Eu não conseguia me recordar precisamente de como a noite passada tinha terminado . Me lembrava de ter corrido até em casa , Patrick vindo logo atras me gritando o caminho a cada vez que inventava de virar em uma das esquinas escuras jurando já ter virado nelas , alguma vez na vida antes . Lembro de ignorar o elevador temendo passar mais alguns minutos ao lado daquele torturador e em seguida ter me jogado sobre a cama , o que pensei , falei ou vi ... eu não poderia descrever nem se vivesse tudo de novo .

Me sentei na cama sentindo as dores da corrida exaustiva . A visão do quarto moldado para uma Grey apenas deixava claro que tudo vivido até hoje não havia sido um pesadelo . Me levantei , sacudi meus ossos que ao contrário de mim ainda não haviam acordado e caminhei até o banheiro , eu era apenas mais um soldado pronto para a guerra , um maestro pronto para reger a sua orquestra ... uma adolescente pronta para chutar algumas bolas . As bolsas embaixo dos olhos não eram uma novidade , o cabelo embaraçado também não , mas a disposição sim era uma surpresa e tanto .

Desci as escadas apenas me recordando que ainda usava pijama quando já havia chegado ao meio dela . Olhei para o caminho já percorrido e então dei de ombros colocando os fones de ouvido , se eu não for uma ameaça me ignoram, certo ? Ao menos acho que funciona de tal maneira com animais venenosos . Cruzei a cozinha me deparando com todos sentados a mesa de café , mas para minha surpresa havia visita . Sentado a mesa estava um jovem garoto , usando um terno . Seus olhos eram de um azul que se misturava ao verde , seus cabelos eram castanhos , bem escuros tal como negro e sua pele era levemente rosada levemente amarelada . Retirei os fones surpresa e abri um sorriso estando mais do que envergonhada .

– Bom dia família - disse após perceber o quão tenso o clima havia se tornado .

– E você seria ? - Perguntou ele voltando por completo a sua atenção a mim , fazendo-me perceber que eu interrompi um assunto importante .

– A filha bastarda - disse suspirando . - Prazer em conhece-lo - disse me virando para sair rapidamente .

– Por que não se junta a nós ? - Disse antes que eu pudesse os deixar .

– Porque não - disse sem sequer me virar . Aquilo não poderia se tornar mais constrangedor .

– Ah por favor ... o seu rosto apenas alegraria ainda mais a nossa discussão - Cara , sério ?

– Alice - Meu pai disse e então percebi que aquilo havia sido um aviso . Me virei e me sentei tendo em vista o fato de não poder dizer muito depois da noite passada , onde eu fui completamente indelicada na festa que era em minha homenagem .

– Alice - o garotou repetiu meu nome com um sorriso diferente nos lábios deixando os seus pensamentos tão cristalinos quanto água . - Sou Alex - disse ele fixando seus olhos em mim .Esbocei um sorriso deixando bem claro que tudo ali não me agradava . - Me pergunto se o seu rosto estampará as empresas de seu pai - A sua maneira de me fitar simplesmente me deixava desconfortável . - Se não ... espero que represente as minhas . - Sorri novamente em agradecimento .

– Então , como falamos ... a proposta ... - Meu pai obviamente também não estava confortável com tudo aquilo .

– Eu sei exatamente o que poderemos colocar em mesa - disse ele sem sequer retirar os olhos de mim .

– Acho que o que o senhor deseja , não estamos dispostos a oferecer - disse meu irmão sendo curto e grosso . Argh ... meu irmão .

– Casamentos arranjados ainda estão no auge - disse ele sorrindo .

– Acho que terminamos por aqui - Dissera Patrick ficando de pé colocando um fim em tudo . - Ao menos de minha parte ... tenho algo a fazer ... com Alice - disse ele roubando a minha atenção e em seguida nos arrancando daquela sala .

Levou-me para fora e me jogou em seu carro , se sentou ao meu lado e então deu partida deixando claro que aquilo havia o aborrecido . Pude perceber pois ele reagia da mesma maneira que reagiu naquela manhã quando voltávamos para casa . Os olhos preso a estrada , os punhos cerrados no volante e a mente bem longe de onde nos encontrávamos . Passei o cinto e sem querer deixei escapar uma risada .

– Do que acha graça ? - Perguntou ele deixando claro que estava mais do que simplesmente chateado .

– Só me divertindo com o pensamento de que talvez você estaria ... - me calei antes que pudesse completar uma das frases mais loucas que eu já poderia ter pensando .

– Com ciúmes ? - Completou ele por mim . Suspirei sentindo sua frieza e logo percebi que aquilo fora insano .

– Esqueça - disse revirando os olhos e me concentrando na estrada tentando ao menos decifrar o caminho que ele seguia .

– Por que eu estaria ? Não é como se ele pudesse ficar com você de qualquer maneira - disse ele dando de ombros , mas ainda sim irritado .

– Então está de fato com ciúmes - sorri alto olhando para cima . Ele era simplesmente inacreditável . - Por isso atacou o Oliver ... - conclui comigo mesma .

– Aquele bolsista ...

– Respeito - o cortei antes mesmo que pudesse dizer algo que acabasse com o meu bom humor .

– Eu não devo, eu sei ...

– Mas não pode evitar , eu sei - o completei . Era óbvio que ninguém havia descoberto ainda como evitar sentir ciúmes , então porque com ele seria diferente ?

– Eu vou me controlar ... - disse ele murmurando para si mesmo enquanto respirava fundo.

– Agradeço por não ter se controlado , aquele cara ... sim era lindo , mas aquele olhar ... nojento - disse me lembrando do quão arrepiada fiquei .

– Lindo - Murmurou com um sorriso .

– Aonde vamos ? - Perguntei tentando acabar com toda aquela tensão .

– Eu não pretendia a levar a lugar algum, então simplesmente comecei a dirigir... mas já que estamos no caminho, poderíamos retornar a cabana.

Ao ouvir suas palavras, me apertei um pouco mais contra o banco de couro. Desde que tudo aconteceu, venho tentando desesperadamente encontrar uma maneira de nunca mais reviver aqueles momentos, mas voltar lá, apenas parecia ser minha ruína. Não sabendo a maneira como reagiria, apenas suspirei chateada, olhando para o lado e vendo que já não dava mais para voltar.

– Droga - murmurei baixinho comigo mesma, enquanto nos aproximávamos cada vez mais de minha tortura.

– Ah, qual é Alice, não foi tão ruim - Disse depois de notar meu desapontamento.

– Claro, eu não sabia que mentia para mim. - Evidenciei, enquanto enterrava minhas mãos em meu cabelo. - Ou muito menos que era um deles...

– Escute, eu compreendo a dor que meu pai causou a você e a sua mãe, mas entenda que também nos machucamos quando descobrimos a verdade. - Disse, ainda mantendo seus olhos na estrada. - Na verdade, pensei que fosse perder a minha mãe também.

– Aqui não é o meu lugar, Patrick- disse, me voltando para ele. - Vocês se importam com dinheiro, vocês mentem e esse não é o meu mundo. - Cruzei os braços.

– Mas também nos importamos com você... - sussurrou - O pai se importa com você, eu vejo isso ... e eu me importo muito com você.

– O suficiente para me deixar fazer papel de boba enquanto me usava.

– Eu desejava a conhecer, você despertava uma certa curiosidade em mim e eu não vi algum problema - seus olhos encontraram os meus. - Sim, eu sabia que haveriam consequências quando tudo aconteceu... mas simplesmente não valeu a pena parar para pensar.

– Só devemos parar e nunca mais fazer aquilo de novo... - Suspirei, pousando minhas duas mãos sobre minhas pernas, desejando ter escolhido roupas maiores.