Finnick estacionou em frente a casa de Cato e já podíamos ouvir a musica e ver as luzes piscando pelas janelas. Varias pessoas andavam pelo extenso jardim em direção a casa.

– Aula rápida – disse Finn – Não aceite nenhuma bebida que ninguém te oferecer, se você for beber peça a mim ou a Annie, tenho quase certeza de que ela não ira te embebedar – Ele a olha e ela levanta uma da sobrancelhas – Talvez role drogas. Eu nunca vim a uma festa de Cato, mas nunca se sabe o que pode rolar, tome cuidado. E tente não sair de perto de mim ou Da Annie por que será meio difícil nos encontrarmos.

– Eu não sou um bebe Finnick, sei muito bem me comportar e você sabe que eu não curto bebidas alcoólicas. – me defendi já impaciente. Eu queria entrar logo e ver Cato.
Apesar de tudo eu estava animada com a festa de hoje, seria a minha primeira e se tudo saísse como planejado, eu beijaria Cato esta noite.

– Ah meu doce, nunca se sabe o que pode acontecer lá.

– Vamos logo com isso Finn, eu preciso ir no banheiro – Ann reclama e ele concorda. Pego minha pequena bolsa, que continha meu celular e carteira e rumo para dentro da casa.
Podia ver várias pessoas do colégio dançando com copos vermelhos, espalhadas pela casa.
Ann sobe para o banheiro e Finn a segue. Espero eles por um bom tempo, mas não os encontro mais. Legal Finnick, você diz para eu não sair da perto e a primeira coisa que você faz é me abandonar pra ir fazer sabe-se lá o que com a sua namorada. Argh! Não quero nem imaginar o que estão fazendo. Assim que entrei no meio das pessoas elas me olharam um pouco surpresas. Annie tinha feito uma maquiagem simples em meu rosto, até por que eu não gostava de nada muito carregado, e o vestido de Cash havia servido muito bem em mim. Me recusei a usar salto, pois sabia que uma hora iria cair, então vim com uma sapatilha preta simples.
Avistei Peeta sentado em um banco alto, de costas para o pequeno balcão no fundo da sala, com um dos cotovelos escorados nele. Atrás dele, um bartender fazia vários movimentos com a coqueteleira, preparando bebidas. Senti um frio na barriga quando o vi. Talvez pelo beijo de hoje, que infelizmente mexeu comigo. Afinal foi o meu primeiro beijo, beijo de verdade, não aquilo que Castor tentou fazer
Foi suave, doce, calmo. O oposto do que Peeta Mellark era.

Vou em sua direção e ele parece surpreso quando me vê
O que tinha de errado comigo? Será que meu cabelo estava feio? Ou havia batom em meus dentes?

–Katzinha - sorri malicioso. Ele me mediu e franziu o cenho. Definitivamente tinha algo errado em mim.

–O que? Meu dente tá sujo?
Automaticamente levo meu indicador a minha boca e limpo meus dentes da frente. Mostro para ele e pergunto se saiu
Peeta da risada.

–Não tem nada de errado com vc Katniss. Você está perfeita - Ele pronuncia as palavras com naturalidade, como se as dissesse a todo dia, como se me dissesse que dia era hoje ou que horas eram.
Ele havia dito que eu estava perfeita.
Minha mente processava cada letra dessa palavra. Repiti a frase em minha cabeça

"não tem nada de errado com você Katniss. Você está perfeita"

"Você está perfeita"

"Perfeita"

Será que ele estava falando sério? Ou estava apenas tirando uma com a minha cara? Não havia sinais de sarcasmo em sua voz.
O olho para ver se sua expressão era de diversão, mas ele apenas olhava para o outro lado da sala, observando tudo.
Ele deveria falar isso toda hora para as mulheres da vida dele. Me dou conta do que acabei de pensar, eu era uma mulher da vida dele? Em qual momento eu comecei a me importar tanto com o que o Mellark diz? Já que ele estava tratando isso com naturalidade, decido fazer o mesmo. Sento no banco ao seu lado e ambos ficamos quietos pelo que pareceram longas horas.
Eu observava algumas garotas do colégio descendo até o chão ao som de uma música animada que eu desconhecia quando Peeta estalou um copo no balcão. Dentro dele havia alguma bebida transparente, que eu podia facilmente confundir com água.
O olhei um pouco confusa, e ele segurava outro.

– Tequila - disse perto do meu ouvido devido à música que parecia ter aumentado muito de repente

– Eu não gosto

– Vamos lá Katzinha essa é a sua primeira festa, você tem q se divertir pelo menos um pouco. - mordo meu lábio inferior. Lembro-me das palavras de Finnick, mas quem se importa. Seria apenas esse e eu não ficaria bêbada com um copo de tequila.
– Só esse - digo e ele sorri

Peeta me ensina que devemos chupar um limão com sal antes de tomar.
Eu odiava limao e tinha quase certeza de que com sal não ficaria mais gostoso. O imito chupando o limao com sal, sinto o azedo em minha boca, mas ele logo é cortado pelo gosto forte da tequila. A bebida descia queimando pela minha garganta. O gosto era horrível! Como alguém conseguia tomar isso por puro prazer?
Faço uma careta e Peeta ri da minha situação.
Ele grita em comemoração enquanto eu ponho o copo no balcão
Meu corpo se anima automaticamente quando uma música do black eye peas começa a tocar
Dou um grito, mais animada. Eu amava essa música
Peeta parece sentir o mesmo, porque ele dá um pequeno grito e joga uma mão para cima
Ele me olha e puxa minha mão

– Aonde está indo? - questiono

Ele me leva até a pista de dança, havia várias pessoas lá, e foi exatamente por isso que eu me opus na mesma hora a dançar junto com ele.

– Ah qual é? Se diverte - ele grita devido ao volume da música

– Eu não sei dançar

– eu também não - Ele começa a fazer seus próprios movimentos e eu dou risada - mas sei me divertir. - Ele me puxa pelas mãos e me faz dançar, e depois de um tempo já estou dançando junto com ele.
Uma música mais lenta começa a tocar, e algumas pessoas a nossa volta fazem pares e dançam
Sinto Peeta tocando minha cintura e me levando para perto dele. Em primeiro momento meu corpo retesa
Era Peeta Mellark aqui. O garoto que me travava mal todos os dias
Que me fez passar vergonha no palco e na internet.
Que fazia da minha vida um inferno e que deixou meu cabelo vermelho.
Nós nos odiávamos, isso já estava claro. Mas existiam alguns raros momentos em que ficávamos em paz
Em que não sentíamos vontade de brigar e de tentar acabar com a vida do outro. Nós apenas agíamos como dois conhecidos, talvez até como dois amigos.
E por mais que eu tentasse negar, gostava disso. Então achei melhor viver esse momento antes que ele acabe.
Ponho minhas mãos em seu pescoço e nós dançamos ao som da música. Nenhum dos dois disse nada, mas era confortável assim
Quando Peeta não estava olhando, eu o observei
Ele era inegavelmente bonito. Nem o ódio ia impedir que eu achasse isso
Ele tinha um rosto anguloso. Um maxilar forte. Seus olhos azuis brilhavam e seu cabelo dourado estava bagunçado, como sempre.
Olhando assim, ele até parecia ser legal
Mas uma coisa rondava minha cabeça: por que?
Por que ele havia me beijado? Afinal ele me detesta, disso eu tenho certeza. Talvez ele estivesse bêbado. - aponta meu subconsciente - mas seu hálito não cheirava a álcool.
Drogado talvez - meu ele não cheirava a maconha ou algo assim.
Eu não conseguia achar motivos para ele ter feito o que fez, e isso me deixava frustada
Quando eu estava preparada para perguntar a Peeta, uma mão com longas unhas pintadas de rosa tocam seu ombro e vão descendo pelo seu peitoral

Mas o quê..?

– Finalmente te achei Peeti - Glimmer praticamente geme ao pé do ouvido dele
Peeta se separa de mim e a olha surpreso
Glimmer e vê e franze o cenho

– O que tá fazendo com essa aí Peeti? - vai começar. Olho para ele, esperando que ele conte que nós estamos em trégua, que estamos nos dando bem, que eu era uma pessoa legal
Mas ele não faz isso

– Apenas passando o tempo. - passando o tempo? Eu era um passa tempo na vida dele?

– Okay já acabou seu momento de caridade, não precisa mais fazer favores aos necessitados - ela ri presunçosa e eu fico cada vez mais irritada

Caridade? Por acaso essa patricinha acha que eu pedi por isso ou que Peeta estava fazendo um favor pra mim?
Deus! Eu sempre evito conflitos mas estava começando a ficar irritada de verdade

– vamos - ela puxa seu braço e ele me olha. É claro, sem expressão.

Espero que ele diga que está dançando comigo, e não fazendo caridade
Espero que ele diga que ela não deveria falar assim comigo, pois eu não sou o que ela acha
Espero que ele diga que não vai, pois ela é uma patricinha arrogante
Mas ele não faz isso. Ele vai com ela, sem olhar para trás uma única vez
Ele me deixa parada no meio da pista, sozinha.
Como uma estúpida
Deus! Como eu pude achar que Peeta me defenderia de Glimmer? Pelo visto eu já estava fazendo papel de trouxa aqui
Sai pisando forte.
Eu quero mais é que eles se explodam.
Nessa festa ainda ia rolar muita coisa, eu estava sentindo.