Nijumura Povs on

Eu gostava de observá-lo. Aquele garoto estranho, tanto seu olhar como a sua expressão era doce, mas ele escode algo, julgo até dizer que ele esconde uma personalidade assustadora. Era inexplicável o seu olhar, ele me intrigava de uma forma, tão diferente, tão humana e ao mesmo tempo tão monstruoso, talvez seja apenas eu que o enxergue assim, ele é sempre tão educado. Akashi Seijuro, ele será apenas o garoto dos olhos vazios, o meu garoto dos olhos vazios. Raramente eu o via sorrir, carregava no rosto um semblante triste e inesquecível para aqueles que o reparavam, não tinha amigos, era só ele, Akashi nunca deixava ninguém saber quem ele era de fato. Era engraçado ver outros tentando fazer amizade com ele. O mesmo, ignorava-os de uma forma de dar pena, e eu, bem, me divertia com aquilo.

Depois de um ano ainda na fita da Teiko, eu percebi, ele realmente era um melhor capitão que eu, era um fato, o que podia fazer? Por conta própria, um ano antes de me formar, faltando ainda três anos para ele se formar, abdiquei o cargo de capitão da geração milagrosa, ainda lembro de suas falas.

"Tem certeza Nijimura-san?" - sua pergunta saía baixa e educada.

"Tenho sim, você será um ótimo capitão Seijuro" - aleguei em resposta, o chamando pelo primeiro nome, sem ser educado. - "Você sabe que eu não tenho paciência, eu não quero mais jogar basquete."

"Certo Nijumura-san, farei o meu melhor, mas eu te pergunto, se você ama o basquete, porque desiste?" - Eu não o respondi, ele não queria uma respota, apenas se virou e foi embora.

Ha o tempo realmente passa rápido, o ano já estava no final e eu ainda o observava, era o meu vício afinal das contas.

Agora ele carregava um sorriso no rosto, e tinha bem mais amigos. Mas, aqueles olhos vazios continuavam lá. Aquela dor continuava lá. Aquele lado sombrio ainda estava escondido nele, eu podia sentir, um dia ele iria tomar conta e apenas seus amigos, se é que ele realmente tivesse, poderia salvá-lo.

Eu amava aquele garoto, eu amava aqueles olhos avermelhados, mesmo que sem expressão alguma para mostrar e eu realmente ficaria feliz em está ao seu lado, porém, talvez eu seja um covarde, mas eu não quero está presente quando aquele demônio se libertar, eu não quero ver o Akashi como um monstro e me tratar de forma odiosa, eu irei esperar para ver o meu garoto se quebrar, mas é a única forma dele se curar deste mal que o assola, ele precisa se liberar e eu nunca seria capaz de ajudá-lo.

O tempo passou em um piscar de olhos, já estava no terceiro grau e de fato ainda costumava observar o Akashi nos jogos, e o que dizer? Era aterrorizante vê-lo daquela forma, eu estava certo no final, existia outro Seijuro e eu sempre soube.

Agora ele já não era mais o meu antigo garoto de olhos vermelhos inexpressivos e caridosos, agora ele era, Akashi Seijuro, um imperador, absoluto em suas ordens, de olhos aterrorizantes, heterocromáticos e psicóticos.

Uma vez ele passou ao meu lado, seus olhos me encaram psicoticamente e friamente, ele parecia tentar se lembrar de algo.

"Então no final você desistiu, Shuzo?" - sua voz engrossou com o passar de tempo, estava mais rouca e agora era ácida, parecia navalhas que gostaria de cortar a sua alma e ele o faria a qualquer brecha que o descem.

"Eu não tenho condição para jogar, Seijuro"

"Não entendo" - eu apenas dei os ombros e fui embora.

Eu o vi esmagando seus antigos amigos, seus antigos companheiros os vencendo impetuosamente, eu orava por eles não desistirem do ruivo, ele está perdido, mas eu não posso fazer nada, nunca pude, eu não sou a pessoa certa para ele, apenas um espectador de seu espetáculo, de seu drama e quem sabe do seu final feliz? É isso que eu desejo no final das contas.

Porém aquilo não durou quanto pensei, não se passou nem um ano, seus companheiros não desistiu de traze-lo de volta e trataram de buscar a vitória contra ele, não só por vencer, mas para salvá-lo.

Tetsuya, aquele cara que eu menosprezei, o que Akashi sempre teve fé, é mais uma vez você estava certo Seijuro, realmente, Tetsuya era merecedor de sua fé, ele e seu time, serin o venceu, lhe quebrando em vários pedaços, foi triste, meu coração se apertou juntamente ao seu, porém aquilo seria bom ele finalmente se livraria de seu lado monstruoso.

As mãos dele tremia, enquanto Reo, um jogador de seu time, segurava em sua mão, o impedindo de arrancar seu olho esquerdo com um objeto de tortura parecido com uma colher.

Ele o disse palavras bonitas, logo, seus amigos do passado e do presente e até aqueles que apenas conversaram muito pouco o levantou, ele voltou a sorrir, mas desta vez era verdadeiro.

Depois de uns meses não pude mais observá-lo, mas estava feliz, pois ele estava feliz.

Eu nunca pude ajudá-lo, a minha vida seria curta demais, mas antes de fechar meus olhos para sempre você veio até esse leito de hospital, me fazer a primeira e última visita.

Você olhou com pesar para as máquinas ligadas em mim, da sonda no meu pescoço.

"Então era isso que quis dizer? Porque não contou a ninguém Shuzo-san?" - ele estava mais educado, mas não chamava ninguém mais pelo sobrenome, ele entrou em um meio termo, isso me alegra.

"A resposta é vaga, mas eu não queria ver dor nos olhos de quem me agrada, Seijuro" - minha voz saiu tão fraca.

Eu era apenas um moribundo, que amava demais um garoto que nunca faria parte de fato da sua vida.

Ele me sorriu e segurou a minha mão, ele me tratou como um bom amigo, aquele sorriso verdadeiro aqueceu meu coração.

Finalmente pude fechar meus olhos, descansar em paz, pois agora eu sei que o meu garoto solitário está feliz e a salvo.

Entrando em um beco escuro da minha mente pude escutar o "pi" da máquina ligada no meu coração anunciando o fim da minha vida.