Sai rápido do ônibus e corri pela calçada, em direção ao luxuoso prédio Paradise. A chuva continuava a cair fortemente, deixando meu vestido ensopado, grudado ao meu corpo, o que dificultava a corrida. Assim que parei no portão, o porteiro, Marcus, já abriu.

— Parece que o mundo tá desabando. - ele disse simpático.

— Podia desabar mais tarde, não é mesmo ? - ele apenas sorriu.

Caminhei até o elevador, mas para meu azar, ele estava em manutenção. Praguejei minha má sorte, e tive que subir as escadas, até o vigésimo andar.

Quase 15 minutos depois chego na porta do apartamemto 101 já resfolegando. Pego as chaves em minha bolsa, e abro a porta e do de cara com um breu total. Suspiro. Esse Ethan já tá me tirando do sério.

— Mais que droga é essa? - tranco a porta e começo a abrir as janelas.

— Fecha isso. - murmura ele, com a voz rouca, na outra extremidade da sala.

— Não me diga que você saiu mesmo ontem.

— Só porque você não quis ir comigo não significa que eu ia. - ele levantou.

Ele vestia apenas uma calça jeans justa, que o deixava sexy. Seus cabelos estavam uma bagunça total, e sua barba por fazer o deixava com cara de mais velho, mesmo tendo apenas 26 anos. Ele foi para o quarto dele e se trancou.

— Não adianta se trancar, porque eu vou entrar ai, mesmo que tenha que arrombar a porta. - gritei, e recebi como resposta apenas um murmuro qualquer.

Você não deve estar entendendo nada. Eu sou Mary Collins, tenho 24 anos e trabalho como assistente pessoal do Ethan Laurent, um famoso e renomado escritor, e louco, idiota, pegador, doido, sem noção ... bom, é o que eu acho a última parte. Trabalhamos juntos a dois anos, e confesso que no início foi difícil, cheguei até a desistir, mas por insistência dele, acabei voltando. As coisas são melhores agora, ele continua dando em cima de mim, continua bebendo, saindo pra baladas, descumprindo alguns compromissos importantíssimos, mas tirando isso tudo vai bem.

Terminei de abrir todas as janelas. A chuva ainda caia lá fora. Peguei minha chave reserva e abri a porta do quarto, acendi a luz e encontrei ele deitado apenas de cueca boxer na cama.

— Levanta já e vai tomar um banho. - abri as janelas. Ele apenas resmungou e continuou deitado. Irritada, dei um tapa em suas costas e ordenei que ele levantasse.

Com muita dificuldade, ele sentou na cama e me encarou com cara de sono. Até que ele sorriu.

— Gostei desse seu vestido. - ele me puxou e me fez cair em seu colo tentei me soltar, mas foi em vão. Fechei a cara.

— Caso você não tenha reparado, tá caindo o maior toro lá fora.

— Devo agradecer a isso então?

Meu vestido estava colado ao meu corpo. Ele passou a mão em minha cintura, deslizando-a com total delicadeza. Quando chegou ao meus seios, me debati e me soltei.

— Eu já te disse que não sou essas garotas que você encontra em qualquer boate. - ficamos nos encarando até que ele abaixa o olhar, como se estivesse arrependido.

Ele não falou nada, apenas levantou e foi para o banheiro.

Eu não consigo entendê-lo. Ele sabe que não gosto quando ele me trata como essas garotas que correm a kilo atrás dele, mesmo que as vezes tenhamos nossos rolos, mas ele sabe que para mim as coisas não são assim, que eu não gosto de romances de apenas uma noite, mas ele continua insistindo. Podem zombar de mim, mas eu faço o estilo romântica, que gosta de encontros clichês, flores, chocolates, e tudo mais. Todas as vezes que ficamos, ou era por eu estar realmente sentindo algo por ele, ou por eu estar bêbada. Mas confesso que não me arrependo de nenhuma dessas noites.

As vezes é bom apenas curtir o momento.