My Calling escrita por Crystal


Capítulo 2
How to love?


Notas iniciais do capítulo

Espero que tenham gostado do primeiro, aqui vai o segundo...



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– E o Wesley, quando você vai ajudá-lo a fazer o trabalho? - estava no telefone com a Chloe desde que cheguei da escola, a gente tava zoando as roupas da professora de matemática.

– Hoje, ele deve chegar daqui a pouco.

– Sei bem o que vai rolar entre vocês dois no seu quarto....

– Ai que nojo, nem se fosse o último ser vivo do mundo. - falei com desprezo.

– Você não pode negar que ele é muito gostoso, para vai, Cora.

– Sim, ele é maravilhoso e o que ele tem de gostosura ele tem de babaca. - ela riu.

– Mudando totalmente de assunto, eu, você e o Keaton vamos a praia amanhã. - ótimo, agora sou obrigada a conviver com os dois Strombergs.

– Estou aguardando ansiosamente. - fingi e escutei a campainha tocar. - A campainha ta tocando, deve ser ele, mais tarde eu te ligo pra contar tudo. Beijo, vadia.

– Beijo, vaca. - ela falou e desligou.

Desci as escadas, abri a porta e aquele monte de músculos estava parado na porta sorrindo pra mim. Sonho de qualquer garota. Menos o meu.

– Seria legal se você tivesse trazido um caderno com a matéria ou o roteiro do trabalho. - falei parada na porta.

– Meu caderno ta mais branco que sua pele. - apertou minha bochecha. - Não vai me convidar pra entrar?

– Sinta-se à vontade. - falei com ironia abrindo mais a porta e dando passagem a ele.

– Sua casa é tão idêntica a minha. - ele falou se jogando no sofá.

– Isso é um condomínio, elas são projetadas para serem iguais. - falei fitando-o. - Vamos subir que eu ta tudo lá em cima. - falei subindo a escada e ele veio atrás.

– A gente vai pro seu quarto? Olha, eu não trouxe camisinha.

– Eu tenho aqui em casa. - que merda eu falei? - Quer dizer, vai se foder. - ele gargalhava sem parar, porque eu fui ser tão patética? Me odeio.

– Até que você é engraçada, Laragnoit. - ele falou quando finalmente parou de rir da minha cara.

– Pena não poder dizer o mesmo, Stromberg. Já decidiu sobre o que vai falar no trabalho?

– Eu que tenho que escolher? - ele perguntou sentando ao meu lado na escrivaninha. Revirei os olhos.

– Sim, você tem que escolher uma doença e falar sobre as características, os sintomas e etc...

– Leucemia. - estremeci.

– Hã... É, tem certeza que quer fazer essa? - falei levantando.

– Sim, porque você ficou tão estranha depois que eu falei leucemia? - falou me encarando.

– Nada, não fiquei estranha. - sentei de novo. - Algum motivo em especial para querer fazer sobre essa doença? - falei passando a mão na testa.

– Não, só foi a primeira coisa que veio na cabeça.

Foram horas de pesquisas e eu corrigindo tudo o que aquele idiota digitava, ele não sabia nem fazer um texto. Já disse o quanto eu odeio o senhor Fitz? Velho, careca, infeliz, sem mulher, mal-comido. Todo mundo tem um professor de biologia maravilhoso, perfeito, gostoso pra caralho que até os meninos ficam excitados, menos eu que tenho um velho gordo e careca, cada um tem o professor que merece, né?

– Wesley, não é desse jeito. - falei pela milésima vez. - Como você chegou até o terceiro ano?

– Com muito esforço. - ele falou. - Já é a quinta página, eu nunca fiz um trabalho com mais de dois parágrafos.

– Imagino o esforço - dinheiro. - que você usou pra passar... - falei com ironia.

– Ei, - ele empurrou seu corpo contra o meu. - eu nunca paguei pra passar de ano.

– Tudo bem, cada um toma as medidas necessárias, Stromberg, tá tudo certo. Vai ser nosso segredinho.

– Idiota, eu não paguei mesmo, eu sempre me esforço mais quando o ano tá acabando.

– Entendi... Bom, seu trabalho ta pronto. - falei pegando a última folha que saía da impressora e juntando com as outras já impressas. - Se a sua nota for maior que a minha eu me jogo pela varanda desse quarto.

– Acho que vou subornar o senhor Fitz só pra ver você se jogando.

– Você e seu jeitinho de resolver as coisas. - falei rindo e ele ficou emburrado.

– Pelo menos eu não dou pros professores. - ele falou arqueando uma das sobrancelhas.

– Tem certeza disso? - falei imitando-o. Ficamos nos encarando por um minuto até que ele, num lapso de momento, se aproximou e me deu um selinho.

Eu não sabia como reagir a isso. Não que eu nunca tenha sido beijada, mas eu nunca fui beijada nem na bochecha por ele e agora isso? Percebi que ele estava me olhando e enfim, pensei em algo para falar e acabar com a tensão do momento.

– Não faça isso de novo. - falei me levantando. - Minha mãe deixou um lanche preparado pra gente. Tá com fome?

– Uhum. - foi tudo o que ele falou até chegarmos na cozinha e comermos o misto quente que minha mãe tinha deixado pronto. - Tá muito bom, agradeça sua mãe por mim. - e foi só isso que falamos depois do incidente.

Ele voltou pra casa depois de comer e eu não conseguia parar de pensar naquele maldito selinho. "É só um selinho, Coraline. De um menino que você odeia por sinal. Pare de pensar nessa porra." era tudo o que falava pra mim mesma, mas quanto mais eu tentava esquecer, mais eu pensava. Não é todo dia que um cara como o Wesley - gostoso pra caralho - me dá um selinho, mas eu nunca me senti atraída por ele e nunca vou, ele é um estúpido.

Minha mãe chegou em casa e eu tava deitada na cama encarando o teto. Ela sabe que eu não sou a pessoa mais normal do mundo, o que eu mais gosto na minha mãe é o fato de sermos amigas. Quer dizer, não foi fácil pra nenhuma das duas quando meu pai fugiu com a amante, mas nós cuidamos uma da outra e criamos uma relação de amizade de dar inveja. Ela ficou parada no batente da porta me observando, eu sabia que ela tava ali, mas não falei nada.

– O que o escroto - era assim que ela chamava o Wes por conta de eu chamá-lo assim. - fez pra te deixar desse jeito?

– Ele me beijou. - falei sem mover um músculo. - Não um beijo propriamente dito, mas um beijinho.

– Você não odeia ele? - ela falou sentando na minha cama.

– Odeio. Esse é o problema, porque eu não consigo parar de pensar naquele maldito beijinho? - falei sentando e encarando-a.

– Filha, você já tentou deixar pessoas além de mim e da Chloe te amarem?

– Não, eu não posso ser amada. Já me culpo o suficiente por você e pela Chloe terem gerado tal sentimento.

– Coraline, o que já falamos sobre culpa? E pare de falar desse jeito esquisito que você fala igual um velho ou sei lá o que é isso.

– São apenas palavras cultas, senhora Laragnoit.

– Pare de se culpar e deixe que as pessoas te amem, ok?

– Porque eu deixaria? Para ter mais pessoas sofrendo por minha culpa? Não, muito obrigada, mãe. Eu faço isso pensando no bem de todos e a senhora me pede pra ser egoísta?

– Você é muito amarga, filha... Não faz bem viver assim.

– Tente achar alguém que... Deixa pra lá. Eu vou tomar banho pra esfriar um pouco a cabeça e tirar esse escroto daqui de dentro.

– Ok, vou pedir algo para comermos. - me deu um beijo na testa e saiu.

Nunca precisei que ninguém além da minha mãe e da Chloe me amasse e vai continuar sendo assim, sempre.


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