– Ok, porque tá todo mundo aqui? - Keaton disse encarando Drew e Breezie parados na porta de mãos dadas.

– Eles tem algo pra contar. - falei.

– Nós temos? - Breezie disse encarando Drew.

– Sim. - Drew falou. - Olha, Wes, eu sei que você acha que eu sou do tipo "mantenha longe da sua irmã", mas eu não quero mais ser taxado assim... Eu to apaixonado por uma menina.

– Quem? - Wesley disse me encarando e depois voltando o olhar ao Drew.

– Breezie. - Drew falou e ficou um silêncio mútuo.

– Eu também gosto do Drew. Nós estamos ficando. - Breezie disse quebrando o silêncio e apertando a mão do Drew mais forte.

– Ufa, eu achei que você tava comendo minha namorada... Pode ficar a vontade com a minha irmã. - Wesley disse me puxando pra perto dele e beijou meu pescoço. - Desculpa, Cora.

– Ei, eu também sou irmão da Breezie e você definitivamente não pode ficar a vontade com ela, Drew. - Keaton disse levantando do sofá.

– Keaton, ninguém se importa. - Breezie disse passando a mão no cabelo dele.

– Não, é sério, porque só o que o Wesley pensa conta? Eu sou tão amigo do Drew quanto o Wes.

– Porque você é fofinho e calmo, o Wesley é o cidadão mais ciumento do universo e ficamos preocupados que ele fosse surtar. - falei.

– Eu sou ciumento só com a minha namorada, o Drew não pode ser pior que o último namorado da Breezie. - Wes disse.

– Ainda não entendi porque a minha opinião não é importante. - Keaton resmungou enquanto comia alguma coisa que sobrou da festa.

– Para de drama, Keats. - Chloe falou sem paciência já.

Ficamos conversando, jogando verdade e desafio, comendo e depois todos foram embora, inclusive Wes, porque Laraine acha que ele tem passado muito tempo comigo e não gosta da ideia dele dormir aqui quase todos os dias. Amanhã eu tenho uma sessão de quimio e o médico disse que vai aumentar a dose já que não tenho mostrado nenhuma melhora. A sensação, o enjoo, tudo que se sente após a uma sessão de quimioterapia é algo que eu não desejo nem pro meu pior inimigo, nem mesmo pra Melanie. Eu tento ser forte na maioria do tempo, não quero demonstrar pro Wes ou pra minha mãe que eu não to me sentindo bem, que minha cabeça não para de doer um segundo sequer, eu não quero que eles saibam que eu não aguento mais, eu estou sendo forte por eles, mas não sei quanto tempo vou aguentar. Eu não queria ficar sozinha porque tinha certeza que começaria a pensar nas piores coisas, sabia que uma hora não conseguiria desviar todos os pensamentos ruins. Queria ser a Cora forte que todos dizem, o problema é que eu não me sinto assim.

– Como você está se sentindo? - minha mãe disse me olhando após a sessão ter terminado.

– Péssima. - disse baixo, não porque queria e sim porque não conseguia falar mais alto do que aquilo.

– Eles vão te dar a injeção que passa o enjoo. - falou acariciando meu cabelo.

– Essa injeção dói muito, eu não aguento. - resmunguei.

– Aguenta sim, você é a minha filha, eu tenho muito orgulho de você e eu sei que vamos passar por tudo isso.

– Mãe, eu to muito cansada. - falei ignorando tudo o que ela disse.

– Dorme, filha, é o melhor que você pode fazer agora.

Foi difícil continuar dormindo quando a agulha da injeção que diminui o enjoo perfurou a pele do meu braço. Eu nunca vou me acostumar com a dor dessa injeção, eu definitivamente não sou masoquista a ponto de não ligar se tem uma agulha injetando algum tipo de liquido que faz com que eu me sinta melhor, mas ao mesmo tempo me faz uivar de dor.

Assim que voltei pra casa depois que o médico me deu alta da sessão, Wes estava sentado na escadinha que tinha em frente à porta de casa com um buquê de flores na mão e abriu um sorriso quando me viu.

– O que faz aqui, Stromberg? – falei sorrindo com o canto da boca.

– To esperando minha namorada voltar da sessão de quimioterapia dela, você viu ela por aí? – ele respondeu levantando a cabeça pra me encarar.

– E quem é sua namorada? – falei sentando ao lado dele após minha mãe cumprimentá-lo e entrar em casa.

– A menina mais linda, gata, gostosa, encantadora, com as sardinhas mais meigas e que eu amo mais do que meus bonés. – disse me fitando.

– A Melanie não tem sardinhas. – falei mordendo o lábio inferior.

– A Melanie não é minha namorada. – falou baixo aproximando seu rosto do meu.

– Quem é então? – disse encarando seus lábios.

– Você. – disse quando nossos rostos estavam a menos de um centímetro e colou nossos lábios.

Quando você está correndo risco de vida, cada pequeno detalhe da sua vida se torna um grande detalhe. Até mesmo a quantidade de vezes que você pisca se torna importante. Um beijo do seu namorado, não é “só mais um beijo”, é “mais um beijo, ainda bem”. Você não sabe se será a ultima vez que beberá um copo de água, que usará seu sutiã favorito ou que dirá “eu te amo” pra alguém. Eu não deixo nada pra depois, porque afinal, eu posso não ter um depois.

O beijo do Wesley causa uma sensação que eu jamais tinha sentido antes, é como um calafrio que começa na sua boca e vai até a ponta do seu dedo mindinho do pé. Toma conta de todo o seu corpo e você sempre anseia por mais e mais... Fomos obrigados a nos separar por conta da falta de ar e como sempre, o Wes abriu um sorriso quando nossas bocas descolaram-se.

– O que são essas flores? – falei enrolando uma mecha de seu cabelo em meu dedo.

– Drew pediu para eu comprar pra ele usar no jantar com a Brianna hoje. – me fitou. – Eu sei que você odeia flores. Eu trouxe outra coisa pra você. – tirou uma caixinha do bolso e me entregou. – Feliz desaniversário. – disse e me deu um selinho.

Abri a caixinha e era um cd, estava escrito “todas as músicas que me lembram você” com um garrancho, bem letra de menino mesmo. Encarei-o sorrindo.

– Quantas músicas tem aqui?

– Todas que você pode imaginar.

– Todas?

– Até aquela do comercial do sabão em pó, a do comercial da operadora de celular...

– Eu te amo. Você é o melhor namorado do mundo.

– Agora me diz uma novidade... – riu. – Eu também te amo, Cora.

– Quer uma novidade? Minha mãe vai sair de casa daqui a cinco minutos e só volta daqui a duas horas. – disse com malicia.