— Burro, burro, burro! — gritou Sam com Freddie assim que ele saiu dos bastidores. A cada vez que ela dizia "burro" dava um tapa na cabeça dele.

— AI! Só não revido porque além de desconfiar de que você é mulher, eu mereço mesmo. — Sam o encarou com raiva. Como toda boa guerreira, ela era muito julgada pelo jeito pouco delicado e por não usar vestidos (eles podem ser bonitos, mas NÃO são práticos para uma luta!) logo comentários do gênero da irritavam. Ela só não revidou porque via que Freddie estava realmente mal. Ele não conseguia nem levantar a cabeça de tanta vergonha. Não parecia um príncipe por estar demonstrando tamanha fraqueza; ele parecia humano.

Freddie se sentia mal. O cavaleiro ainda estava vendo um curandeiro que disse a Freddie que caso o cavaleiro tiver sorte ficará cego de um olho. Se tiver azar...

— Não acredito que perdemos o prêmio! Tão perto, tão perto... — disse Sam agoniada com a mão esfregando a cabeça de tamanha raiva.

— Infante, devo dizer-lhe que foi um tremendo erro que o senhor cometeu ao atingi-lo na viseira. — comentou Gibby meio desapontado.

— Sei disso, Gibby. — suspirou tristemente. — Ah, se sei.

— Não temos dinheiro, não temos o prêmio. Argh! Vou ter que voltar a caçar animais na floresta ou vender minhas armas para comprar comida. Que raiva! Eu apostei meu dinheiro em você, príncipe dos idiotas!

— Calma, calma, calma. A gente bola alguma coisa e...

— Ei, psiu! — chamou uma voz atrás da coluna interrompe do Gibby. — Venham aqui!

— Deveríamos, alteza? — perguntou Gibby com a sobrancelha arqueada.

— Do jeito que estamos com as mãos atadas. — Freddie deu de ombros e baixou ainda mais o capuz da capa emprestada de Sam para não ser reconhecido. Eles se aproximaram ainda mais da coluna. Sam já tinha seu sabre em mãos.

— Ah, é só você! — ela grunhiu desapontada. Era o mesmo homem que os inscrevera. — Achei que rolaria uma boa porradaria...

— Eu estou aqui para ajudar vocês. Não para me ferir.

— Qual é o seu nome, plebeu? — perguntou Freddie com o queixo levantado. Mesmo que ele não soubesse que Freddie é o príncipe do reino, não podia demonstrar fraqueza, exceto aos mais próximos. E, por algum motivo, Sam.

— Spencer Taylor*.

— E que tipo de ajuda tens a oferecer? — pergunta Gibby desconfiado.

— Sei que a busca de dinheiro de vocês é nobre. Sei que não buscam fama e glória, mas sim salvar a minha irm... Carly. Salvar Carly Shay. — ele se corrigiu.

— Por quê se importa tanto com Carly? — perguntou Sam com um sorriso. Afinal, ele é apenas meio-irmão dela. E um bastardo. Ela provavelmente o despreza, pensou Freddie. Mas, Sam sorria de um jeito como se soubesse o porquê.

— Uma vez... Uma vez minha mãe conseguiu que eu conhecesse os filhos de Steven. Originalmente era pra conhecer o próprio Steven, mas esse estava sem tempo. — disse Spencer com desprezo na voz. — Os filhos dele estavam lá e me recepcionaram. Todos me trataram mal, mas... Mas, Carly... Ela me tratou bem mesmo que... Mesmo que não soubesse quem eu era. — Spencer sussurrou a última parte. Freddie estava admirado. Carly além de linda, era também boa. Não pode deixar de sorrir. — De qualquer jeito, sei como podem arranjar dinheiro para prosseguir com a viagem.

— Como? — perguntaram os três ao mesmo tempo, mas enquanto Sam e Gibby demonstravam animação sem hesitar, Freddie tentava se conter sem sucesso.

— É o seguinte... Nessa vila tem o barão de Chambers** que dá uma recompensa por quem aprisionar o ogro Chuck, pois ele aterroriza a vila. Tem que trazê-lo vivo ou morto. — disse Spencer de uma forma assustadora. Depois repensou. — Bem, de preferência vivo porque o sr. Chambers quer deixa-lo dois dias de castigo. Mas, as recompensas são igualmente altas e em dinheiro.

— Não parece ser algo tão difícil. — disse Gibby alegre.

— Na verdade é. — contradisse Spencer.

— Oh. — comentou Gibby tristinho e surpreso.

— Chuck — continuou Spencer — é diferente dos outros ogros. Ele é esperto. Ele sabe se esconder e adora carne humana.

— Todos os ogros adoram carne humana. — falou Freddie confuso.

— Eu sei, só queria enfatizar. — disse Spencer vago. Freddie ergueu as sobrancelhas e cerrou os lábios pra depois assentir com os olhos semi-fechados. Spencer franziu o cenho ao encarar o escudo de Freddie com mais firmeza. — Esse símbolo... Não é apenas da realeza?

— Hã... Não. Ele é... Apenas um símbolo como outro qualquer... Nenhum símbolo familiar ou importante ou... — disse Freddie tentando disfarçar.

— É o símbolo da realeza. — disse Sam simplesmente.

— Sam! — gritou Freddie.

— Carly falou comigo sobre Spencer. Ele é confiável. — Sam falou simplesmente. Freddie ainda estava com raiva. — A verdade é que Freddie é Dom Fredward IX, filho de Dom Fredward VIII. — Spencer estava atônico.

— Deuses! Carly sendo salva por um príncipe! É tudo que ela mais merece e... Espera, se você é mesmo o príncipe por quê não pede dinheiro a sua família? — Freddie riu.

— Não seria algo muito honrado de se fazer. Quando deixei o castelo, deixei por conta própria e tudo o quê eu tinha era o quê eu tenho até voltar. — comentou Freddie. Ele tossiu mudando de tom e se virando para Gibby com um olhar zangado. — Infelizmente, alguém nós fez perder todo o dinheiro...

— Eu já pedi desculpas! — berrou Gibby.

— Nesse caso, eu desejo muita sorte a vocês para que consigam acabar com Chuck. E que resgatem Carly, afinal dizem que o Nevel quer... — Spencer nem completou agoniado dó de pensar em sua doce meia-irmã com um destino provavelmente terrível. — De qualquer jeito... Boa sorte, alteza. — dito isso, Sepncer fez uma referência a Freddie. Freddie assentiu e eles se afastaram.

— Nós vamos mesmo capturar um ogro canibal? — perguntou Sam incrédula.

— E temos escolha? — perguntou Freddie. Depois dos problemas causados por ele e Gibby o melhor era torcer para que nada desse errado para que conseguissem dinheiro. Depois ainda teriam que pensar em como localizar Carly no meio de uma floresta sem poder se guiar pelas estrelas ou mapas. Os problemas estavam só começando para o trio.

*É o nome do meio dele e da Carly. Como ele é um filho bastardo na história ele não tem o nome do pai, obviamente.

** O sobrenome do Chuck é Chambers, logo o barão Chambers é o pai dele na série. Sacaram o porquê do ficar dois dias de castigo? Tchans! Piada sem graça, yay!