O Despertar do Lobo escrita por Chase_Aphrodite, danaandme


Capítulo 14
Capítulo 13 - Está Quente Aqui?


Notas iniciais do capítulo

Dana vestida com a camiseta (roubada) do batman rodando na cadeira de rodinhas no escritório esperando Chase aparecer.
Chase entra vestida de Capitão América, com o escudo preso nas costas.
Chase: Vamos ligar a video conferência. *abaixa a máscara*
Dana: *suspira e liga a câmera*: Posso por minha jaqueta da Emma?
Chase: Não. O assunto é sério.
Dana *cruza os braços*: Vou pegar meu violino.
Chase: E eu minha blusa do Batman de volta.
Dana: Não sei do que está falando.
Chase: A gente precisa falar das postagens!!!
Dana: Mas eu to com fome!
Chase: A gente precisa explicar que as coisas estão complicadas, mas que a gente não vai desistir da fic!!!
Dana: Você está sendo má comigo!
Chase: As pessoas já estão traumatizadas por causa daquela outra fic!
Dana *para e pisca os olhos*: Mas a gente não vai abandonar ninguém.
Chase: É o que estou querendo dizer!
Dana *dá um sorrisão e aponta para frente*: Eles já estão sabendo!
Chase *percebe que está todo mundo olhando* *Fica vermelha*
Dana: Agora que a gente já disse tudo... Vamos comer?
Chase: Deixa eu pedir desculpas mais uma vez. E reforçar que não vamos jamais, nunca mesmo, abandonar a fanfic. E que as coisas estão complicadas. Que não podemos prometer datas para não decepcionar, mas com muita esperança talvez postemos uma vez por mês. E... E...
Dana: Não Regina, também não tiro sua torta de maçã da cabeça!
Chase: Aff... Bem... Tchau gente! Por favor continuem com a gente!!!
Dana: Adios meus amigos!!!



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ANOS ANTES

A noite em New York estava, surpreendentemente, limpa. O céu não tinha uma única nuvem e, apesar das luzes da cidade e da poluição, incontáveis estrelas apareciam. A lua cheia iluminava o parque quase deserto com a ajuda de alguns postes.

Ali, longe do centro da metrópole, uma jovem mulher com seus recém-completados 19 anos, tinha seus belos e expressivos olhos cor de chocolate transbordando em lágrimas em antecipação a saudade, que já ameaça partir seu coração em pedaços. Junto a ela estava um rapaz, que não parecia pertencer aquele lugar... Ou aquele tempo. Apesar de seu rosto não poder ter mais do que 23 anos parecia que sempre havia existido. Sua forma física, alto e forte, protegia a garota. Sua pele morena, de muito tempo embaixo do sol, curtida e com sardas era macia sob os dedos trêmulos de seu amor. Seus cabelos ondulados, negros como céu, caiam próximos aos ombros largos sem de fato tocá-los. A barba, rente a pele, tão escura quanto seus cabelos, arranhava suavemente o rosto delicado de sua amada, em uma tentativa de confortá-la. Sua voz, retumbante como trovão, sussurrava palavras de conforto, sentindo-se impotente pela primeira vez em sua existência. Os olhos, reluziam como um sol encoberto pela lua num eclipse total com chamas douradas brilhando em seu entorno, tal qual um sol negro. Olhos sempre tão seguros e quentes, agora também se mostravam úmidos, inconsoláveis, por causa de uma separação não desejada, mas precisa.

– Não chore minha estrela... Por favor, não chore. - pediu com sua voz grave, o mais suave que podia.

A morena soluçou entre lágrimas.

– Como não? O que você me pediu... E agora vai embora!

O rapaz apertou-a ainda mais contra seu peito. Não queria deixá-la, mas não podia ficar.

– O casal que consegui fará um ótimo trabalho. Basta ir ao endereço que lhe entreguei e dizer seu nome. Você ficará segura até o final da gravidez. Depois pode voltar para casa. Seus pais irão te receber de braços abertos e ajudarão a guardar nosso segredo. Ela crescerá bem entre aqueles que escolhi, e eu estarei cuidando de vocês duas de longe. Eu prometo.

A morena assentiu, sufocando o melhor que podia seu choro enquanto encostava seu rosto contra o peito de seu amor.

– Não existirá um dia que eu não pense em você... E nela. – murmurou colocando a mão sobre o ventre.

O guerreiro assentiu.

– Dar-lhe-ei um presente. – afirmou, abrindo sua mão com a palma para cima, e uma pequena estrela surgiu ali.

A morena arregalou os olhos ao ver o astro brilhante, que emitia um calor suave sobre a ponta de seus dedos quando ela o tocou de leve tentando se certificar de que aquilo era real.

– Isso é?

– Uma estrela. Do céu do norte. - com cuidado ele passou a estrela a palma da garota. Ela podia sentir o calor. Mas não queimava.

– Como...?

– Ela será para sempre sua. Para que se lembre de mim. Quando você fechar a mão, ela retornará para seu lugar no céu, mas todas as vezes que desejar vê-la basta desejar. Assim como ela, meu amor por você será eterno.

A morena fechou sua mão sentindo a estrela sumir. Com os olhos ainda úmidos ela deu um beijo de despedida sofrido naquele que sempre seria o dono de seu coração, sentindo o salgado de suas lágrimas contra o calor do toque da pele dele.

O guerreiro os separou. O tempo dele havia acabado e ela percebera.

– Adeus... - a voz dela saiu quebrada.

– Será apenas um até logo, minha estrela. - murmurou em seu ouvido.

Ele virou-lhe as costas e começou a se afastar, transformando-se num lobo gigantesco, maior do que algumas casas e prédios pequenos que rodeavam o parque enquanto subia pelos céus através das estrelas.

– Que seja breve então... Fenrir, meu amor. – ela sussurrou para a imensidão da noite, assistindo a figura de seu amado se transformar na mais brilhosa estrela no céu. Sua mão direita cobria seu ventre, enquanto ela caminhava em direção a seu carro. Não havia mais tempo a perder, ela partiria para Lima naquela mesma noite.

...

Rachel boiava, ou talvez, flutuasse. Ela não tinha certeza. Tudo estava turvo ainda. E ela não se lembrava de como chegara ali. E porque seus pés não tocavam o chão?

Lentamente, virou-se chutando o espaço vazio para conseguir se mexer. A sua frente o planeta Terra se apresentava em toda sua glória.

Rachel sorriu surpresa. “Que vista! ”

– Então, a Terra é realmente azul... - murmurou encantada com uma gargalhada boba. Ela estava no espaço, e isso era incrível! E ela estava respirando, apesar de não haver ar no espaço... Também não sentia frio, apesar de o espaço estar a 270 graus abaixo de zero, segundo suas últimas pesquisas para suas aulas de biologia da senhorita Philips. Então a conclusão óbvia era de que apesar de aquilo tudo ser bastante real, não passava de um sonho. Ao contrário, a diferença de pressão devia ter lhe matado logo quando apareceu ali.

Mesmo assim, estar ali vendo a Terra, as estrelas e os planetas lhe parecia inacreditavelmente plausível. Era familiar... De alguma forma.

Quando ela voltou a olhar para a Terra, um lobo negro apareceu do nada, avançando em sua direção. Ele era gigantesco, e corria apoiando-se nas estrelas que se alinhavam por baixo de suas patas. Rachel percebeu que ele era maior que ela. Significativamente maior que ela. Algo em torno como um prédio de uns 10, 15 andares. Ao seu lado, caminhava uma loba da cor de chocolate derretido ao leite. Ela sentiu seu peito estufar, seu orgulho ferido recobrando a força, ao perceber que aquela loba era menor que ela. Devendo atingir a altura de seu ombro lupino. Impressionantemente, o casal de lobos parecia andar no mesmo ritmo e quando eles passaram por ela, a toda velocidade, Rachel sentiu seu corpo virar em direção a Lua, e testemunhou o estranho par de lobos seguir pela profundeza do universo.

Então seus olhos encontraram sua Loba Branca. Linda, elegantemente deitada sobre a lua. Esperando por ela.

Foi quando a voz de Quinn encheu seus ouvidos.

“Venha Rachel”, murmurava, “Porque você demorou tanto tempo? Venha!”.

Rachel sorriu, jogando o corpo para frente, tentando nadar pelos céus para alcançá-la. A Loba Branca percebendo sua dificuldade, levantou-se e começou a saltar pelas estrelas em sua direção.

“Rachel! ”

Mas, quando Rachel estendeu sua mão, prestes a tocar os pelos alvos sedosos, um som estridente de uma batida retumbou por todo o lugar.

O universo congelou no lugar e começou a rachar como se fosse feito de vidro, caindo uma imensidão desforme e escura logo abaixo dela. Rachel berrou ao sentir-se despencar para o nada absoluto.

...

7:30 AM - RESIDÊNCIA DOS FABRAYS

Rachel abriu os olhos de uma vez, sentindo como se tivesse acabado de cair na cama vinda de algum buraco imaginário no teto. Um barulho abafado de marteladas ressoava no andar debaixo, provavelmente o mesmo barulho que fizera seu sonho ser interrompido bruscamente, justo na hora que as coisas poderiam ficar interessantes. Bem, não que as coisas não estivessem interessantes aqui, no mundo daqueles que foram privados de curtir seus sonhos... Seu queixo jazia encaixado junto ao ombro direito da mais bela garota que ela já vira na vida, e o cheiro que lhe invadia as narinas, não podia ser comparado ou definido em palavras, porque Quinn Fabray para Rachel, era o único nome na face da terra capaz de definir a perfeição.

Durante a noite elas haviam se mexido durante o sono, e aparentemente seus ‘Eus’ inconscientes eram bem mais extrovertidos que a versão delas no dia a dia. Senão, Rachel tinha absoluta certeza que elas não estariam dormindo de conchinha, entrelaçadas de uma maneira que certamente faria Russel Fabray ter um ataque cardíaco.

Rachel segurava Quinn junto a ela, encaixando sua pélvis junto ao corpo de sua companheira, sua perna por cima do quadril de Quinn e seu braço firmemente transpassado sobre a cintura da garota. Porém, sua mão direita tinha sido mais ousada, e descansava sobre a pele morna, perigosamente próxima ao baixo ventre de Quinn...

Rachel engoliu seco.

Ela podia sentir o tecido suave da barra do short de Quinn roçando a ponta de seus dedos. Involuntariamente... Ou não... Seus dedos se puseram a acariciar lentamente a pele sedosa, sentindo a respiração de sua companheira acelerar um pouco, enquanto seu corpo inconscientemente se ajustou ao de Rachel, fazendo com que a mão da morena deslizasse ainda mais, escapulindo praticamente para dentro da zona de perigo.

‘Ohhhhh, Rachel Barbra Berry... Pare agora. Tire a mão daí. ’

Rachel mordeu o lábio inferior já perdida em pensamentos. Parte de seu cérebro gritava ‘Pare! Rachel má! Rachel má! ’, mas a outra parte - a maior parte diga-se de passagem – berrava ‘Wow’.

Okay, essa não era uma parte muito eloquente. Só digamos que se Rachel fosse capaz de traduzir em palavras o que essa ‘parte dela’ estava berrando, ela diria que seria uma tradução da trilha sonora de Pocahontas, como em:

‘.... Lá na curva o que é que vem, quero saber. Lá na curva o que é que vem, eu só vou ver...’

– Rachel? – Quinn praticamente gemeu, ainda desorientada pelo sono. – O que tem na curva?

– O paraíso... – a morena sussurrou distraída e então percebeu o que raios estava fazendo! Ela tinha cantado a bendita música em voz alta? – Oi? Nada! Eu... Eu... Sonhei que estava chegando na curva... Só isso.

‘Uma bela e pecaminosa curva...’, pensou e um sorriso sem vergonha ameaçou se espalhar por todo seu rosto, até ela sentir a mão de Quinn cobrindo a sua. E sim, fora exatamente aquela mão descarada que ainda passeava as margens do céu.

‘Mão má! Mão má! Mão muito má! Rachel sua depravada, agora você está com problemas! ’ Seus dedos endureceram no lugar, como se tivessem sido petrificados ou algo do tipo. Ela teria pulado para fora da cama, se fosse capaz de fazê-lo sem acabar derrubando Quinn no processo. Mas Quinn voltou a se ajustar junto a morena, seu quadril se movendo tortuosamente devagar, inacreditavelmente colado ao corpo de Rachel, provocando uma avalanche ainda maior de pensamentos inapropriados na cabecinha já poluída da Alfa.

– Isso faz cocegas, Rach. – ela voltou a gemer, com aquela voz rouca sonolenta banhada de uma ingenuidade surreal, virando a cabeça para trás e exibindo um sorriso inebriante.

‘Hora do óbito...7:49 AM.’ pensou a morena suspirando.

Ela é verdadeiramente linda. Tão linda que sua beleza só podia ser definida num âmbito divino. Talvez ela fosse um anjo. Um anjo meigo e doce desprovido de qualquer pensamento malicioso, que havia acordado para o mundo em seus braços, e agora sorria sonolenta para ela.

“Como alguém poderia querer machucar um anjo?"

Sua garganta fechou-se com esse pensamento. Precisava manter a cabeça clara para continuar a proteger Quinn. Não permitiria que nada a ferisse. Preferia a morte, a imaginar um mundo sem ela.

Quinn se virou para ela, voltando a se encaixar junto a Rachel, escondendo o rosto no vão do pescoço de sua companheira. Sua coxa esquerda escorregou por entre as pernas da morena, ao mesmo tempo que seu braço esquerdo se apoderou de sua cintura. Desprovida de muitas opções de mobilidade, a mão direita se contentou em agarrar um pedaço do blusão que Rachel vestia, fechando os dedos ao redor do tecido estampado e por consequência, puxando a morena ainda mais para perto.

Ela a tinha prisioneira.

Muito brega? Ah, tá. A coxa de Quinn Fabray estava entre as suas pernas e o nariz dela estava roçando seu pescoço! Que a vida seja cheia de breguices!

A morena afundou seus dedos entre as mechas loiras dando início a uma sessão de cafuné, o que levou Quinn a ronronar junto ao seu pescoço.

– Hmmm...Isso é tão bommm... – ela murmurou com a voz rouca, fazendo Rachel revirar os olhos, quase atingindo o nível de uma experiência tântrica.

‘Minha’, a voz dual retumbou em sua mente. ‘Deixe-me tê-la.’

‘Tê-la...’ Rachel repetiu mentalmente e sua mão escorregou pelos cabelos loiros, descendo pela nuca de sua companheira, voltando a se emaranhar pelos fios dourados e apertando os dedos entre as madeixas. Seu rosto se curvou sobre a bochecha de Quinn, deixando seus lábios exatamente sobre o ouvido da garota.

‘Peraí... Como assim, tê-la?! Oh, Meu Deus! O que raios você quer dizer com TÊ-LA, sua metade lupina tarada? Solte ela agora, Rachel Berry!’ A mão de Rachel afrouxou, deixando os dedos se abrirem um pouco, mas então Quinn saiu de seu aconchego junto ao pescoço de Rachel. Seu olhar questionava o motivo dos cafunés terem parado.

Aqueles olhos pidões, e a visão de um beicinho se formando, jogaram toda a sanidade pela janela e Rachel extinguiu a distância entre elas, se apossando dos lábios de sua companheira, tomando Quinn de surpresa. Mas, a loira não demorou a corresponder ao desejo da morena, ainda com mais ímpeto que a Alfa.

Em segundos, Rachel estava deitada com as costas sobre o colchão, com Quinn Fabray pressionada sobre ela com os braços envoltos em seu pescoço, a beijando de um jeito capaz de deixar todos os anjos do céu corados.

Anjos...

‘Oh, Deus! Anjo! Seu anjo, Rachel! Proteja a pureza do seu anjo!’

Um pensamento que não era tão fácil de se pôr em prática, principalmente quando o anjo em questão, decidiu aprofundar o beijo, para depois prender o lábio inferior de Rachel entre os dentes, repuxando a carne devagar, até soltá-la completamente. Rachel nem ao menos teve tempo de retomar qualquer pensamento coerente, porque Quinn já acariciava sua boca com a ponta da língua, antes de voltar a beijá-la insanamente.

Nenhum ser vivo em todo universo seria capaz de reagir de outra maneira.

O sangue lhe fervia as veias, irradiando luxuria por todo seu corpo. Num piscar de olhos, Rachel inverteu a posição delas, se posicionando sobre Quinn, prendendo os braços da garota acima de sua cabeça. Seus olhos encontraram os de sua companheira, ambos famintos por mais. Aparentemente, a atitude dominante de Rachel, havia despertado alguma espécie de instinto primário nelas. As duas podiam sentir a energia irradiando por todo quarto.

Olhos negros, lábios inchados, rostos corados, corpos encaixados, respirações pesadas. Era um caminho sem volta. Não havia como parar agora... Nada podia se interpor entre o que aconteceria a seguir. Rachel usou a mão esquerda para se apoiar melhor, enquanto a direita passeava pela perna de Quinn, subindo possessivamente pela coxa alva, deliciosamente exposta por um short curtíssimo, sentindo o calor se espalhando em sua palma. Quinn jogou a cabeça para trás, revirando os olhos e entreabrindo a boca, num apelo de urgência muda.

Um cheiro doce e tentador invadiu os sentidos da Alfa, enchendo sua boca d’água. ‘Não pare, Rach... Não pare...’ Rachel podia ouvi-la repetir initerruptamente em sua mente. E todo seu ser desejava atender aquele pedido. Até que...

– Eu consigo cheirar as más intenções de vocês duas daqui do corredor! É bom se comportarem eu vou invadir esse quarto com um balde d’água fria! - A voz esganiçada de Francine Fabray, vinda do outro lado da porta, chegou aos ouvidos das duas causando o mesmo efeito do dito balde d’água fria que ela ameaçara trazer.

Rachel se afastou de uma vez, conseguindo finalmente resgatar o domínio de suas faculdades mentais. Infelizmente, o mesmo não ocorreu com Quinn, que praticamente rosnou de frustração, atirando um tubarão de pelúcia na porta.

Chame de instinto, mas de alguma maneira Rachel entendeu que naquele momento era necessário abraçar sua companheira. Sem saber exatamente o porquê, Rachel soube que Loba Branca faria uma aparição especial, caso não fosse contida logo. Então, para salvar a pele de Frannie, evitando que ela fosse perseguida por uma Loba extremamente irritada, Rachel envolveu a sua companheira em seus braços, sentindo Quinn relaxar imediatamente.

As pupilas, antes dilatadas, voltavam lentamente ao tamanho normal, deixando o tom castanho esverdeado mais evidente. A sensação momentânea de alerta passou, e Rachel soube que era seguro afrouxar o abraço.

– Bom dia. – ela murmurou aproximando sua boca do ouvido de Quinn. – Fiquei tão distraída que acabei esquecendo de dizer antes...

As bochechas de Quinn assumiram uma tonalidade avermelhada no mesmo minuto, e ela escondeu o rosto junto ao ombro de Rachel.

– Bom dia. – a loira murmurou encabulada. Ela ainda não acreditava no que havia se passado. Seu corpo e sua mente foram literalmente desconectados por alguns instantes, e o único pensamento que fazia sentido era... Oh Deus!

– Quinn? – Rachel sorriu ao notar o que acontecia agora. Como era possível que a mesma garota que estava lhe incitando a engajar em um algo a mais, agora não conseguia nem ao menos encará-la? Será que...

– Quinn... Eu não queria forçar algo... Sinto muito por ter deixado você desconfortável... – a morena começou, o sorriso fugindo de suas feições, seu coração afundando em seu peito em vista da mera possibilidade de ter passado dos limites.

Isso foi o suficiente para tirar Quinn da toca.

– Não! Eu é que devo me desculpar...Por ter... Eu... Fui eu quem... – seu rosto voltou a ficar vermelho e ela o escondeu com ambas as mãos. – Oh Deus, Rachel eu perdi o controle. Você deve pensar que sou esse tipo de garota! Mas não sei o que aconteceu... ‘Ela’ começou a pedir por coisas...

– Então... Você não queria...

Quinn tirou as mãos do rosto tão rápido, agarrando Rachel pela gola da blusa, roubando-lhe os lábios com um beijo suave.

– Eu quero. – ela disse assim que se afastou. – Mas...

– Não está pronta. – Rachel completou, entendendo o que Quinn queria dizer.

A loira apoiou a cabeça sobre o ombro de sua companheira, suspirando profundamente.

– É só que...

– Eles estão um tantinho impacientes? – Rachel continuou novamente, entendendo mais uma vez o que ela queria dizer. As bochechas de Quinn voltaram a corar.

Não era muita surpresa na verdade. Victória Fabray havia dito a elas anteriormente que suas metades lupinas poderiam estar um tanto ansiosas demais, para finalmente ficarem juntas. O que acabara de acontecer, só confirmava isso.

Na noite anterior, depois que elas finalmente ficaram juntas, Rachel sentiu seu Lobo explodir de alegria. Ela podia senti-lo desejando pular de satisfação. Mas, hoje ele estava impaciente... E de certa forma, ela era capaz de sentir a Loba Branca ainda mais impaciente que seu parceiro Lobo.

A anciã do Clã da Lua também as havia advertido disso. Victória as disse que a energia liberada pela Loba Branca, era, relativamente, maior do que a do Lobo Negro. Justamente porque estava a encargo dela a continuidade da prole.

Em suma, Quinn teria maiores problemas para se conter.

Rachel franziu o cenho.

– O que foi? – Quinn quis saber ao vê-la com aquela cara.

Rachel abriu a boca para falar, mas uma marretada a interrompeu.

– Acho que é melhor descermos. Com essa barulheira toda, duvido que ainda tenha alguém dormindo. Além disso, não vai demorar muito para sua irmã voltar. – disse a morena.

Quinn bufou irritada e Rachel sorriu. Por fim, a loira passou a mão pelos cabelos, respirando fundo, antes de se voltar para sua companheira.

– Okay. Vou me arrumar. Fique deitada mais um pouco está bem? Eu sei que você não tem dormido bem...

Quinn deu um selinho em Rachel, antes de rolar por cima dela para fora da cama, seguindo na direção do banheiro, fechando a porta atrás de si, deixando uma Rachel boquiaberta na cama.

Quinn sorriu ao ver seu reflexo. Todo seu corpo parecia borbulhar de felicidade, e ela só tinha vontade rir feito uma dessas garotinhas bobas em meio a uma overdose de açúcar. Pela primeira vez, em muito tempo, ela se sentiu bonita o bastante, inteligente o bastante, e mais do que isso, sentiu-se merecedora de sua companheira. Sim, porque Quinn Fabray, por mais que demonstrasse ter tudo sob controle, nunca na verdade se sentiu boa o bastante para ser a companheira do Alfa. Muito menos, quando finalmente descobriu que Rachel era esse Alfa.

A criança que crescera entre inseguranças de nunca ser boa o bastante para ocupar o posto de “primeira dama” na alcateia, havia se convertido na jovem que se perdera em um mar ainda maior de incertezas, quando conseguiu retirar o véu que lhe cobrira os olhos por todo esse tempo, e que lhe impedira de enxergar a magnitude de seus sentimentos por Rachel.

Mas agora não haviam dúvidas ou receios. Seu coração havia encontrado seu lar e sua metade lupina, riam, praticamente ronronava satisfeita, aninhada ao lado de seu companheiro.

A loira cantarolava ao sair do chuveiro, enrolada numa toalha felpuda de estampa de ovelhinhas, parando junto ao armarinho junto a bancada da pia e procurando por um dos pacotinhos com escovas de dentes descartáveis que ela sempre mantinha guardadas, para os dias que Brittany ou Santana passavam a noite. Tirando uma delas do pacote e a colocando sobre a pia, para Rachel.

Depois, avistando sua escova de cabelos, Quinn mordeu o lábio. ‘Será que ela vai se incomodar de dividir?’

Ela não tinha como afirmar se Rachel gostava de usar escova, ou pente, ou os dois para pentear seus cabelos. De qualquer forma, Quinn limpou a escova, se livrando os fios loiros, que sempre ficavam espetados nas cerdas.

‘Oh, Fabray. Agora vai começar a paranoia? ’, pensou ao mesmo tempo que seus olhos começaram a scanear o banheiro em busca de imperfeições.

Enquanto isso, Rachel ainda estava deitada na cama, literalmente, encarando o teto. Precisava conversar com Santana e saber se ela havia descoberto algo. Mas, ali mergulhada no inebriante aroma da essência de sua companheira, seria difícil de se concentrar em algo além da bela loira que agora cantarolava no banho.

Ela e Quinn haviam enfim encontrado o caminho que as levaria a felicidade.

Ainda lhe parecia surreal ás vezes ela tinha que admitir. Há alguns meses, se alguém lhe dissesse que Quinn Fabray estaria ligada a ela de uma maneira tão intima, Rachel provavelmente teria rido na sua cara, só para depois se fechar em seu casulo, remoendo a ínfima possibilidade de aquilo realmente acontecer.

Mas agora?

Deitada na cama de Quinn, tendo passado a noite com a garota envolta em seus braços, tendo sentido como seus lábios pareciam saborear o gosto um do outro, sabendo o quão perfeito era o encaixe de seus corpos; Rachel não conseguia cogitar a possibilidade de não ter mais Quinn em sua vida. Por isso, não importava o que ela tivesse que fazer, Rachel encontraria e desmascararia esse inimigo oculto.

‘Tinha uma presença... Um alguém estranho.’, isso ela tinha certeza.

Sua metade lupina também havia sentido. Assim como um outro alguém... Um traidor. Um alguém que muito habilidosamente mascarou sua essência. Talvez pensando ser suficientemente talentoso para se esconder da Alfa. Mas, o Lobo Negro era muito mais poderoso que qualquer outro. Rachel estava ciente disso agora.

Quando Quinn cedera, e seus lábios se encontraram, ela pode ouvir.

‘Meu poder, é teu poder. E agora vai crescer mais, fluindo impetuosamente em tuas veias, através da força que a Lua traz. Porque tu és minha cria, minha primogênita, minha herdeira, meu sangue e minha carne. Estarei contigo em breve. Minha filha.’

Não, Rachel não reconheceu a voz. Mas algo dentro dela pareceu ficar maior.

Expandir.

O inimigo não seria capaz de se camuflar novamente.

Quinn saiu do banheiro com cuidado, quase na ponta dos pés. O quarto estava emergido no mais absoluto silêncio e ela supôs que Rachel tivesse cochilado. Então a morena levantou a cabeça dos travesseiros, sorrindo em sua direção e a loira sorriu de volta.

– Adoro te ouvir cantar. – a Alfa comentou com um sorriso maroto.

Quinn revirou os olhos. É claro que Rachel a tinha escutado.

– Deixei uma escova de dentes nova em cima da pia, e pode usar a minha escova de cabelos... – ela falou mudando de assunto, enquanto sentava na beirada da cama acariciando os cabelos castanhos de sua companheira.

Um leve ronronar saiu da garganta de Rachel. O que fez o sorriso de Quinn aumentar ainda mais.

– Gosto daqui. Não me expulse assim tão cedo. – Rachel atestou, caindo novamente sobre o colchão, voltando a se aninhar sobre os lençóis. – Tem seu cheiro. É bom.

– Mas foi você quem disse que devíamos sair desse conforto, sabichona. Se dependesse de mim-urg!

Quinn não teve a chance de terminar o que dizia. Rachel a agarrou pela cintura, a virando sobre o colchão, girando seus corpos rapidamente por entre os lençóis e terminando sobre a loira, com um sorriso arteiro estampado na cara e com um olhar que denunciava muito bem o quão travessa ela podia ser. Uma visão que fez o sangue de Quinn correr mais rápido em suas veias. Seu coração batia fortemente e aquela sensação voltou a pulsar dentro dela.

A expressão no rosto de Rachel mudou no mesmo instante que Quinn sentiu o calor se espalhar naquele ponto bem abaixo de seu ventre. Ela assistiu as pupilas de sua companheira dilatarem, e mordeu os lábios reprimindo um gemido quando Rachel a puxou ainda mais para junto de si.

Todos os sons do mundo pareceram morrer novamente. Não havia nem menos o zunido do silêncio. Na verdade, o único som que parecia alcançar Quinn era a respiração de Rachel, que ficara pesada e cada vez mais próxima. Seus lábios se chocaram logo em seguida, mas dessa vez, de um jeito mais... Quente?

A vozinha que sussurrava ‘rápido demais’ durante a noite, e até mesmo mais cedo, quando ela e Rachel se beijavam, havia evaporado. Oh, dessa vez, nem os apelos frenéticos de sua irmã podiam distraí-las. Quinn tinha certeza.

‘Faça-me sua...’, Quinn pensou, somente para seguida ouvir a voz de Rachel reverberar naquele tom dual, que só a deixava mais excitada.

‘Minha...’

E nada pareceu mais certo do que sentir a palma da morena deslizar por sua coxa, seus dedos ansiosos, já tocando a renda que contornava sua calcinha, enquanto a voz repetia infinitamente ‘Minha’ em sua mente e ouvido. Quinn pode sentir a breve caricia sobre o tecido completamente úmido de sua lingerie; o polegar pressionando levemente o ponto que Quinn descobriu ser o exato local onde ela mais desejava que Rachel estivesse. A loira arqueou as costas, já antecipando o momento onde não haveriam mais barreiras entre ela e aquelas caricias... Até que... Tudo sumiu.

Quinn sentou na cama de uma vez, totalmente descabelada, rosto vermelho, lábios inchados e pior, extremamente frustrada. Ela viu sua companheira de pé já inacreditavelmente do outro lado do quarto, com as mãos para cima e a boca aberta, quando ela estava prestes a levantar da cama, correr até lá e literalmente estrangular Rachel com suas próprias mãos, ela ‘a’ percebeu ao seu lado.

‘Ela’ era pequena, mas não tão pequena. Talvez um pouco menor do que Rachel antes de seu despertar. Seus olhos eram verdes, assim como seu cabelo e pele. Bem, ela era uma gracinha, e as olhava com seus olhos redondos cheios de esperança e alegria.

– É agora? – a vozinha aguda alcançou os ouvidos de Quinn, que permanecia de olhos arregalados para a pequena e mítica criatura que pulava no mesmo lugar, batendo palminhas de ansiedade.

MEU. DEUS.

– Uma Ninfa? – Quinn constatou, se afastando da pequena ninfa e quase caindo da cama no processo.

– NINFA?! – Rachel do outro lado do quarto exclamou, arregalando ainda mais os olhos para a versão verde e um tanto maior de uma fada dos contos, tapando a boca com uma das mãos.

– Sim! Uma Meliade! Meu nome é Melisse e eu sou sua ninfa da fertilidade! E então? É agora? - continuou a ninfa num tom entusiasmado.

Mesmo ainda chocada pela presença da ninfa, Quinn sacudiu a cabeça, enunciando cada palavra devagar, sentindo suas bochechas corarem e evitando o máximo olhar para Rachel.

– Melisse, certo? – ela viu a pequena ninfa sacudir a cabeça para ela afirmativamente com um sorriso gigante estampado no rosto. – Mas... O que exatamente você quer saber?

Do outro lado do quarto Rachel parecia dividia entre a vontade de sair correndo e de correr até Quinn e depois sair correndo com ela dali.

‘Oh Deus, o que foi que eu fiz para enfurecer uma ninfa? Eu sabia que devia ter me controlado! Agora eu vou engravidar de um furão!’

Melisse pareceu perceber isso e se virou para Rachel. Imediatamente a cor pareceu evaporar das feições da morena.

– Eu não vou fazer isso, Alfa. – a ninfa se pós a rir. – Até mesmo porque, quem vai carregar o bebê é a herdeira da Lua!

Foi a vez de Quinn cair para trás.

– O QUÊ! NÃO! PAPAI VAI TER UM ENFARTO! E MAMÃE VAI ME MATAR SE NÃO PUDER FAZER MEU ENXOVAL DE NOIVA PRIMEIRO!

– Hmmmm. – Melisse olhou para elas e mordeu o lábio. – Então porque vocês me trouxeram aqui?

Quinn balbuciava palavras sem sentido, enquanto Rachel mexia os lábios sem emitir som algum.

– Ai... Ai... Novatas? – perguntou a ninfa, sentando-se na cama. – Sabia que vocês não podem ficar brincando com isso? É algo sério, e se, por acaso, eu não tivesse perguntado? Eu podia muito bem ter ficado quietinha, se a fogosa ali não tivesse puxado meu pé por engano, enquanto buscava se apoiar melhor na cama!

Oh, então Rachel havia puxado o pé da ninfa e acabou as salvando de uma gravidez acidental... Agora Quinn não se sentia frustrada... Quer dizer... Não tão frustrada.

A dita ‘herdeira da Lua’ sentiu seu rosto corar. A ninfa direcionou sua atenção para ela.

– Você também não fica atrás, Filha da Lua. Que fogo, hein? Se você não controlar esse seu instinto, vai acabar grávida de quadrigêmeos a cada ciclo!

Agora foi a vez de Quinn ficar pálida.

– Desculpa, senhora Ninfa Dona Melisse? – a voz da Alfa tremulava pelo ar, mesmo Rachel tentando parecer segura de si, ainda de pé no canto do outro lado do quarto.

– Pode me chamar de Melisse, Alfa. – a ninfa disse gargalhando.

–Bem, Melisse... Será que... É que eu... Bem... Não entendo...

Melisse sorriu carinhosamente para Rachel, cruzou as pernas sobre o colchão e com toda paciência do mundo começou.

– Okay. Vejam só. É extremamente importante que vocês, lobos, passem seus genes adiante. Isso fortalece os clãs e impede que a espécie de vocês suma. Então, desde o princípio, Fenrir sabia que não haveriam distinções entre os tipos de casais formados por sua prole e seus descendentes, por isso, para garantir que qualquer casal fosse capaz de procriar, o Deus Lobo fez um acordo conosco, as Ninfas. Os únicos seres capazes de transmutar as essências vitais e fecundá-las na natureza, de transmitir os genes daqueles cujo o companheiro ou companheira fosse do mesmo sexo. Serviríamos de útero, para aqueles que o precisarem, e seriamos a fusão necessária para fertilizar o óvulo para aquelas fêmeas que se amassem.

Rachel assentiu séria enquanto Quinn corava ainda mais.

– E como isso ocorre? – a morena se viu perguntando, se aproximando da cama.

– É necessário existir primeiro uma conexão entre elas. Depois, o desejo deve sobrepor qualquer coisa. A vontade de ter a prole, de possuir e marcar sua companheira não é suficiente. Também deve existir aquele desejo de dar continuidade a vida. Então, bem... Vocês já devem ter adivinhado que isso ocorre através da forma tradicional.

Quinn encarava a ninfa boquiaberta, mas quando Rachel assentiu, o queixo da loira quase despencou de vez.

– Entendo... E porque você disse que a Quinn seria aquela que ficaria grávida?

Quinn sentiu-se virar um tomate maduro. Rachel queria filhos com ela. Oh. Meu. Deus!

–No caso dos pares Alfa, normalmente é o lobo de menor hierarquia que possui a forma de fêmea na transformação, por isso é capaz de carregar a prole sem problemas. E no caso de vocês, seria a Filha da Lua.

Rachel sentiu suas bochechas corarem. A verdade é que uma imagem de Quinn grávida havia lhe passado na cabeça. Ela havia imaginado Quinn se entregando a ela, e por um milissegundo, a visão de Quinn gerando sua prole havia lhe preenchido a mente. Foi um desejo atrelado a todos os desejos carnais que ela estava experimentando naquele instante e, inacreditavelmente, aquela visão de Quinn grávida de um herdeiro seu, despertou nela algo maior que qualquer desejo. Seu Lobo rosnou furiosamente em sua mente, exigindo aquilo. Ela era sua, seu eu lupino dizia. Ela era dele e carregaria sua prole.

A Ninfa inclinou a cabeça para o lado.

– Vai ser difícil controlar, não é? – disse olhando para Rachel, que corou profusamente. – Posso imaginar... – continuou a ninfa olhando para Quinn. - Ela é absolutamente irresistível.

Quinn piscou os olhos confusa e Rachel rosnou baixinho.

Melisse gargalhou.

– Muito bem! Acho que por agora meus serviços não serão necessários! Mas não hesitem em chamar. Estarei esperando! – a ninfa cantarolou alegremente e olhou para Quinn, um sorriso maroto se espalhando por seu rostinho verde. – Até breve, Filha da Lua.

E num piscar de olhos, ela sumiu.

Wow. Aquilo tinha sido surreal, pensou Rachel, finalmente relaxado.

– Bem, até que não foi tão ruim...

– O QUÊ ELA QUIS DIZER COM ‘ATÉ BREVE, FILHA DA LUA’?

Oh boy. Quinn definitivamente não tinha a mesma opinião que ela.

...

TRÊS HORAS DEPOIS.

– Você está com um cheiro enjoado...

Quinn fechou a cara para Santana, puxando uma caixa de cereal e estapeando a porta do armário da cozinha, que fechou de uma vez, ecoando o bum por toda área.

– ...E mais mau humorada que do costume...

Quinn agarrou uma caixa de leite de dentro da geladeira, mais uma vez enfiando a mão na porta, que se fechou com um baque seco.

– ...Também parece um tantinho frustrada...

Quinn largou uma caixa de cereal e o leite sobre o balcão e se virou para encarar Santana, cruzando os braços sobre o peito, amarrando ainda mais a cara.

A latina arregalou os olhos.

– OH. MEU. DEUS! Já? Nossa... Quem diria... Não é que a Rachel é ligeira?

Quinn travou o queixo irritada.

– Ah, para com isso, Quinn. Você devia estar se sentindo mais leve...A não ser que aquela sua irmã maluca tenha atrapalhado seus planos, HÁ! Foi isso, não foi? Ah, mas diga para Tia Snixx aqui, todos os sórdidos detalhes antes da interrupção...e ai? Até onde vocês foram? – ela deu uma daquelas risadinhas enervantes e continuou. – Rachel já conseguiu ter acesso as áreas mais baixas? Porque você está definitivamente precisando relaxar, Quinn, e uma boa chupa-

A loira tapou a boca de sua amiga.

– Melisse, a nossa Ninfa da Fertilidade apareceu, Santana. – ela disse pausadamente, assistindo os olhos de Santana perderem o ar ‘gozador’ e se arregalarem em choque.

A morena tirou a mão da sua amiga de sobre sua boca e a olhou totalmente perplexa.

– Uau. Nunca cheguei nessa fase... – a garota murmurou e seu olhar vagou para o ventre da amiga. – Uau... Rachel é minha guru...

Maravilhada, Santana esticou a mão para tocar a barriga de Quinn, mas antes que ela o fizesse, a loira deu um tabefe em sua mão, revirando os olhos.

– Eu não estou grávida, Santana!

– E o que raios a tal ninfa foi fazer lá? – perguntou Santana irritada, sacudindo a mão.

– Aparentemente nós a chamamos até lá... Eu não entendi ao certo. Rachel começou a fazer um milhão de perguntas e eu não consegui me concentrar em mais nada a não ser o fato de que eu poderia ter uma criança no ventre agora!!!

Santana a encarou por um momento.

– E isso seria ruim?

Quinn a encarou perplexa.

– Quer dizer... – Santana recomeçou. – Eu sei que vocês mau conseguiram alinhar os pontos, e que ainda não exploraram tudo que podem... Mas seria tão ruim? Eu e Britt já tentamos várias vezes, mas nunca nenhuma delas apareceu...Então... Isso talvez signifique algo, não é?

Quinn parou para pensar. Não... A ideia não era ruim... Só assustadora, talvez? Só pensar em ter Rachel a possuindo dessa maneira, deixando um pedaço dela no ventre de Quinn a fazia tremer em antecipação... Mas ela ainda se assustava com a mera possibilidade de tal responsabilidade.

Quinn tocou seu ventre.

– Não... Não é ruim... Eu. Na verdade... Eu gosto, mas algo me diz que não é a hora.

– Entendo. – disse Santana, puxando a caixa de cereal e derramando uma boa quantidade dentro de uma tigela, para logo em seguida empapar o conteúdo com leite.

– Você quer engravidar da Britt? – Quinn disparou e Santana cuspiu todo cereal que acabara de por na boca, melecando toda a bancada.

– Que droga, Fabray! Dá para ser mais sutil? Isso é particular!

– Foi você quem falou que tentou!

– Escapou no momento!

– Não me interessa! Agora eu quero saber!

– Vai morrer querendo!!!

– Meninas? Sobre o que vocês estão falando? – a voz de Judy Fabray as fez voltar a realidade, e Quinn arregalou os olhos para a figura de sua mãe, parada na entrada da cozinha.

– Nada mamãe! – disse Quinn, sentindo seu rosto corar imediatamente.

– Não se preocupe, senhora Fabray. Só estávamos falando sobre filhotes, sabe? A Quinnie estava dizendo o quanto seria maravilhoso ter pequenos filhotes correndo pela casa... Mordendo os sapatos!

A mãe de Quinn gargalhou abraçando sua filha.

– Oh Quinnie, mas você sabe que sua avó iria surtar com um filhote por aqui! Lembra da Lassie? Frannie teve que economizar a mesada durante seis meses para repor aquele sapato!

– Pois é, Quinnie. Sua avó iria surtar com um filhotinho sem vergonha, hiperativo e melodramático, mordendo os sapatos dela.

Quinn agarrou caixa de cereal e sacudiu todo conteúdo na cabeça de Santana, antes de executar um perfeito ‘diva storm out’ da cozinha, deixando sua mãe apática.

– O que foi isso? – Judy perguntou confusa.

Santana sacudiu os cabelos, tirando os pedaços coloridos de Lucky Charms dos cabelos.

– Isso, é a prova que o drama é contagioso...

...

Rachel atravessou o corredor que levava a UTI a passos largos. Ela avistou o Dr. Lopez no final do corredor, com uma prancheta em mãos, conversando com uma jovem de longas madeixas loiras e olhos esverdeados. Francine Marie Fabray seria a cópia exata de sua irmã, senão fosse pela pequena diferença de altura entre as duas, o verde mais vivo dos olhos, assim como, pela atitude efusiva e postura mais relaxada, que sempre foram características completamente opostas ao comportamento mais introvertido da sua irmã caçula, que mesmo em seus gloriosos dias de HBIC, não conseguia disfarçar o quanto, às vezes, ser o centro das atenções lhe irritava.

Frannie percebeu sua muito em breve ‘futura cunhada’ se aproximar e se voltou para recebê-la.

– Hey, Rach. – abraçando a morena, sussurrou. – Eu tive que quebrar um jarro de flores no estúdio da Grandmerè para distrair papai esta manhã. É bom que eu não me arrependa disso, okay?

Rachel sentiu um calafrio percorrer suas costas.

– Bom dia, para você também, Francine... – murmurou a Alfa um tanto corada. Ela se afastou da garota e cumprimentou o Dr. Lopez. – Bom dia doutor. Então? O que é tão urgente?

– É Tio, para que tanto suspense? Ainda não entendi porque tive que vir. Lena que gosta desse tipo de coisa... Eu não sou muito fã de hospitais...

O médico fez um sinal para que elas o seguissem e parou um pouco mais adiante, mais próximo da área isolada da UTI. Uma área reservada para casos onde existe perigo de contaminação. Exatamente onde o médico costumava encaminhar aqueles Lobos que haviam sido gravemente feridos... E que por agora, abrigava Fernando Di Ângelo Marconi.

– Ele está bem? – Frannie perguntou sobressaltada.

Rachel franziu o cenho, buscando a resposta no olhar do médico, que por fim falou.

– A verdade é que ele acordou ontem de madrugada...

Frannie respirou aliviada, ao mesmo tempo que Rachel respirou fundo.

– Sério, doutor. Então para que tanto segredo? Podia ter nos dito logo! – reclamou a Alfa.

– Desculpe, mas não é tão simples. Ele não se lembra de nada... Bem... Na verdade, ele só se lembra de uma pessoa.

Rachel coçou a cabeça irritada. Ela estava começando a se sentir em um daqueles programas onde o apresentador chama os comerciais, só para manter a audiência.

– E podemos saber quem? – perguntou a morena.

O médico olhou para Frannie e a garota arregalou os olhos.

– Como é? De mim?

– Não exatamente.

Tanto Frannie como Rachel pareceram confusas com a declaração. O médico suspirou.

– Acho que é melhor entrarmos. Passamos a manhã toda tentando entender o que havia acontecido, e apesar de não fazer ideia de como isso aconteceu, eu gostaria de testar a teoria. – ele disse abrindo a porta de isolamento e seguindo para uma área ampla, com grandes janelas de vidro que deixavam a vista o quarto equipado com vários dispositivos e máquinas de diagnostico rápido, encostados nas paredes. No centro do quarto, uma larga cama hospitalar e sentado sobre ela, coberto por fios ligados a vários monitores, estava o rapaz. Ele segurava um livreto velho onde estava escrito ‘Caccia di Diana’ de Giovanni Boccacio, na capa.

– Ele parece bem... – comentou a Alfa, observando o rapaz ler tranquilamente.

– Bem, não é exatamente a recuperação física que me preocupa. – respondeu o médico, e depois se voltou para Frannie. – Francine, entre conosco, por favor. Eu só peço que não falem nada. Não importa o que aconteça, deixem-me conduzir a conversa, okay?

Rachel franziu o cenho.

– Ele oferece algum perigo, doutor? – a Alfa quis saber, olhando de relance para Francine.

O médico negou com a cabeça.

– Somente para si mesmo... Infelizmente. – respondeu o médico tristemente. Elas olharam para ele um tanto intrigadas, mas o seguiram quando ele seguiu para abrir a porta.

– Bom dia, Fernando. Como se sente hoje? – perguntou o médico, assim que passou pela porta que separava o quarto da área de isolamento.

O rapaz suspirou, sem tirar os olhos do livreto, a princípio.

– Estou bem, dottore. Ma, ficarei ainda melhor la seconda que me deixarem vedere mia... Isabella...

O rapaz havia erguido o rosto e suas feições se iluminaram no mesmo instante. E então, ele se levantou de uma vez da cama, puxando os fios do peito e correu na direção delas. Rachel até se preparou para reagir, mas, o que ela viu a seguir a fez congelar no lugar, completamente perplexa.

Fernando tinha abraçava Francine Fabray, como se tivesse esperado sua vida toda para tê-la em seus braços.

È tornato a me, amore mio.


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Notas finais do capítulo

Chase extremamente concentrada, de cara nos livros, no mais absoluto silêncio.
De repente, um zunido pertubador retumbou pelo cômodo. Era um barulho horrendo, inacreditavelmente agudo, pela janela, Chase viu um gato se jogar do telhado assustado.
O meowwwwwwwww acompanhou a queda do bichano até ele atingir um latão de lixo e correr rua abaixo.
Assustada, Chase caminhou pela casa, até perceber que o barulho infernal vinha da varanda.
Ela olhou por uma brecha e ao ver quem estava lá fora, revirou os olhos. Mas a porta se abriu de uma vez, mal dando-lhe tempo de tomar uma atitude.
— REGIIIIIIIIIINAAAAAAAA AGORA EU SOU MAIS EVIL QUE VOCÊ! Há há há!
Chase encarou Dana, agora toda vestida de preto, com pantufas com design de panda nos pés e segurando sua arma mortal: um violino.
— CONTEMPLE MINHA TRILHA SONORA MACABRA!
— Põe macabra nisso... Até o gato quis cometer suicídio, sua maluca! Me dá isso aqui, agora! Ou dê adeus a lasanha que fiz para o jantar!
Dana arregalou os olhos, jogou o violino para cima e levantou as mãos para o céu.
—Estou curada! Longa vida a EVIL QUEEN!!!!
Chase suspirou, revirando os olhos mais uma vez.