O Despertar do Lobo escrita por Chase_Aphrodite, danaandme


Capítulo 9
Capítulo 08 - O Cheiro Lúgubre da Morte - Parte 01


Notas iniciais do capítulo

Dana (vestindo um gibão):
Voltei Reginaaaaa! Tô toda cearense agora! Arrre égua, má!

Chase (jogando os livros para cima):
Já falei que meu nome é...Quer saber? Esquece. E ai? Tô vendo que a viagem foi boa.

Dana:
Foi. Tô renovada! Que nem o Drácula, dormir na terra natal revigora! E vê só! Trouxe docinhos típicos para você!!!
(Larga um bloco de rapadura em cima da mesa)
Ô é melhor lamber, minha tia não levou fé no nome e quebrou um dente na primeira dentada, a bichinha.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/581468/chapter/9

Rachel abriu a porta do banheiro com um chute, correndo até o vaso sanitário e despejando todo conteúdo do seu estômago de uma vez. Ela havia segurado a náusea o tanto quanto pode, mas agora ela não queria mais ter que se preocupar com todo o estigma de ser a líder inabalável diante da primeira grande tragédia que acontecera sob sua liderança. Naquele momento, manter a postura firme e solene era o que menos interessava à morena.

Os passos apressados que ressoaram sobre o piso vinílico claro e reluzente denunciavam que ela havia sido seguida. E só existia uma pessoa que seria desaforada o suficiente para desafiar uma ordem direta de sua Alfa.

Santana Lopez passou pela porta que levava à toalhete feminina, encontrando a outra garota com as mãos apoiadas nas laterais do sanitário, e lágrimas escorrendo por seu rosto.

Percebendo a proximidade dela, Rachel fechou os olhos e respirou fundo.

O cheiro do sangue, da carne queimada, dos fluídos corporais que se misturavam a terra e ao óleo combustível ainda ardia em suas narinas. As imagens de corpos dilacerados, membros rasgados feito papel, órgãos espalhados pelo chão de terra escura, troncos de árvores manchados de sangue eram imagens hediondas, incapazes de serem simplesmente apagadas da mente.

— Quinn... – a morena murmurou entredentes, travando os dedos com força sobre as laterais do vaso sanitário, quebrando a porcelana em vários pedaços.

— Não se preocupe Rachel. – o tom de voz incisivo de Santana Lopez estava mais baixo que o normal. A garota mantinha uma expressão estoica desde o momento que entrou com Rachel no hospital local. – Nós vamos descobrir quem fez isso. E depois... Nós vamos acabar com eles.

Rachel se levantou apertando os punhos com força, deixando a dor se dissipar em meio à fúria que desejava corroer suas entranhas. Alguns dos pedaços de porcelana que se prenderam em suas palmas suadas cortaram a pele, fazendo que gotas de sangue pingassem sobre o piso branco. Era o mesmo tom carmim que ela viu se espalhar sobre o pelo, outrora imaculado, de sua Loba Branca.

...

HORAS ANTES

Logo depois que Dorian Island e Michael Yates invadiram a residência dos Lopez, a procura da Alfa, um grupo foi organizado para procurar por sobreviventes nas áreas próximas a estrada. Hans e Michael seguiram na frente para se encontrarem com o Sheriff Logan, que também era um dos membros da Alcateia, e que estava lidando com as autoridades das outras cidades junto à investigação do incidente. Rachel seguiria logo depois com o outro grupo formado por: Russel e Francine Fabray, Bernardo e Helena Lopez, Caleb, Angelina Puckerman (que pelo que Rachel pode entender, era uma espécie de legista lupina e se encontraria com eles nos arredores da estrada) e, contrariando a vontade da morena, Quinn, que acabou usando como argumento ‘sua influência sobre o controle do temperamento da Alfa’ para não ser deixada para trás.

A missão deles seria vasculhar as áreas de mata fechada próximas ao ataque, em busca de vestígios de luta, e quem sabe, sobreviventes.

Depois de deixarem os Jeeps escondidos numa área próxima ao início de uma trilha usada para a prática de hiking, eles entraram em contato com Logan e os demais para se assegurarem que as atividades das equipes oficiais estava se concentrando há alguns quilômetros na estrada principal. Só então seguiram pela mata até onde Hans havia dito ser o provável ponto de colisão inicial entre o Clã de Fantini e o grupo de Lobos assassinos.

O cheiro foi à primeira coisa que Rachel pode sentir, o odor fétido invadiu suas narinas e em segundos se misturou à saliva em sua boca. Era salgado, mas também lembrava ferrugem. A morena cuspiu no chão, sacudindo a cabeça. Nunca um aroma foi tão proeminentemente desagradável.

— Tome. – Helena se aproximou com um lenço úmido. – Amarre sobre o rosto, ou no pescoço, tem essência de hortelã. Ajuda a lidar com o cheiro.

Rachel aceitou a gentileza com um sorriso. Helena sorriu afetuosamente de volta, mas em seguida revirou os olhos e ergueu as mãos dando as costas para a Alfa e caminhando para junto de Francine. A princípio, Rachel ficou sem entender o que havia acontecido, até que o lenço foi quase que brutalmente arrancado de suas mãos, e um par de olhos avelã, embebidos em tons de verde e ciúme se fixaram nela.

— Deixe-me ajudar você a colocar isso. – Quinn disse com um tom seco e irritado, já amarrando o lenço sobre o nariz e boca da morena. – Precisa ficar bem firme. Assim.

A Alfa suprimiu um gritinho de dor, quando a loira puxou o nó pelas pontas do pano, apertando o tecido o tanto quanto pode sobre o rosto da morena.

— Perfeito. – Quinn concluiu com um sorriso predador, antes de se virar, dando as costas para Rachel e caminhando à sua frente com o queixo erguido. Quando a morena demorou em segui-la, ela virou-se de uma vez, franzindo o cenho e cruzando os braços.

— Você não vai vir?

Lutando contra a vontade de bater o pé no chão, Rachel travou o queixo, puxando a gola de seu sobretudo e tratou de seguir a garota visivelmente enciumada que andava trotando firme na sua frente ainda olhando na direção de Helena, como se desejasse ser capaz de disparar adagas pelos olhos. Com sua visão periférica, Rachel viu Russel Fabray se aproximando dela. O homem tinha uma expressão divertida no rosto quando colocou a mão sobre o ombro da Alfa respirando profundamente, como se incentivasse a morena a fazer o mesmo.

Eles continuaram andando, esquadrilhando a área. Caleb, Helena e Francine seguiam na frente carregando os kits de primeiros socorros e mochilas, enquanto a senhora Puckerman caminhava ao lado do médico. Um pouco mais atrás, ainda chutando todas as pedras na sua frente, estava Quinn. Rachel e o Sr. Fabray caminhavam lado a lado, um pouco mais afastados do grupo.

Com quase quarenta minutos de caminhada, eles ainda não haviam encontrado nada, nem um vestígio de luta ou rastro de Lobos. Já cogitando a possibilidade de atravessar a mata para vasculhar a área que ficava na outra margem da pista, Rachel estreitou os olhos na direção noroeste, franzindo o cenho, desconfiada.

Algo lhe dizia que tinha alguma coisa ali que não fazia sentido, por que... O quanto mais eles caminhavam, menos ela sentia o cheiro de ferro e sal. Era como se eles estivessem se afastando de onde deveriam estar ao invés de estarem se aproximando da área do ataque.

Impaciente, Rachel puxou o lenço do rosto e respirou fundo, farejando o ar.

Nesse momento, o rádio de ondas curtas que Russel carregava consigo chamou por seu nome.

Russel na escuta? Câmbio.— a voz desconhecida, que talvez pertencesse ao Sheriff chamava através do aparelho.

Levando o objeto para mais próximo de sua boca, Russel respondeu imediatamente.

— Estamos na escuta, Logan. Câmbio.

Michael encontrou uma trilha à Noroeste! A rota que previmos estava errada! Achamos mais destroços e sinais de luta aqui! Precisamos de vocês urgentemente. Oh, Deus! Michael? O que é...

A voz dele foi interrompida por um grito de dor assustador, seguido por urros e mais gritos. Rachel sentiu uma pontada fria no peito e se curvou sobre o corpo. Alarmada, Quinn correu na direção dela, enquanto Russel e os outros ainda chamavam pelo Sheriff e pelos dois outros membros da alcateia aos gritos pelo rádio.

O som do massacre que ocorria do outro lado do aparelho contrastava absurdamente com a tranquilidade do lugar onde eles estavam. Naquelas condições seria impossível para eles descobrir o lugar exato onde o Sheriff Logan, Dorian e Michael estavam sendo atacados a tempo de salvá-los.

— O que vamos fazer? – Frannie perguntou apavorada olhando para o rádio.

Apoiada junto a Quinn, a Alfa ergueu a cabeça devagar. Seus olhos encontraram os de sua parceira.

— Rachel? – a loira chamou por ela.

Mas sua voz não chegou até a Alfa. Seus olhos estavam vidrados em um ponto entre as árvores à sua frente. Silhuetas desformes pareciam dançar, camufladas por entre os arbustos. ‘Deixe seus instintos guiarem você, Alfa. ’, vozes delicadas pareciam sussurrar em seu ouvido. E no minuto seguinte, Rachel podia visualizar a trilha. Sua mente corria pela mata traçando o caminho até onde seus Lobos lutavam. ‘Nada mal para a primeira vez. ’, as vozes pareciam satisfeitas. A imagem que se formava em sua mente estava borrada, e não era muito nítida, mas ela podia senti-los melhor que vê-los. Logan, Dorian e Michael. Um deles estava à beira da morte... Outro deles estava ferido e o último deles parecia estar desligado, era difícil saber como ele estava... Provavelmente estava desacordado ou... Morto. Tinham também mais duas ou três presenças estranhas. Era difícil precisar... ‘Até breve, Alfa. ’

— Rachel? Rachel? Olhe para mim! – Quinn chamava a morena sacudindo-a pelos ombros. Os olhos da Alfa focaram a garota assustada na sua frente, e entendeu imediatamente que de alguma forma, ela conseguira se projetar até a localização exata de onde os outros estavam sendo atacados.

— Eu sei onde eles estão. – ela falou se afastando de Quinn. A escuridão já se projetava sobre as íris castanhas, e antes que qualquer outro reagisse, ela já disparava pela mata na direção da briga que acontecia há quilômetros dali.

— RACHEL! – Quinn correu atrás dela, percebendo imediatamente que não seria capaz de alcança-la naquela forma. Com um salto, a Loba Branca explodiu no ar, aterrissando na terra fofa, e sem perder tempo, disparou atrás de sua companheira por entre as árvores.

— QUINNIE! – Francine não pensou duas vezes e largou o kit que segurava, e correu atrás da irmã. Seu pai gritou por ela, mas como sempre, a primogênita da família Fabray não iria ficar ouvindo discursos ou instruções, enquanto sua irmã caçula estava correndo para o perigo eminente. No segundo seguinte, a Loba de pelagem cinza claro já corria a toda velocidade seguindo a trilha deixada pela Loba Branca.

...

HÁ OITO ANOS

— Eu não entendo. Por que Frannie não levanta? Por que ela não quer ficar comigo?

A pequena loira chorava agarrada a sua mãe, completamente inconsolável. Seus olhos tinham assumido um tom esverdeado por causa das lágrimas e brilhavam tristonhos, enquanto ela esfregava as bochechas rosadas tentando limpar o rosto.

— Oh, Quinnie... Sua irmã está muito, muito triste, meu amor. Ela... Ela perdeu alguém muito especial. – Judy tentou consolar sua filha mais nova, mas não conseguia nem mesmo conter as próprias lágrimas perante o sofrimento de suas filhas.

— Eu não entendo mamãe! Eu quero a Frannie! Eu quero que a Frannie venha brincar comigo! – insistia a pequena, se soltando de sua mãe e correndo na direção das escadas, na esperança de chegar até o quarto de sua irmã mais velha antes de ser impedida.

Judith levantou-se para correr atrás da filha, mas uma mão em seu ombro a impediu de continuar.

— Deixe-a ir, Judy... Frannie precisa de todos os laços de amor que essa família possa lhe oferecer. – disse Victória Fabray, assistindo a sua neta mais nova correndo pelos degraus. Incapaz de continuar contendo sua tristeza, Judy buscou abrigo nos braços de sua sogra, deixando que as lágrimas transbordassem finalmente.

Victória envolveu a nora num abraço terno, sussurrando palavras de consolo.

Já haviam se passado três meses. Mas as consequências dos acontecimentos daquela noite, ainda seriam capazes de desencadearem ainda mais sofrimento.

Tudo havia acontecido muito rápido. Num minuto Frannie estava de pé defronte o balcão, ajudando sua mãe com o jantar, e no outro a menina se contorceu de dor caindo no chão em prantos. A princípio sua mãe achou que Francine havia se cortado ou se machucado com algum dos utensílios de cozinha, mas quando o celular de Russel tocou, informando sobre o ataque a uma família de lobos que morava próxima a saída da cidade, todos souberam o que havia acontecido com a garota.

Frannie havia perdido seu companheiro.

O jovem Joshua Matthew Stevens havia sido assassinado juntamente com toda sua família naquela noite. E por causa da ligação entre eles, Frannie havia sentido a morte da sua outra metade.

Joshua e Frannie haviam se encontrado há seis meses. Ele tinha dezessete anos, e Frannie estava em vias de completar dezesseis. Eles se reconheceram no momento que família dele pediu permissão para juntar-se a alcateia, já que eles estariam se mudando definitivamente para Lima. Frannie nunca estivera tão feliz. Ela e Joshua eram o casal mais adorável de toda alcateia, a exata imagem do que todos os adolescentes queriam ser; Bonitos, populares, inteligentes e irremediavelmente apaixonados um pelo outro. A belíssima Head Cheerio e o audacioso Quarterback; Os idolatrados Rei e Rainha do Baile de Inverno. O irresistível moreno, alto, de sorriso encantador e a graciosa loira, de voz doce e olhar meigo.

Eles eram perfeitos. E felizes.

Mas ao que parece, aquela felicidade estava fadada à tragédia.

Com a morte violenta de Joshua, Frannie definhou com coração partido. É fato sabido que quando Lobos perdem seus companheiros, geralmente, a tristeza acaba consumindo sua existência e não leva muito tempo para que muitos deles acabem desistindo da vida.

E Francine Fabray já estava dando sinais que esse era seu desejo.

O único jeito de reverter a situação seria se Fran conseguisse encontrar consolo no amor que seus familiares tinham para oferecer. Muitos anciões, e alguns Lobos adultos com família constituída conseguiam sobreviver através do amor de seus filhos, netos, e irmãos. Victória Fabray era um exemplo disso. Infelizmente, a verdade era que a esmagadora maioria tinha um destino diferente.

— Frannie! Frannie! Abre! Eu quero entrar, Frannie. Não me deixa sozinha, Frannie! Eu quero entrar! - Quinn batia insistentemente na porta do quarto de sua irmã.

Depois de alguns minutos de silêncio, Francine pareceu se cansar da teimosia de sua irmã e com uma voz rouca, que perecia da vivacidade que lhe era tão característica, pediu.

— Me deixe em paz, Quinn.

E tudo voltou a ficar em silêncio. A pequena loira ficou encarando a porta de madeira escura durante mais alguns minutos, até que as lágrimas voltaram a escorrer por seu rosto, enquanto ela soluçava baixinho. Então, de repente, uma raiva enorme tomou conta dela. Puxando todo o ar que podia, Quinn gritou até que seu rosto ficasse vermelho.

— EU TAMBÉM NÃO LIGO MAIS PARA VOCÊ! VOCÊ É A PIOR IRMÃ DO MUNDO! EU TE ODEIO FRANNIE! EU TE ODEIO!

Os passos apressados retumbaram pelo corredor, ecoando pelo quarto de Francine, fazendo com que a garota se encolhesse sobre as cobertas. A tristeza que comprimia seu peito pareceu aumentar ainda mais e ela só queria desaparecer da face da terra. Até que...

— QUINNIE! POR DEUS, NÃO!

Fran sentou-se na cama de uma vez. Aquela era a voz de sua mãe...

Seu coração pareceu ser perfurado por uma lâmina fria e no segundo seguinte Frannie jogava as cobertas para cima, correndo pelo quarto e escancarando a porta. Ela desceu as escadas tão rápido que sem nem saber como, de repente, ela estava de pé no quintal, no deck da piscina, vendo sua mãe pular na água desesperada, tentando resgatar o pequeno corpo que boiava em meio a uma mancha vermelha.

...

“QUINNIE! ESPERE!”, Frannie pedia desesperadamente para que sua irmã diminuísse a velocidade. A distância entre elas era cada vez maior, e se a Loba Branca continuasse naquele ritmo, em breve, Frannie a perderia de vista.

“Eu não posso deixá-la sozinha! Eles vão matá-la!”, foi o que a jovem Loba sinalizou de volta, aumentando ainda mais a velocidade e por consequência, praticamente desaparecendo do campo de visão de sua irmã.

“Por favor, Quinn! Espere por mim!”

“Eu não posso perdê-la, Frannie.”, e com isso, ela sumiu por entre as árvores, deixando apenas a trilha do seu cheiro para guiar a Loba Acinzentada.

A imagem de sua mãe erguendo o corpo inanimado de sua irmã caçula sobre a água turva da piscina veio como um flash na mente de Francine.

“E eu não posso perder você, Quinnie-bear.”, ela murmurou de volta.

Forçando os músculos ao seu limite, a Loba Acinzentada se impulsionou com toda força, abrindo passagem pelos arbustos, seguindo o rastro de sua irmã.

...

Folhas, troncos e pedras deram lugar ao asfalto quente, sangue seco, aço retorcido, pedaços de corpos, cheiro de combustível e pneu queimado. Menos de quinze segundos. Foi o tempo que Rachel demorou a cruzar a estrada principal, passando por entre os destroços que se estendiam por pelo menos cinquenta metros no comprimento da pista, e se estendendo pela ribanceira à Noroeste derrubando árvores e arrastando a terra e as plantas menores.

Rachel não havia se transformado em Lobo. Não era necessário. Sua velocidade na forma semi-humana era o suficiente, e chamaria menos atenção que um Lobo de quase 400 kg, que tinha o tamanho de um urso negro.

Em seu peito, ela podia sentir a fraca presença seus Lobos mais à frente eram como se eles fossem pontos de energia morna dentro dela. Havia também mais de seus Lobos a seguindo, a mais próxima era Quinn. O calor que emanava de sua presença era mais radiante que os demais, e a Alfa percebeu que era muito mais fácil visualizar a Loba Branca, que qualquer outro membro de sua alcateia.

Talvez porque ela fosse sua companheira.

“Não faça nada estupido, por favor.”, eram os pensamentos que vinham dela. E há pouco, Quinn havia dito “Não posso perdê-la.” E em meio todo aquele caos, essas palavras fizeram a Alfa se sentir mais forte, mais rápida, como se uma onda de poder percorresse suas veias e renovasse suas energias.

A velocidade de sua corrida era surreal, porém lhe conferia um nível de destreza surpreendente, deixando-a apta a realizar movimentos que talvez não fossem possíveis se ela estivesse em sua forma lupina. O que acabou sendo bastante útil quando uma árvore foi atirada em sua direção naquele exato momento.

Num piscar de olhos, ela saltou, agarrando o tronco com as mãos vazias, e usando a força do arremesso para rodopiar ao redor de si mesma, a peça gigantesca do que antes fora uma bela sequoia, Rachel atirou a árvore de volta, exatamente da direção daquele que a havia arremessado.

O casco se quebrou com um estrondo, assim como os ossos da coluna do Lobo de pelo malhado, que caiu inerte. Outro uivo feroz reverberou por entre as árvores, no mesmo instante que Rachel avistou um rastro de sangue pela terra escura. Podiam-se notar pedaços de corpos esquartejados mais à frente, que se estendiam por toda trilha que delatava o massacre hediondo que havia ocorrido horas antes.

Rachel nem ao menos prestou atenção ao Lobo escuro que saia por entre os arbustos à ao menos seis metros dela. Seus olhos negros estavam focados nos pedaços do coelho de pelúcia jogado no chão.

O sangue da Alfa fervia. Sua cólera era tanta que todo seu corpo parecia vibrar com o ódio que corria em suas veias. Suas unhas negras e pontiagudas exigiam a vida daquele que causara tudo aquilo; suas presas queriam provar seu sangue; seus músculos queriam estraçalha-lo.

Eles haviam derramado sangue inocente em seu território, violando sua floresta e desafiado sua autoridade... E só então Rachel o viu.

Logan White.

Um dos seus lobos. Um daqueles que ela deveria proteger.

O pescoço estava rasgado e seus olhos vidrados, perdidos para eternidade. Brutalmente afastado de todos aqueles que ele amava. E Rachel sentiu um ponto se apagar dentro dela, ao mesmo tempo em que outro ardia em desespero.

Logan tinha esposa e dois filhos pequenos.

— Eu vou arrancar seu coração e esmaga-lo com as minhas mãos, seu infeliz. – a morena murmurou em meio a um urro bestial, se lançando na direção do Lobo escuro, que demostrando uma agilidade admirável, se embrenhou pela mata, correndo no sentindo da área mais fechada da floresta.

A Loba Branca chegou no exato momento que Rachel disparou atrás do Lobo desconhecido. Não demorou muito para que ela percebesse o que havia acontecido... E o que aconteceria...

“RACHEL! É UMA ARMADILHA!”, a voz de Quinn reverberou em pânico, sendo ouvida por todos os membros que estavam participando da caçada. E contrariando o bom senso, ela seguiu sua companheira conscientemente abraçando o mesmo destino.

Foi nesse minuto que Rachel percebeu que o Lobo à sua frente parecia sorrir diabolicamente, correndo em ziguezague por entre as árvores.

Ele não estava fugindo dela... Estava a afastando.

Um jato de adrenalina pareceu fazer com que todas as peças do quebra-cabeça se juntassem de uma vez. A Alfa freou abruptamente, usando uma das árvores para impulsionar sua velocidade, dando meia volta.

— QUINN! VOLTE AGORA! QUINN!

Quinn estava certa. Era uma emboscada, mas o alvo não era ela! Nunca foi. O ataque próximo à escola não havia sido ao acaso, nem o jeito que eles atraíram a Alfa e sua companheira para aquele lugar longe dos outros. Desde o princípio eles sabiam que elas estariam lá.

A conexão entre companheiros é algo especial, Rachel, muitos lobos não sobrevivem quando perdem sua outra metade. ’, a voz de Victória Fabray sussurrava em suas lembranças.

... Nós sabíamos que elas teriam uma ligação intensa, mas não tínhamos noção que seria algo assim. ’, a voz repleta de preocupação de Judy Fabray veio logo em seguida.

A senhorita Fabray é nosso seguro de vida, caso você venha a despirocar de novo. ’, foram as palavras da treinadora Sylvester...

‘O que te liga aqui Rachel?’, foi à pergunta das anciãs durante o ritual de iniciação.

—QUINN!!! – a Alfa berrou, no mesmo instante que três Lobos se interpunham em seu caminho a impedindo de retornar para salvar sua companheira.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Dana (andando pra lá e pra cá vestida com seu gibão vermelho made in Ceará):

Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só...

Chase tentando estudar, se curvando sobre a mesa.

Dana

Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofreeeeeerrrrrrrr

Chase amaçando as paginas do caderno com as mãos.

Dana

Um xodó pra mim
Do meu jeito assim
Que alegre o meu viveerrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr

POFT!!!! BUMMMM!!!

Chase olha para Dana estatelada no chão.:
Meu, não é que essa rapadura é dura mesmo?! Melhor já ir preparar a compressa de gelo para quando ela acordar... Hmm... Acho que podemos assistir X-Men para ela se sentir melhor... Só espero que ela me perdoe antes do dia 27 de março quando sai o próximo capítulo... Beijos gente!