– Oi, Sam... Eu quero falar com você, posso? - Cat bateu levemente na porta que estava entre- aberta. A ruiva sentiu um cala-frio percorrer seu corpo.
– O quê quer? - A loira foi ríspida e se levantou rapidamente.
– Quero que você me perdoe. Sei que fui errada, fui na 'onda' de Allie e Jhenny e só me dei mal. Perdi amizades tentando acabar com outras. Quebrei minha cara, nem sei como tive coragem de vir até aqui. Desculpa mesmo, eu nem sei o que dizer. - Cat virou o rosto e abaixou seus olhos, buscando trocar olhares com o chão ao invés de olhar nos olhos azulados da loira.
– Não é tão fácil assim, Dona Catherine. Sei que assumiu o erro, mas precisa pagar por ele. Não assume e fica tudo tranquilo. Não, não. Você errou e precisa pagar. Não consigo olhar na sua cara, aquilo foi muito estúpido. Não me peça desculpas, na verdade, você não precisa se desculpar comigo, e sim com seis pessoas cujo nome você já sabe. - Samantha pegou um rascunho de papel e colocou os nomes das líderes de torcida mais o nome de Carly, junto a eles o número do quarto de cada uma, com exceção da morena. - Vá em cada um destes quartos, e faça da forma mais simplória e doce, com que elas te perdoem.
– Sam, mas... - Cat tentou intervir, examinando o papel de longe.
– Nada de mais. Tome, e agora saia. - A ruiva assentiu e saiu dalí apressada.

* * *
Carly estava pensando no que fizera ontem no apartamento de Beck e andava destraída com sorriso abobalhado. Viu que era a hora da aula de Literatura, e andou se arrastando pelos cantos até abrir a porta, mantendo o mesmo sorriso abobalhado. A sala estava praticamente vazia, se via dois garotos : Petter e Petterson, que eram irmãos gêmeos, e uma garota, que Carly acabou se esbarrando, interrompendo os pensamentos perversos da morena.
– Ei menina, não olha por onde anda é? - Resmungou Carly sem ao menos olhar para quem era. Depois de olhar, um sorriso malicioso preencheu seus lábios. - Ora, veja, se não é Allie Morrison Luntter !
– Não precisava falar meu nome completo Carlotta Taylor Shay! - Allie enfureceu-se e empurrou levemente a garota para o lado esquerdo.
– Claro que sim, ficou conhecida como a maior puta da Thallerman. Olha, meus parabéns, conseguiu passar da Lucy! Ela venceu por três anos consecutivos! - Carly batia palminhas sarcásticas e mantinha o sorriso malicioso.
– Isso tudo foi obra da vadia da Missy. Sua melhor amiga, ou devo dizer, sua quase namorada, porque, olha, é difícil achar uma amiga que lhe defende com unhas, dentes, e até armas, como a Missy faz com você. Ela provavelmente, quer algo em troca, então, é melhor se preparar pra ter uma amiga lésbica, que sofre por amor, um amor que nunca deverá ser correspondido. Prepare-se Carlinha. E depois que o Beckett te largar pra ficar com a Jadelyn, ela vai sobrar, e desculpe-me a expressão, mas... Vai cair matando encima de você. - Allie novamente empurrou a garota mais para a esquerda, e saiu com ar de vitória. Não tinha ganhado a guerra, mas também, não tinha perdido a luta.

* * *
Pov. Melanie.
Fui para o refeitório almoçar, e não consegui ver ninguém que conhecesse, então, peguei a primeira mesa vazia que vi, e comecei a almoçar alí mesmo, sozinha. Peguei meu celular, e comecei a parar de comer, me concentrando mais no celular ao invés da comida. Olhei para os lados diversas vezes, até que vi alguém acenar.
– Deve ter me confundido com a Sam, aposto. - Pensei em meu subconsiente voltando a atenção para meu celular. Comecei a tocar na comida, ela já estava praticamente gelada. O cara que estava chegando veio até a mesa, um pouco ofegante, parecia estar me procurando -- Ou procurando Sam - A tempos.
– Oi... É, Melanie não é? - Ele sentou-se rapidamente, pegou meu suco de laranja e o tomou em uma golada só. Era um cara alto, com cabelos encaracolados castanhos, olhos de mesma cor, mochila segurada de um lado vermelha, e usava óculos pretos de aros relativamente grandes.
–Sim, sou eu... Não está procurando minha irmã? - Perguntei olhando para ele, e apenas vendo ele comer meu sanduíche.
– Não, você mesmo. - Ele sorriu e pegou uma batatinha minha . Sorri de volta e esperei que ele falasse algo.
– Não quer falar algo? - Perguntei desfazendo meu sorriso. Ficamos naquele " Jogo do Sorriso" por uns 5 minutos.
– Ah, sim... Você é muito bonita, sabia? - Ele pegou mais uma batatinha, e a molhou no ketchup.
– Ân, saquei. Tentou cantar minha irmã, e não deu certo, agora está tentando me cantar como segunda opção? - O interroguei com doçura, mas ao mesmo tempo, com raiva.
– Não, eu não gosto da Sam. Na verdade, ela é legal e tudo mais, mas, ela é do Freddie. - Ele sorriu e me fez sorrir também. - Robbie. - Comprimentou, estendendo a mão.
– Mel. - Estendi a minha e sorri.
– Tenho que ir agora, aula de Física. - O sorriso amarelado dele apagou-se e ele se levantou, antes, pegando a última batatinha que restara no meu prato.
– Sério? Eu também tenho. Vamos então. - Ele ofereceu-se para pegar minhas coisas, apenas assenti e sorri.

* * *
Thallerman- Quarto 20C- 14:25 .
– Alguém aí? - A loira abriu a porta sorridente e viu sua cópia esparramada na cama, com um balde de frango no colo.
– Xiii... Tá passando um documentário sobre a história dos europeus. - Sam atirou uma almofada contra Mel, que por sorte desviou-se.
– Desde quando interessa-se por documentários? - Melanie perguntou desinteressada, enquanto afrouxava seu rabo de cavalo.
– É porque, depois que acabar isso, vai passar um programa chamado " Os melhores Frangos Fritos do mundo ." Eu tenho que assistir.
– E eu tenho algo mais importante que os melhores frangos fritos do mundo. - Melanie sorriu, e recebeu outra almofada no rosto.
– Nunca mais diga isto. - Sam apontou para a garota, e voltou a ver o documentário.
– Olha, eu conheci um gatinho lá no refeitório, e descobri que ele é da mesma sala que eu de Física.
– Hum... - A loira mal havia prestado atenção ao que sua irmã dizia. Dito isto, Mel pegou o controle da cama e desligou a televisão, acendendo as luzes e acabando com o cineminha de Sam.
– Ei. - Foi a única coisa que Sam sussurrou.
– Preste atenção em mim. Senão, não têm programa de Frango Frito nenhum. - Sam acabou cedendo, e foi ouvir sua irmã. - Então, o nome dele é Robbie e ele é muito fofo, é iteligente, é cavalheiro...
– Espera, espera, espera. - A loira interrompeu a outra com um simples gesto de mão. - Você disse que o nome dele é Robbie?
– Sim, porquê?
– Não, não. Não, não. Não, não! Melanie não! - Sam se exaltou , e começou a sacudir a irmã com força.
– Porquê não? Ele é tão legal. - Melanie se soltou, e sentou-se na beirada da cama de Carly.
– Olha Mel, você não pode gostar dele, vai por mim, você não pode pensar nele, não pode tocar nele, não pode nem aspirar o ar dele. Fica longe dele e você terá felicidade em sua vida.
– Porquê tanta intolerância ao Robbie? - Mel perguntou um pouco furiosa.
– Ele acabou com a Cat, com a Jhenny, e com milhares de garotas aqui da Thallerman. Tem cara de santinho, mas não se engane Mel, ele destrói sua vida com um estalar de dedos. Fica longe dele, por favor. E se ele te fazer quebrar a cara, não diga que não avisei. - Sam pegou o controle das mãos da garota e seu balde de frango frito. Sentou-se num tapete qualquer, e partiu-se a admirar aqueles frangos da televisão.
Melanie sentiu que uma dúvida rondava em sua mente : Deveria ser amiga de Robbie ou não? E o que ele fez de tão ruim para Sam, Cat & Jhenny o odiá-lo? Será que Sam não apenas havia inventado tudo aquilo? E aquele tal Jogo dos Sorrisos? Seria uma farsa? Seriam sorrisos forçados? Parecia um cara simples, mas agora que Mel havia recebido tantas informações, tudo se transformou de " Jogo dos Sorrisos", para " Jogo das Interrogações."

* * *
Jhenny estava procurando por Lucyana em todos os lugares, desde a semana passada a garota estava mais afastada e mais chorosa, não sabiam o que era, bom, pelo menos alguns não sabiam...
– Ah, até que enfim lhe encontrei Lucy. Vamos, tem treino pra um jogo dentro de casa no sábado. - A loira sorriu alegremente enquanto falava do jogo.
– Não estou muito afim não, Jhenny. Vão vocês, fico na arquibancada. - A morena estava soluçando, porque provavelmente, estava chorando alí por um bom tempo. Era um local bastante escuro, onde os esquecidos e otários visitavam.
– Por quê está assim, Lucy? Desses dias pra cá, tem ficado mais solitária e sozinha, isolada, chorona... Alguém te traiu? - Jennifer atreveu-se a perguntar.
– Olha, você jura, que o que eu falar aqui vai ficar entre nós? Somente entre nós?
– Você tá me assustando, Lucy. Mas, vai... Prometo. - Jhenny usou o dedo midinho, procurando o da amiga.
– É sobre o filho que eu abortei. - A morena virou o rosto, o enterrando entre as pernas.
– Suspeitava. - A loira sentou-se no chão, e levantou o rosto de Lucy, limpando suas lágrimas.
– Como?
– No dia em que estávamos no vestiário, descutindo sobre o nome dos nossos filhos, você ficou calada, apenas assentindo, e ainda foi a primeira a sair. Depois, quando falamos sobre o aborto, você deu no pé rapidinho. E também, quando eu falei que nunca abandonaria um filho, olhei para você discretamente e você soltou uma lágrima.
– A culpa é toda do meu pai, se ele não fosse um crápula, a Victoria nasceria linda e saudável.
– Sabia que ia ser uma menina? - Jhenny perguntou com doçura.
– Não, mas tive um sonho em que carregava uma garotinha nos meus braços, e chamava muito pelo nome de Victoria. - Lucy sorriu torto.
– O mesmo nome da Tori?
– Não era pela Tori. Victoria é um nome bonito. Mas eu a matei. E não posso fazer nada para reverter esta situação. - A morena enterrou a cabeça entre as pernas novamente.
– Fica calma amiga... Se ele levou a Victoria é porque pode lhe trazer algo muito melhor. Fica calma. Lembra-se que sempre estarei aqui, ouviu? - Ambas sorriram torto e se abraçaram.