Simplesmente contos Semi interativa escrita por Matheus Cavallini Amaral


Capítulo 1
Capítulo 1 - Colecionador


Notas iniciais do capítulo

Como é o primeiro capítulo irei avisar, nem todos os contos ligam-se uns com os outros. Espero que gostem. Um abraço a todos.




Este capítulo pertence ao arco um, o qual se passa na idade média.



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A chuva torrencial caía fracamente, nas ruas alagadas de uma pequena cidade um menino corria exasperado, trazia em sua mão um desenho, nada muito bonito ou complexo, apenas a representação da pequena igreja que margeava o centro. O sorriso em seus lábios era o mais tocante em sua aparência, leve, doente e franzina. Pouco havia para almejar para seu futuro, filho de artesão com uma meretriz das vilas ao redor, de riqueza, nada possuia, faltava-lhe comida, roupas e sabedoria. Como todos seguia para a igreja todos os dias,sempre escutando de fora as sábias palavras desconhecidas.

Certa vez ele perguntou:

-Pai, o que querem dizer as palavras? - seu tom era inocente, seu rosto era alegre, a sujeira em suas bochechas e o suor constante marcavam o exaustivo dia de trabalho como aprendiz.

-As palavras não devem ser entendidas, ao menos não por nós - disse por fim, o garoto insatisfeito insistiu na pergunta e apenas recebeu um forte tapa em seu rosto - cale-se e vá fazar algo de útil.

O garoto então foi embora de sua casa, uma construção simples e primitiva, feita de madeira e palha, andou pela cidade pensando nas perguntas que atingiam sua mente, para um simples servo sempre foi considerado muito inteligente, ou apenas irritante e curioso, como era tido por muitos. Depois de tanto tempo perambulando pelas ruas da cidade acabou por conhecer diversas pessoas dos mais variados tipos, seu desejo de saber contudo sempre ficava atiçado.

A impetuosidade em seu coração não o afastou dos mais obscuros locais da cidade, um dia durante seu caminhar avistou uma casinha, de lá nenhum som fazia-se ouvir, como sempre a curiosidade martelou sua mente até que por fim o convenceu a ir. Ao chegar mais perto via apenas o que restava do que um dia foi uma casa, as paredes pareciam frágeis e prestes a desmoronas a palha do teto estava velha e fétida e o lugar à sua volta cheirava a esterco, contudo sentia que algo estava la dentro, algo vivo e então abriu lentamente a porta, e lá estava, sentada no canto do edifício estava uma garota, esta pulou assustada ao escutar o barulho da porta, carregava em suas mãos um pedaço de material claro e fino e no outro um pedaço de madeira queimada, sua aparência era rude, até mesmo para os servos, as vestes que trajava estavam rasgadas e sujas, o rosto sujo e magro, a fome parecia atingir-lhe intensamente, os cabelos desgrenhados ameaçavam o tom castanho e os olhos, possuíam a beleza da inocência e a ferocidade da ignorância eram da cor do mais doce mel e pareciam ser capazes de dominar tudo em seu caminho.

-Quem é você? - perguntou o garoto, sua curiosidade ainda inflamava, desejava saber o que a garota trazia nas mãos, porém um certo medo instalara-se dentro de seu coração.

A garota então respondeu "Não sei" e desatou a chorar, as lagrímas cobriam-lhe o rosto, o garoto desesperado aproximou-se dela e ofereceu um pedaço das vestes para secar as lagrímas da míserável menina. Ela agradecida, entregou-lhe o papel que estava em mãos, era apenas o rabisco de algo, trazia apenas algumas linhas em uma forma cúbica e uma cruz, era simples, porém o garoto olhou para o desenho e fitou-o por vários instantes antes que retomasse os sentidos.

-Você sabe o que é isso? - perguntou então o menino, e a menina respondeu mexendo a cabeça de forma positiva, começou então o garoto a bombardea-la de perguntas, algumas fúteis outras complexas, para os servos, e todas a garota parecia estar pronta para responder e a partir daquele momento com um sorriso no rosto.

Outras vezes o garoto foi visitá-la e sempre a enchia de novas perguntas e agora as respostas não vinham sempre, contudo o desejo de sempre aprender algo novo fez com que ele não se desapontasse com os deslizes da companheira de estudos. Nos dias que seguiram costumava chegar atrasado em casa, o que rendia-lhe bons pontapés e as vezes roubava a comida do estoque ou do mercado e levava para a garota da cabana, e esta sempre o presenteava com um novo desenho e novas histórias e saberes.

-Um dia será um grande homem - a garota sempre dizia, e o rapaz sempre tornava a ficar vermelho de vergonha ao escutar.

Muitas tardes como essa se passaram e a cada dia o garoto sabia mais, as vezes chegando a desbancar o pai e mais violência o aguardava, mas nada disso importava, a fome em seu corpo era saciada pela satisfação, a pobreza e miséria que a todos atingiam a ele pareciam sequer afetar, apesar de suas roupas destruídas, seu cabelo desgrenhado, seu corpo magro e coxo, apesar de sua insignificância trazia sempre consigo o desenho e o sorriso em seu rosto.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo saíra no dia 10, espero que tenham gostado, se possível deixem suas opiniões e ideias que possam melhorar as histórias.



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