – e saiu.

Axel então bateu na minha mão e seguiu o irmão.

Cheguei em casa e minha mãe não estava lá, mas havia deixado um bilhete na geladeira, que dizia: “Fui no mercado. Trarei uma surpresinha pra você. 2 beijos, mamãe”.

Aproveitando que a casa estava em silêncio, fui ler onde havia parado; Anjos, que apesar de serem considerados “santos”, bem... O diabo também era um anjo.

Minha mãe chegou e eu fui direto aos sacos de compras, procurando minha “surpresinha”, mas não achei nada de interessante. Quando eu ia perguntar se ela tinha mentido, duas mãos taparam meus olhos, e uma voz sussurrou no meu ouvido:

– Está ouvindo esse cheiro?

Eu sorri e respondi:

– Claro que não! Estou de olhos fechados!

Nós dois rimos e ele tirou as mãos de meus olhos. Olhei para ele de cima a baixo e o vi como sempre: terno e gravata, barba por fazer e óculos redondos.

– Parabéns, filha! – disse ele, me abraçando.

– Obrigado, papai. Adorei o presente, viu?

Ele pareceu ficar tenso e me soltou. Ele voltou os olhos para o feixe de luz que vinha da janela, o que fez com que seus óculos refletissem o sol e me impedissem de saber se ele olhou com olhar de reprovação para minha mãe.

Esperto, muito esperto.

Ele então mirou seus olhos em mim e disse, mudando de assunto:

– Como foi a escola hoje, mocinha?

Ah pai, foi ótima! Cheguei atrasada sem motivo na sala, briguei com o professor e fiz dois novos amigos, dos quais um chamou o professor de gay.

– Foi ótima. Como sempre.

Eu falei isso com um sorriso firme, e me joguei no sofá, puxando-o junto. Ele sentou num canto e ficou me olhando como se fosse para matar a saudade. Então eu percebi que estava sentada em cima do livro, e o tirei de baixo de mim. Olhei para o livro e olhei para ele, tentando fazer o assunto que ele tinha terminado repentinamente voltar. Mas, vendo que ele não falou nada, resolvi falar.

– Pai, pode contar a história de como você e a mamãe se conheceram?

Era a única forma de conseguir ler suas emoções. Ou tentar entender o porquê daquele olhar lançado para minha mãe. Poxa, ele sempre pediu para minha mãe ler aquele livro pra mim. O que mudou sua opinião?

– Tá bom. Eu e sua mãe éramos adolescentes, quase adultos. E sempre amamos monstros. Eu criava minhas próprias histórias de terror, já ela cultuava os monstros tradicionais. Mas, apesar dessas diferenças, era fascinante uma garota gostar tanto de monstros.

– E um garoto ser tão criativo a ponto cantar uma garota no meio de uma história de terror... – Minha mãe falou, deixando meu pai vermelho, como sempre.

Era verdade. Meu pai era muito criativo. Tanto que ele era escritor. Vivia viajando, segundo ele para ter inspiração para temas de livros e personalidades de seus personagens.

– Sim... – Ele limpou a garganta, desconfortável, e continuou – Houve então que aconteceu uma convenção sobre monstros aqui na cidade. Eu fui vestido de prisioneiro, e ensaiei umas histórias minhas para apresentar ao público, no qual havia sua mãe, uma linda Morte. Então, do nada, criei uma história dedicada àquela moça...

Nessa parte ele sempre fazia suspense e nunca contava a história, o que me fazia ter um mini-infarto de curiosidade.

– Mas você não vai querer ouvi-la. – Era nessa hora que eu dizia: “Quero sim, papai!”. – Afinal, ler a última história d’O Livro antes do tempo pode... te amaldiçoar!!! – Ele falou alto, com a voz grave de um típico vilão e foi pra mais perto de mim, fazendo cócegas na minha barriga.

– Pai, pode continuar a história, por favor? – Falei, assim que recuperei o ar perdido com as risadas.

– Tá bom... Então, quando eu acabei de contar a história, desci do palco improvisado e fui em direção a Morte. Ela estava sorrindo para mim, ainda maravilhada com o conto em sua homenagem. Eu me aproximei, dizendo a cantada perfeita...

– Não minta para sua filha, Ícaro. Sua cantada foi péssima! Quem chega numa mulher e diz: “Eu sou jovem demais para morrer”?

– Bah! Eu tinha que ser ruim em alguma coisa, né, amor? E você nem pareceu ligar para isso no momento. Bom, continuando, depois que ela riu da cantada, nós fomos para um banco, para conversar. Então ela disse que adorou minha história, e eu contei do meu sonho de ser escritor. Ficamos conversando a tarde toda e quando escureceu já era a hora de ir. Eu queria vê-la de novo, então prometi que reuniria minhas melhores histórias em um livro e daria para ela. Trocamos endereços e cada um seguiu seu caminho.

– Depois que eu fiz O Livro, fui à casa dela. Chegando lá, ela me puxou pelo braço e fomos até a praia. O céu estava escuro como eu nunca tinha visto, ou melhor, como eu já tinha visto somente uma vez; nos cabelos dela. Nós então sentamos na areia e ficamos conversando até o dia amanhecer, quando o celular dela apitou. Sua mãe foi embora, mas antes me deu um beijo no canto da boca. E, depois disso, passamos a nos encontrar todas as noites ali, onde damos o primeiro beijo.

Seu sorriso sempre parece muito rápido nessa parte da história. Ouvi dizer que isso é sinal de mentira, mas eu sinto que ele não está mentindo. Isso seria pouco inteligente. Ele sempre me ensinou como enganar uma pessoa. “A melhor mentira é aquela na qual você está contando uma verdade”, ele dizia. Pode parecer errado ensinar a própria filha a mentir, mas a mentira é um deus ex machina – que significa algo como “uma solução para um problema insolucionável” ou “uma resolução que caiu do céu”. É, eu o entendo. Só não sei do que ele quer me ensinar a fugir. Ou o que ele está escondendo de mim ao modificar o final dessa história.

Ele pigarreou, me tirando dos meus pensamentos.

– Filha, até onde você leu, quero dizer, n’O Livro? – Ele disse, com os lábios trêmulos.

– Anjos, sobre a verdadeira história de...

Ele puxou O Livro e abriu na página em que eu havia parado a leitura. Tinha uma pintura de um garoto bonito, caucasiano e com lindas penas, nas quais, se prestasse atenção, podia-se ver que eram disformes e estavam manchadas de algo amarelado. Cera.

– Ícaro. – Meu pai completou, com um sorriso triste.

– É em homenagem à ele? – Perguntei, tocando a pintura. – Quero dizer, seu nome.

– É, sim. – Falou, fechando o livro. Eu o entendo. Não deve ser muito legal ter um nome de um personagem mitológico com uma morte tão trágica.

Ele pôs o livro sob o sofá e bateu as palmas das mãos, um sinal que de iria mudar de assunto.

– Bem, eu vou me deitar. A viagem foi exaustiva... Vejo vocês no jantar.

Ele se levantou, meio sem jeito e deu um beijo em minha testa. É estranho, mas sempre me relacionei melhor com meu pai. Eu parecia mais com ele, apesar de passarmos tanto tempo separados.

Ele foi em direção à minha mãe e lhe deu um beijo delicado. A cara de preocupação dela sumiu e seus braços, antes cruzados, abraçaram meu pai. Eles se olharam por um instante e meu pai foi para o quarto, hesitante.

Nós olhamos em direção à porta do quarto até ela se fechar. Minha mãe me lançou um pequeno sorriso e voltou a arrumar as compras.

Havia alguma coisa errada.

Após aquelas expressões enigmáticas sobre O Livro, minha vontade de ler virou necessidade. Fui para o quarto e lá fiquei, pela tarde inteira. Não cheguei nem a sua metade.

Você deve estar pensando: “Por que ela não pula direto para a última história?” ou “Será mesmo que ela pode ser amaldiçoada por ler a última história antes das outras?”.

Ok. Agora, você deve estar pensando: “Como ele adivinhou em que eu estava pensando?” ou “Como isso é apenas um livro – lugar onde tudo pode acontecer e, geralmente os personagens principais são ‘burros’ até certo ponto – ela certamente irá se cansar, irá ler a última história e será amaldiçoada.”

Acontece que isso não é um diário, é um relato. Nada disso está acontecendo neste instante porque você está lendo. Não, tudo isso já aconteceu. Também não estou te enrolando. Essa é uma história real. Esta foi uma história real. Posso ser uma personagem, mas não sou fictícia.

Resumindo: pare de pensar e acompanhe a história.

Onde eu estava? Ah, sim: já era noite quando minha leitura foi interrompida. Meu pai estava na porta.

– Pai, precisamos conversar.

Ele entrou no quarto e suspirou. Eu odiava quando ele suspirava.

– Sente – convidei-o.

Ele assim fez e pigarreou.

– Filha, sei que você está grandinha e que devo respeitar sua privacidade. Devia ter bati...

– Não é sobre isso.

Ele olhou nos meus olhos, surpreso. Relaxou.

– Ah. Então, sobre isso, digo que ainda não sei quando venho novamente. Depois de amanhã, embarco novamente.

– Sua última viagem. Foi produtiva? Encontrou inspiração?

– Há muito tempo não escrevo.

Era o que eu temia. A renda estava ficando curta. Ele já não fazia sucesso como antes. Senti que algo tinha mudado. Pelo visto, foi pura impressão ou esperança em excesso.

– Quem sabe se você fizer algo diferente dessa vez? Quer dizer... que tal ficar aqui?

Ele pegou minha mão e sorriu, triste.

– Não posso. Tenho um contrato a ser cumprido - ele beijou minha mão. – Vim te chamar para jantar.

– Bolo? – perguntei, já sentindo o cheiro.

Ele assentiu e nós saímos do quarto.

Exceto alguns olhares estranhos entre meus pais, o jantar foi algo normal e não tão importante a ponto d’eu descrevê-lo. Depois de lavar os pratos e assistir metade de um filme que nunca tinha visto, fui me deitar. Pelo menos, essa foi a minha desculpa para deixar tudo pronto para descobrir o segredo dos meus pais.

O copo de vidro, ainda um pouco molhado, já estava sobre o criado-mudo, junto com a lanterna do chaveiro e um bloco de notas com um lápis. As pantufas, na lateral da cama. A porta do quarto já estava encostada. Fazer barulho e clarear a casa já não eram problemas.

Bom, meus pais sempre conversavam antes de dormir, principalmente sobre assuntos sérios, que não podiam sequer ser lembrados na minha frente. Dos meus presentes de natal até as contas a pagar, o quarto de meus pais era um poço de segredos, e um deles eu acabaria por descobrir alguns minutos depois.

Esperei um bom tempo até o som da televisão se extinguir e a porta do quarto deles se fechar. Enquanto eu esperava, ficava pensando: “E se eu ouvir algo que não quero? Afinal, eles não se vêm há muito tempo. E se eu não ouvir o segredo porque eles preferem fazer... hum... outras coisas?”. Bom, ainda bem que não tenho a mente criativa do meu pai.

Assim, fiquei deitada por mais uns cinco minutos após eles terem ido se deitar. Quando esses minutos acabaram, calcei as pantufas, peguei a lanterna, o copo, o bloquinho e o lápis, e fui dar uma de ninja.

Saí do quarto e liguei a lanterna. Então, segui o facho de luz até a porta do quarto dos meus pais, com os passos silenciados pelas pantufas. Quando estava a um passo da porta, virei a boca do copo e a coloquei sobre ela, encostando a orelha direita em seu fundo.

– ...estranha, Ícaro.

Suspirei aliviada e peguei o bloco e o lápis do bolso, com a mão livre.

– Já te expliquei que acontece nessa idade, amor. As mudanças físicas e comportamentais são parte disso. – Meu pai falou, calmamente.

– Eu estou com medo, Ícaro. E se ela não conseguir se controlar? E se acontecer outro acidente?

Quando ela falou isso, pressionei a orelha sobre o copo com força. Então, tirei a mão do copo e segurei o lápis, anotando o primeiro tópico: “Já houve um acidente”. Enquanto escrevia, ouvi o barulho do que parecia meu pai mudando de posição na cama.

– Bianca. – Ele parou. Depois de alguns segundos, voltou a falar: - Bianca, o primeiro acidente foi preciso. Você sabe disso. Se não, nenhuma delas sobreviveria.

Segundo tópico: “Delas?”

– Eu sei. – Minha mãe sussurrou.

– Você não tem com o que se preocupar. Aliás, você sabe disso. Não entendo por que você perguntaria algo que já sabe. Você só teria motivos para se preocupar se... Não.

Ouvi o que parecia meu pai saltando da cama.

– Ela está viva, não está?

Meu pai estava gritando. Eu nunca tinha visto-o gritando.

– Você a salvou, Bianca? Você realmente fez isso?

Outro barulho na cama. Minha mãe havia levantado.

– Salvei, e daí? Não podia deixá-la morrer!

Terceiro tópico: “Uma iria matar a outra”.

– Sabe o que você fez, Bianca? VOCÊ VAI MATAR AS DUAS!

Quarto tópico: “Eu irei morrer”.

– Não!

– Escolha! – Ele parou de gritar e respirou fundo. - É Helen ou Alena. Só uma conseguirá.

Quinto tópico: “Quem diabos é Alena?”

– Eu não posso deixar que minha filha vire uma assassina!

– Exatamente! – A voz dele estava calma de novo. - Você não pode deixar que sua única filha vire uma assassina. Por isso, Helen deve morrer.

Depois de uma pausa, minha mãe falou:

– Mesmo se Alena matasse Helen, não impediria o destino de me tirar minha filha.

Sexto tópico: “Mas não era só uma pessoa que morria se a outra matasse?”

– Bianca...

– Não, Ícaro. Helen não pode morrer. Alena não pode também.

– Você tem que escolher, Bianca. Apenas uma delas pode sobreviver.

– E você tem que confiar em mim!

Ela suspirou e andou pelo cômodo.

– Você tem que confiar em mim, Ícaro... e também nas suas filhas.

Nessa hora, eles pararam de falar e vieram correndo na direção da porta. Até porque, era fácil ouvir vidro sendo quebrado e um corpo de 43 quilos caindo no chão.


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