Sociopathy escrita por Ille Autem


Capítulo 20
Epílogo - In Finem


Notas iniciais do capítulo

O Epílogo é um trecho de um dos capítulos de PSICOPATHY, a continuação de Socio, como poderão ler, pelo POV do Maycol. ;) Espero que tenham gostado e gostem. Quem tiver sugestões ou alguma ideia legal para a história, não hesitem em mandar privado :)
Bon a petit.



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Quinze anos depois.

Eu estava sentado na cadeira giratória do escritório do casarão Caleb, apesar de todo ainda o conhecerem como casarão Isao, graças a papai e sua falsa identidade. Era uma madrugada tranquila, chovia forte do lado de fora da cidade, o mar bravio e as ondas fortes batendo nas pedras do penhasco abaixo da casa. A lua iluminava o escritório e a carta que eu tinha em mãos, a última carta de papai.

–Você está bem, Caleb? -perguntou Marina entrando no escritório e sentando-se em cima da mesa. Ela estava com os cabelos negros soltos e tinha os olhos prateados, exóticos, assim como os meus. Casos raros.- Parece nervoso.

–Não consegui dormir. -respondi.- Estou preocupado com a reação das pessoas quanto ao livro.

–Sociopathy já é um sucesso, Caleb. Não precisa se preocupar, seu pai estaria orgulhoso de você.

–Eu espero que sim.

–Você sente falta dele, não sente?

–É estranho, talvez você não me entenda, mas eu sinto. -respondi me levantando e caminhando até a janela.- Eu não entendi bem o que aconteceu aquele dia, mas me marcou muito. Ele tinha me dado passe livre para andar pela casa e quando eu dei por mim, mamãe estava sendo presa, meus avós também e meu pai estava morto, mas eu não sabia que ele era meu pai. -ela assentiu para que eu continuasse.- Fiquei desamparado, todos os meus parentes próximos presos ou morrendo, como Harold.

–Mas você ainda tem parentes vivos.

–Vovô Roger, depois de solto da prisão, ele foi o que teve a menor pena, sumiu no mundo. Mamãe está depressiva, apenas chora. Vovó Madeline está internada num hospício em Novo Horizonte, eu a visito as vezes, ela está paranoica, só fala em se vingar de papai

–Ela tem os motivos dela. Quero dizer, veja o seu pai, ele foi traído e voltou triunfalmente e se vingou. Ela quer fazer o mesmo.

–Papai me fala sobre isso na sua carta. -e mostrei o maço de papel, já estava amassado e meio amarelado pelo tempo e pelo manuseio diário delas que eu fazia, ninguém mais tinha lido ou sabia dela a não ser Marina.- Ele me exorta a não ser como ele, mas a me defender, pois a vingança é um caminho sem volta, é uma espécie de bumerangue que lançamos e acaba voltando para nós. Ele lançou, mas morreu, e se estivesse vivo, sem dúvida ele voltaria.

–Você não parece ter nenhum tipo de trauma daquela época. Você tinha seis anos, não é?

Fiz que sim.- Eu fiquei atordoado na época, sem chão, como eu já disse, desamparado. Os Trevor foram minha família, vovô Max cuidou de mim como um pai, vovó Glória também foi muito carinhosa sempre, mas quando fiz dezesseis anos e eu tive acesso as minhas heranças e principalmente ao casarão que ficou intacto desde a morte de papai, eu me senti seguro, completo, como se ele estivesse ao meu lado, como se eu pudesse confiar nele apesar de tudo.

–Isso é lindo. -ela sorriu.

–Foi aqui que eu encontrei meu chão. O diário de papai, a carta que ele havia me deixado mas não tinha recebido, tudo. Tudo o que eu precisava saber sobre ele eu encontrei aqui e aos poucos fomos criando um vínculo afetivo, se é que isso é possível. -rimos.

–Você nunca sentiu um certo remorso pelo que ele fez?

–Ele tinha os motivos dele, Marina. Não posso culpá-lo por ter sido quem foi, as pessoas fizeram mal a ele e ele fez justiça a maneira dele. Não deixou de ser meu pai e quando ficou sabendo que eu era filho dele, me deu toda a atenção que eu não recebi naqueles seis anos. Minha família estava mais preocupada com o status e com não afundar na lama. Você pode ver que eu quase não sou citado.

Ela concordou e se aproximou acariciando meus cabelos.- Você é… interessante, Caleb. Gosto do seu senso crítico.

–Deve gostar mesmo, ouvir meus desabafos e tentar me entender não considero uma das coisas mais satisfatórias de se fazer.

–De fato não é, mas mais desagradáveis que isso é estar presente num evento importantíssimo para você com sono. Você precisa dormir, vamos.



Continua.


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