A Princesa Perdida escrita por Annabeth Grace da Ilhas do Sul


Capítulo 4
A Queda De Haram




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Provavelmente você gostaria de saber o que aconteceu no reino de Haram após o sequestro de Juliette. Pois bem, saiba que depois que aquela tragédia ocorreu, o reino entrou em estado de desolamento. As rosas, antes vermelhas e perfumadas, agora estavam murchas e acinzentadas. Mas não pense que foi apenas o reino ou os jardins do castelo que pareciam mais tristes. A rainha chorava toda noite pensando no que seu filho fizera com a irmã mais nova; Porém, algo dentro da rainha sentiu que Klaus nunca machucaria a princesa por serem irmãos. E a rainha estava certa quanto á aquilo.

No entanto, havia seres que viram na ocasião a oportunidade de se aproveitar da situação: Os demônios da noite. Estes monstros lembravam anjos, mas tinham as asas escuras como carvão; E assim como as sereias e as ninfas, eles também tinham um líder: Bakshan. Um homem belo, charmoso e sedutor de olhos verdes semicerrados que lembrava esmeralda e ao mesmo tempo os olhos de um gato. Eles não envelheciam; Era essa a explicação para Bakshan aparentar ter pouco mais de 30 quando na verdade possuía além de 200 anos.

Três dias depois do sequestro da princesa, na calada da noite os demônios atacaram o castelo. A rainha acordou primeira ao ouvir o barulho dos criados e das ninfas correndo pelo castelo; Em seguida chacoalhou o marido como se fosse um boneco de pano para que este acordasse imediatamente. O rei acordou sobressaltado então, temendo que fossem sequestrar a outra princesa, ela correu para o quarto de Kirsti Anne, onde viu a filha de cabelos loiros como os seus dormindo serenamente.

De repente, alguma coisa atingiu a rainha nas costas e ela caiu no chão, só então percebendo que estava sangrando, sangrando um sangue cor de purpurina viscosa e pegajosa.

– Tentando proteger a filha, Dahlia? – Disse uma voz grave de forma suave. Uma voz que Márie reconheceu apesar de não a ouvir havia séculos.

– Não é surpresa ver você por aqui. – Ela sussurrou.

– Disso eu sei, considerando que quis escapar de sua verdadeira origem.

– E daí que não quis ser como você, Bakshan?

– Deixei que tivesse uma vida normal e feliz. Agora acho que deveria levar sua outra filha para que ela não cometa o mesmo erro. – Respondeu Bakshan, sorrindo friamente. – Não dá para negar sua verdadeira espécie apesar de ser possível ocultá-la.

– Deixe a menina em paz. Ela não merece nada do que você quer.

E ela merece algo do que você quer? – Márie se levantou.

– Sim, por que ela é minha filha. – Respondeu, firme.

– Eu sei, mas acontece que ela também é minha neta.

– Não chegue perto dela. – A rainha disse, entre dentes.

– O que você pode fazer contra mim, Dahlia?

– Talvez pense que sou fraca. Mas você não tem ideia do quanto posso ser uma ameaça para você se tratando de proteger minhas filhas.

– Instinto maternal. – Bakshan riu. – Você é quase tão tola quanto sua mãe.

– Pelo menos ela tentava proteger as filhas.

– Sua mãe era uma pessoa irresistível. Não sabe como fui louco por ela a ponto de pedi-la em casamento praticamente todo dia.

– Como pode ser essa pessoa que ao invés de deixar as filhas em paz, pensa apenas em atormenta-las?

– Minha linhagem tem de continuar. – Ele sibilou. – Vou deixá-la pensar se vai ou não me ajudar com esse favor. Voltarei ao pôr do sol daqui a uma semana. E caso não faça a escolha certa, tenha certeza de que irá se arrepender.

Aquela uma semana se arrastou muito lentamente, deixando a rainha cada vez mais apreensiva e mais agoniada do que nunca. Se o rei descobrisse que ela era um demônio da noite, não conseguiria imaginar a mínima reação vinda do marido que amava. Então, na véspera do retorno de Bakshan, numa noite de lua cheia, quando ambos iriam para a cama, a rainha ficou de frente para o marido, nervosa.

Ela se despiu e Thomas a viu sem um fiapo de roupa sequer. Ele contemplou o corpo nu da esposa, mas então a rainha disse:

– Querido, preciso te contar uma coisa. Uma coisa da qual não irá gostar e irá te assustar.

– Pois conte logo, amor. Está me deixando com medo. – Realmente havia um vestígio de medo na voz do rei.

A rainha sentiu como se a pele de suas costas estivesse sendo rasgada como se algo a estivesse tentando abri-la. A dor foi excruciante, mas conseguiu suportar até que asas negras saíram de dentro de sua carne, ficando á mostra para o rei, na hora, apavorado e sem palavras quanto ao que acabara de ver. As asas da rainha eram grandes a ponto de se arrastar pelo chão e lembravam as de um corvo. Ela se aproximou dele, que recuou assustado.

– Thomas, por favor, deixe-me explicar. – Suplicou ao marido.

– Você é um demônio! – Ele gritou de horror.

– Não sou como eles.

– NÃO É COMO ELES? VOCÊ TEM ASAS NEGRAS COMOS AS DE UM DEMÔNIO E DIZ QUE NÃO É COMO ELES? – Ele berrou.

– Fisicamente sou, mas pensa bem. Se eu fosse realmente um demônio eu nunca teria me apaixonado por você e nunca teríamos nossas filhas. Eu te amo, Thomas.

Ao ouvi-la dizer isso, ele pareceu ficar um pouco mais calmo. Porém os guardas do castelo entraram e viram a cena, chocados.

– Levem-na daqui! – O rei ordenou. Dahlia foi levada sem hesitar e resistir. Os guardas a acorrentaram usando aço reforçado mas não antes de lhe darem um avental para que não ficasse despida e passasse frio; Para isso, o rei também havia providenciado cobertores de feltro para a esposa. Ela tinha ideia do que ele faria agora que se revelou. O medo que possuía de ser morta pelo homem que amava a deixara desolada. Dahlia chorou tristemente pelo resto da noite e no início do dia. A história de que a rainha era um demônio e fora presa pelo rei se alastrou pelo reino como fogo em palha. Logicamente, muitos nem pensavam a respeito dela por esse lado afinal, ela sempre foi gentil e educada com todos. Quando o sol começou a tocar o mar Gter, Dahlia soube que seu tempo estava se esgotando. Enfim, quando a primeira estrela apareceu no céu azul lindo e sereno, ela viu um ponto preto vindo ao longe que conforme se aproximava, revelava ser muito grande; Bakshan estava retornando para saber a decisão da filha. Ele se aproximou da janela da cela onde ela estava e Dahlia pôde ouvir o pai dar uma fria risada.

– Era essa a vida feliz que queria? – Ele perguntou. Sabia que iria se arrepender de responder á aquilo, mas não teve jeito.

– Por favor, tire-me daqui. – Suplicou ao pai, que vendo a situação, sorriu. Seus olhos então se tornaram verde fosforescente e em seguida se ouviu uma explosão; A janela com vista para o oceano tinha sido aberta. As asas negras de Dahlia apareceram ; Ela deu a mão ao pai que a ajudou a subir.

– Deixe o vento envolver suas asas. – Quando eles levantaram voo e sobrevoou o mar Gter, Dahlia sentiu a água encostar-se à ponta de seus pés. Mas então ela ouviu gritos e, ao olhar para trás seu deparou com o castelo em chamas. Mas não foi isso o que mais lhe assustara; Ela viu o marido no alto da torre-norte com algo envolto nos braços. Demorou a Dahlia perceber que se tratava de Kirsti Anne, ao notar isso, ela tentou voar até o marido para salvar a filha, mas Bakshan percebeu que ela agiria e pôs a mão na boca dela, fazendo-a desmaiar.

Quando Dahlia acordou e recobrou a consciência ela começou a chorar desolada, acreditando que sua filha estivesse morta, mas então seu pai apareceu com uma demônia da noite loira de olhos azul cobalto e cabelos negros, aquela era sua irmã 76 anos mais velha, Klayra. Vendo a filha mais nova tão desolada, Bakshan pareceu se comover com a situação; Então, ele mostrou a filha um bebê loiro dormindo tranquilamente em seus braços. Quando Dahlia sentiu a pequena criança em seu colo, a sensação foi de alívio e alegria. Mãe e filha reunidas, o que fez com que levassem minutos para que ela ao menos notasse que estava em seu mesmo quarto que passara as noites quando criança. Era um dos maiores do Castelo Negro, banhado por sua vez pelo Huilem; Era assim no mundo de Ignattis: Onde existiam linhas muito bem demarcadas para o reino das trevas (banhado pelo mar Huilem) e para o reino da luz (banhado pelo mar Gter). Mas então Dahlia lembrou: O que havia acontecido á Thomas?

– Onde está Thomas, pai? - Ela perguntou.

– Morto. Se suicidou. - Ele disparou. - Acho que não suportou saber que a mulher que amava era um demônio - Respondeu de forma fria. - Dahlia desabou em cima de uma cadeira quando ouviu o pai dizer aquelas palavras. Como aquilo pudera acontecer? Thomas, seu marido e rei de Haram, estava morto. Mas quem iria cuidar de Haram agora que o reinado caíra? Dahlia não podia deixar que a filha crescesse em meio ás trevas e se tornasse uma cruel demônio da noite? Não, ela nunca deixaria isso acontecer; Isso teria de ser impedido nem que seu sangue fosse derramado no processo.


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