The Last Judgement escrita por yin-yang


Capítulo 1
The Last Judgement.


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! Como vocês estão? Enfim, eu tinha começado a escrever essa fic já faz um mês e só agora consegui finalizá-la, no ÚLTIMO DIA para a entrega do presente. Que coisa, não? Mas acho que valeu a pena, é. u_uEntão, minha amiga secreta é a July Thereza, essa linda e maravilhosa diva que, SIM, EU PUDE CONHECÊ-LA PESSOALMENTE! Agora, podem me invejar. -nJuly, quando eu vi que eu tinha te tirado,eu vibrei de felicidade, porque nossa, que menina de sorte eu fui em tirar alguém que eu super me simpatizei! Shippa NejiHina como eu, joga um LoLzinho marotinho da alegria (como eu) e gosta de músicas de qualidade (como eu)! E, ainda, é uma leitura mega dedicada de MP. Então, ter te tirado foi uma imensa honra e prazer! Acho que me empolguei tanto, mas tanto com isso que a fic ficou um pouco... Grande. UHASUAHSUAHSUAHS Enfim, muito obrigada por ser minha amiga secreta e espero, de coração, que goste da one. Porventura pode aparecer alguns errinhos ou muita repetição. Como não foi escrita tudo em um dia só, meio que perco o controle. ç_ç Enfim, desejo a você e a todos que estão aqui um ótima leitura!Como você mesma sempre fala: besos e quesos! Att,yin-yang.



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Confinado naquele calabouço, ele havia sido rendido. Sob runas élficas encantadas inscritas em pilares rochosos, o tirano estava selado, impotente diante aquela força tão contrastante a sua. Era inacreditável que eles, seres de luz, o haviam detido, sendo ele quem era. Era o mais poderoso e temível Warlock de toda a terra média. Um elfo corrompido e detentor das forças ocultas. Pelos ideais e ambições sombrias, tudo ele largou. Trocou o seu coração, antes cheio de luz, pela vingança, pelo ódio, pelo rancor e, acima de qualquer outra coisa, pelo poder. Esse, porém, lentamente o consumia dia pós dia. Sua alma ­— se é que se pode dizer que ele possui uma — vagarosamente era devorada por aquilo que tanto buscou. Mas aquilo era um preço até barato a se pagar perante tanta força... Tanto poder. Afinal, para que serviria a alma se podia ser invencível? Tê-la seria uma fraqueza e uma banalidade total. Sacrificou vidas para chegar aonde chegou; matou seus companheiros, seus mestres e seu irmão, a quem havia jurado vingança e seguiu seus passos para superá-lo. De apenas um mago elfo ambicioso, passou para um corrompido e insensível bruxo. Sua força era tamanha, que até diziam que o próprio Oculto se curvou perante o habilidoso jovem corrompido. Ele havia se tornado Sasuke Uchiha, o Subjugador do Oculto. Ele possuía seus cabelos negros cortados em um repicado atípico para a raça, porém com sua pele alva — o que entregava suas raízes élficas. Seus olhos eram de tom carmim, assim como o rubro do sangue que tanto já havia derramado. E esse mesmo soberano das Trevas, que se julgava jamais ser derrotado, agora estava preso com toda sua magia selada.

Ao longe, ouviram-se passos em sua direção. Sem abalar a barreira local, dois elfos adentravam a circunscrição mágica. Não tardaram a aparecer frente ao ser impuro e maculado. Uma sacerdotisa e seu fiel paladino. Ambos possuíam olhos perolados, tão puros quanto a Luz. Os longos cabelos élficos da mulher eram negro-azulados, enquanto os masculinos eram castanhos. O mago corrompido os observava de canto dos olhos; no olhar da jovem não se sentia um temor sequer e no do outro que lhe acompanhava se fazia presente o zelo, a proteção.

– Quanta confiança na Luz, arriscar-vos tanto para estar frente a frente com alguém que poderia vos desintegrar. – Proferiu o Warlock, separado tão somente pelas grades de ferro. – Quem pode vos garantir que essas runas medíocres são capazes de suprir integralmente minhas forças e me manter subjugado?

– Guarda tuas palavras, bruxo. Não viemos aqui em busca de conflito. Sabes disso. – Disse Hinata, a Sacerdotisa de Eldrium. Seu olhar era firme, porém dócil, imaculado.

– Mesmo com tantas mortes e destruições que vos causei com minha horda, duvido que vós não clameis pelo rolar de minha cabeça. Afinal, nada mais justo.

A sacerdotisa, com as palavras do prisioneiro, passou a fitá-lo nos olhos diretamente, analisando-o minuciosamente, como se quisesse enxergar algo muito mais além do que se podia ver. O elfo obscuro estava sentado sobre a palha, a retribui-lo de modo opressor.

– O que tanto me olhas, Sacerdotisa de Eldrium? – Indagou o preso, desconfiado.

Sem nada a dizer, ela continuava a mirá-lo com atenção. Suavemente, assim, ela sorriu, toda graciosa.

– Não temo a ti, Subjugador do Oculto, pois posso ver nesses olhos rubros o reflexo de uma alma boa, porém solitária e clemente por salvação. – Começou a elfa, destemida e serena como costumava ser. Ao seu lado estava o paladino, calado, quem sempre estava atento a qualquer movimentação do outro.

– Perder-me foi uma opção, a qual eu escolhi sem hesitação. – Respondeu o mago corrompido.

– Todavia te arrependes. Tua alma errante roga por redenção e eu posso sentir. – Disse a elfa sagrada.

– Blasfêmia! – Gritou o elfo sombrio, a se levantar e tentar praguejar contra a outra, porém sem sucesso. Seus poderes, de fato, estavam selados. – Não te venhas falar de compreensão!

– Diz o que quiseres, bruxo. Podes ocultar a verdade de Eldrium, de ti próprio, mas não de mim. Reflete sobre tua alma, sobre tuas escolhas e, principalmente, sobre ti mesmo. Nunca temas a verdade. – Completou ela, ainda serena. – Era só isso que gostaria de te dizer, bruxo. – Disse, dando suavemente as costas, de modo que o tecido de seu longo vestido de cetim avoasse com o movimento.

Com carinho, ela fitava para o paladino, a mostrar um leve sorriso. O robusto elfo com armaduras alvas e reluzentes retribuiu o gesto enquanto a fitava nos olhos, como se almas se encontrassem e se entrelaçassem em um plano muito mais além que o físico. Ela seguia em frente, aos poucos a desaparecer do local.

– Neji Hyuuga, o Paladino Resgatado. – Disse Sasuke antes que o outro também lhe desse as costas. – Aquele que renegou o Oculto e se rendeu aos meros caprichos de uma sacerdotisa. Lastimável.

– Retroceder em minhas decisões também foi uma opção, a qual eu escolhi isento de qualquer culpa. – Respondeu o paladino, sério.

– Falas como se fosse fácil. – Retrucou, voltando a se sentar no amontoado de palha. – Mesmo que eu realmente quisesse, é tarde demais para tal.

Aquele pequeno discurso do bruxo parecia possuir certa mágoa. O olhar dele estava longe, perdido em suas próprias memórias e recordações. O paladino, calado, apenas o observava. Vazio era provavelmente o que o outro sentia.

– Eu sequer tenho para onde ou para quem voltar. – Murmurou, longínquo.

– É impossível trazer de volta o que já se destruiu. – Começou o elfo de luz enquanto o olhava. – Podes ter perdido grande parte de tua alma, contudo, possuis o que te resta. Acreditas na justiça e em um lar para retroceder. – Proferiu, quando então parecia ter chamado atenção daquele bruxo distante. – Recomeçar ainda te é uma opção. Pensa nisso, pois és também um dos filhos de Eldrium.

Com tais dizeres, o Hyuuga se retirava do local discretamente, deixando-o ali, naquela silenciosa e isolada cela. Calado, o elfo sombrio continuou a ficar. Nenhum murmúrio ou praguejamento sequer. Encostava a cabeça na parede de pedra e ali assim permaneceu pensativo, reflexivo.

[...]

A neve caía suavemente por toda a terra média naquele inverno tão característico da época. A vasta dimensão esverdeada lentamente passava a ser revestida pelo gélido e silencioso branco da estação. Do alto do castelo élfico, Ino Yamanaka, a Princesa de Eldrium, observava a queda suave e harmoniosa dos flocos de neve pela janela. Seus longos cabelos louros eram presos em um alto rabo-de-cavalo, exceto por sua franja, que, de lado, caía delicadamente sobre o olho direito. Suas íris eram de cor azul-turquesa, idênticas as de seu falecido pai, morto pelo Subjugador do Oculto. Nem sempre Sasuke havia sido daquele jeito. Lembrava-se perfeitamente do Mago Coração de Águia. Ele era honorável e justo; sempre teve ambição, mas quem não tem? Houve um tempo em que ele era um elfo de Luz, assim como todos em Eldrium. Era um estimável elfo de Luz, por quem a donzela um dia havia se apaixonado.

Confortável, ela tinha sua cabeça sobre o peitoral do mago. Estavam deitados sobre a planície coberta de neve. Ela observava aquele céu esbranquiçado e logo discretamente olhava para o amado, que os olhos fechados. Ela sorriu, subindo nele de modo a deixá-lo por baixo Ele assim reabria os olhos e os olhares se encontravam. Seus olhos eram tão negros quanto seus cabelos. Ele sorriu de volta para a mesma. Sutilmente, levava suas mãos à cintura alheia, segurando-a firmemente ali. Ela, por sua vez, passava a mão pelo rosto do outro, tirando as madeixas de cabelo que ali atrapalhavam para analisar por completo o seu semblante. Delineou os lábios alheios com seus dedos e assim a elfa sorriu novamente, agora a unir sua boca a dele em um beijo apaixonado. Ambos fechavam os olhos e ali aproveitavam o momento que eles tinham juntos. O beijo — uma ação tão simples para alguns povos —, para eles, elfos, simbolizava a união das almas, a devoção recíproca, uma promessa sem palavras. Eram cúmplices mútuos, eram amantes.

Ao findarem o ósculo, eles voltavam a se fitar. Graciosa, Ino acariciava o rosto do Mago Coração de Águia, ao passo que ele lhe trazia mais para si. Ela uma vez mais sorriu, a encostar sua testa na dele.

Melinyë tirië hendulyar silina írë lálalyë. – Comentou o Uchiha enquanto afagava os longos cabelos da Princesa de Eldrium. – Eu amo ver teus olhos brilhando enquanto sorris.

Feliz, ela alargou aquele sorriso de satisfação, verdadeiro.

Ma meluvalyen tenn'oio? – Perguntou ela. – Amar-me-ás pela eternidade?

Haryalyë melmenya. Tu tens o meu amor. Sabes disso. – Disse ele, agora invertendo as posições. Ele ficava sobre ela e assim voltava a fitá-la com ternura. – Melinyel.

– Melinyel. – Respondeu ela em igual tom, carinhosa e amorosamente. – Eu também te amo.

Dessa maneira, sendo assim, eles voltavam a selar seus lábios um ao outro, em um beijo sincero e único, somente deles.

Seu olhar estava distante e sua mente cada vez mais longínqua, perdendo-se em suas infinitas lembranças que havia construído junto com ele. Recordava-se do dia em que se encontraram pela primeira vez em Elrohir, o distrito comercial de Eldrium; ela havia saído escondido do castelo, driblando os paladinos destinados a lhe proteger, e ele havia ido à cidade para comprar algumas especiarias necessárias para seus encantamentos. Lembrava-se também do dia em que se amaram sob os tetos e as bênçãos do Templo de Kaguya, a Deusa-Lua.

Aqueles haviam sido tempos de felicidade, os quais pareciam jamais voltar. Ele se corrompeu perante o Oculto e a partir de então o inferno em sua vida havia começado. O Mago Coração de Águia deixou seu posto e, tomado pela Escuridão, havia se tonado Sasuke Uchiha, o Subjugador do Oculto. Consigo ele levou embora toda a alegria, toda a esperança e toda a felicidade de um povo. Ultrajou contra a deusa, matou seu rei e cortou definitivamente as ligações com Eldrium — inclusive com Ino, a quem um dia havia feito juras eternas de amor. Ele tinha se tornado um monstro cruel e repugnante. Como sucessora do trono, a ela restou tão somente o caminho da Justiça. Jurou lutar pelo próprio povo e se esquecer daquele a quem se entregou de corpo e alma.

Por fim, ele finalmente havia sido rendido e estava sob custódia. Após tantos severos anos de guerra contra seus exércitos, Eldrium finalmente triunfaria sobre ele e a paz voltaria a reinar. Caberia a ela, sendo assim, fazer o Julgamento Final daquele que tanto destruiu, tanto arruinou.

– No que tanto pensas, Ino? – Perguntou uma voz masculina em tons baixos. – Estás distante.

Por trás, um elfo cuja pele era até mais branca que a própria neve e possuía os cabelos curtos e pretos enlaçava a cintura alheia com seus braços e a virava para si. Levou uma de suas mãos ao rosto da princesa e ali a acariciou, fitando-a intensamente. Ele era Sai, o Olhar do Vazio.

– Sai. – Sorriu ela ao chamá-lo. – Perdoa. Mal pude perceber tua chegada.

O elfo fazia jus à sua alcunha. Nada dele se conseguia compreender pelos seus olhos puramente negros, como se ali tivesse neblinas que ofuscavam sobre o interior. Apesar do caráter certamente duvidoso de um ladino, eles estavam juntos há alguns bons anos.

A princesa levou as mãos sobre os ombros do outro e assim retribuía o olhar, ainda que não conseguisse decifrá-lo. Tocou os lábios alheios em um breve selo correspondido. Aquele beijo tão habitual parecia não ser tão bom. Não parecia lhe prender ou encantar. Não era o que precisava... Tampouco o que realmente queria. Ali, naquele momento, lembrava-se do beijo sincero e terno que fazia acontecer junto a Sasuke, aquele gesto tão único e característico deles. Depois tantos longos anos séculos de desapego, porque isso repentinamente? Não deveria sentir mais nada por quem arruinou não só sua vida, mas também a vida de seu povo. Por que, justo agora que tudo está para se resolver para sempre, estava tão afetada? Aquilo estava errado! Agora estava com Sai e com ele ficaria.

O mercenário não tardava e logo desfez o ósculo iniciado pela loira. Ela franziu o cenho, confusa. Havia feito algo de errado?

– Sai? – Chamou-o, um tanto quanto receosa.

Ele se soltava daquele contato físico que os unia no momento. Olhava pela grande janela do castelo élfico a paisagem gélida e, longínquo, admirava o horizonte tão, tão distante, para além das colinas. Silenciosamente, ele gesticulava em sentido negativo.

– Creio que o inverno não chegou tão somente para Eldrium, Princesa. – Proferiu em tons baixos, como o de costume. Voltava sua atenção à donzela, a olhá-la.

Por um momento ela se calou, sentindo leve incômodo frio no estômago com as palavras do mesmo. Então ele havia percebido. Dificilmente conseguiria se explicar.

– Espera. – Começou ela. – Nada houve comigo. Está tudo bem, ladino. Não te preocupas.

– Não. – Disse ele suave. Abaixava a cabeça, a balançar uma segunda vez a cabeça negativamente. – Há um alguém que completa tua alma... Um alguém que tua memória tenta apagar, mas que teu coração resguarda para a toda a eternidade, se for preciso. –Fitava-a uma vez mais profundamente com aqueles olhos negros, vazios.

O ladino, assim, saía da janela e, antes de partir, olhou mais uma vez para a princesa. Sorriu para a mesma, algo que raramente fazia. Pela primeira vez, ele parecia permitir se revelar, nem que fosse apenas um pouco.

Namárië, Ino. – Disse ele. – Adeus, Ino. Mesta an ni véla tye ento. Até que eu te veja novamente.

Deixada solitária no pátio de seu castelo, a donzela observava o elfo desaparecer pelas sombras em um piscar de olhos. Do mesmo modo que ele havia chegado, ele também se foi. Ela suspirou, sem saber o que exatamente pensar, quando viu Hinata terminar de subir as escada e aparecer na entrada do recinto.

– Hinata, tu vieste em um momento oportuno! – Exclamou a loira, aliviada ao ver a amiga. Acelerava em movimentos suaves os seus passos, até alcançá-la e por fim cumprimentá-la. – Que tu sejas bem-vinda, Sacerdotisa.

– Que Kaguya esteja sempre contigo, Princesa. – Sorriu. Com aquele olhar perolado sacro ela a fitava profundamente. – O que tanto te atormenta, minha querida? Cá estou, sou toda ouvidos.

Assentiu a nobre elfa. Caminhava até a janela novamente, porém agora acompanhada daquela que a visitava. Suspirou uma vez mais.

– Não me sinto preparada para julgá-lo. – Confessou a Princesa Élfica, a fitar o horizonte além das colinas. – Meu coração ainda clama por ele e não creio que eu possa concretizar a vontade do nosso povo. Sequer eu acredito que isso seja de fato a tão procurada justiça... Meu juízo se tornou parcial e o que o meu coração indica como certo é justamente o caminho contrário do que deve ser feito.

A elfa dos cabelos negro-azulados a ouvia com toda atenção, como havia lhe prometido. Esboçou um delicado sorriso.

– Tens um tempo até a hora do julgamento, Ino. Sei que saberás fazer o julgamento justo. Apenas confia em ti mesma. – Disse a elfa sagrada.

– Senhorita Hinata. – Exclamou o Paladino Resgatado, que logo aparecia até o local. Ajoelhava-se diante das damas em sinal de reverência e daquela maneira permaneceu, até que pedissem para que ele se erguesse novamente. – Perdoai-me pela interrupção. Teu pai, o Sacerdote Supremo, pediu que para que nos preparemos para o Julgamento Final.

– Não precisas pedir-me perdão, Neji. – Disse a elfa do Clã dos Hyuugas, amável. – Por favor, levanta-te. Sabes que és mais que um mero paladino para mim.

A levantar, o elfo dos longos cabelos castanhos ficava à vanguarda da sacerdotisa e, com seu escudo frente ao corpo, fitou-a intensamente, mais que sincero. Podia-se ver nos olhos dele a devoção para com ela, a cumplicidade, o zelo e carinho.

– Quando minha alma estava desesperada e não tinha para onde voltar e minha consciência já estava prestes a se corromper, foste tu, Senhorita Hinata, que me tiraste do abismo e me fizeste acreditar ainda no amor. Trouxeste-me de volta à vida e me deste um novo sentido para lutar.

A loura os observava e involuntariamente esboçava um tênue sorriso em seu rosto. A maneira como eles se olhavam e trocavam as palavras denunciavam nitidamente seus sentimentos e suas almas amantes, como um dia já havia sido consigo ao lado de Sasuke. Perguntava-se se ele também se lembrava dos tempos em que estiveram juntos, pois, para si, aquelas memórias lhe eram ainda muito próximas.

– Princesa. – Chamou a sacerdotisa. – Infelizmente, preciso me retirar por ora. Mas lembra-te de uma coisa, Princesa Élfica: a verdadeira justiça é aquela feita com o que se entende como certo; nem sempre é a consumação da vontade. – Sorriu uma última vez. – Tenn’ enomentielva, Ino. Até nosso reencontro, Ino. Que Kaguya esteja sempre contigo.

Tenn’ enomentielva, Hinata. – Disse a nobre enquanto fazia uma pequena reverência para ambos, que logo deixavam o local.

Novamente, estava ela e tão somente ela no grande pátio do castelo, deixada com seus pensamentos mais profundos.

“A verdadeira justiça é aquela feita com o que se entende como certo; nem sempre é a consumação da vontade”. – Repetiu as palavras da amiga conselheira. – Que Kaguya ilumine meus passos.

Ela olhou novamente para a janela e direcionava sua atenção para o Templo da Deusa-Lua. Tudo estava em suas mãos e tinha medo de prosseguir. Sabia ser irrefutável, mas era inegável o temor diante da situação. Respirou fundo e, de olhos fechados, ela orou. Orou de verdade. Com coragem, assim, ela reabriu os olhos e, decidida, tomou uma decisão, uma iniciativa a ser tomada. Iria ao calabouço vê-lo antes do julgamento.

[...]

“É impossível trazer de volta o que já se destruiu. Podes ter perdido grande parte de tua alma, contudo, possuis o que te resta. Acreditas na justiça e em um lar para retroceder. Recomeçar ainda te é uma opção. Pensa nisso, pois és também um dos filhos de Eldrium.”

As palavras do paladino ecoavam pela mente do warlock. Suspirou. Não acreditava que elas o poriam em dúvidas. Sabia, bem lá no fundo, que para si já não havia salvação, mas queria acreditar. Na solidão daquele cárcere, não era difícil parar para refletir. Tinha tempo de sobra para isso até a chegada do Juízo Final. Estava totalmente sem seus poderes. Ali, era apenas um elfo. Nada mais, nada menos que isso, o que lhe permitia se recordar, nem que fosse um pouco, do que realmente era ou que já tivesse sido.

Olhava para as mãos enquanto, pensativo, se recordava de seu trajeto até onde havia chegado. Com elas, já derramou muito sangue. Tirou incontáveis vidas; desde bandido até inocente, desde os conhecidos até os estranhos, dos poderosos até os mais humildes. Contudo, havia apenas uma elfa, em toda terra média, que ele não havia sido capaz de matar; aquela com quem preferiu cortar relações e se esquecer completamente para que, em nome do Poder, não tivesse que vitimá-la. Ino foi sua única amante, em toda sua longevidade élfica. Foi a única com quem tanto partilhou e um dia se imaginou tendo um futuro, em um tão longínquo passado, ao lado dela; sonho esse que parecia tão mais impossível do que distante. Provavelmente, ela o odiaria e ele não a condenaria por isso. Afinal, tinha razões para tal. Ser executado era mais que inevitável, mesmo que o arrependimento lhe batesse. Era, no mínimo, a mais sensata e talvez a menos dolorosa sentença destinada para si. Além do que, já não pertencia a lugar nenhum e a solidão havia se tornado sua maldição. Sua alma já estava fadada ao tormento e ao vazio, a mercê daquele que um dia, quando grandioso, subjugou: o Oculto. Que então a justiça para Eldrium fosse feita e o peso de sua culpa fosse tirado.

Ao longe, pôde ouvir passos curtos e delicados descer as infinitas escadas até o corredor que dá acesso ao calabouço. Ao que parecia, indicava ser uma mulher pela sutileza e leveza em seus movimentos. Suspirou. Seria mais uma vez a sacerdotisa a vir lhe dar um daqueles sermões? Fechou os olhos, ainda sentado sobre a palha, encostado na parede rochosa. Sabia que ela não era uma existência perigosa ou que oferecesse risco, mas apenas não estava a fim de ouvir o que sua consciência já lhe cobrava.

– Deixa-me só, Sacerdotisa, caso tenhas vindo aqui para me dar mais um de teus sermões. – Proferiu imponente apesar de tão rebaixado estar.

Os ruídos passavam a ficar cada vez mais próximo. Nenhuma resposta obtida. Ela era realmente persistente! Já havia findado o assunto com ela. Aquilo parecia perseguição.

À frente da grade que separava o prisioneiro e o visitante, aparecia uma mulher trajada, por cima daquele longo vestido branco de seda, com uma túnica marrom e com o capuz do mesmo lhe cobrindo o rosto.

– A última vez que nos vimos foi há cinco séculos no trono de meu pai, Inoichi. – Disse a elfa com a voz firme.

Com o anúncio, ele arregalou os olhos, assustado. Virou-se rapidamente para a mulher que ali estava. Logo que a atenção dele estava focada nela, ela revelou sua face, destemida.

– Ino. – Chamou-a pelo nome ao revê-la. Levantou-se, a ficar frente a frente com ela.

– Há quanto tempo não nos encontramos, Mago Coração de Águia.

Por um momento, nada se falava, nada se fazia ou se pretendia não fosse pela troca de olhares. Culpa, dor, saudade e nostalgia. Esses eram os sentimentos que fluíam apenas com a mirada. Palavras se tornavam desnecessárias. O silêncio falava por si.

– O que vens fazer aqui? Terás tua vingança de teu finado pai em poucas horas. – Disse em sua arrogância habitual. – Sabes que essa alcunha já não me pertence há muito tempo.

Encarava-o ao ouvir tais vocábulos serem proferidos.

– Não preciso de vingança para me trazer a paz. – Rebateu a donzela, séria. – Assim nos despedimos, portanto, assim eu o saúdo. E minha pretensão aqui não é te dar sermões.

– Então o que vieste fazer aqui, Filha do Rei? – Disse hostil. – Devias saber que o Sasuke que conheceste no pretérito e o que hoje vês à tua vanguarda não são mais uno.

Ouvia pacientemente o que o outro proferia. Nada disse de imediato. Ao invés disso, então, ela o analisava em seus detalhes. A marca em seu olho esquerdo, apesar da juventude élfica, mostrava o quão consumido pelas forças ocultas. Fitava-o diretamente nos olhos. Apesar de toda aquela pose implacável, conhecia mais que ninguém o coração do moreno. Era orgulhoso e nunca dava braço a torcer— um dos motivos que o levou a se corromper, ao não ter sido capaz de cair e se levantar para recomeçar.

– Venho até ti, Mago Coração de Águia, para que tomes ciência dos meus sentimentos para contigo. Mesmo em lados opostos, tendo inúmeros motivos para te odiar, o amor que eu sentia por ti, há cinco séculos, perdura até os dias de hoje. – Disse. – Melinyel, Sasuke. Eu te amo. E isso é tudo o que eu precisava te dizer.

Sem mais nada a complementar, ela dava as costas para o rendido e logo desaparecia ao longe da visão do prisioneiro. Ele, por sinal, estava estático, surpreso e até mesmo em um breve estado de choque. Cambaleava para trás, desnorteado. Escorava na parede, deslizando-se por ela, até que por fim se sentava novamente. Esperava tudo vindo dela: desafeto, rancor, ódio e ofensas. Ao invés de humilhá-lo e colocá-lo no chão — como considerava que merecia —, porém, ela veio lhe dizer que ainda o amava. Aquelas palavras o haviam desarmado. Apesar de tudo o que ele fez, de tratá-la com altivez e rispidez, tudo o que ela tinha para lhe dizer era que o amava. Aquilo o fazia se sentir cada vez pior.

Talvez, o preço que pagou pelo Poder fosse muito mais alto do que ele próprio pudesse imaginar. O Subjugador do Oculto havia chegado a essa conclusão e estava começando, amargamente, a se arrepender, pois esperança era o que ele passou a querer ter. Esperança de ter um lugar para voltar e recomeçar.

[...]

Sob o altar do trono, Ino vestia um longo vestido de seda alvíssimo com detalhes em ouro enquanto, de pé e ereta, aguardava o bruxo ser trazido pelos soldados. À direita, estava a ordem dos sacerdotes e dos paladinos; à esquerda, dos guerreiros e dos magos. Próximo à entrada, estavam os xamãs, druidas e caçadores. A disciplina e a ordem se faziam presentes naquele salão.

Pontuais, assim que o sol se escondia definitivamente entre as montanhas e a lua reinava sobre o céu, o prisioneiro era trazido sem resistência ao tribunal. Mesmo que se resistisse, seus poderes ainda estariam inválidos nas dependências de Eldrium. Haviam se precavido para caso algo desse errado. Ajoelhado, ele era colocado diante da princesa com as mãos e pés acorrentados. Chouji, a Sentinela do Cárcere, ergueu o rosto do warlock ao puxar para trás seus cabelos negros. Os olhos dos amantes, uma vez mais, se cruzaram.

– Sasuke Uchiha, conhecido durante os séculos como o Subjugador do Oculto. – Começou a donzela. – Tu, filho de Fugaku Uchiha, o Mago Arcano, e Mikoto Uchiha, a Asa de Fênix, não só abandonaste Eldrium, mas também a depravaste, em busca de vingança e de poder. Tiraste milhares de vida injustamente, negando a honra e bons princípios ensinados por Kaguya, nossa Deusa-Lua, e vendeste tua alma àquele que deste poder e que tu, posteriormente, o incorporaste em ti, colocando-o sob seu comando. És considerado traidor, herege, indigno e maculado. Diante do exposto, pergunto a ti, Subjugador do Oculto: confessas teu crime?

Silenciosamente, eles permaneciam a fitar um ao outro.

– Confesso. – Respondeu o prisioneiro à princesa verdadeiramente.

Ela se aproximava do outro e logo se abaixava até o mesmo, pensativa.

– E tu te arrependes, Bruxo? – Perguntou-lhe séria, porém com calma. – Arrependeste do que fizeste?

Os olhos do rendido estavam marejados. Esboçou um leve sorriso; esse, por sinal, não era aquele de sarcasmo que costumava expressar. Notava-se a tristeza em seu olhar.

– Eu já não tenho mais salvação, Princesa. – Disse o antigo mago. – Estou, do fundo do meu coração, arrependido do que eu fiz. Se a mim me fosse permitido uma nova chance para recomeçar, certamente, eu assim o faria. Entretanto, há coisas em nossas vidas que não há retorno, mesmo que, do fundo de nossa alma, nós a desejemos.

Sem nada a dizer, ela continuava a fitá-lo. Vê-lo admitir as coisas era no mínimo estranho, desconfiável ou... Triste. Algo de errado de fato tinha.

– Ele está blefando! – Acusou Tobirama, o Azul, um dos líderes da ordem dos magos. – Não te deixes ser ludibriada por esse ser torpe e desonrado, desmerecedor de nossa confiança!

– Contenha-te, irmão! – Ordenou Hashimara, o Castanho. Era o mais velho dos conselheiros e o mais cauteloso.

– Bruxos são todos traidores, sem caráter! Todos iguais! – Advertiu. – Seres vulgares e desprezíveis. Nunca deves confiar em um!

Silenciosamente, o ocultista recebia a árdua arguição. Discutir contra magos era perda de tempo. Eles não o entenderiam. Olhava para os cinco líderes da ordem arcana, da qual um dia já fez parte.

– Um filho de Eldrium que mata seu próprio mestre não merece piedade! – Completou o Mago Azul.

Pelos cabelos, ele era puxado novamente para assim encarar o rosto da princesa à sua frente, que, calada, observava a situação, sem demonstrar hesitação ou dúvida alguma.

– O que não tem volta, Bruxo? – Indagou-o calmamente. Estava disposta a compreendê-lo. Conhecia o tamanho de seu orgulho. – O que te leva a crer que não possuis salvação... O tamanho de teu pecado?

O ex-mago negou com a cabeça em uma resposta muda.

– É muito mais do que isso, Princesa. – Iniciou, porém não conseguiu continuar. Sua pele foi tomada por uma palidez mórbida e do canto de sua boca o fluido carmesim escorria.

Ino gelava ao ver o rendido perder a vitalidade em sua frente. A marca do olho esquerdo do elfo lentamente saía da pele do outro e vagarosamente passava a crescer como uma força negra. Perspicaz e precavida, afastou-se rapidamente.

– Chouji, solta-o agora! Há algo de errado. Afasta-te dele! – Alarmou, defensiva e preocupada.

Uma grande quantia de energia negativa começava a se aglomerar em direção ao centro do local, de maneira a tomar forma lentamente, pedaço por pedaço. Os elfos, de todas as ordens ali presentes — especialmente a arcana — entraram em ação, tentando suprir aquela formação involuntária de força oculta.

Ao chão, estirado diante do altar estava o bruxo, aparentemente sem vida. Fora correndo até o mesmo, a colocar em seus braços. Encostava o ouvido no peitoral alheio para sentir seus batimentos cardíacos diante da situação.

– Ele ainda está vivo. – Constatou. – Hinata, por favor, preciso de tua ajuda! – Gritou logo em seguida a erguer o rosto.

A Sacerdotisa de Eldrium, ao ouvir o chamado da princesa, logo se prontificou para ir ao seu lado. Assim como a outra, passava a analisar o warlock.

– Ele está vivo, Hinata, mas não acorda! Continua tão pálido, tão mórbido! – Disse a nobre elfa, em tom desesperado.

– A alma dele, Ino! – Proferiu a outra. – A alma dele está a se dissipar, gradativamente, para aquele campo energético. Se continuar desse jeito, creio que ele não resista.

– Pois então eu não permitirei que isso ocorra.

A alteza élfica, determinada, concentrava sua energia em mãos. Com palavras mágicas, aplicava toda aquela essência sobre o peitoral do desacordado. Concentrada, intensificava seu feitiço, sem medo. Aquele era um encantamento exclusivo da Nobreza Élfica, passado de geração em geração, cujo poder, segundo o que é ensinado, é emanado da própria Deusa-Lua.

Ao testemunhar a magia divina, a sacerdotisa notava o tamanho esforço físico da nobre. Como parte da ordem dos sacerdotes, prestar assistência era mais que sua obrigação. Diante daquele esforço feito por amor da princesa, que tipo de braço direito seria se não a ajudasse? Olhava para o paladino ao seu lado, sempre fiel. Ele sorriu para ela e assim assentiu para a mesma, passando-lhe a confiança que precisava.

No meio do salão, porém, da escuridão presente surgia um ser, cujo poder parecia infinito e seu ar parecia ardente e impiedoso. Com uma rajada única de ondas maléficas, repelia todas as magias, golpes e ataques lançados contra si. Ali, havia surgido uma entidade. Possuía longos cabelos negros e olhos rubros demoníacos, temíveis e intimidadores. A pele era levemente escura, quando comparada às élficas. Era alto e robusto, imponente. Inegável era sua força. Suas vestes eram de completo luxo, apesar de tão sombrias e horripilantes. Só de encará-lo nos olhos era possível sentir o medo e a agonia tomarem conta do ser.

– N-Não pode ser. Ele... Ele quebrou nossa magia de isolamento! – Murmurou Hiruzen, o Cinzento. Ele mais uma vez tentava atacar o ser surgido ali, a lançar uma bomba arcana sobre o mesmo.

– Tolo.

Com desdém a criatura o olhou, desviando sutilmente do ataque alheio. Veloz, ele saltava para frente do mago atacante em instantes e, antes que alguém pudesse fazer alguma coisa, o diabólico o transformava em meras cinzas. Sem muita delonga, com sua magia negra invocou seus inúmeros demônios. Em conjunto os líderes arcanos se viravam contra ele e em conjunto ele os eliminou, como se nada fossem.

Repentinamente, um guerreiro tentava lhe desferir um golpe. Sem esforço algum parava a adaga do outro, quebrando-a em pedaços.

– Q-Quem és tu, bruxo?! – Bravejou o soldado, trêmulo diante do terror.

Com as palavras alheias, ele gargalhou, sem hesitar ou se conter. Sem dar tempo para o outro reagir, o ser maligno o pegou pelo pescoço e o ergueu, encarando-o.

– Bruxo? Não me faças rir, jovem guerreiro! – Disse à medida que apertava a região segurada.

Sem compaixão, ele o estrangulava de vez com suas garras afiadas. Da jugular, então, passava a escorrer sangue, pingando e manchando o chão do palácio, gota a gota, até que o arremessava para em direção de seus colegas.

– Eu sou Madara, o Oculto.

Perante a revelação do outro, todos por um momento se calaram, perplexos. Não havia sombra de dúvidas que ele fosse de fato o que declarava ser; não depois de ele ter chacinado o conselho da ordem dos magos.

O Paladino Resgatado, defronte da proporção que a situação havia tomado, olhou para todo o salão forrado de cadáveres. Fitou para a princesa, para o ex-mago e, por fim, para sua amada. Seu dever era protegê-la a qualquer custo e era exatamente isso que faria. Garantia a segurança de sua amada. Os olhares deles se cruzavam em uma breve despedida. Sem nada a dizer, o mais velho levava sua mão ao rosto da elfa e, delicadamente, a acariciava. Dos olhos dela, uma lágrima. Ele sorria e, ousado, tocava os lábios dela em um beijo rápido.

– Cumpre teu dever, senhorita Hinata. – Disse. – Eu estarei aqui a cumprir o meu. Melinyel, Hinata. Nalyë melmë cuilenya.

De tal modo, Ele se despedia dela. Agora, com um beijo na testa alheia, ele se afastava, a se preparar para o futuro embate. Ao longe, ela assentiu. Acreditava na força do amor, mais do que ninguém. Não podia deixar que as trevas vencessem. Como suporte da princesa, não podia deixá-la só. Com que face poderia encarar Neji caso não fizesse sua parte, enquanto ele estava lá, na linha de frente, para protegê-la? Com a confiança que a adquiria, lançava sobre a amiga seu encantamento de cura contínua, para que ela pudesse salvar a pessoa que amava.

Enquanto assistia aos embates de sua legião contra todos aqueles elfos, Madara se divertia com o massacre. Seu poder era maior, muito maior! Arrancava as cabeças de suas vítimas, dilacerava-as, dizimava-as sem um pingo de pena. Seu sorriso de satisfação era incontestável.

– Onde está a vossa supremacia élfica, filhos de Eldrium? – Disse a entidade, a zombar daqueles que ainda haviam restado. – Orgulhai-vos por tão pouco? Deplorável!

Desfrutava-se de seus poderes enquanto com os mortos dançavam.

– Quanto tempo, ó liberdade! – Disse, tocando-se, deslumbrado. – Vós, mortais, sois tolos! Pensais que podem contra um deus!

Gargalhava insano enquanto, com facilidade, destroçava os que, com bravura e honra, partia para cima do Oculto, quando, repentinamente, sentiu uma brusquidão lhe impedir de usar de forma ilimitada suas habilidades. Olhava para o bruxo, fonte de toda sua forma. Com o outro estava a Princesa Élfica e a Sacerdotisa de Eldrium, a impedirem que ele consumisse toda a alma e energia vital do warlock e com isso, consequentemente, interrompiam a consumação completa de sua liberdade. Irritadiço, direcionou-se para elas. Aquela Princesa... Aquela maldita princesa estava novamente em seu caminho!

Em sua direção, uma lança era arremessada, quase certeira. No rosto da criatura quase completa o objeto havia passado de raspão. No meio de seu trajeto, estavam as ordens dos paladinos e sacerdotes a barrar-lhe. Na liderança estava o Paladino Resgatado.

De longe, do altar protegido pelas ordens, Hinata observava o embate se formar. Seu coração se apertava, preocupado e inseguro. Sabia que ele não tinha chances contra o Oculto, mas queria acreditar, por Kaguya, que tudo acabaria bem.

–Sasuke! – Exclamou ao ver nele uma leve movimentação. Aquilo estava dando certo. Estava funcionando!

Estava exausta, mas aquilo estava trazendo resultados. Tinha que impedir que aquele ser materializasse por completo e ter seus plenos poderes. Já havia perdido muito e não podia deixar com que aquele terrível massacre continuasse. Tinha que findar aquilo. Como? Não sabia ao certo, mas fazia o que estava ao seu alcance. Confiava em Kaguya.

Os olhos do Uchiha lentamente se abriam e ele, pouco a pouco, recobria sua consciência. A cor de suas íris não era mais rubra como o do demônio; elas haviam voltado a ser negras. Observava a determinação e a dedicação da loira para lhe salvar. Olhou ao redor e viu o salão encoberto por cadáveres. Xamãs, caçadores e druidas lutavam contra os diabretes invocados por Madara. Com toda força, eles tentavam impedir que o Oculto e seus servos saíssem dali. Tudo aquilo era resultado de sua desenfreada ambição e vício pelo poder. Céus, o quanto havia se corrompido?

Com firmeza, ele levou sua mão ao da amada, apertando-a. Ainda estava fraco e precisava se poupar por um curto tempo, mas estava completamente consciente. Os olhos da princesa se encheram de lágrimas, feliz ao vê-lo se recuperar gradativamente. Ela sorriu.

A sacerdotisa, diante do resultado daquele empenho, caiu de joelhos no chão, esgotada. Ofegava, persistente e concentrada na sua função. Em nome do amor ela estava ali e em nome do amor continuaria. Não podia deixar que as trevas vencessem.

– Neji Hyuuga, O Servo Oculto Renegado. – Balançou a cabeça em sentido negativo. – És mais tolo do que eu imaginava... Ficares tu pela segunda vez contra teu verdadeiro deus!

– Kaguya é minha divindade e devo obediência tão somente à Sacerdotisa de Eldrium, a porta-voz divina do meu povo. Pela justiça, pela paz e pelo amor eu lutarei, para te combater, para te deter... Nem que para isso custe minha vida. – Declarou o paladino, junto à sua horda.

– Que assim seja. – Respondeu friamente o impiedoso.

Sem cautela alguma, o maligno atacou, a aniquilar paladino por paladino, sacerdote por sacerdote. Uns ele arrancava o coração, outros os degolava a cabeça. Queimá-los e pulverizá-los foi tarefas facílimas para ele. Ao final, restava apenas aquele mesmo paladino: aquele que um dia o renegou em nome do amor. O cavaleiro protetor estava ali, de pé, contra seus demônios. Malicioso, a entidade sorriu. Sujo e desleal, com a própria lança da classe ele o perfurou pelas costas, atravessando aquelas vestes pesadas e aladas.

– Onde está Kaguya agora para te salvar, Renegado? – Sussurrou no ouvido daquele elfo à beira da morte. Torcia a ferramenta no corpo perfurado só para vê-lo gemer de dor e o sangue, tão rubro, jorrar por aquele corpo. – Não te preocupas. Ainda tu manter-te-ás vivo por mais algumas horas, se fores forte. Matar-te logo de primeira não haveria graça. – Alertou. A segurar fortemente as bochechas do paladino, o ser maligno virava o a cabeça do cavaleiro para em direção da sacerdotisa. – Tua agonia eu quero ouvir e teu sofrimento eu quero presenciar quando tu vires que não foste capaz nem de proteger a quem tu amas. – Murmurou em um satisfeito e sádico sorriso, retirando de uma vez a lança do abdome da vítima.

O corpo do paladino derrotado era jogado contra um dos pilares do altar. A elfa sagrada estava fadigada quando então via o corpo do amado colidir contra o sustentáculo. Via o fluido carmesim dele manchar a construção, por onde ele escorregava e finalmente caía estirado no chão, trêmulo, agoniando.

Sem pensar em mais nada, a clériga abandonava seu posto e corria para onde seu paladino estava, tão fraco e ferido. Colocava-o em seu colo e o abraçava fortemente. Seus olhos já não conseguia conter as lágrimas que, uma atrás da outra, rolavam sem parar. Não podia deixá-lo padecer ali, bem à sua frente... Não podia! Com a força que ainda lhe restava, a elfa aplicava sua magia de cura sobre o amado. Precisava curá-lo... Não podia deixá-lo morrer.

Dos olhos quase sem brilho do elfo ferido, lágrimas também caíam, Ele queria dizer algo para ela, mas nem isso conseguia. Por mais que quisesse estar bem, por mais que ela tentasse lhe curar, sentia sua hora chegar. O Oculto ainda estava ali, a solto, e não podia mais protegê-la. Seus olhos lentamente se fechavam. Não queria partir. Não queria fazê-la sofrer. Não queria ser separado dela. Ele a amava e queria apenas fazê-la feliz.

– Não! – Gritou a sacerdotisa, desolada. Aumentava a intensidade de sua habilidade, na vã tentativa e fazê-lo melhor, nem que fosse um pouco. – Não podes morrer aqui! Melinyel, Neji. Melinyel. Eu te amo!

Desesperava-se. Tentava reanimá-lo, porém sem sucesso. Naquele corpo já não havia vida. Sacudia-o, quando finalmente havia tomado a consciência de que ele estava morto. Suas lágrimas voltavam a cair. Seu corpo feminino tremia em tristeza. Aquilo não podia estar acontecendo. Não podia! Abraçava-o o mais forte que podia, só para tentar sentir ainda o calor restante daquele paladino que fazia em seus braços.

A se aproximar com uma espada em mãos, a entidade aplaudia a cena, sínico e sarcástico. Ria, gargalhava, divertia-se.

– Bravo, bravo! – Elogiou, agora a frente da clériga. Segurava-a pelos cabelos e assim a ergueu. – Não te preocupas, querida. Não chores pela morte dele, pois logo estarás junto a ele... No mundo dos mortos! – Com a última sentença, ele se preparava para degolá-la.

Antes, porém, que ele pudesse matá-la, um raio de poder arcano acertava os longos cabelos da elfa sagrada, de modo a cortá-los e desviar o golpe certeiro de Madara. Irritado, o maligno olhou para trás de onde aquele ataque havia vindo e o que vira foi o ex-warlock, de pé, com auxílio da nobre elfa.

– Não permitiremos que faças mal a mais ninguém, Oculto. – Disse o Mago Coração de Águia.

Sorriu malicioso. Antes de se direcionar àquela dupla élfica, chutava o estômago daquela que quase havia degolado, jogando-a para longe. Vagarosamente, ele andava até ambos, imponente e praticamente onipotente.

– Queres dizer que abandoaste para o lado da Luz. Fascinante. – Começou a entidade enquanto abalava a estrutura superior do castelo élfico. – Achas que teu povo aceitar-te-á de volta de bom grado, com braços abertos, tornando-te herói ao me derrotar?

O feiticeiro desviava rapidamente o olhar para o cadáver do paladino que, bravamente, mesmo sabendo de sua evidente derrota, decidiu lutar para defender o que entendia como certo. Fitou para a amada ao seu lado, que logo lhe assentia. Assim, voltava a encarar ao seu antigo senhor, sem temor ou hesitação.

– Retroceder em minhas decisões me foi uma opção, a qual eu escolhi sem medo das consequências. – Proferiu o mago, a segurar um cajado pronto para lançar seu próximo golpe.

– Hunf. Tolo. – Murmurou. Em um rápido movimento, surgia na frente dos dois, prestes a atacá-lo. – Compreendei... Vós nunca sereis capazes de me deter. A vossa morte tornar-me-á completo e o vosso mundinho medíocre... Eu torná-lo-ei dele meras cinzas.

Com tudo, então, ele direcionava seu golpe contra ambos, capaz de eliminá-los naquela única investida. Devido à velocidade e à voracidade do movimento, nem o mago, nem a princesa conseguiram desviar. Tudo estava praticamente acabado, quando um grande e forte escudo de luz envolvia a dupla, fracassando a tentativa do inimigo.

– O quê? – Olhou para trás e, bem ao fundo, avistou a Sacerdotisa de Eldrium. Sorriu com desdém e certa irritabilidade. – Caso ainda estivesses viva, eu havia pensado em te deixar para depois, mas vejo que tenho necessidade de mudar meus planos... – Disse para logo desaparecer da frente daqueles dois e se direcionar rumo à clériga.

– Hinata! – Gritou Ino ainda dentro daquele escudo de luz produzido pela healer. O mago tentou expedir um encantamento para detê-lo, mas Madara era hábil.

A sacerdotisa estava toda destruída. Seus cabelos cortados, sua pele toda castigada, sua boca a sangrar e suas pernas que mal conseguiam se sustentar. Entretanto, não tinha medo daquele que vinha em sua direção. Fechava seus olhos, a recitar palavras sagradas. As runas élficas começavam a aparecer por todo o corpo à medida que o encantamento era proferido. A colocar as mãos sobre o coração, uma luz divina parecia a envolver, fazendo suas feridas progressivamente se curarem sozinhas. Diante do fenômeno, a entidade parava, imóvel diante a intensidade luminosa.

Kaguya, Deusa-Lua nossa, por favor, ouvi nosso suplício. Que vossa Luz seja nossa força. Iluminai nossos corações nos caminhos mais árduos e sofridos. Nós vos saudamos, deusa de nosso povo, lua de nossa Eldrium! – Proclamou a elfa sagrada a abrir os olhos, firme, quando sua luminescência se tornava ainda mais forte e intensa. Olhou para seu amado e suavemente ela sorriu de maneira graciosa, apesar de triste. – Que minha vida sirva se oferenda a vós, Deusa-Lua, para que nos ajudeis. – Murmurou e, com o pedido, sentiu a forte luz envolver sua alma e, diante do sacrifício, seu corpo vagarosamente era posto vagarosamente deitado sobre o chão pela graciosidade divina.

A luz subia aos céus. A lua cheia resplandecia veemente como nunca havia sido vista e sua claridade, tão magnífica, adentrava o salão a cingir a dupla no altar. Os demônios e diabretes eram gradativamente queimados e dissipados pelo poder lunar. Irado, Madara sentia-se incapaz de se mover. Ofuscado pela Luz, ele estava estático. À frente dos filhos de Eldrium, surgia a sacra entidade, deusa mãe daquele povo. Dos longos cabelos lisos prateados reluzentes e olhos translúcidos e perolados, o ser que ali se revelava era Kaguya, a Deusa-Lua. Sua veste branca revelava sua transcendentalidade, bem como seu terceiro olho ao centro da testa. Com os flocos de neve a cair com suavidade, a vista para a Divindade era deslumbrante. Com ela, tudo reluzia; tudo se tornava gracioso.

Sem os escudos de Hinata, os elfos se olharam enquanto eram silenciosamente observados pela deusa mãe. Ino segurou a mão de Sasuke, apertando-a. Ele, em resposta a outra, logo assentiu. Ao se sentirem preparados para encará-la, eles se viravam para a entidade, a dar um passo à frente.

– A vós, filhos de Eldrium, que buscastes forças para vencer. – Iniciou uma voz transcendental. – Tomai o consagrado poder lunar, com o qual podereis combater a Treva que devasta vosso povo. – Completava enquanto os fitava nos olhos.

Sem mais nada a dizer, a Divindade os envolvia em sua luz. O cajado, antes tão simplório, agora se transformava em um cetro celestial com uma grande pedra de Selenita ao topo. As vestes da dupla tornavam-se igualmente celestiais, branquíssimas.

Inyë tyë-suilantëa, Kaguya. – Disse a Princesa Élfica em sinal de agradecimento e devoção.

Inyë tyë-suilantëa, Kaguya. – Repetiu o Mago Coração de Águia. – Eu a saúdo, Kaguya, nossa Deusa-Mãe!

– Que a Lua guie vossos caminhos. – Despediu-se deles ela.

O salão novamente havia sido tomado por aquele clarão que, a priori, só iluminava os dois. Os elfos voltavam à vida gradualmente como em um milagre. Magos, druidas, guerreiros, xamãs, caçadores, paladinos e sacerdotes. O local, ainda que parcialmente destruído, voltava a ser vívido novamente.

– Não... Não! – Gritou inconformado o Oculto enquanto observava os cadáveres ao seu redor recobrir, lentamente, a consciência. Enfurecido, sentia seus poderes já não serem ilimitados. – Ninguém pode contra mim... Ninguém!

Tomado pelo ódio, ele liberava ondas de energia negativa. Em velocidade sônica, investia toda força contra a dupla abençoada por Kaguya. O moreno olhou para a loira e ela para ele. Não teriam por que hesitar. A sorrirem um para o outro, eles assentiram, confiantes. Voltavam a encarar o inimigo com convicção e, ao apertarem as mãos dadas, ambos seguravam no cetro.

Fëanya ná úpalpima, orenya ná úrácima. – Juntos, proferiram as palavras encantadas que com naturalidade vinham à mente, bem como o poder lunar que fluía e se concentrava na pedra de Selenita. – Meu espírito é imbatível, meu coração é inquebrável... Por Eldrium, nosso povo, regressa para teu eterno exílio!

O raio celestial lançado pelo encantamento da dupla transpassava o golpe de Madara, direcionado para ambos, e, certeiro, acertava o peitoral do inimigo. Naquele instante, Tobirama, o Azul, bem como os demais conselheiros da ordem dos magos, havia despertado e via o exato momento da execução. Calados, eles observavam o Oculto ser derrotado e se dissipar gradativamente na luz. Olharam ao redor e, sob a neve que caía do céu noturno, todos testemunhavam a paz retornar definitivamente às terras médias. Selado no Exílio, o Oculto jamais poderia tomar forma entre os mortais novamente. Mesmo que ainda pudesse haver bruxos a serviço dele, retornar ele nunca mais poderia.

Ao recobrar os sentidos, na primeira coisa que pensava era no bem estar de Hinata. Lembrava-se perfeitamente do semblante desesperado e aflito de sua protegida quando a vida se desprendia de si. Ele a havia feito chorar e aquilo tinha sido o suficiente para ele querer reabrir os olhos e ir à sua procura. Seu abdome perfurado já estava parcialmente curado apesar de ainda ferido, o que o permitiu se levantar. Sentiu seu coração apertar ao andar por grande parte do salão e não encontrá-la. Se todos estavam ali, ela também deveria estar. Ao longe, então, ele a avistava, estirada ao chão. Sem delongas ele correu, pouco se importando se suas feridas pudessem se abrir ou não. Ajoelhava-se quando já estava ao lado dela e a colocava em seus braços, acariciando-a delicadamente em sua face tão graciosa e serena. Depois pegou sua mão para assim beijá-la de maneira demorada, cavalheiro. Sentia que ela estava viva, mas o medo de perdê-la era muito maior.

– Aqui estou tão somente para ti, minha amada Hinata. Para toda a eternidade. – Declarou o Paladino Resgatado, dedicado e tão devoto, de olhos fechados.

Suavemente, a Sacerdotisa de Eldrium reabria os olhos. Tudo havia realmente acabado? Ao voltar a enxergar nitidamente, via o rosto do amado elfo à sua frente, a beijar sua mão. Sorriu ao ouvir as palavras proferidas por ele. Ele havia voltado à vida e Kaguya havia lhe devolvido a sua. Sendo assim, levava sua mão segurava pelo mesmo ao rosto do cavaleiro e, contente, ela deixava uma lágrima cair de seus olhos enquanto o fitava, feliz.

– Hinata. – Disse ele ao sentir o toque macio em seu rosto. Ainda a segurar aquela mão, ele a acariciou, a esboçar um tímido e aliviado sorriso com seus olhos marejados em emoção.

Mai omentaina [1] , Neji... – Disse ela aos murmúrios, quase sem voz.

Ele sorriu novamente.

Ná [2]... Nanyë mára. [3] Hantanyel, Hinata. Hantanyel. [4] – Respondeu-lhe. Sem jeito, ele encostava sua testa na dela e, sem conseguir conter, deixava lágrimas de felicidade caírem. – Melinyel, Hinata.

Com a declaração do outro, ela sorria novamente. A limpar as lágrimas do paladino, ela o mirava no fundo dos olhos. E, sem hesitação ou temor, ela unia seus lábios aos dele, em um cálido e doce beijo, que logo era retribuído pelo elfo. Por eles, poderiam ficar eternamente naquele momento; nada mais importava, mas logo tiveram que desfazer aquele selo tão único deles por conta da fadiga. Na troca de olhares, sorrisos tímidos.

Melinyel, Neji. – Ela respondeu. – Eu te amo.

Nalyë melmë cuilenya. – Disse ele agora em seu reencontro, dando um beijo em sua testa. – Tu és o amor da minha vida.

A segurá-la no colo, ele se pôs de pé. Junto a ela, olhava para o altar, onde a Princesa e o Mago se encontravam. Estavam orgulhosos.

Diante do trono, Sasuke e Ino olhavam todo o salão, vendo o milagre de Kaguya acontecer. Cada sangue que ali havia sido derramado... Tudo voltava a ser como era. Feliz, o Mago Coração de Águia sorriu de leve. A fitar o horizonte, o ex-bruxo suspirava, pensativo.

– Sabes. – Começou ele. Levava sua mão agora livre para a nuca, um pouco nervoso. – Não sei o que farás quanto ao meu julgamento, mas queria te dizer duas coisas. – Falou.

Com as falas do elfo, ela o fitou de maneira a observá-lo. Ela sorriu, a prestar total atenção noutro.

– Diz. – Sugeriu para o mago.

– Primeiramente, quero te agradecer. Fora graças a ti que pude me encontrar. Obrigado. – Proferiu. Olhava para o céu ainda noturno, a admirar a grande brilhante lua cheia, tão bela naquela noite. – E a segunda coisa... – Fez-se uma pausa. Parecia tomar coragem para continuar.

– Podes prosseguir, Mago Coração de Águia. Cá estou. – Disse.

Suspirou. Não sabia exatamente como podia dizer aquilo, mas sentia que precisava expressar, ou talvez nunca mais pudesse ter aquela oportunidade.

– A segunda coisa que preciso te dizer, Ino, é que, assim como tu, talvez os cinco séculos de rompimento e distanciamento não tenham o sido o suficiente para apagar o que um dia eu senti por ti. – Confessou, ainda que com certa dificuldade. Com coragem, ele por fim virava-se para ver fitá-la no fundo dos olhos, sincero. – Eu ainda te amo, Ino. E isso é o que tenho a te dizer. – Terminou, visivelmente sem graça.

Surpreendeu-se ela ao ouvir o que o outro acabava de dizer. Aquilo era uma coisa que, por mais que ainda pudesse ter alguma esperança, não estava preparada. Presa aos olhos negros do outro, tentava raciocinar. Seu coração batia a mil.

– Sasuke, eu... – Iniciou sua fala, quando assim a interrompeu.

A donzela olhou para a multidão e, decidida, a segurar o cetro celestial, deu um passo a frente. Majestosa. Essa era a postura que a definia naquele momento e todos, ao notarem-na preparada para se pronunciar, voltaram suas respectivas atenções à nobre, calados.

– Diante dos fatos anteriormente apresentados, das confissões feitas pelo réu e do caos vivido na noite de hoje, do julgamento, não há como negar a culpabilidade sobre ele. – Proferiu em primeira instância, alto. – Contudo – Continuou, porém logo fez uma pausa. Em silêncio, ela o fitou, séria, para, no momento seguinte, sorrir grata ao mesmo. –, fora esse mesmo elfo que, hoje, salvara Eldrium e restaurara a paz há muito tempo perdida. – Disse. Em seguida, voltava a fitar todos ali presentes. – Portanto, eu vos declaro: A Sasuke, agora ex-Subjugador do Oculto, será concedido uma chance para recomeçar... Ou seja, ele está absolvido de seus atos. Além disso – virou-se uma vez mais para ele. –, terá minha gratidão por ter salvado nosso povo.

Frente a frente com o réu anistiado, ela o fitou e, humildemente, lhe fazia uma significativa reverência, curvando-se perante o mesmo, em sinal de honra e respeito.

– Bem vindo de volta a Eldrium, Mago Coração de Águia.

Com o gesto da alteza e as palavras proferidas pela mesma, a multidão não contestou; pelo contrário. Diferentemente do que se esperava, todos — até os próprios conselheiros da ordem dos magos — passaram a reverenciá-lo e assim permaneceram.

O Uchiha, surpreso, dava um passo avante; sentia-se, depois de tantos longos anos, pertencente a algum lugar. Seu coração, antes tão gélido e vazio, agora parecia ser preenchido com ternura novamente. Era bom ter um lugar que pudesse chamar de seu e um povo do qual pudesse se orgulhar. Estava incontestavelmente feliz, muito feliz.

– Levanta tua face, Ino. – Pediu o ex-bruxo, com os olhos levemente úmidos.

Assim como o pedido, a loira voltava a encará-lo. A pegar na mão alheia, o elfo a acariciava sem desviar seu olhar do dela. Conectados, as almas, após séculos, finalmente se encontravam. Eles se aproximavam um pouco mais, agora a entrelaçar os dedos. Ela sorria, feliz por tê-lo de volta... Por ele ser ele.

– Eu amo ver teus olhos brilhando enquanto sorris. – Observou o mago com um leve sorriso no canto dos lábios.

O sorriso esboçado por ela se alargava um pouco mais. Há quanto tempo não ouvia aquilo vindo dele?

– Amar-me-ás pela eternidade? – Respondeu-o com outra pergunta, ainda mais antiga que aquela.

Dessa vez, porém, ele a trazia mais si e, prisioneiro do olhar estrelado da amada, ele respondeu:

– Por toda a eternidade.

Sem mais nenhuma palavra trocada, Sasuke selava seus lábios aos dela em um beijo fiel e puro, casto e nostálgico. No Templo de Kaguya haviam se tornado um só e sob as bênçãos dela haviam novamente sido unidos— dessa vez, porém, seria para toda eternidade.


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Notas finais do capítulo

[1] - "É tão bom te ver" em Quenya.
[2] - "Sim" em Quenya.
[3] - "Eu estou bem" em Quenya.
[4] - "Obrigado" em Quenya.



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