Nossos olhos ainda estavam conectados. Aquele brilho em seu olhar era tão perfeito e aquela imensidão de chocolate fazia com que meu mundo parasse de girar de repente.

– Mesmo machucada, seu rosto é tão delicado quanto o de um anjo. Você é linda. – Falei sem pensar e ela corou envergonhada.

Deus! Até vermelha ficava linda. Toquei seu rosto levemente, tomando o total cuidado com os machucados, sentindo a leveza. Bella fechou os olhos apreciando o carinho.

– Eu... Eu... – Ela gaguejava. – Edward, assim você me deixa sem graça, mas eu vejo em você a bondade e o grande coração de ouro que tem. Mal me conhece direito e ainda me elogia dessa forma carinhosa.

Ela tocou meu rosto, me causando total inércia do mundo lá fora. Seus delicados dedos acariciavam minhas bochechas. Peguei sua mão e a beijei carinhosamente.

– Eu digo simplesmente a verdade, Bella. – Disse passando meu dedão em sua bochecha. – Mas agora preciso que confie em mim, você tem família?

Ao escutar a pergunta vi seus olhos encherem de lágrimas e um soluço rompeu o silêncio do quarto.

–Hey! O que há? – Perguntei desesperado. – Por que está chorando? Fiz algo errado?

– Não, me perdoe Edward, mas é difícil falar sobre isso. Eu tenho família sim, porém, eles moram longe e nem sequer vem ver se estou viva. Morava com vovó Marie, mas ela faleceu, deixando a casa para mim como única herdeira. Só tenho 17 anos e sozinha por esse mundo enorme.

E ela chorou mais ainda. Aquilo cortou meu coração em fatias, sabendo que essa delicada menina e frágil, não tinha ninguém por perto. Sua única fonte de amor havia falecido e agora ela estava sozinha, sem o carinho de pai e mãe ou alguém para espantar seus pesadelos.

– Olhe para mim. – Peguei seu delicado rosto entre minhas mãos e assim ela fez. – Você não está mais sozinha, a partir de agora, ficará aqui comigo. É uma menina frágil, carente e precisa de alguém para ficar ao seu lado. Prometo que irei cuidar de você, te ajudarei e sempre pode contar comigo para tudo. Além disso serei seu melhor amigo.

– Mas nem nos conhecemos, não sei se você é casado ou não, se tem filhos ou não e como saber se está falando a verdade. – Dizia ela em meio a soluços. – Já mentiram muitas vezes para mim, Edward. Por favor, não me machuque ou magoe meu coração, eu não aguentaria.

– Nunca mais pense dessa maneira. Porque haveria de mentir para você? Ou te magoar? Eu jamais fiz isso com alguém e sou incapaz de brincar com sentimentos de alguém. Pode confiar em mim, contar comigo para o que precisar e sim, prometo cuidar de você. – Disse limpando suas lágrimas e vi que ela estava se acalmando. – Não quero mais te ver sofrer. E tirando suas dúvidas, não sou casado e nem namoro, não tenho filhos e moro com minha família. Só meus irmãos são casados e com filhos.

– Então você é um solteirão virgem? – Perguntou ela e ri com o comentário.

– Bom, solteiro sim, mas virgem...está longe. – Respondi e ela riu, parando totalmente o choro. – Só tive alguns casos, mas nenhum era para namorar ou casar. Mas espero sim encontrar alguém que tenha meu coração por completo. – Disse olhando para seus olhos. Ela sorriu e corou envergonhada.

– Não sei como te agradecer por tudo Edward. Eu sem dúvidas, não sei se mereço tanto carinho de uma pessoa maravilhosa como você. – Sussurrou e cheguei mais perto dela.

– Você merece sim, Bella. E prometo estar do seu lado para o que der e vier – Respondi. A abracei cuidadosamente, inebriando o cheiro de seus cabelos longos e apreciando o calor daquele corpo frágil e ferido.

– Obrigada, Edward. – Sussurrou em meu ouvido.

– Sempre que precisar. – Avisei sorrindo. Afastei nossos corpos e no instante beijei suas delicadas bochechas, sentindo ela sorrir sem graça com o meu toque. – Bem, acho que você deve estar com fome agora, certo?

– Sim, não como nada há horas. – Admitiu.

– Então, vamos descer. Pedirei para Karen, nossa cozinheira, preparar algo para você. – Falei e ajudei-a se levantar. Senti que ela estava ficando mole e se eu não tivesse a segurado, ela teria caído. – Céus! Está muito pálida! O que sente, Bella?

– Estou tonta e sentindo frio. – Murmurou fraca. Coloquei-a na cama de novo e fui chamar meu pai para examiná-la.

– Pai, Bella acordou. Mas ela está pálida e com tonturas. – Informei preocupado para ele.

– Deus! Deve ter sido a pressão dela que abaixou. - Avaliou ele pegando sua maleta, subindo em seguida, comigo atrás. Chegamos ao quarto e ela estava com a mão na testa, suspirando pesadamente.

– Bella, meu pai irá te examinar. – Disse me sentando ao lado dela novamente. Ela segurou levemente minha mão. Meu pai primeiro mediu sua pressão e depois sua respiração. Ela ainda continuava pálida.

– A pressão está baixa e as tonturas devem ser por ficar sem comer. Pedirei para Esme trazer algo para você comer, Bella. Mas fique aqui quietinha, pois você poderá desmaiar, certo?

– Sim, obrigada senhor. – Agradeceu sorrindo fraco.

– Assim me sinto velho, pode me chamar somente de Carlisle.

– Tudo bem, Carlisle. Obrigada. – Repetiu e meu pai assentiu, sorrindo. Ele saiu do quarto, nos deixando sozinhos.

– Vou trazer alguma coisa para você, volto rápido. – Saí do quarto. Desci as escadas encontrando Alice no caminho com Jasper ao seu lado. – Oi maninha.

– Oi maninho. Como a moça está? – Perguntou ela.

– Está bem. Papai já examinou e agora vim buscar algo para ela comer.

– Ah sim. Estamos todos no jardim, se precisar de algo é só chamar. – Informou e foi em direção aos fundos.

Cheguei à cozinha, pedi para Karen preparar um lanche para Bella. Ajudei-a nas coisas, colocando tudo na bandeja. Nossa cozinheira está aqui desde que meus pais se casaram, e ela cuidava de mim quando meu pai e minha mãe estavam trabalhando, é claro que isso acontecia quando eu era criança.

– Pelo que vejo, você teve um apego forte com essa moça. – Disse Karen.

–Sim, Ka. Ela não tem família aqui na cidade, só a avó. Mas esta última faleceu e então está sozinha, sei que ela precisa de carinho, cuidados e alguém ao seu lado. Estou disposto a fazer isso.

– Faz bem, menino Edward. Você tem um coração de ouro e sei que fará tudo direito. – Falou carinhosa.

– Bem, vou levar isso para ela. – Peguei a bandeja e andei em direção as escadas. Subi, voltando ao quarto e quando cheguei, Bella estava na mesma posição. – Trouxe algo leve para você. – Coloquei a bandeja em seu colo.

– Obrigada. – Agradeceu e começou a comer. A observava a cada pequeno gesto que ela fazia. – Humm... Está delicioso. – Elogiou saboreando o sanduíche.

– Karen é especialista no que faz, adoramos a comida dela.

Ficamos um bom tempo em silêncio, até que ela terminou de comer. Tirei a bandeja de seu colo, colocando em cima da mesinha ao lado da cama.

– Obrigada mais uma vez. Sinto que você cuidará bem de mim.

– Claro que vou, você merece ser cuidada, ainda mais agora. Te levarei ao hospital para ver se não pegou nenhuma infecção ou quebrou algo.

– Tudo bem, mesmo odiando hospitais, vou fazer esse sacrifício. – Rimos de seu tom melancólico e então beijei a sua testa. Agora ela era o meu anjo e tenho a obrigação de cuidar dela.