–Eu não. –disse com sinceridade- Por que esta fazendo essa pergunta?

Eu sinceramente não sabia por que Peeta perguntou se eu tenho alguma coisa contra a Delly. Eu nunca fiz nada de mal para prejudica-la e nem magoa-la.

–Nada. É que ela disse que você tinha sido grosseira com ela e eu pensei... –disse ele se mexendo desconfortável no sofá.

–Eu não tenho nada contra Delly. –disse eu interrompendo- E eu também não a tratei de forma grosseira. Não tenho um motivo para faze isso.

–Pensei que tivesse. –disse olhando para as mãos.

–E qual seria? –perguntei curiosa.

–Ciúmes? –perguntou me surpreendendo.

Isso realmente me pegou de surpresa. Ele realmente acha que eu estou com ciúmes deles? Isso não era uma mentira. Eu tinha ciúme de Peeta, só não queria admitir. Eu realmente tinha medo de perdê-lo.

–Ciúmes? Por que eu teria ciúmes de você, Peeta? –perguntei como se isso você obvio.

Ele pareceu triste, como se eu tivesse dito a ele que alguém muito querido tinha morrido. Eu estava confusa. Não sabia o que ele estava sentindo. Fui grossa demais? Demonstrei que eu não gostava dele? Ou ainda me amava? Essas perguntas rodavam em minha cabeça.

Ele colocou as mãos nos olhos e se encolheu no sofá. Eu continue sentada no mesmo lugar, imóvel.

–Não sei. –disse ele com um esforço.

Ele parecia estar fazendo um esforço para se manter como estava antes. Eu sabia o que estava acontecendo. Ele estava tendo um flashback e imediatamente um medo me bateu. Não sabia que iria acontecer a qualquer momento. Ele poderia muito bem me matar.

–Katniss... –disse com esforço- Sai daqui!

–Eu não vou te deixar assim. –disse eu.

–Katniss... Saia agora! –disse em quase um grito.

–Eu não irei sair! Não vou deixar você voltar para o mundo que Snow para você! –quase gritei.

Levantei-me e me aproximei dele. Ajoelhei-me em sua frente e, como medo, eu toquei em seu rosto. Ele estava tremendo e eu não sabia o que fazer. Eu estava com medo que ele me atacasse, não tinha ninguém por perto e eu morreria logo.

–Peeta, por favor, tente. Não o deixe vencer. –pedi- Por mim.

Ele continuou do mesmo jeito e meu medo apenas aumentava. Fiquei acariciando seus cabelos e sua bochecha. Queria que ele voltasse a ser o velho Peeta.

–Eu não posso...

–Você vai! –disse eu com o tom de autoridade- Fica comigo?

Ele apertou mais as mãos que estavam em seu rosto. Eu já não estava mais com medo, eu me senti corajosa. Peeta não me fazia muito medo. E eu sabia que, se fosse eu que estivesse telessesquestrada, ele não teria medo de ser atacado por mim. Eu iria fazer a mesma coisa que ela faria comigo.

–Sempre. –disse olhando bem nos meus olhos.

Os olhos que eu estava costumada a ver. Os olhos que me trás muitas lembranças boas. Peeta me ajudava muito. Lembrei-me de várias noites no trem, onde estávamos juntos sem câmeras por perto. Gostava de estar no trem com Peeta. Ele me trazia segurança. Como se não houvesse os Jogos. Não houvesse rebelião. Não houvesse mais nada. Apenas eu e ele.

Nesse momento eu percebi que realmente precisava de Peeta. Eu precisava do Garoto do Pão. Eu precisava do amor dele. Não iria aguentar ficar sem ele.

–Peeta... Eu... Queria –disse eu com dificuldade.

Não conseguia falar. Eu perdi totalmente a fala. Isso não era muito comum.

–Katniss, você perder é preocupante. –disse ele.

–Peeta, eu não sei como dizer. –disse eu sem graça.

Até que tive uma ideia. Uma ideia para fazer o que eu queria. Então peguei sua mão e me levantei. Ele levantou logo em seguida com um olhar confuso. Não falei nada, apenas comecei a andar em direção ao meu quarto. Ele abriu um sorriso quando percebeu o que eu queria. Retribui o sorriso e continuei indo para o quarto.

Quando chegamos lá, soltei a mão dele e deitei na cama. Ele deitou logo em seguida e eu me aconcheguei em seu peito. Em seguida ele colocou os braços em volta de mim. Eu tive a mesma sensação de sempre. A sensação de estar segura.

Não falamos nada, apenas ficamos escutando a respiração um do outro. Eu não sabia o que ele estava pensando, mas bem que eu queria saber. Queria saber o que se passava pela cabeça de Peeta. Queria entrar lá e desembaralhar tudo que estava embaralhado. Queria muito saber se ele ainda me amava.

Aconcheguei-me mais em seu peito e meus olhos pesaram. E naquele momento eu tinha certeza que amava Peeta. Sempre amei, porém não queria admitir. Eu realmente amava Peeta.

Isso me deixou um pouco assustada. Não amava ninguém assim. Nem mesmo Prim, pois o amor que sentia por ela era de irmão. Essa era uma sensação muito boa, porém assustadora.

Não estava vendo nada, apenas uma coisa encolhida no chão. Andei até aquela coisa e percebi que era uma pessoa. Meu coração falhou duas batidas assim que eu soube quem era. Peeta... Não poderia ser! Ele estava comigo. Ele estava melhor. Não poderia estar aqui encolhido e tremendo. Olhei para trás, assim que escutei uma risada. Não...

Snow estava em pé vestido de braço e uma rosa branca. Estremeci apenas em vê-lo. Ele não tinha morrido? “Senhorita Everdeen, prazer em revê-la” disse ele com a voz de cobra de sempre. “O que fez com ele” perguntei desesperada. “Ora, apenas estou terminando o meu pequeno trabalho. Mata-lo” disse e riu. Aquela risada grossa que me deu um grande medo. Olhei para Peeta. Ele não estava mais lá. Snow tinha levado ele. Snow tinha ganhado. “Peetaaaaaa...”

Acordei gritando. Peeta estava lá e me abraçou falando coisas tranquilizadoras. Era tão bom ouvi a voz ele. Senti os braços seguros dele. A presença dele... Era tão bom ter ele aqui. Senti-me mais segura que nunca.

–Você esta bem, Katniss? –perguntou com a voz suave- Esta tudo bem. Estou aqui.

Eu não consegui responder, apenas o abracei mais forte. Era tão bom sentir seu cheiro e o seu calor. Peeta tinha um cheiro natural, ele não usava perfume ou coisa assim. Isso era bom. Muito bom.

Depois de um tempo abraçada a Peeta e em choque, o soltei. Tentei pensar em alguma coisa para dizer, mas nada veio e mente. Não conseguia falar nada perto de Peeta. Mas isso não era problema.

–Esta melhor agora? –perguntou.

–Estou, acho. –disse eu.

–Voce quer conversar sobre o pesadelo?

–Eu... Ele tinha te matado, Peeta. –disse eu com a voz desesperada- Ele conseguiu o que queria. Ele te levou de mim.

–Calma Katniss. Eu estou aqui, não estou? Não precisa ter medo. Ele esta morto. –disse me acalmando.

–Eu sei que ele esta morto. Apenas... Tenho medo. –admiti.

–Não precisa ter medo. Eu estou aqui para te proteger. Nada de mal vai te acontecer. Eu não vou deixar.

De repente tive uma vontade estranha e meus olhos não estavam mais olhando nos seus. E sim em sua boca. Nunca olhei para a boca de Peeta. Não assim. De uma vontade passou para desejo. Então, me inclinei e o beijei.

Um beijo bom, mesmo com o calor que nossos lábios estavam por causa da noite. Um beijo sem ninguém olhando. Sem câmeras. Um beijo verdadeiro. A ânsia que eu senti na segunda arena voltou. Eu estava consumida por ela que estava tomando cada pedacinho do meu corpo.

Peeta se afastou e me olhou. Não consegui decifrar seu olhar. Medo? Assustado? Desejo? Eu não sabia o que estava se passando em sua cabeça.

–Katniss, você tem certeza...? –perguntou.

–Tenho. – disse eu apenas.

Peeta sorrio e me envolveu pela cintura. Nossos narizes se tocaram e eu me arrepiei. Os seus olhos estavam mais vivos que nunca e agora eu sabia o que estava por trás dele: desejo. O mesmo desejo que eu tinha. Gostei de saber que ele sente o mesmo que eu. Ele ainda me amava. Eu nunca tive tanta certeza disso.

Ele me beijou novamente e eu me senti na primeira arena. Quando nos beijamos pela primeira vez que estávamos com uma ótima consciência. Não que eu não queria ter essa sensação, mas me trazia lembranças ruins, mas logo foi afastada assim que Peeta tocou em minha coxa.

Afastei-me bruscamente. O que ele estava pensando? Nós mal acabamos de nos acertar e ele faz isso!

–Katniss, me desculpe não queria... –disse e virou o rosto.

Ele estava com vergonha, como eu também estava. Ele estava indo rápido demais e eu não queria ir assim. Voltamos a nos falar a pouco tempo e não queria ir assim. Queria ir devagar, mas não queria ficar longe dele.

–Eu entendo. –disse eu- Sei o que você sente.

Realmente eu sabia o que ele sentia, ele sentia desejo. Ouvi meu pai falar isso um dia com a minha mãe. Eu algumas vezes eu escutava a conversa deles*. Eu sei que é errado, mas não tinha como. Pelo menos, eu aprendi algumas coisas com isso.

–Entende? –perguntou confuso.

–Claro. Só estou querendo ir com calma. –admiti novamente.

Eu estava, pela primeira vez, me abrindo com Peeta. Isso era um ótimo começo para uma relação.

–Desculpa. –disse.

Deitei novamente e me aconcheguei em seu peito. Fiquei pensando em mil coisas que, acho que quer seria impossível de acontecer, mas mesmo assim fui dormi feliz. Feliz porque estava com o Garoto do Pão.