Mamãe estava no banco de trás juntamente com meu padrasto, meu pai estava dirigindo e eu estava no banco do carona. Estava com a cabeça encostada na janela, com fones ouvindo uma playlist qualquer enquanto fazia o possível para não me debulhar em lágrimas.

Um mês havia se passado e ele não dava nenhuma notícia, tudo o que vivemos não passou de uma mera diversão para ele. Eu havia percebido que ele estava estranho nas últimas semanas, mas não imaginava que era isso, já estava tudo planejado, eles partiriam em pouco tempo, contudo mesmo assim ele continuou me fazendo juras de amor, continuou me iludindo, ouve até o momento em que eu cedi por completo. Entreguei-me a ele por completo dois dias antes dele partir; depois que os Cullens partiram, era como se eles nunca tivessem passado por ali.

Ele nem havia se importado comigo, com tudo o que havíamos passado.

— Está tudo bem, Bella? Está quieta, está passando mal de novo?— Charlie perguntou. Mamãe parou de falar na hora e olhou pra mim me analisando.

— Não. Eu estou bem, pai. — sorri um pouco.

Okay, eu não estava tão bem assim. Depois que ele me deixou, eu praticamente entrei em depressão, eu havia desistido de tudo. Não comia direito, e depois de um mês passei a colocar para fora o pouco que ingeria. Passei a dormir por mais tempo, mas quando acordava não me sentia descansada, a noite era turbulenta e recheada de pesadelos.

— Bells...

— Está tudo bem, pai. É sério. — Charlie sabia que eu estava mal pela partida dele, é por isso que estamos nesse carro agora. Ele se importa comigo, por isso pediu a ajuda da minha mãe. Era véspera de natal, e Renée havia decidido que iria passar esse feriado conosco, Phil como um bom marido veio também, então Charlie e eu fomos buscá-los no aeroporto de Port Angeles.

— Você deveria esquecê-lo. — ele disse desviando o olhar da estrada e me encarando. Seus olhos em um tom de chocolate derretido me observavam com cautela e preocupação.

O choro ficou preso em minha garganta. Quando abri a boca para dizer novamente que estava tudo bem, aconteceu.

Estava de noite então tudo o que vimos foram os faróis do caminhão enquanto ele se chocava contra o nosso veículo.

Minha visão estava embaçada, ouvi gemidos de dor, pareciam que eram de Renee. Tentei chamar por ela, entretanto minha voz não saia, não podia me mover, meu corpo estava pesado e eu mal podia senti-lo.

Senti uma fisgada em meu ventre, ofeguei, estava ficando cada vez mais difícil respirar, eu sabia que havíamos batido, eu sabia que minha família podia estar toda morta, eu sabia que eu podia não resistir.

A última coisa que vi foram dois olhos cor de avelã, a última coisa que senti foi mais uma fisgada no ventre e depois dois braços fortes me pegando, então tudo foi ficando cada vez mais escuro, até que eu me entreguei para a escuridão.