My Calling escrita por Crystal


Capítulo 14
Let's take a trip.


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo...



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Alguns dias depois...

– Você enlouqueceu de vez, Coraline? – minha mãe disse depois que eu pedi para ela adotar o bebê.

– Mãe, eu não quero que você fique sozinha. – falei encarando a mulher de meia idade sentada a minha frente na cama.

– Eu tenho você, eu não vou ficar sozinha.

– Você ouviu o que o médico disse dez minutos atrás? – ela fez que sim com a cabeça. – Você sabe que a probabilidade de encontrar um doador de medula é uma em um milhão. Nós todos sabemos como isso vai acabar...

– Nós vamos achar alguém compatível. O Wes já tá fazendo o teste, eu vou daqui a pouco, já tem um monte de gente lá fora esperando para tentar.

– Mãe, vamos ser realistas, ok? Olha pra mim, eu estou inchada, pareço até uma japonesa de tanto que minhas bochechas incharam e comprimiram meus olhos. Eu não consigo comer a não ser por esse tubo no meu pescoço, eu não consigo fazer nada sozinha e se não acharem algum doador compatível rapidamente, você sabe que eu não vou aguentar.

– Eu não vou perder a fé, Coraline. Eu acredito cegamente que você vai se curar, que aqueles médicos são competentes e que no meio daquelas pessoas fazendo testes, tem alguém compatível com você.

– Adote o bebê. Por favor, mãe.

– Eu vou ver esse bebê e ver toda a situação dele, mas não crie muitas esperanças.

– Sou sua filha, crio tantas esperanças quanto você. – falei dando um sorriso e me ajeitando na cama.

Acabei pegando no sono e quando acordei Wes estava sentado na poltrona ao meu lado assistindo a algum jogo de futebol na televisão. Me remexi para tentar pegar o copo de água ao lado da cama, mas acabei derrubando-o no chão.

– Merda. – murmurei.

– Cora? – Wes pareceu sair do seu transe com o jogo e me encarou.

– Cuidado, eu derrubei o copo, deve ter molhado o chão todo. – Wes encarou o chão quando levantou e se aproximou de mim.

– Vou chamar alguém pra secar isso. Você tá bem? – me encarou preocupado.

– Só to com sede. – falei deitando a cabeça no travesseiro novamente enquanto Wesley sumia pela porta.

– Aqui. – ele disse com o copo de água na mão após cinco minutos. Eu sei o tempo porque fiquei vendo o jogo na televisão e tinha um relógio marcando o tempo da partida.

– Obrigada. – disse sentando. – Você fez o teste? – falei deitando novamente e encarando o teto.

– Uhum. Eu não sou compatível. – disse com a voz carregada de lástima.

– Tudo bem. – falei ainda encarando o teto.

– Queria te mostrar uma coisa, será que você consegue vir comigo? Eles me emprestaram isso. – disse tirando uma cadeira de rodas de dentro do banheiro.

– Eu consigo andar. – disse revirando os olhos. Andar de cadeira de rodas ia mostrar o quão fraca e incapacitada eu estou.

– É uma longa caminhada. Não pode se cansar, lembra?

– Tudo bem, acho que isso é o mais próximo que chegarei de ser carregada num trono por vários gostosos tipo princesa egípcia.

– É um gostoso que já vale por quatro. – disse se vangloriando.

– Não vou me pronunciar porque seu ego já é grande o suficiente.

– Não é ego, é Nick. Já te falei. – sussurrou apesar de só estarmos nós no quarto.

– Hã? – o olhei confusa.

– O nome do meu... – disse olhando pra baixo.

– Quando eu disse ego, eu estava realmente me referindo ao seu ego e não ao seu pênis.

– Ah tá.

Tirei aquela roupa de hospital indecente, – nunca entendi porque são abertas atrás – pela primeira vez no mês tava usando uma roupa que não fosse aquela. Wes e uma enfermeira me ajudaram porque eu estava cheia de fios e tubos presos a mim e por fim, me colocaram na cadeira de rodas que eu tentei negar mais algumas vezes, mas a enfermeira falou coisas horríveis que poderiam acontecer comigo então acabei concordando.

Wes me empurrou até o elevador e no meio do caminho notei que ele tinha virado amigo de todas as enfermeiras, acho que devido a quantidade de tempo que ele fica aqui. Entramos no elevador e ele sorriu para a moça que apertava o botão para os andares.

– Oitavo andar, por favor. – Wes disse após ajeitar a cadeira de modo que ainda cabia mais gente.

– Mas esse andar tá em reforma. – falei encarando-o. Eu já disse que conhecia aquele hospital como a palma da minha mão.

– Eu sei. – ele disse ignorando totalmente minha preocupação com esse fato.

Assim que a porta abriu, eu pude notar que o andar não estava mais em reforma. Ao menos o corredor não parecia. Ele me empurrou pra fora do elevador e uma luz acendeu iluminando uma placa escrita “Bienvenidos”. O encarei com expressão de “que porra é essa?”, mas ele me ignorou. Uma mulher saiu de uma das milhares portas existentes no corredor e se aproximou de mim.

– Bienvenidos a Cancun. Aqui está seu guia turístico. – sorriu para mim e sumiu pela mesma porta de onde havia saído.

– Wes... – levantei a cabeça para olhá-lo posicionado acima de mim segurando a cadeira de rodas.

– Se você não pode ir até Cancun... – disse andando até uma das portas. – Eu trouxe Cancun até você. – disse abrindo a porta. – Escolhi alguns pontos turísticos, - disse me empurrando para dentro da sala que ele acabara de abrir. – esse aqui é o navio pirata do Capitão Gancho. Tem informações adicionais no panfleto que a moça te entregou.

Foi impossível controlar as lágrimas que surgiram em meus olhos. Ninguém nunca tinha feito nada parecido por mim, ninguém havia se esforçado tanto por mim e ver Wesley fazendo todas essas coisas fez com que eu me sentisse especial, foi a melhor versão de um “eu te amo”, foi melhor que qualquer coisa que já senti.

– Você tá chorando? Você não gostou? – disse agachando em frente a mim. Fui para frente para abraça-lo.

– Eu te amo. Eu te amo mais do que tudo, obrigada por ser quem você é, obrigada por estar comigo.

– Eu te amo, Coraline e tudo o que eu quero é ver um sorriso em seu rosto. – disse acariciando minha bochecha inchada.

– Obrigada. – falei sorrindo e limpando as lágrimas que escorriam por minha bochecha.

A sala estava toda decorada como se fosse o interior de um navio e quando saímos para podermos ir a outro ponto turístico, havia imagens ao vivo da Avenida Kukulman, uma avenida famosa de Cancun, projetadas na parede e com o barulho em tempo real também. Depois entramos em uma sala que era a Praia Delfines, tomamos água de coco enquanto observávamos o mar.

Quando entramos em outra sala, ele prendeu um golfinho de pelúcia de cada lado da minha cadeira, colocou um colete salva vidas em mim e a sala ficou como o fundo do mar.

– Eu sempre quis nadar com golfinhos. – comentou enquanto andava comigo pela sala, às vezes um som de golfinho surgia das caixas de som escondidas.

Por último, entramos numa sala cheia de aquários de diferentes tipos com peixinhos dourados. Wes disse que era um famoso aquário de Cancun com mais de cento e cinquenta tipos de peixe, apesar de na sala só haver peixinhos dourados. Saímos da sala, ele colocou um chapéu e óculos escuros em mim e nele e um homem que surgiu de alguma das portas tirou uma foto nossa. Quando voltamos para o andar do meu quarto, me estenderam uma foto assim que saí do elevador. Era a foto que tiramos, tinham feito uma montagem, colocado o fundo de praia e escrito “Cancun 2013.”.

– Essa viagem foi cansativa. – Wes disse quando chegamos de volta ao meu quarto.

– Eu... Eu não sei o que dizer... – disse puxando-o para ficar na minha altura. – Foi a coisa mais linda que já fizeram por mim, definitivamente, eu vou me lembrar disso até nas minhas próximas vidas. Queria poder retribuir tudo o que você fez por mim, mas eu mal sei por onde começar. Só quero que você saiba que eu faria qualquer coisa por você, eu faria qualquer coisa pra te ver feliz mesmo que significasse a minha infelicidade. Eu queria que cada momento nosso durasse pra sempre e queria que alguém entrasse por essa porta agora falando que encontraram um doador. – nesse exato momento minha mãe entrou no quarto. – Oi? – fitei sua cara de apavorada.

– Não encontraram um doador. – ela disse jogando o corpo na poltrona e levando as mãos a cabeça


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