A Liberdade do Corvo escrita por Raquel Barros, Ellie Raven


Capítulo 17
Capitulo Dezesseis - Emma


Notas iniciais do capítulo

Oie, sadiczinhas, desculpas pela demora.



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Estava tão escuro que eu não conseguia enxergar a palma da minha mão sobre meu nariz. Eu juro que tentei, mas realmente estou no breu total. Só me restava ficar parada. Totalmente estatua para não bater em nenhuma das paredes de pedra e me arranjar um desmaio nesse lugar que deve ter algum bicho grande e perigoso. Imagina se eu dou de cara com uma caranguejeira gigante? Aí eu vou virar comida de bicho mesmo. Minhas mãos formigam um pouco. Pelo menos as trevas não me atacaram. Elas têm costumem de fazer isso com damas da luz. Ou talvez, só façam isso com damas da luz com poder potencial, e ignoram as mais fracas. Para minha sorte. Para meu azar tinha alguma coisa se enrolando no meu tornozelo. Tentei não entrar em pânico. Afinal, medo de escuro eu nunca tive, mas medo de bicho nojento, eu tenho tanto que parece que é até genética. Vinícius já matou até minhocas comendo terra inocentemente por ter cruzado o caminho dele. Quer dizer, as minhocas de hoje não são pequenininhas como antigamente, elas são do tamanho de uma cobra pequena, e podem se enrolar no seu tornozelo que você nem vê. Quando eu era pequena eu as atacava, até elas se vingarem de mim e aparecerem um monte na minha cama um dia desses. Depois disso peguei nojo. De tudo. Ouço milhares de passos e as gotas d água caindo em alguma casca dura. Talvez seja apenas na pedra, mas só o barulhinho fez meu coração disparar. Definitivamente a Beatrice não gosta de mim. Some no meio do mato, e depois me prende nessa caverna, escura e cheia de bichos nojentos. Mais em cima, ouço barulhada tão grande que faz algumas pedras cair ao meu redor. Sadics correndo. Maldição! O que será que aconteceu para todo mundo está correndo. Um fedor estranho começa a tomar a caverna. E um fiozinho de alguma coisa vermelha e flamejante, aparece de um buraco pequenino que nem eu vi. Olhando bem mais de perto parecia algo com lava. Mas de onde veio? Pelo menos era um pouco de luz para dentro da caverna. Olho para o meu tornozelo e vejo a minhoca nojenta, molenga e marrom enrolada nela. A chuto e a bichinha vai cair logo em cima do fio vermelho, só para pegar fogo, e vim a morrer. Depois dessa, eu me sinto até culpada, mas pelo menos a morte da minhoca não foi em vão, agora eu sei que tenho que passar longe daquele fio. Ele começa a entrar mais para dentro iluminando o caminho. Finalmente, depois de um monte de azar tenho um pouco de sorte. Sigo para dentro da caverna, torcendo para que nenhum bicho se esconda lá dentro. E realmente, pelo que eu vi não se tem sinal nenhum de nenhum bicho. Exceto algumas teias de aranha gigante, do qual eu uso o estilete para abrir passagem. No final da caverna tinha um lago de fundo escuro. Quando a lava tocou na água, do nada apareceram duas luzes vermelhas no fundo do lago. E mesmo sem eu me mover elas começaram a ficar cada vez mais evidente. Como se tivesse se movimentando em minha direção. E infelizmente estava. Antes que eu se quer tivesse tempo de pensar em pular a criatura abocanhou meu tornozelo e me puxou para dentro do lago. A confusão me tomou quase que imediatamente. O monstro me puxava para baixo e me enrolava ao mesmo tempo, tentando me afogar. Tento nadar para cima, mas ele era mais forte do que eu. Com certeza, eu não ficaria viva para contar isso algum dia. Se não morrer-se afogada, o veneno me mataria, e ninguém nunca saberia o que aconteceu comigo. Acho que em algum momento, o pânico me tomou e eu bati a cabeça fortemente em algum lugar, mas não apago como gostaria, e apenas vejo meu sangue avermelhar a água do lago, e a criatura, que agora eu tenho certeza que é uma cobra, me arrastar mais para baixo. Meus pulmões gritam por ar, e estou cansada de tentar lutar em vão. Aos pouco, vou apagando, até minha visão escurecer completamente. A ultima coisa que vejo, é um anjo loiro vindo em minha direção.

–-

Bervely Blood me olhava com tamanha incredulidade e repreensão. Ela não me parecia de bom humor, como da última vez que a vi. Na verdade parecia mais com a Carmem quando vai me repreender por não ter obedecido-a. Não consigo se quer me recordar do que eu fiz para ter-la irritado dessa maneira.

–Quando eu te disse para ter cuidado com quem confia você por acaso achou que eu estava fazendo uma piada?

Pergunta Bervely, parando de trançar seu cabelo castanho. Olho para minhas mãos, envergonhada. Bem, digamos que não faço o tipo que segue conselhos a risca. Então é bem provável que eu tivesse ido parar no fundo de um lago, bem provavelmente sendo devorada por uma cobrar que não deve ver carne há muito tempo por culpa da minha obstinação de achar que conheço as pessoas do qual eu confio.

–Emma, você tem sorte de que eu consegui alguém que se arriscar-se para te salvar. Então se faça um favor de não se indelicada com ele. Até por que, o que o EB tem a oferecer vai salvar a sua vida. E dá próxima vez me ouça. A propósito, fique longe da comida que qualquer um que não seja o Vinicius, a Gwen ou a Zoey te oferecer. E dessa vez, me ouça, ok? Agora, acorda.

Ordena ela. Quase que imediatamente faço isso.

–-

Acordo em sobre salto, tentando respirar e vomitando água e sangue. Minha perna tinha uma dor insuportável, meu ouvido zumbia, minha boca tinha gosto de fel, minha visão estava embaçada e parecia que todas as minhas vias respiratórias estavam embaçadas. Isso sem contar o frio que me abraçava. Alguém segura eu rosto com as duas mãos. Eu não conseguia ver quem era. Apenas conseguia distingui a pele branca neve e o cabelo tão claro quanto no meio de toda a escuridão. Aos poucos minha visão foi voltando ao normal. Minha cabeça continuava a rodar. Começo a ouvir os sons aos pouco. Mas ainda sinto o veneno em meu sistema. Ele continuava lá, com mais força do que antes. Estava aos poucos chegando ao meu coração.

–Consegue me ouvi Emma?

Pergunta a pessoa. Viro a cabeça para o lado e tento tirar a água do meu ouvido combatidinhas de leve. Depois concordo com a cabeça.

–Emma, o veneno está em seu sistema e vai subir até seu coração. Se eu não fizer nada você vai morrer e meu castigo amanhã será em vão. Então eu vou fazer uma coisa agora que não é para você ficar com raiva depois, ok? É para seu bem. Se você aceita que eu coloque algo mais forte do que o veneno em seu sistema, mesmo que esse algo só pode ser feito quando se tem um tipo de intimidade que eu não tenho ainda com você...

–Faça isso.

Interrompo, colocando o dedo delicadamente sobre seus lábios para que ele parasse de falar, mesmo sabendo as conseqüências e do que ele estava falando. A Bervely, que tinha me avisado para não confiar em qualquer um também me disse para permitir. E se eu estou aqui é por culpa totalmente minha. Minha visão clareia um pouco e posso ver Ethan com a mais pura incredulidade estampando na face. Ele estava todo molhado, com o cabelo grudado na testa e os cílios longos e brancos pingando água. Os seus carnudos e vermelhos se fecham em uma fina linha branca e ele olha um pouco para baixo, pensativo. Depois volta a me olhar como se esperar-se algum tipo de resistência minha e não estava preparado para o que aconteceu. A confusão dele era, sinceramente, linda. Quer dizer, ele em si era muito de tirar o fôlego. Sabe aquelas pessoas em que você olha e vê nada menos do que a perfeição em pessoa.

–Você tem certeza?

–Ethan, eu só tenho certeza de uma única coisa: Eu quero viver. O resto é resto. Faça isso logo, por favor.

Imploro em um sussurro. Eu não conseguia ouvir eu mesma minha voz de tão baixa que ela estava. Ethan segura minha cabeça, e a levanta para cima o suficiente para deixar o caminho livre para meu pescoço. Ele é calmo e calcula cada movimento seu para não me assustar. Como se nesse momento fosse possível que eu ficar-se assustada. Eu vou morrer droga! Morrer. Eu pouco me importo se vou acabar me tornando uma presai nessa brincadeira ou não. Eu só quero viver. É pedir muito? A vida é uma dádiva dada por Boreh. Aperto os olhos com força. E tento relaxar. Não que meus músculos tivessem rígidos, eu não tinha mais força para isso, na verdade, eu não tinha força nem para ficar sentada por muito tempo. Meu coração parecia que tinha parado. Consigo sentir o oxigênio faltando em meu cérebro. Não demorou muito tempo para eu voltar para a escuridão.

–-

Um barulho frenético toma a sala. A maquina que monitorava meus batimentos cardíacos trabalhava incansavelmente. Lá estava eu de novo. Na enfermaria. Presa a um monte de fios e quase voltando a dormir com o barulho dos meus próprios batimentos. Se eu não tivesse visto alguém pairando sobre mim, eu voltaria ao mundo dos sonhos. Pisco os olhos, para minha visão voltar ao normal, e dou de cara com uma Carmem sorridente. Ela estava até que meio estranha. Como alguém que recebeu uma bela bronca. Por que alguém daria uma bronca na Carmem? Acho que foi por causa da missão de resgate que ela me mandou que me resultasse estar aqui. Meu corpo estava todo dormente e parecia que minha mente tinha regredido. Isso sem contar à dor que tomava conta do meu pescoço.

–Oi, amorzinho.

Fala Carmem, me chamando como normalmente ela fala quando estou muito doente. Só é desde que me lembro por gente. Eu doente, e ela piscando os olhos azuis celeste, e me perguntando se eu estava bem. Mas eu tenho a impressão de que apesar da Carmem me passar desde sempre a impressão deque é minha mãe, eu não consigo deixar de pensar que aqueles não eram os olhos azuis que eu queria me perguntando se eu estava bem. Mesmo sendo adotada pela dama da luz mais poderosa da atualidade, eu não consigo tirar de mim a rejeição que me impuseram quando eu ainda era um bebê. Imagina ser encontrada dentro de uma cesta, passeando pelo rio Garden, com apenas uma carta com o meu nome e o nome do Vinicius junto. Minha mãe não era uma dama da luz, por isso eu não sou exatamente uma. E por isso Vinicius teve uma queda permanente pelas trevas. Do meu pai, eu não sei nada mesmo. Nem se ele era algum servo da luz que não sabia que teria gêmeos, ou se era um lorde dark que apoio minha mãe na atitude dela. E ninguém se importou em procurar no sistema qualquer sinal de nossos progenitores. Até por que, a Bervely sumiu por completo e todos a procuravam.

Tento resmungar alguma coisa, mas minha voz não sai direito por causa do tubo de respiração. Tiro ele e respiro em uma só, enchendo meus pulmões de oxigênio. Olhando-me pelo reflexo do vidro, e vendo o curativo no meu pescoço, lembro-me de quem me salvou: Ethan. Ah, santo Deus! De repente faltou-me ar. O Ethan se arriscou pra mim salvar e vai sofrer conseqüências não tão agradáveis por isso. Deve ter alguma coisa errada nesse mundo. Só pode ser. Ele faz o bem a alguém e ainda recebe castigo. Eu não posso deixar o Ethan receber chibatas por ter ido atrás de mim.

–O Ethan. Mãe, o que aconteceu com o Ethan? Já aplicaram à pena?

Pergunto me livrando dos fios, e já levantando, a Carmem, que está mais forte do que eu, me impede, deitando-me de novo na maca.

–Querida, o príncipe vai ficar bem. Por ter salvado você, intercedi por ele, e a pena foi reduzida de cinqüenta a vinte cinco chibatas. Não tem o que se preocupar.

–Você está se ouvindo? Sabe quantas vezes Ethan me salvou em menos de uma hora? Duas! Mãe, duas vezes. Primeiro da serpente e depois do veneno. Se não fosse por ele, eu estaria morta agora!

–Eu fiz o que pude Emma. Mas se o príncipe fugiu, os outros detentos precisam saber o que acontece com quem tenta dá de esperto. Não podemos mostrar fraqueza num momento como esses. E o Alef, ele prefere que o príncipe sofra na própria pele o que a sobrinha nova dele, a Arya, e ele próprio passaram na Fortaleza de Fell.

–Quando eu vou ser liberada?

Pergunto amargurada. Carmem suspira pesadamente. Espero que ela entenda que sou extremamente grata ao Ethan por ele ter salvado a minha vida. Por que nem todo mundo nessa base faria isso.

–Bem, daqui a um ou três dias. Mas não se preocupe com isso! Só descanse. Fique bem, e depois você pode ver o Ethan. A propósito, depois vamos conversar sobre o que está acontecendo entre você e o príncipe.

–Mãe! Não está acontecendo nada.

–Eu disse depois Emma. E vamos concordar que é muito estranho, mas depois conversamos.

–Ok, mãe. Não sei o que tem para conversar, mas ok.

–É assim que se fala. E agora, vai dormir.

Ordena ela. Eu já estava exausta de tanto dormir, mas parece que meu corpo não percebeu isso, e acabo fazendo o que ela mandou.


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Notas finais do capítulo

Comentem e opinem, e beijocas para vocês.



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