Capítulo 34 – Sentidos

POV da Bella

- Não, não vai. – Eu disse confiante, querendo que a tristeza em seu rosto fosse embora. – Não vai me deixar morrer novamente.

- Quais as reações que Bella já apresenta? – Edward perguntou.

- Os sentidos dela estão começando a ficar aguçados. – Amy falou. – Ouve melhor, enxerga melhor, sente cheiros...

- Se continuar assim... - Jasper dizia. – Em pouco tempo ela vai começar a apresentar os dons que Dominique possuía.

- Eu estou me tornando uma híbrida?

- Basicamente. O sangue do Edward vai começar a causar esses efeitos em seu organismo. – Demetri falou. – Se continuar como está indo, acho que você irá começar a sentir sede, ao invés de sentir somente fome de comida e sede de água, por exemplo.

- Você vai continuar sendo humana, mas vai ter os cinco sentidos mais aguçados... não igual a um vampiro. Você vai começar a apresentar alguma habilidade que Dominique tinha e sentirá sede. – Edward explicava. – Vai continuar sendo mortal. Só será imortal, quando eu lhe transformar.

- Desculpem a intromissão. – Uma das criadas disse sorrindo. – Senhorita Bella...

- Só.. Bella.

- Tudo bem, Bella. Acabamos de preparar o jantar. Quer que seja servido para a senhorita onde?

- Na sala. – Bella disse sorrindo. – Obrigada.

Todos nós fomos em direção à sala. Sentei-me em uma mesa redonda e pequena que estava no canto e Edward sentou-se ao meu lado. Enquanto eu comia o jantar preparado pelas empregadas, eu via uma Alice, Rose e Christine empolgadas sobre minha futura transformação. Céus, eu mereço.

- Tem razão... – Eu disse enquanto mastigava a macarronada. – Mangericão. Champignons. Alho. Cebola. Sal. Pimenta, mas só um pouco. Os tomates.

- Está sentindo o -

- Alice... Alice! – Jasper exclamou.

Alice se contorcia e gritava. Todos nós corremos até ela. Jasper já estava sentado com ela em seus braços, tentando acalmá-la, esperando que a visão chegasse ao fim. Quando ela finalmente suspirou e deixou suas pálpebras caírem, ele imediatamente mordeu seu pulso e colocou na boca dela. Eu havia ficado chocada. Era a primeira vez que eu estava vendo isso, mas, dessa vez, eu não sairia correndo e me trancaria num quarto.

Allie mantinha uma expressão de fraqueza no rosto. Mas, conforme sorvia o sangue, suas olheiras diminuíam e sua pele voltava a ter brilho. Quando terminou, ela deu um pequeno sorriso, então se sentou confortavelmente no sofá.

- Alice fica fraca quando tem visões deste tipo. – Jasper murmurou. – Então eu tenho que alimentá-la.

- Podemos, por favor, parar de discutir sobre minha fraqueza e discutir sobre algo mais útil, como minha visão? – Alice disse séria.

- O que você viu, fadinha? – Amy perguntou.

- Não a leve para casa. Fiquem aqui. Não devem ir para casa. – Ela disse quase que desesperada. – Ele vai atacar, com alguns vampiros, você e Amy ficarão em perigo. Somente a Amy sairá ilesa.

- Todos vocês ficarão aqui. – Edward disse sério. – Ninguém encostará em qualquer fio de cabelo seu.

- Oh... – Alice suspirou. – Ele vai mandar vigias...

- Então devemos ter cuidado. Leon não está para brincadeiras. – Demetri murmurou.

POV da Autora

Leon estava sentado no peitoril da larga sacada do hotel. Seus cabelos loiros esvoaçavam-se com o vento frio da noite londrina. Seu rosto tinha uma expressão impassível, ora ele demonstrava raiva, ora não demonstrava absolutamente nada. Seus olhos cor de carmim mostravam a sede começando a acentuar-se em seu corpo. Ele olhava firmemente para a cidade, em direção ao amontoado de árvores na alta colina, onde ficava a mansão. Então, sentiu uma leve brisa bater em seu rosto.

- Milord. – Um vampiro alto, de cabelos ligeiramente ondulados, olhos claros e pele clara, chamou-o.

- Mick.

- Milord, um de nossos espiões foi executado. Parece-me que foi Demetri Volturi, juntamente a dois deles que o executaram. Eles estão de olho. – O vampiro informou-lhe.

- Como descobriram? Há alguém que está nos vigiando?

- Sem contar com grande parte dos vampiros recém chegados a essa cidade? – Mick disse sarcasticamente. Leon lançou-lhe um olhar de ódio, ele se conteve, então voltou a falar. – Uma das duas companheiras tem uma habilidade nata de prever o futuro. Sinto, mas não sei dizer qual delas é.

- Ótimo, então faça o favor de pegá-las! – Leon exclamou. – Eu quero as duas companheiras, junto com Isabella!

POV da Bella

- Edward, não tem graça você querer me manter aqui... sou sua prisioneira agora? – Perguntei levemente irritada.

- Sim, para toda a eternidade. – Ele respondeu sorrindo torto.

- Sem sarcasmos por favor. – virei as costas.

Andei novamente pelo quarto, indo até a janela, observando a cidade. Era mesmo incrível – e notável, diga-se de passagem – como minha visão havia melhorado. Não que eu fosse uma míope e astigmática, pelo contrário, nunca precisei de óculos, mas agora era como se eu pudesse enxergar as árvores mais verdes, o céu mais negro, as estrelas mais brilhantes.

Um pouco distante de onde eu estava, eu conseguia observar a estrada e um ou outro carro que passava por ali. Eu ri comigo mesma. Era um carro num tom verde, bem escuro, quase preto, mas agora eu o distinguia perfeitamente. Já a cidade, eu enxergava pouca coisa melhor. Edward moveu-se rapidamente, fazendo com que meu cabelo esvoaçasse levemente. Senti suas mãos frias em meus ombros.

Aproveitei o momento de descobertas em que eu havia entrado e fechei os olhos. Inspirei o mais profundamente que pude e então, parecia que fui invadida por uma onda de novos cheiros e aromas.

- Me diga. O que está sentindo? Quais os cheiros? – Edward perguntou curioso. Talvez querendo saber até que ponto meus sentidos havia evoluído.

Inspirei mais profundamente, de olhos fechados, deixando os novos aromas invadirem meus pulmões. Fiquei um tempo assim, até que finalmente, eu conseguia distinguir pequenos aromas e essências diferentes.

-  Madeira. Tecidos diferentes. Orvalho. – Murmurei baixo, de olhos fechados.

- Está muito bom. Está sentindo mais a fundo o cheiro das coisas. Mas ainda não sabe distinguir exatamente. O que mais? – Ele perguntou curioso.

- Sinto um aroma diferente. – Inspirei novamente, procurando de onde poderia vir aquele cheiro. – Não sei o que é.

- Te agrada? – Edward disse afastando-se levemente, indo em direção à cama. Eu apenas assenti. – Vamos, me diga, ainda o sente?

Era estranho. Bem, considerando o fato de que eu era uma verdadeira estranha, coisas estranhas em minha vida deveriam ser perfeitamente normais. Mas, eu me referia exclusivamente, ao fato de um dia eu ser uma humana, não totalmente normal, já que eu morava com uma vampira. E, analisando agora, as coisas mudaram tanto que fui de humana, para um pedaço de alma esquecido no fundo de um corpo, então eu estava aqui novamente. Mais estranho que todas as coisas estranhas, era saber que eu estava num lento – ou não – processo de transformação. Em breve – ou não – eu seria uma híbrida.

Ouvi Edward pigarrear, tirando-me dos meus devaneios. Concentrei-me novamente em procurar aquele cheiro diferente. E, para minha surpresa, ele estava lá, pairando sobre o quarto.

- Que cheiro é esse, Edward? – Perguntei a ele, curiosa, andando pelo quarto, em busca de um aroma que eu mesma não sabia definir.

- Venha. – Ele estendeu a mão.