Capítulo 08 – Neblina

POV do Edward

- Sinceramente, você tem que parar com isso, Edward! – Alice me repreendia.
- Essa... essa sua sede de sangue, principalmente pelo sangue da garota está ficando fora de controle. – Jasper alertava-me, mas nada do que eles falassem mudaria o fato de que o sangue da Bella me atraía profundamente.
- É, por acaso vocês já pensaram na possibilidade de... – Emmett interrompeu Jasper.

POV da Autora

Ela andava em um lindo jardim. Gramados incrivelmente salpicados pela neve da estação, os pinheiros verdes cobertos pela cobertura branca e o céu pintado por manchas cinzentas. Era inverno. Seu vestido arrastava-se pela grama – agora branca – e, seus dedos cobertos pela pequena luva branca, acariciavam um botão de rosa fechado. No horizonte, ela podia ver os muros baixos que dividiam os territórios dos condados vizinhos. Aquelas, eram as terras de lord Stone, a atual Irlanda.

- Assim manteremos nosso acordo, lord Stone.
- E ampliaremos nossas terras, lord Masen. Assim que estiver tudo certo, marcaremos a data.

Em outro ambiente, duas mulheres conversavam. Uma delas, era de aparência bem jovem, tinha cabelos cor de cobre e olhos verdes. A outra, não uma senhora, mas ainda sim jovem para a idade que aparentava ter, dizia-se preocupada, enquanto recolhia as louças do beiral.

- Não se preocupe, dará tudo certo. – A jovem de cabelos cor de cobre disse a outra.
- Assim espero. Sem sofrimentos. – A outra assentiu.

No jardim, não mais uma jovem andava, agora um rapaz a acompanhava. Ele era alto, andava ao lado dela sem pegar-lhe a mão, apenas conversavam amigavelmente. Em um pequeno banco embaixo do grande salgueiro, ela sentou-se e fitou-o. O jovem levou sua mão – coberta por uma luva preta – ao rosto dela, acariciando-o. Ela apenas estremeceu levemente, esboçando um sorriso fraco nos lábios.

- Dominique.

POV do Edward

- De jeito nenhum, Emmett! – Rosnei alto.
- Não olhe para mim! – Alice rosnou. – Não posso ver tudo. Eu vejo o futuro, não o passado!
- Vocês não entendem, não é? - Rosnei. - Nada vai mudar! Não importa, nada vai mudar!

Subi para meu quarto e me joguei na cama, que era bem útil para outras coisas além do sexo. Como, pensar. Embora, ninguém, além de mim deitava nesta cama e, sim, isso é mesmo incrível, mas não há qualquer vestígio, nem um mínimo cheiro de sexo nela. Afundei minha cabeça na grande almofada e – depois de muito tempo – mergulhei em minhas lembranças. Deixei que a dor e conseqüentemente os soluços viessem à tona e, mais conseqüentemente ainda, as lágrimas de sangue.

POV da Bella

- Está estranha, hoje, Bella... está com algum problema? – Demetri perguntou-me entregando uma xícara de chocolate quente. Era incrível como meu apartamento vivia movimentado. O pior, por vampiros.
- Acordei estranha. - Murmurei. – Que dia é hoje?
- Vinte de fevereiro. Por que? – Amy perguntou-me. – Aqueles dias?
- Não, não está na data. Amy, vou voltar para cama. Talvez seja só cansaço mental...
- Se precisar me chame, Bella. Não vou sair hoje. – Ela falou. Amy respirou fundo, mais para se concentrar do que por necessidade, então fechou os olhos.
- O que está sentindo, Amy?
- Demetri eu... não sei. Sinto que, sinto que algo vai acontecer... só isso. Bella, vá descansar, parece mesmo que sua mente está carregada. – Ela disse meio hesitante.
- Bem, não é fácil quando se conhece praticamente todos os monarcas de quem você ouviu falar a vida toda, não é? – Eu ri. – Bem... até mais.
- Bom descanso, Bella! – Demetri disse-me.
- Obrigado.

Caminhei lentamente para o quarto. Fechei as cortinas e deixei uma fresta da janela aberta, para ventilar. Joguei meu roupão na poltrona do canto e voltei para debaixo das cobertas. Minha cabeça parecia uma grande bigorna de chumbo caindo sobre o travesseiro. Não demorou muito para que meus olhos pregassem e o sono viesse com tudo novamente.

Eu sabia que estava sonhando, é lógico, porque eu estava transparente, como se fosse um fantasma. Eu estava numa igreja, bem ao fundo e, naquele momento, uma menina, que aparentava ser muito nova, entrava vestida de branco. O vestido era um modelo bem diferente, que eu não me lembrava onde foi que eu tinha visto. Todos sorriam, inclusive ela e seu noivo, mas eu não via os rostos deles, embora, eu soubesse que estavam sorrindo, porque todos na igreja sorriam e eu podia ouvir claramente suas risadas baixas e angelicais.

Quando a menina se aproximava do altar e era entregue ao seu noivo, as pessoas sorriam com muito mais satisfação, como se aquilo fosse algo muito importante. Foi então que notei. As pessoas daquela igreja eram simples, somente aqueles que estavam no banco da frente aparentavam ter mais riquezas que os outros. Eu caminhei até em frente à porta da igreja, por onde a menina tinha entrado, então, subitamente, a visão mudou.

Eu estava em um quarto, o mesmo rapaz – o noivo – estava deitado com a menina. Ela dormia, parecia muito cansada... eu não conseguia enxergar direito, estava tudo embaçado. Como em flashes, a visão mudou novamente. O rapaz estava preso no quarto, que agora estava em chamas, a menina era levada, a cavalo, por outro homem. O rapaz gritou.

POV da Amy

- Bella! Bella, acorda...
- A-am-y? – Ela acordou atordoada.
- Você está suando frio, Bella. Está tremendo... o que houve?
- AH, Amy.. foi tudo tão horrível! Ela... ela estava se casando, estava feliz e então... então alguém a rouba... o rapaz ele... ele foi queimado vivo Amy! Eu vi, eu vi tudo! – Bella me abraçou e começou a chorar compulsivamente.
- Bella, calma. Foi só um pesadelo. – Tentei acalmá-la. – Vamos, relaxe...
- Amy? Tudo bem? – Demetri perguntou abrindo uma fresta da porta do quarto.
- Demetri, prepara uma xícara de chocolate quente para a Bella. – Pedi. – Vamos, Bells, tente relaxar, eu não consigo acalmar você.

Deitei-a em meu colo e usei um pouco da minha influencia para que ela se acalmasse. Assim que tudo melhorou, ela levantou-se e foi tomar um banho quente. Arrumei a cama e abri as cortinas do quarto, deixando o sol da tarde entrar um pouco.

- Ela está melhor?
- Um pouco. Teve um pesadelo. Sonhou com um assassinato. – Murmurei.
- Isso acontece sempre?
- Pior que não, Demetri. – Suspirei. – Mas sinto que algo vai acontecer. Talvez... talvez eu deva pedir a Alice para ver se consegue algo.
- E Bella?

Era isso o que ia fazer. Liguei para Christine e pedi que ela viesse ao meu apartamento urgentemente. Contei sobre o ocorrido, então, assim que Damen chegou, avisei Bella que eu iria dar uma saída. Demetri me acompanhou, entramos no carro e seguimos para o castelo dos Cullen. Quando chegamos, Alice já estava sentada no pé da escada, nos olhando com impaciência.

- Está virando moda vir e entrar assim... – Edward resmungou.
- Cala a boca, Cullen. – Resmunguei.
- Eu vi que queria falar comigo. O que houve, não consigo ver... – Alice murmurou frustrada.
- Esse é o problema. Bem, vou te contar. – Suspirei. – Bella teve um pesadelo esta manhã, mas, antes disso, acordou estranha. Perguntou a data, viu que não estava em nenhum de seus dias e depois disse estar com cansaço mental... por causa da festa. Sim, isso é normal.
- E então? – Rosalie sentou ao nosso lado.
- Então que ela acordou de tarde ainda pior, gritava, estava estranha, disse ter sonhado com um assassinato. Mas senti uma... senti algo diferente sobre ela... Não sei o que pode ser... por isso vim. Queria pedir a você para olhar um pouco para o futuro dela. Estou mesmo preocupada, Alice.
- Vou olhar.
- Vai ficar atendendo pedidos agora? Porque não abre uma clínica? – Edward debochou.
- Escuta aqui! – Voei até ele, agarrando-lhe pelo colarinho. Ninguém ousou impedir-me. – É dela que você se alimenta, você devia ao menos fechar essa sua boca morta, Edward idiota Cullen! Quando digo que ela não está bem, é porque NÃO ESTÁ.
- Escute aqui você!!
- Não, Edward! Chega! – Emmett colocou-se ao meu lado. – Amy tem razão. Mostre-se um pouco mais condescendente com ela. Não era você que estava derramando lágrimas de sangue ainda a pouco em seu quarto? Em sua cama intocada?
- Chega!! – Alice disse irritada. Voltei ao lado de Demetri, que mantinha uma mão sobre meu ombro, numa tentativa de me acalmar. – Parem com isso! Eu vou ajudar a Bella, vou ficar de olho no futuro dela. Qualquer coisa te avisarei Amy.
- E você, Edward... tenha um pouco de educação, que eu sei que seu pai ensinou-lhe isso! Ou deixou que criasse teias de aranha? – Rosalie falou alto. – Avise-nos Amy. Alice ficará de olho. Desculpe-nos pelo Edward.
- Tudo bem, Rose. Vou indo. Obrigada. - Agradeci e saí do castelo.