Menna estava assustada. Sabia que podia lidar com fogo mas não naquela hora. Não quando se estava desesperada ouvindo gritos e a frase “a casa vai desabar” . De repente se viu sozinha no quarto, Gaia tinha saído para ajudar os amigos. Ela foi para a escada e viu Gaia ajudando uma menina negra, que tinha caído e ralado a perna toda.

–MENNA, VENHA CÁ RÁPIDO –Gaia gritou

Menna foi até lá mas nem sentiu quando foi puxada para o lado. Gaia sussurrou para ela:

–Nos fundos... nos fundos tem uma saída de emergência. Vá lá... agora. Ela precisa ser aberta com uma senha. É só você falar a palavra “ajuda” –Gaia parecia assustada, nervosa e desesperada dando pausas para respirar. – Vá logo. Temos que sair daqui. –Terminou e foi ajudar os amigos. Foi tudo muito rápido e quando Menna viu, estava na frente de uma porta no final da lavanderia. A lavanderia ficava perto da cozinha, era um lugar baixo. Tinha que descer alguns degraus para chegar.

Estava quente e tinha várias roupas penduradas num varal no meio do teto. O lugar era estreito e tinha apenas algumas cestas e uma máquina de lavar que parecia não ser muito usada. Chegou perto de uma máquina perto da porta que parecia uma espécie de microfone. Ela chegou perto e falou a senha. Se assustou com sua voz. Estava rouca mesmo sem ter gritado nem aberto a boca.

A porta se abriu e ela pôs um pé na frente para entrar. Pensava que seria um corredor que levava até uma saída. Mas não. Tinha uma escada que levava para baixo, parecia longa. "Quase caí de uma altura não muito agradável” pensou Menna. Ela foi até a cozinha chamar os outros mas já estavam atrás dela. Menna tomou um susto e caiu para trás. Se viu caindo no poço mas tinha dado tempo para se segurar na escada. Sentiu um ardor no braço e algo quente descendo até a mão. Subiu alguns degraus e olhou para o braço. Tinha se cortado. Não pensou nada, apenas subiu mais um pouco e chegou mais perto do claro.

–Menna? Menna, responda –disse Gaia

–O que quer que eu fale? Ei amiga, vem cá cortar o braço também.

–Oh, desculpe por te dar um sus... –Ouviu-se um estrondo e de repente, todos estavam tentando descer a escada, gritando. Menna seguiu para baixo para dar espaço ao outros. Ouviu mais alguns estalos e estrondos. Parecia que estava tremendo e sentiu algumas pedrinhas cair do alto da escada.

–Meu Deus, a casa está desabando –disse Elise com uma certa tensão na voz.

–O que faremos? –Jeremias perguntou meio desesperado e meio amedrontado, com a voz falhada.

–CALEM A BOCA E CONTINUEM DESCENDO –gritou Lucas.

Continuaram descendo resmungando, choramingando e xingando. Menna ouviu uns três gemidos de dor enquanto descia. Perguntou o que acontecera mas não responderam nada. Quando todos chegaram lá embaixo ouviram um som alto e se olharam. Ou tentaram. Estava muito escuro, tinha apenas uma pequena luz fraca bem na frente do corredor subterrâneo que não era pequeno.

–Estão todos bem? –perguntou Menna. Todos assentiram com a cabeça. Estavam com a respiração pesada.

Gaia abriu a boca para dizer algo mas um pequeno gemido a interrompeu. Menna virou em direção ao som e viu uma sombra alta que parecia ser o menino que havia chamado de louca.

–Jeremias? Está tudo bem? –Um garoto de estatura baixa perguntou.

–Louca... maluca... colocou a gente nessa... A CULPA FOI SUA –Jeremias gritou e se jogou pra cima de Menna. Ela se afastou rapidamente, encostando na parede e Jeremias caiu no chão. Começou a chorar e falar coisas do tipo “vamos morrer”.

–Menna, faça alguma coisa pra clarear mais aqui. –Gaia disse irritada. Menna então se afastou e acendeu uma pequena chama. Clareou um pouco mais o corredor e analisou o lugar. Era um corredor longo e estreito com o teto baixo, alguns arranhões na parede, teias de aranha e alguns arames num canto. Voltou a atenção para os outros. Elise estava com um corte no braço e uma perna inteira ralada. Lucas não estava machucado mas estava suado e com a blusa rasgada, com uma expressão cansada. Jack tinha um corte na testa e uma queimadura no tornozelo, parecia assustado mas tentava esconder isso. Nicolas tinha um arranhão na bochecha esquerda sangrando e estava guardando algo no bolso. Gaia estava ajudando Jeremias se levantar. Estavam assustados e arregalaram os olhos quando viram Menna com a mão pegando fogo.

–EU DISSE! SUA BRUXA! VOCÊ CAUSOU ESSE INCÊNDIO! –Jeremias gritou, se afastando e batendo com a cabeça no teto –ai que inferno –disse colocando as duas mãos na cabeça.

–Como fez isso? –Lucas perguntou apontando para a chama na mão de Menna.

–Podia ter sido menos discreta, não acha? –Disse Gaia.

–Desculpa –Menna abaixou a cabeça –acho que não importa mais uma hora ou outra eles vão precisar saber disso tudo –respondeu Menna.

–Tudo o quê? –indagou Lucas com um olhar assustado e curioso, revezando entre Menna e Gaia.

–Olha, não temos tempo –Gaia disse irritada encarando Menna. Estava com o rosto todo suado –a gente precisa sair daqui agora ou vamos morrer intoxicados. O corredor segue e logo depois tem uma passagem para a esquerda –ela disse apontando para o final do corredor –depois tem mais um corredor e no final uma escada que leva para cima. Rápido, vamos.

E com isso, seguiram pelo longo corredor.