Whole Lotta Love 2 escrita por mlleariane


Capítulo 37
Entre nós


Notas iniciais do capítulo

“T O D A VEZ QUE ISSO ACONTECE DA VONTADE DE DEITAR E CHORAR MUITO” – Serena, a dramática hahaha #amo

Sim, eu amo um drama.
Sim, eu vejo uma certa beleza no “sofrer por amor”.
Preocupante? Não sei. Mas eu gosto de escrever sobre isso. Assumindo, claro, a posição de quem conserta tudo no final. Bem, vocês já me conhecem :)
Aguenta firma que a sofrência ta só começando!

Beijo, Ari ;)



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Kate: Ele mal fala comigo, Lanie. Já faz duas noites que ele dorme no sofá. Ele só conversa comigo na presença das crianças, e sempre algo relacionado a elas. Você tinha razão, foi muito pior do que se eu tivesse contado desde o início. Vai, pode dizer “Eu te avisei”.

Lanie: Não, você já está mal o suficiente.

Kate estava sentada num dos balcões do necrotério, e Lanie havia parado tudo para ouvir a amiga.

Kate: Ele disse coisas horríveis... Disse que eu fiz isso porque Peter ainda era importante para mim, que eu joguei toda a culpa nele com a biógrafa para esconder a minha própria culpa... ele me acusou de mentir, e de deixar nossa relação assim... – Kate fez uma pausa – O que eu estou dizendo? Foi mesmo eu que deixei nossa relação assim.

Lanie: Eu sinto muito, Kate.

Kate: Eu nunca pensei que Castle pudesse me odiar tanto...

Lanie: Ele não te odeia, ele está magoado.

Kate: Ele disse que eu o decepcionei.

Lanie: Exatamente: ele está decepcionado. Você também não ficaria se ele não tivesse te contado sobre a biógrafa?

Kate encarou Lanie. Como negar que ela tinha razão? Ela se limitou a assentir com a cabeça.

Lanie: Também, o que Javi tinha que falar?

Kate: Não Lanie, a culpa não é dele, nem de Ryan, nem de ninguém. A culpa é toda minha. Eu devia ter sido sincera e não fui.

Lanie: Kate... ele só precisa de uns dias. Vocês vão conseguir resolver isso.

Kate: E se nós não conseguirmos?

Kate abaixou os olhos pensativa. Lanie nunca tinha visto a amiga triste daquele jeito.

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Kate chegou mais cedo em casa naquela tarde de sexta-feira. As crianças correram ao seu encontro.

Jo: Mamãe, mamãe, hoje eu fiz um “developé” perfeito, você quer ver?

Kate: Claro, princesa!

Johanna apoiou-se na estante e levantou a perna lateralmente o máximo que pode. Kate se orgulhou da filha fazer o passo de balé.

Kate: Parabéns meu amor! Você está uma perfeita bailarina! – Kate abraçou e beijou a filha mais uma vez – E meu garotão, o que fez hoje?

Alex: Enquanto a Jo foi no balé, eu fiquei jogando com o Theo.

Kate: Ele veio aqui?

Alex: Não, o papai me deixou lá.

Kate: Ah sim... E as atividades? Quem fez tudo?

“Eu!” – Os dois gritaram ao mesmo tempo.

Kate: Eu tanto orgulho de vocês! Depois eu vou olhar os cadernos, viu?

Alex: A professora disse que eu sou o mais rápido da sala!

Jo: Eu fiz um coração para você, mamãe. Está lá no meu caderno.

Alex: Eu também sei fazer um coração para a mamãe!

Kate: Vocês dois são os meus amores!

Jo: Nós e o papai, não é?

Kate: Falando nele, cadê o papai?

Alex: Ele saiu.

Kate: Saiu? Como assim saiu? Onde ele foi? – Kate fez as três perguntas seguidas automaticamente, e sua mente já criava mil teorias.

Martha: Fui eu que disse para ele dar uma volta – Martha apareceu na sala. Kate levantou os olhos para ela, e o olhar da sogra dizia que ela sabia de tudo.

Alex: Mamãe, a vovó quer que a gente vá dormir na casa dela hoje!

Jo: Você vai deixar, não vai mamãe?

Alex: Vai sim, né mamãe?

Kate olhou para Martha mais uma vez.

Kate: Claro.

Martha: Por que vocês não vão escolhendo alguns brinquedos para levarmos?

Jo: Vamos legar o lego!

Alex: O vovô adora montar os legos! Vamos levar todos!

As crianças saíram correndo rumo ao quarto dos brinquedos.

Kate: Ele te contou? – Kate se sentou no sofá. Martha fez o mesmo.

Martha: Sim, ele me contou.

Kate: Eu ia contar para ele, Martha, eu juro. Eu não queria que as coisas chegassem a esse ponto.

Martha: Eu sei querida, eu acredito em você.

Kate: Acredita?

Martha: Às vezes nós escondemos algo para evitar um desgaste maior. Todo mundo já fez isso um dia.

Kate: Eu não devia... ele está me odiando tanto...

Martha: Ele está bravo, ressentido, decepcionado... mas te odiando ele não está.

Kate: Eu não tenho tanta certeza. Ele mal fala comigo. Olhar nos meus olhos então... – Kate sentiu a voz embargar, mas evitou chorar.

Martha: Ele precisa esfriar a cabeça, foi por isso que eu sugeri que ele desse uma volta. Eu vou levar as crianças hoje, e passarei o dia com elas amanhã também.

Kate: Obrigada. Estou evitando a todo custo envolvê-las nisso.

Martha: Você está certa – Martha segurou a mão da nora – Kate, eu sei que você está assustada porque não conhece esse lado de Richard. Mas mantenha-se firme, uma hora ele baixa a guarda. Eu conheço o meu filho.

Kate: Eu só espero que não demore muito, porque eu não vou aguentar, Martha...

Martha: Oh querida...

As duas foram interrompidas pelos gêmeos, que apareceram arrastando uma sacola cheia de legos. Kate sorriu vendo os filhos, e desejou que tudo acabasse logo, pois a última coisa que ela queria no mundo era envolver suas crianças na confusão que ela mesma tinha criado.

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Kate estava no quarto apreensiva, fingindo que lia algo, enquanto seus pensamentos tentavam adivinhar onde Castle teria ido. Já era noite quando ele retornou.

Kate: Oi – ela disse e se sentou na cama assim que ele apareceu na porta. Ele estava suado, e Kate soube que ele tinha ido correr.

Castle: Oi.

Castle passou por ela e foi até o closet, pegando algumas roupas. Quando voltou, Kate estava em pé no meio do caminho para o banheiro.

Kate: Sua mãe levou as crianças, vai ficar com elas até amanhã.

Castle: Ela me disse.

Ele passou por ela e entrou no banho. Kate soltou a respiração. Aquilo era um pesadelo.

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Castle não quis conversar, e Kate dormiu angustiada e sozinha mais uma noite. Na manhã seguinte, quando o sol invadiu o quarto, ela desejou que estivesse acordando de um sonho ruim, que Castle não estava ao seu lado na cama somente porque fazia o café para ela, e que logo ele chegaria com uma bandeja toda preparada. Ele não chegou.

Kate desejou passar o dia ali. Faltava-lhe forças para levantar e encará-lo mais uma vez, sabendo que ele a ignorava cada dia mais. Ela teria feito isso não fosse hoje um daqueles dias. Por sua mãe, arrumou forças e saiu da cama.

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Antes de resolver o assassinato de sua mãe, Kate visitava seu túmulo com frequência. Depois que tinha conseguido superar e seguir em frente, as visitas diminuíram. Kate sabia que remexer nas feridas sempre a deixava mal. Mas havia quatro datas no ano em que ela, acima de qualquer coisa, ia até a mãe: no dia de seu aniversário, no dia de sua morte, no dia das mães e no dia de finados. Hoje era a última das datas. Castle sempre a acompanhava, mas dessa vez ele não estava com ela.

Kate depositou as flores no túmulo e sentou-se em frente a ele. Ficou pensando no que sua mãe faria se estivesse em seu lugar, e a única conclusão que chegou foi a de que sua mãe nunca faria o que ela fez.

Em pouco tempo, Jim chegou e se sentou ao lado da filha, pegando sua mão. Ele também fazia o mesmo ritual.

Kate: Mais um ano...

Jim: Sim, mais um ano.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos.

Jim: Onde está Castle?

Kate: Ele... estava ocupado.

Jim: Vocês brigaram, não foi?

Kate olhou para o pai.

Jim: Ele sempre vem, Katie. Nenhum compromisso jamais o impediu.

Kate: Sim, nós brigamos, e a culpa é minha. Eu nem o vi hoje pela manhã... – ela se calou, lembrando que, mais um dia, acordara sozinha – Eu não quero falar sobre isso...

Jim: Tudo bem.

Jim achou melhor não insistir. Ele conhecia Kate, e sabia que a filha só se abria quando queria. A única pessoa que conseguia acessá-la era justamente Castle.

Kate: Eu nunca vi vocês dois discutirem...

Jim: Você e Castle discutiram na frente das crianças?

Kate: Não... – ela olhou para os olhos de obviedade do pai.

Jim: Pois é.

Kate parecia não acreditar, mas por outro lado, sentiu um certo alívio pelas crianças não perceberem certas coisas.

Jim: Todos os casamentos têm adversidades, Katie. O segredo é saber lidar com elas.

Kate: Quando a adversidade vem em forma de ex é tudo mais complicado.

Jim: Você e Castle precisam aprender que nem sempre foram um do outro. Não dá para apagar o passado, mas dá para escolher como encarar isso e seguir em frente.

Kate: Eu queria ter escolhido a forma certa. Agora ele está magoado e decepcionado comigo.

Kate voltou os olhos para o túmulo da mãe. Jim passou a mão nos cabelos da filha, e avistou um rosto conhecido ao longe.

Jim: Isso não quer dizer que o amor acabou – ele se inclinou e a beijou no rosto – Eu tenho que ir. Se cuida, Katie. Ela não gostaria de te ver assim.

Kate fez que sim, e continuou com os olhos fixos no túmulo da mãe. Só desviou o olhar quando sentiu uma presença a seu lado.

Kate: Você veio... – ela disse num tom baixo, bastante surpresa.

Castle depositou flores no túmulo e se sentou ao lado dela.

Kate: Obrigada... – a voz saiu chorosa.

Ele então pegou sua mão, e abriu espaço para que ela se encaixasse em seu peito. Kate não sabia se era o dia, a situação ou o gesto de Castle. Apenas deixou que as lágrimas escorressem em seu rosto.

Castle: Está tudo bem... – ele disse depois de algum tempo.

Kate: Não, não está tudo bem – ela enfim levantou os olhos para ele – Você mal fala comigo.

Castle: Kate, aqui não...

Kate: Então onde? – ela estava deixando de acreditar.

Castle: Vem, vamos para casa.

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Apesar de saírem juntos do cemitério, nem Kate nem Castle conversou durante todo o trajeto. Ambos sabiam que a conversa teria que ser com calma, e que um teria que estar aberto ao outro. Antes, porém, tinham que pegar as crianças na casa de Martha. Já era fim do dia e as crianças não dormiam mais que uma noite fora de casa.

Se o carro estava silencioso antes, assim que Johanna e Alexander entraram, Kate e Castle não conseguiriam falar nem que quisessem. Os gêmeos se desesperavam para ver quem contava o que primeiro, ao que Kate concluiu que o dia tinha sido realmente divertido. Foi numa das coisas que Alexander falou que Kate e Castle trocaram um sorriso, e Kate sentiu que nem tudo estava perdido.

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Depois do jantar em família e de passarem algumas horas com os filhos, Kate e Castle colocaram as crianças para dormir. Já era tarde, mas tudo bem, domingo não tinha escola, e eles poderiam acordar a hora que quisessem.

Kate: Pensei que eles não fossem dormir nunca! – ela falou ainda no corredor, que dava no quarto do casal.

Castle: Eles são filhos de quem são. – Castle rebateu com tom ameno, aludindo ao fato de que Kate dormia muito pouco. Ela sorriu com isso.

Os dois pararam na porta do quarto.

Kate: Você não vai entrar?

Castle: Eu deveria?

Kate: Rick, por favor...

Castle: Você devia ter me contado, Kate.

Kate: Eu sei, eu sei disso agora mais do que nunca.

Castle: Você... – Castle pensou se queria perguntar, e pior, saber a resposta – você fala com ele?

Kate: Falei poucas vezes.

Castle desviou o olhar, e Kate pegou o rosto dele com as duas mãos.

Kate: Rick, olhe para mim. Eu te amo! O fato dele estar lá nunca vai mudar isso.

Castle: Eu não quero você com ele, Kate.

Pela primeira vez, Castle tinha um tom possessivo. Kate porém, não revidou.

Kate: Ele nem é da minha equipe, eu trabalho de dia, ele à noite, nós mal nos vemos.

Castle: Você trabalhou com ele aquela noite...

Kate: Sim, mas foi trabalho Rick, nada além disso – ela se aproximou dele de novo – Babe, ele não está entre nós. Ninguém nunca estará entre nós.

Kate se pôs na ponta dos pés e alcançou a boca dele. Dessa vez Castle retribuiu, um beijo calmo e suave.

Kate: Eu te amo, Rick... entra, por favor...

Kate pegou na mão dele e o conduziu para dentro do quarto. Quando estavam próximos à cama, o celular de Kate tocou. Ela e Castle olharam ao mesmo tempo, e o nome Det. Levine apareceu no visor. Castle revirou os olhos e respirou pesado, inacreditando.

Kate: Rick...

Castle: Atenda ao telefone, Kate.

Ela simplesmente obedeceu.

Kate: Beckett.

Det. Levine: Boa noite, detetive. Desculpa ligar a essa hora, mas nós temos um caso.

Kate: Eu acho que você cometeu um engano, eu não trabalho nos plantões. – Kate falava e olhava para Castle.

Det. Levine: Foi a própria capitã que me instruiu a te chamar se houvesse algo. Ela deixou seu nome como substituta de Karpowski.

Kate: Não, isso não é possível.

Det. Levine: Ela me garantiu que te informaria, detetive.

Kate saiu do quarto e foi em direção ao telefone da sala, sendo seguida por Castle. Quando chegou, apertou o botão da secretária eletrônica. Havia mesmo uma mensagem de Gates informando que Karpowski estava internada com uma grave pneumonia, e Gates fora obrigada a fazer novas escalas dos funcionários. Kate teria mesmo que trabalhar naquela noite.

Det. Levine: E então detetive?

Kate: Eu... eu chego em alguns minutos.

Kate desligou o telefone e olhou para Castle, que tinha perdido a expressão amena de minutos antes e voltava à sua forma austera.

Kate: Rick...

Castle: Você tem certeza de que ele não está entre nós?

Foi assim que Castle encerrou a conversa naquela noite. Se Kate achava que estava ruim, agora tinha acabado de piorar.


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