My Calling escrita por Crystal


Capítulo 13
Little Wes.




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Oi. – falei com a voz suave quando Wesley entrou no quarto do hospital.

– Como você tá se sentindo? – ele falou quando se aproximou da cama.

– Parece que você e o Drew tão brigando dentro da minha cabeça.

– Ai. – fez cara de dor. – Isso deve doer. – falou passando o polegar na minha testa.

– A enfermeira já me deu um anti-inflamatório. Daqui a pouco o Wes e Drew da minha cabeça vão dormir. – falei encarando-o nos olhos.

– Eu não acredito que você vai ficar internada até conseguirem te curar. – falou entrelaçando nossos dedos.

– Eu fiz você mudar a data da viagem de Cancun e agora você não vai com a classe e nem comigo.

– Cora, o que eu faria em Cancun sem você? Não ia ter graça nenhuma.

– Você podia arrumar uma namorada não cancerígena, pra variar um pouco.

– Não fala assim que você sabe que eu odeio. Não há ninguém com quem eu queira além de você. Para de ficar tentando me dar pras meninas que parecem modelos da Victoria Secret.

– Você não é normal, Stromberg. – falei rindo.

– E para de rir da minha cara, Laragnoit. – falou fingindo estar emburrado.

– Sua mãe me contou que seu pai queria te levar pra Washington. – disse encarando nossas mãos entrelaçadas.

– Não, Wesley, eu sei bem o que você tá tentando fazer. – fitei-o séria.

– Cora, você sabe que lá eles têm métodos mais avançados, médicos melhores, mais chances de curarem você...

– E ficar longe de você? Nem fodendo.

– Eu vou junto se esse for o problema. – disse sentando na cama de frente pra mim.

– Tá louco? Sua mãe surte se você dorme lá em casa, quem dirá mudar de cidade comigo.

– Minha mãe te adora, Coraline, ela vai entender.

– Mas ela odeia minha leucemia e ela odeia o fato de estarmos juntos. Ela sabe que isso não vai acabar bem, que você vai sofrer e isso é a última coisa que ela quer.

– Não tem nada a ver isso. - falou franzindo o cenho como se eu tivesse dito a coisa mais absurda de todas.

– Faz um tempo já, eu não falei nada porque achei melhor... Sua mãe veio falar comigo.

– Ela o quê? – disse arqueando uma das sobrancelhas.

– Ela disse que não era nada contra mim, mas que no fim quem sofreria era você e que ela não suportaria ver você destruído emocionalmente. Foi isso.

– Ela não falou mais nada? Tem certeza? – disse me fitando sério.

– Ela... – suspirei. – Ela me pediu pra terminar com você. – ele ficou mudo encarando o chão. –Eu não consegui, eu não consegui me imaginar sem você, eu não pude fazer o que sua mãe me pediu. Eu fui egoísta e só pensei em como eu ia me sentir sem você ao invés de como você vai ficar quando eu não estiver mais aqui. – falei chorando.

– Cora, para com isso. – disse limpando minhas lágrimas com o polegar. – O que a minha mãe te pediu foi absurdo. Ela não tem que se meter no nosso namoro. Eu não sou idiota, eu sei da sua doença, eu sei dos riscos que eu corro e eu decidi ficar com você mesmo assim, não foi?

– Sim, mas ela tem razão em tudo o que disse. – falei soluçando.

– Coraline, para! – ele me olhou sério. – Esse assunto morreu. – falou com a expressão séria.

– Não fala nada com a sua mãe...

– Nem começa porque eu vou falar com ela sim. – me interrompeu.

– Wes, não, por favor...

– To indo lá agora. – falou depositando um selinho nos meus lábios. – Te amo. – e sumiu pela porta do quarto.

Eu conhecia cada canto desse hospital como a palma da minha mão. Na verdade acho que conheço mais o hospital do que a minha mão. Passei dois anos aqui e me manter no quarto era quase uma missão impossível, eu costumava ir até o berçário e ficar vendo os bebês através do vidro, eles parecem tão frágeis, mas na verdade são tão cheios de vida e tem tanto pela frente. Eu não sei por que, mas gostava de observá-los.

Depois de ver que minha mãe não estava bancando de sentinela na porta do quarto, saí e fui passear pelo hospital, arrastando o suporte da bolsa de soro presa a minha veia, comigo. Sem nem perceber estava parada enfrente ao enorme vidro do berçário. Tinha um bebê que não parava de chorar, ele já estava vermelho de tanto chorar e se remexer em seu berço. Aproximei-me da enfermeira que acabara de sair do berçário.

– Porque ele não para de chorar? – falei apontando para o bebê.

– Ninguém sabe. Ele foi achado na rua e o trouxeram pra cá, ele não para de chorar desde então. – disse tirando os olhos da prancheta e me encarando.

– Eu... – encarei o bebê e voltei a olhar a enfermeira. – Posso segurá-lo?

– Bom, os pais dele não estão aqui pra dizer não... – ela disse sorrindo pra mim. – Mas rapidinho ok? – fiz que sim com a cabeça e segui a enfermeira que entrou novamente no berçário.

Ela pegou o bebê que se contorcia de tanto chorar e disse para eu ficar com o braço preparado para receber o bebê. Assim que a enfermeira colocou o bebê nos meus braços, ele parou de chorar. Foi como mágica, macumba, feitiço, chame como quiser.

– Eu não acredito. – a enfermeira que tinha o nome Hayley bordado no jaleco nos encarava espantada.

– Se os pais não vierem atrás dele, o que acontecerá? – disse encarando o bebê com aparência angelical nos meus braços.

– Se eles não aparecerem em cinco dias, ele vai para algum orfanato e esperar que alguém o adote. – disse checando o relógio.

– Entendi... – disse ninando o bebê que de repente abriu algo que parecia ser um sorriso desdentado. Me lembrou o Wes, mas sem os dentões dele.

– O supervisor vai passar daqui a um minuto, acho melhor você ficar lá fora agora. – Hayley disse mais por obrigação do que por vontade.

– Tudo bem. – falei entregando o bebê a ela. – Tchau mini Wesley. – acenei para o bebê que parecia estar dormindo e saí do berçário dando de cara com o Wes.

– Sua mãe disse que eu te encontraria aqui.

– E ela acertou. – falei olhando para cima pra poder olhar seu rosto que estava a alguns centímetros de mim.

– Quem era aquele bebê? – Wes disse com um sorriso frouxo.

– Não sei. Deixaram-no aqui e se os pais não vierem atrás em até cinco dias, ele vai para um orfanato. Ele não parava de chorar e eu pedi pra segurá-lo e quando a enfermeira o colocou nos meus braços, ele parou de chorar. – falei com o olho marejado. – Eu preciso falar com a minha mãe.

– Por quê?

– Ela tem que adotar o mini Wes.


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