Between us escrita por IS Maria


Capítulo 8
O errado me convém




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Acordei com a luz incomodando meus olhos . Havia passado tanto tempo pensando no que eu não poderia dizer quando havia pegado no sono , pensando em uma maneira de controlar meus pensamentos . Meu medo é de que algo esteja saindo do lugar . Passei meus braços pelo espaço vago ao meu lado e senti que algo estava errado , algo enorme estava errado . Acordei de vez me deparando com Patrick ao meu lado , ele não estava precisamente esparramado ou em uma posição digna de um tapa ... Eu que em quanto dormia havia me esparramado sobre ele . Me odiando por isso , apenas tentei sair mas assim que levantei metade do corpo ,ele passou o braço pelo meu corpo e me prendeu sobre ele . Olhei para o seu rosto e percebi que ele ainda dormia então apenas deitei novamente sobre seu peito . Não , eu não sabia exatamente o porque de ter feito tal coisa .

A maneira como acordei em seguida justificou o motivo de minha estranha reação ao perceber que Patrick havia se deitado ao meu lado , havia sido um sonho . Um dos sonhos mais reais que eu já tivera . Patrick não estava mais no quatro , então decidi me levantar . O cheiro que vinha da cozinha era o de ovos mexidos e bacon , sendo levada pela fome eu estava lá antes mesmo que pudesse pensar em conter minha reação ao vê-lo depois de sonhar com ele .

– Dormiu bem ? - perguntou ele abrindo um sorriso .

– Sim , sua cama é extremamente confortável . - Só perdia para a sensação de estar deitada sobre ele , mas eu preferiria perder a língua do que admitir algo do tipo . Caminhei até ele e me coloquei ao seu lado apenas para observar a maneira que ele se virava na panela . Sua respiração se tornou pesada e depois de longos segundos paralisado , simplesmente colocou a colher sobre o balcão e então desligar a chama do fogão .

– Hora de comer - disse ele abrindo um enorme sorriso .

Novamente tudo estava divino , mas nenhum de nós dois havia ficado preso saboreando o sabor . Apenas comemos depressa , o fato de que ele possuía um lugar pra me mostrar me deixava ansiosa . Eu não sabia exatamente o porque , mas estava curiosa para conhecer ainda mais sobre ele . Assim que ambos terminamos , caminhamos em direção à porta e ao nos depararmos com os destroços da chuva , ele lançou um olhar para o meu tornozelo . Sorri demonstrando que já não sentia mais dor , mas mesmo assim ele levou sua mão a minha e me guiou cuidadosamente por todo o caminho .

Seguimos pelo mesmo caminho do lago aonde havíamos caído no dia passado e depois de caminhar por um longo momento , paramos em frente à imensas roxas negras . Ele com cuidado nos passara por entre elas revelando então um caminho de pedras iluminado por uma suave luz azul que eu não poderia dizer de onde ela estava saindo .

– O que é esse lugar ? - perguntei reparando que a cada vez adentrávamos ainda mais na escuridão a nossa frente .

– Uma espécie de gruta - disse ele ainda mantendo sua mão agarrada a minha .

Naquele momento notei o quão fora da minha zona de conforto eu estava. Ele representava tudo aquilo que eu deveria evitar,em carne e osso. Eu tinha planos para o meu futuro, eu sabia exatamente o que eu queria e ele apenas parecia ameaçar tudo o que eu havia construído. Ele agora segurava minha mão, me conduzindo pelo caminho que se tornava cada vez mais difícil de caminhar e me fez notar que ele talvez pudesse se importar. Eu odiava admitir, mas desde que chegamos ali ou desde que pisei na cidade, ele não tem feito nada além de cuidar de mim e a maneira que eu o rejeitei apenas me mostrou o quanto eu não estava acostumada a isso. Eu sabia o que ele conseguia provocar em mim, apenas tinha certeza que não poderia sentir a menos que quisesse me ver presa a um futuro onde não tenho controle algum.

Paramos em frente a um pequeno lago . A água era cristalina e a luz azul se batia contra ela , causando uma das paisagens mais lindas que eu já tinha visto . Patrick se jogou e em seguida estendeu os braços para que eu me jogasse entre eles . Hesitei, porém, apenas depois de me lembrar que apenas teria de o suportar por menos de um dia, resolvi me entregar um pouco ás minhas vontades. Retirei sua camisa que eu ainda trazia ao meu corpo, não a desejando a molhar e em seguida mergulhei. Fiquei tranquila, até notar que meus pés não tocavam o fundo, novamente uma situação que eu não podia controlar da maneira que desejasse .

– Seu tornozelo ainda não se curou completamente e para que não tenha cãibras seria melhor se passasse as pernas ao redor de minha cintura . - disse ele em um tom protetor . Eu sabia que não deveria o fazer, mas desde o momento em que me apanhara durante a queda, sem desejar, eu havia passado a confiar nele. O olhei nos olhos e mesmo sabendo que demonstrar que precisava dele para aquilo, viesse a ferir boa parte do meu orgulho, apenas passei minhas pernas em seus quadris e minhas mãos em seu pescoço, notando então que seus olhos estavam ainda mais azuis . Me senti vulnerável e incrivelmente dependente, mas não me importei, pois estávamos sozinhos e eu sabia disso.

– Obrigada - A proximidade me constrangia, ainda mais por saber que ele era atraente, por isso mal podia o olhar nos olhos por um longo período de tempo .

Depois de um longo tempo conversando , nos recordamos de que nessa época do ano o sol se põe mais rápido e tendo em mente que andar no escuro seria algo quase impossível , decidimos retornar . Eu estava com tanta fome que nem sequer pensei em me trocar e apenas me dirigi à cozinha , as roupas haviam secado no caminho e estávamos confortáveis. Fiquei feliz ao vê-lo se dirigir para as panelas e apenas fiquei o observando fazer sua mágica . Ele era simplesmente fantástico , ao menos na cozinha . Eu decidi que me encostar no balcão para o observar cozinhar seria mais divertido do que me sentar do outro lado da cozinha. Cruzei os braços e me diverti com seus diferentes movimentos. Olhou ao redor, sussurrou algo e veio em minha direção para alcançar os temperos que estavam atrás de mim, seu corpo se aproximou do meu e então eu o vi congelar quando seus olhos encontraram os meus, observou-me e suspirou . Sua respiração se tornou ofegante e depois de um longo momento levou suas duas mãos a minha cintura e então me sentou no balcão , abriu minhas pernas e se encaixou perfeitamente entre elas . O observei surpresa então percebendo o quão próxima eu estava dele .

– O seu cheiro , é o mais doce e delicado que eu já sentira - disse ele olhando-me profundamente nos olhos - Sua pele é tão macia ... Que eu daria qualquer coisa apenas para me enroscar nela , ou sequer apenas ter a oportunidade de te ter em cima de mim novamente - disse ele com a voz enrouquecida . Naquele momento dominada pela vergonha de descobrir que tudo não havia sido um sonho , senti-me queimar . Seus olhos ganharam uma tonalidade mais escura e sua respiração se tornou pesada e ofegante , suas mãos estavam sobre minhas pernas e apenas por sentir o toque , fervi como ferro em brasa em cada pequena parte de mim . Nos observamos por longos segundos , seus lábios estavam tão próximos que eu poderia simplesmente tomá-los para mim a qualquer momento .

Frustrada por não sentir que ele tomaria a iniciativa , levei minhas mãos ao seu pescoço ... Eu não respondia mais por mim mesma . Mas assim que o toquei ,sua expressão mudara , como se houvesse despertado de um momento de insanidade . Me desceu do balcão e rapidamente tornara a cozinhar como se nada houvesse acontecido . O olhei incrédula por longos instantes e então corri para o andar de cima , abri a porta do banheiro e me joguei debaixo da água gelada , sem sequer me importar com as roupas que usava . Levei as mãos à cabeça e deixei que minhas costas se chocassem contra a parede sentindo-as arder ... Eu estava completamente doida .

– Alice eu ... - disse Patrick se encostando ao batente da porta que eu impensadamente deixara aberta .

– Desculpa - disse antes que ele pudesse continuar . - Eu não ... Meu Deus ... Eu não - disse enquanto pensando no quanto eu havia sido ridícula . - Não farei novamente - Cai ao chão assim que pisei em falso sentindo o baque em meu tornozelo torcido . Mais uma mancada da qual eu jamais me esqueceria .

– Alice - disse ele correndo em minha direção . - Ainda dói ...? - perguntou ele tocando meu tornozelo . Fiz de tudo para conter o gemido de dor , mas a careta fora inevitável .

– Eu vou ficar bem... não é a primeira vez que me machuquei e certamente não será a última - suspirei, tirando delicadamente suas mãos de meu tornozelo - Eu consigo cuidar de mim mesma ... afinal, quando retornarmos você voltará a ser um completo desconhecido de qualquer maneira . - Sorri tentando amenizar a tensão que havia se formado entre nós.

– Não é exatamente o que eu desejo - disse ele se sentando a minha frente , visto que ele também já havia se molhado por completo .

– Não tenho tempo , para você , para o seu mundo sem sentido , para suas mudanças de ideia ... Para os seus paradoxos . Eu não quero instabilidade , eu não preciso de alguém que me faça perder a cabeça , eu não preciso de alguém que me vê como um capricho , eu não preciso de nada daquilo que me desvie de meu verdadeiro ponto - o quanto antes eu me afastasse da ameaça, melhor . Patrick havia simplesmente se tornado perigoso demais em apenas uma semana .

– Diz isso porque tem medo . Medo de que eu possa quebrar sua barreira de frieza , tem medo porque eu a faço sentir aquilo que você não quer e não pode sentir ... Você tem medo do sentimento que eu posso fazer surgir em você - disse ele fixando suas duas bolas azuis em mim .

– Eu ? Pelo que me pareceu agora a pouco ... Quem tem medo aqui é você - disse fechando a ducha e saindo do banheiro .

– Não é medo , não podemos - disse ele vindo atrás de mim .

– Pensei que me dissera que não era para ser pensado ou avaliado, que não era para fazer sentido - disse me voltando para ele . - Pensei que era assim que você vivia .

– Você é perigosa demais . - disse ele pesando o tom de sua voz . Eu sabia que poderia estar cruzando um limite indesejado, mas agora inflamada, eu não conseguia parar.

– Talvez seja ... Sabe o que é engraçado ? A um momento atras eu pensei a mesma coisa a seu respeito , como as pessoas se enganam . - E então parti em direção ao quarto.

– Peço desculpas pelo que sentirá depois - disse ele vindo atrás de mim . Me pressionou contra a parede e me beijou . Mas seu beijo não chegara nem perto do que ele havia me dado na escola , esse possuía um fervor desconhecido , algo forte e extremamente apaixonante . Me jogou contra a cama e apenas aos poucos se tornou a pior ameaça que já poderia ter cruzado o meu caminho .

Meu corpo ainda estão sobre o dele , sua pele estava quente porém sua respiração estava tranquila . Aquela não havia sido a minha primeira vez mas eu sinceramente nem sequer conseguia me recordar do rosto daquele que viera antes dele , ao menos não depois daquilo . Meu corpo simplesmente se encaixara tão perfeitamente ao seu que senti que se houvesse sido com qualquer outro teria sido uma completa piada , era quase como se ele fosse a peça de um quebra cabeça que se encaixasse perfeitamente a minha . Tudo havia simplesmente queimado , nada mais parecia real pois eu apenas conseguia vê-lo e então depois de tanto queimar , ele me fizera explodir em um milhão de pedaços ... Uma sensação tão alucinante e única que não poderia afirmar como havia vivido tanto tempo sem senti-la .

– Eu odeio você - disse ele enquanto acariciava minhas costas . Sorri e apenas permiti que ele continuasse a falar - A odeio por fazer parecer que qualquer garota é simplesmente patética perto de você , a odeio por dever a odiar e não conseguir ... A odeio porque eu a quero tanto que sinto que posso ficar maluco , a odeio porque no mundo você é a única por quem eu jamais poderia me apaixonar .

– Eu jamais o entendo quando fala de tal maneira . Porque não pode se apaixonar ? Porque não pode ficar comigo ou porque deveria me odiar ? - Não era como se eu quisesse tudo aquilo, apenas gostaria de entender o porque.

– Porque ... Bem , sua família ... Tem um sangue ruim . - disse ele depois de uma longa pausa e então tudo se tornou claro , era óbvio que meu pai possuía inimigos , eu apenas espero não ter que viver Romeu e Julieta de agora em diante .

– Eu sei . E eles não são minha família . - disse me sentando .

– Como ? - perguntou ele se sentando ao meu lado .

– Eu vivia com meu pai e minha mãe , ao menos eu pensava que era assim . E então em um dia , eu deveria estar dormindo mas as batidas na porta eram altas demais . Eu tinha sete anos então não pensei exatamente que poderia ser perigoso abrir a porta . Quando eu a abri uma mulher arrancou casa adentro , me jogou no chão e então enquanto discutia com minha mãe jogou a verdade sobre todas nós . Meu pai na verdade não era o meu pai ... Bem , ele era mas por lei não poderia ser . E então tudo o que eu conhecia simplesmente desmoronou - disse enquanto me deixava ser envolta por seus braços . O que ele era ? Para apenas em três dias me fazer confiar ele como eu não confiava em alguém em tantos anos .

– Amanhã será um grande dia - disse ele suspirando enquanto beijava o topo da minha cabeça . Sem dúvida alguma , eu certamente sabia ... Apenas por sentir que algo daria extremamente errado .


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Notas finais do capítulo

CoMeNtÁrIoS ?? *-*



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