Me sentei na cama e esfreguei os olhos tentando parar de chorar para então poder ver quem estava ali comigo. Aaron.

Ele parecia um pouco desconcertado por estar ali dentro comigo.

– O que você está fazendo aqui? - perguntei, ainda com voz chorosa.

– Você estava chorando quando entrou aqui... - ele coçou a nuca - Fiquei preocupado. Eu bati na porta, mas você não respondeu. - acrescentou depressa.

Me senti um pouco mais triste. Gostaria que tivesse sido Nico a vir me ver.

Forcei um sorriso para Aaron.

– Eu estou bem.

Ele me olhou fixamente. Só agora percebi o quanto os olhos dele são azuis. Desviei os olhos um pouco sem graça.

– Você... brigou com seu namorado? - perguntou, de um jeito hesitante. O encarei - O garoto com quem você estava... Nicolas ou algo assim...

– Nico. - disse o nome dele quase que em suspiro - Sim, quero dizer, ele é meu namorado. Ou era, eu não tenho mais certeza... - senti meus olhos lacrimejarem outra vez.

– Ei, não fique assim. - o senti por sua mão sobre a minha - Olha, porque você não tenta conversar com ele? Acredite em mim, não tem como uma pessoa sentir raiva de você.

Eu ri.

Olhei com atenção pela primeira vez para Aaron, reparando em quanto ele havia mudado. Ele estava mais alto e mais musculoso, seus cabelos loiros, que antes ele usava na altura do queixo, agora estavam curtos e retos. Mas seus olhos continuavam os mesmos.

Ele me encarou confuso e eu percebi que ele me viu o analisar. Tossi levemente e desviei os olhos.

– Então... - ele começou novamente - Vou deixar você descansar agora. Boa noite. - Aaron pareceu incerto do que fazer, mas beijou minha testa, algo que me deixou surpresa. Ele costumava fazer isso quando tínhamos treze anos.

Quando estava novamente sozinha, não consegui adormecer, mesmo que já não estivesse mais com vontade de chorar. Queria ir ficar com Nico e sentir suas mãos frias correndo pelo meu cabelo. Mas por outro lado queria fazer birra e esperar que ele me pedisse desculpas; afinal, eu não havia feito nada de errado.