My Calling escrita por Crystal


Capítulo 9
You put your arms around me and I believe there is hope.




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Já faz um tempo, um bom tempo na verdade, desde que o Wes deixou aquele bilhete com um urso de pelúcia na minha cama, já faz um tempo que estamos oficialmente namorando e que a vadia da Melanie parou de me mandar mensagens desejando que eu morresse logo. Não sei ao certo quanto tempo me resta, talvez anos ou talvez só mais um segundo, meu câncer é uma caixinha de surpresas.

Fico olhando pra esse parque, as pessoas correndo, criancinhas andando de bicicleta, cachorros fazendo suas necessidades e eu estou aqui mais pálida do que nunca sentada numa toalha xadrez aproveitando um piquenique na companhia de ninguém mais do que Wesley Stromberg, popularmente conhecido como meu namorado.

Wes tem passado bastante tempo comigo, tempo suficiente para a Chloe e o Keaton reclamarem que não conseguem passar um tempo conosco separadamente já que nunca estamos separados. As sessões de quimioterapia começaram duas semanas atrás e meu cabelo ainda não caiu, mas eu tenho plena consciência de que isso vai acontecer, até comprei uns lenços com a mamãe e estamos aprendendo como usá-los num site chamado "Com câncer, carecas, mas chiques." é um pouco ofensivo se você observar bem, mas até que eu prefiro levar o câncer menos a sério do que os outros ao meu redor, me ajuda a manter a calma.

– A viagem de formatura é semana que vem né? - falei fugindo dos meus pensamentos.

– É, eu sei o que você está pensando e não, nem pensar.

– Odeio você e sua incrível capacidade de ler meus pensamentos.

– Cora, você tá no meio de um tratamento de quimioterapia e quer ir pra Cancun?

– Você tá negando algo para uma doente com câncer terminal.

– Primeiro, sem chantagem emocional até porque você não está em estágio terminal.

– Wes, por favor, eu quero muito ir. Sabe quantas vezes se forma no ensino médio?

– Eu sou burro, mas sei que só uma vez.

– Você não é burro, só não dava a mínima pra escola.

– Eis que você surgiu em minha vida e melhorou tudo.

– Eu já to na sua vida desde uns cinco anos de idade, mas obrigada por falar que eu tornei sua vida melhor depois que o professor infeliz de biologia me obrigou a te ajudar no seu trabalho.

– Ele é nosso cupido, não fala assim dele. E com "surgiu na minha vida" digo que antes você nem falava comigo, só conto a partir do momento que viramos amigos.

– Entendi, amor. Esses sanduíches estão muito bons, você quem fez?

– Não, foi o Keats. Eu tava meio que esperando um "Você melhorou minha vida também." ou "Eu te amo, Wes."

– Você já sabe de tudo isso...

– Me diga algo que eu não sei, então.

– Vai ser uma declaração e tanto, tá preparado? - ele murmurou um "uhum" e fez que sim com a cabeça. - Eu amo o seu sorriso, não importa se ele é verdadeiro ou só por educação, apesar de que os verdadeiros são os melhores. Eu amo quando você fala "O quê?" exageradamente quando não estava esperando por alguma coisa. Eu amo a sua coragem e a força que você me passa para seguir em frente e lutar contra essa doença. Eu te amo, Wesley Stromberg, amo como jurei que jamais amaria alguém. Desculpa ser uma leucemica, desculpa você perder várias coisas por minha causa, desculpa fazer você viver como um doente... - não percebi, mas comecei a chorar no meio do "discurso" e Wes bem que tentou conter as lágrimas, mas elas foram mais fortes e começaram a cair incessantemente.

– Você é a melhor pessoa que eu já conheci, você só está relacionada a coisas boas da minha vida, eu te amo como nunca amei ninguém também e a última coisa que eu quero é que você se sinta culpada por minha causa, nós vamos superar qualquer obstáculo que tivermos, porque eu sei que nosso amor é maior que qualquer coisa. - ele me abraçou, de longe aquele era o melhor abraço do mundo, o fato do Wes parecer meu armário também ajudava, mas seus braços contornavam meu pequeno e fraco corpo, aquecendo-o e fazendo sentir-me segura.

Eu costumava achar que o melhor lugar do mundo era a minha cama, mas ela foi facilmente substituída pelos braços do Stromberg. Por fim, paramos de chorar, terminamos nosso piquenique no parque e voltamos caminhando bem devagar já que era o máximo que eu conseguia andar sem perder o fôlego e ter que sentar e ficar agonizando até recuperá-lo novamente. Aconteceu na semana passa, Wes entrou em total desespero, já era previsível que eu ficasse assim depois de andar dez quarteirões, o pior que a ideia de ir andando até o hospital foi minha.

Chegando em casa, abri a porta e levei um baita de um susto quando o Drew, Chloe, Keaton, minha mãe e alguns parentes pularam gritando "Feliz Aniversário!".

– Meu aniversário é hoje? - foi tudo que consegui falar.

– Eu não acredito que ela esqueceu do próprio aniversário. - Chloe falou tirando o chapéu em formato de cone cheio de bolinhas que usava. - De novo.

– Filha, você costumava amar seu aniversário antigamente. - minha mãe falou me abraçando.

– Sim, antigamente quando eu não me importava com o tempo passando. - falei entrando em casa. - Bem que eu estranhei você me dando parabéns e um cd com várias músicas suas. - falei encarando o Wesley.

– Se eu não tivesse ouvindo você falar isso diria que é mentira. - ele falou me encarando.

– Bom, que comece a festa! - Keaton falou.

– Lá vai ele comer. - Chloe disse e puta que pariu, como essa menina reclama.

– Que comece a festa. - falei sorrindo e colocando um dos chapéus de bolinha cor de rosa na cabeça.

– Feliz aniversário, Cora. Posso pular a parte clichê e falar com você algo que está me matando e eu tenho certeza que só você vai poder me ajudar? - Drew falou se aproximando.

– Deve. - falei segurando-o pelo pulso e puxando para o canto. - Diga. - falei bebendo um gole do meu suco de laranja.

– Eu to com um problema, - me encarou. - bem sério. - falou dando ênfase no "bem".

– Ai meu Deus, você é brocha?

– Não, Cora, não tenho esse tipo de problema.

– O que é então? Você matou alguém? Roubou alguma coisa?

– Não, pior.

– Drew, você tá me assustando, fala logo.

– Eu to apaixonado, Cora. - disse como se fosse a pior coisa do mundo e de fato, é, não tem muitas vantagens a não ser que a pessoa corresponda.

– Por quem?

– Breezie.

– A irmã do Wes? - falei espantada.

– É...


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