Tudo Novo de Novo escrita por BloodyMah


Capítulo 9
Capítulo 9 - Revelações


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas bonitas! Depois de duas semanas de prova, nada melhor do que escrever para relaxar!! E aii vem algumas verdades! Muahahahha.... Aproveitem!!

* Playlist *

1 - Juliana - Tim Rescala
2 - Charlotte Mittnacht - Devotchka
3 - I Cried Like a Silly Boy - Devotchka
4 - Brincando de Velho Oeste - Tim Rescala
5 - Clockwise Witness - Devotchka
6 - Giacomo - Tim Rescala
7 - Somethin' Stupid - Devotchka
8 - Dearly Departed - Devotchka
9 - Perigo Sobre o Chão - Tim Rescala



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[Juliana - Tim Rescala]

A professora mal conseguira pregar os olhos a noite toda. Estava em euforia. Iria ver o amado, ficar com ele durante toda uma tarde. E, quem sabe, aquele seria o dia.

Já fazia um tempo que Juliana queria contar a verdade para Zelão. Que ela não sentia mais nada por Renato que não amizade. E agora ela tinha certeza disso. Afinal, por qual motivo, além de amor, ela ficaria acordada contando as estrelas que podiam ser vistas pela janela? Não havia outra resposta.

Os poucos instantes que a garota conseguiu fechar os olhos e se entregar ao sono, a única coisa que ela via em suas pálpebras cerradas eram dois olhos castanhos, misteriosos, penetrantes, não a deixam assustava, mas hipnotizada. Ela acordou com o coração batendo forte no peito, as mãos quase que rasgando o travesseiro. Ela olhou para o teto e suspirou. Quanto tempo faltava para ela o ver novamente? Tinha que se acalmar. Se ela se comportasse dessa maneira na frente dele, iria assustá-lo. Tentou voltar a dormir, mas foi em vão.

Os raios de sol já batiam na janela, achando seu rosto e pairando ali, quentes e convidativos. Juliana não conseguia abrir os olhos por completo, mas sorriu ao senti-los no rosto. “Vamos lá, hora de acordar. Você tem bastante coisa pra fazer... Incluindo controlar a ansiedade!” disse para si mesma. Mas o corpo dela estava cansado. Decidiu ficar enrolando um pouco na cama ainda. Esperaria a amiga acordar, para levantar junto com ela. Sim. Era um bom plano. Quem sabe até conseguiria tirar um cochilo. Iria tentar.

...

[ Charlotte Mittnacht - Devotchka]

– Bom dia fia... Bom dia Juliana. Ocês durmiro bem? – perguntou dona Tê, ao ver as duas descendo as escadas.

Não, elas diriam. Apesar de Gina ter dormido melhor, ainda tivera sonhos como na noite anterior, com Aisha zombando dela. Juliana não podia simplesmente dizer que não havia dormindo por ter ficado sonhando acordada com o capataz.

– Sim – responderam as duas.

Viramundo já estava na mesa, tomando café. Acenou com a cabeça quando as viu. Seu Pedro fumava seu cachimbo na poltrona. Gina foi até ele, pediu a benção, e deu um leve beijo na cabeça dele antes de ir se sentar.

– A Aisha já acordou? – perguntou Juliana, que ainda estranhava o sumiço da convidada.
– Ainda não – a senhora respondeu – Ela fico acordada inté tarde, fazendo aqueles relatório dela. Ieu acho que hoje ela vai acorda um pouco mais tarde.

Gina deu de ombros. Não se importava se a garota estava dormindo, acordada, ou se tinha ido pro espaço. Na verdade, essa última opção era muito boa. Mas infelizmente, ela teve a certeza de que estava errada quando viu a garota vindo da cozinha.

– Bom dia! – ela cumprimentou.
– Estávamos falando de você agora! Acabei de perguntar se você já tinha levantado – disse Juliana, sorridente. Gina não conseguia entender como ela conseguia gostar de Aisha. Talvez fosse coisa da cabeça dela... É... Talvez...
– Eu perdi a hora hoje – ela riu – Fiquei terminando alguns documentos ontem a noite. E falando nisso, alguém sabe onde eu consigo encontrar o prefeito?
– O prefeito? Mó de que ocê quer falar com aquele um? – perguntou seu Pedro, com uma expressão séria, retirando o cachimbo da boca.
– Eu preciso de algumas coisas que estão com ele. Nada de mais, mas é necessário pra colocar no meu trabalho.
– Bão, ocê vai ter que ir pras Anta – disse Gina, tentando aceitar que ela não era um monstro como via nos sonhos.
– Imaginei.

Alguém bateu na porta. Dona Tê foi abrir.

– Bom dia, dona Tê.
– Bom dia, doutô Nando! Entra, entra.
– Com licença.

Mas aquela hora já vinha ele importunar a vida dela. Ainda mal havia terminado de acordar. Gina bufou, Juliana riu baixo.

– Bom dia a todos – o engenheiro cumprimentou.
– Isdia, Nando! – seu Pedro se levantou e foi dar um abraço no rapaz.
– Vim aqui buscar as amostras, seu Pedro, pra levar pras Antas.
– Você vai pra lá hoje, Nando? - perguntou Aisha, esperando que eles pudessem ir juntos. Gina cerrou os olhos.
– Na verdade não. Hoje o laboratório não abre... Mas, porque?
– Porque eu preciso ir na prefeitura, mas tudo bem. Eu vou sozinha.
– Falando nisso, minha cara, eu precisava falar com você. Será que... Podemos conversar depois? – ele piscou para a amiga, provocando a ruiva, que tentava parecer indiferente.
– Claro – Aisha sorriu.
– Ótimo. Vamos então, seu Pedro?
– Vamo sim, fio.

Os dois saíram em direção à lida. Juliana era a única que sentia a tensão entre a amiga e Aisha, apesar de que esta podia imaginar que, se pudesse, Gina pegaria a espingarda e não pensaria duas vezes em ataca-la.

– Ocê vai trabaiá hoje, fia? – perguntou dona Tê, simpática.
– Craro. Ieu num fico de moleza. Ocê vem tumém Vira?
– Hoje não, Gina – ele respondeu, tomando um gole de café – Tenho que terminar uma coisa que eu comecei ontem.
– E ocê Juliana? Quais os plano de hoje? – voltou a perguntar a senhora.
– Bom... – ela começou, meio sem jeito, sem saber como explicar – Eu fiquei de ajudar uma pessoa... Ele tá aprendendo a ler, e eu prometi que iria corrigir o que fosse preciso – ela trocou olhares com Gina, que sorriu de canto, achando engraçado como ela conseguiu contar a verdade, sem que parecesse.
– Gina, será que você não quer me acompanhar até as Antas? Afinal, hoje é sábado... Podia dar uma folga, não acha? – perguntou Aisha, tentanto ser gentil.
– Ocê num ouviu? Ieu num fico de moleza. Tenho trabaio duro pra faze, se é que ocê sabe o que é isso. E deixa eu ir que já tá tarde – ela respondeu, ríspida, se levantando, e indo buscar as ferramentas para o trabalho. Era incrível como toda vez que ela tentava dar uma chance a Aisha, alguma coisa acontecia e ela voltava aos pensamentos de antes.
– Ocê num ligue pra ela, querida – acalmou dona Tê – Ela tem uma cabeça dura que só vendo... Isso que dá ela ter ficado tanto tempo com o pai, na roça.
– Não se preocupe dona Tê, eu faria o mesmo se estivesse no lugar dela... Vendo tudo isso... – Aisha respondeu.
– Vendo o que?
– Nada... É só maneira de falar – a garota riu. Juliana a olhou de canto, sabendo exatamente do que se tratava – Bom. Vou indo. Espero que o prefeito possa me receber.
– Mas e o Nando? Ele não queria falar com você? – perguntou Juliana.
– Se for o assunto que eu estou pensando, prefiro adiar o máximo possível. E depois, ele sabe o quanto isso me irrita – respondeu séria.

Ela levantou, e foi até o quarto, pegar as coisas necessárias para ir até as Antas. Fechou a porta.
“Nando, Nando... Não sei mais quanto tempo vou aguentar... Você sabe como eu odeio isso, e ainda assim me força a fazer!” ela pensava sozinha, no silêncio do quarto. “Se eu não estivesse te devendo um favor, nunca teria aceitado essa maluquice...”.

**

[I Cried Like a Silly Boy - Devotchka]

Gina batia a enxada com força na terra, transpondo toda a insegurança e raiva para o trabalho. Ela não devia ficar assim. Já tinha prometido para si mesma que não ia mais me ligar, mas não importava o que fazia, ela sempre acabava da mesma maneira: descontando o que sentia na plantação do pai. Pelo menos aquilo tinha alguma utilidade, o trabalho rendia duas vezes mais.

– Bom dia, Gina. A gente nem conseguiu conversar direito no café – cumprimentou o engenheiro, por de trás dela – Acabei de pegar as amostras de terra.

Ela prosseguiu o trabalho, tendo apenas lançado um olhar para ele por cima dos ombros.

– Vai ficar sem falar comigo de novo? O que eu fiz dessa vez?
– Nada ué. Ieu precisava ter respondido arguma coisa? – perguntou de má vontade, sem olhar para ele.

– Não... Achei que você estivesse brava. O que não tem sentido, não é? Afinal, quem ficou de gracinhas com o Viramundo não fui eu – provocou.

Gina parou, incrédula. Virou para Ferdinando com a expressão irritada. Mal sabia ela que o engenheiro adorava sua braveza.

– E quem ficou dançando com a Aisha no meio da sala não fui eu! – ela ergueu o queixo, dando um passo a frente.
– Porque a senhorita estava de cantoria com esse mesmo violeiro – ele continou, imitando ela, andando para frente também.
– Que que ocê quer dizer com isso?
– Que eu tenho mais motivos pra ter ciúmes do que você!
– E quem disse que ieu tenho ciúme d’ocê?
– E não?
– Craro que não! Ieu já disse que num tenho ciúme de covardão que nem ocê!

Ferdinando agarrou um braço dela com uma mão e com a outra a puxou pela cintura. Por um momento ficou fitando aqueles olhos castanhos, que eram uma guerra por si só. Depois, sorriu maliciosamente e beijou a bochecha de Gina, que ainda se assustava com aqueles movimentos repentinos do engenheiro, mesmo sabendo o quão irritado ele ficava quando ela o provocava daquele jeito.

– Ocê me largue! – ela bateu o cabo da enxada no pé dele – E para de fica fazendo essas coisa, que a próxima a fica enciumada é a Aisha!
– Oi? – perguntou, desentendido, massageando o pé machucado.
– Ara... Ocês tão junto, todo mundo já sabe!
– Como é? – ele realmente não estava entendendo – Gina, isso o que ocê tá dizendo é uma besteira sem tamanho!
– Pois se num tão junto, deveriam. Ela gosta muito d’ocê. E num é novidade, depois de tanto tempo que ocês passaro na capitar... – ela dizia, irritada, com o rosto começando a ficar vermelho.
– Gina..!
– Nando! – chamou a professora, vindo de longe – Achei que você já tivesse ido embora... Estou... Atrapalhando alguma coisa? – perguntou, ao ver o estado dos dois, que mal tiravam os olhos um do outro.
– Não... Nóis já terminou. E ocês me dê licença que ieu tenho muito trabaio pra faze – disse ela, passando por Ferdinando, não sem antes lançar um último olhar enviesado para o engenheiro.

Ferdinando suspirou. Pelo menos ela estava com ciúme, já era um avanço... Mas daí a confessar os sentimentos... Aquilo era mais complicado do que parecia. Mas valeria a pena no final.

– Aconteceu alguma coisa Nando?
– Só o de sempre – ele sorriu – Mas me diga, o que você queria falar comigo?
– Ah sim – ela voltou a rir, com os olhinhos brilhando – Será que você poderia dar um recado para o Zelão?

**

[Brincando de Velho Oeste - Tim Rescala]

– We... Wen...
– Wendy!
– We... Wendy?
– Isso!
– Ara... Esses nome é complicado por demais!
– Mai ocê vai ter que se esforçar! Vai... Termina essa parte.
– “Vem... Venha comigo, Wen.. Wendy. Vamos para a Terra do Nunca” – lia ele pausadamente, frisando cada sílaba – Ara... Mai isso não existe!
– No livro existe! E para de ficar enrolando e termina de ler! – reclamava Serelepe, impaciente – Desse jeito a perfessora num vai ter paciência com ocê!
– Larga de bestagem... E despois, ieu ainda num sei le de carrerinha, ocê tem que ter paciência comigo! – dizia Zelão, fazendo birra como uma criança.
– Ieu tenho paciência... Mai ocê num precisa fica fazendo comentário a cada linha que ocê le!
– Ara... Tá bão...

Zelão estava se preparando para o encontro com a professora. Ele não havia conseguido ler durante a semana, então tentava tirar o atraso nas poucas horas que precediam o encontro. Estava mais inseguro do que nunca. Inseguro de não conseguir ler na frente dela, e ela rir... Inseguro por ela cancelar o encontro... Inseguro por estar com ela... E ainda tinha que lembrar de tudo o que vinha aprendendo que, para ele, não era tão fácil de memorizar.

Mas ele a via. Via seus olhos da cor do céu, os cabelos de uma flor do campo, sentia o perfume delicado... Era essa imagem que fazia ele continuar cada vez mais, não desistir e tentar se superar a cada dia. A imagem do amor. E quem diria que o amor pudesse ter uma imagem... Há tempos atrás Zelão diria que isso era uma besteira sem tamanho... Mas agora, ele fora pego, laçado, e até domado. O amor era uma coisa perigosa. Mas, por enquanto, estava mais preocupado em aprender a pronunciar os nomes dos personagens do que imaginar nas consequências que esse tal de amor pudesse trazer.

– O Lepe... A perfessora falo arguma coisa pr’ocê ontem?
– Inté que falou... Mai ieu só vou te contar se ocê terminar essa parte!

O amigo fechou a cara, mas logo começou a rir. Passou a mão pelo cabelo do pequeno, bagunçando, como se fossem realmente irmãos. Era incrível como aquele menino do livro parecia com Lepe... Os dois não tinham pais (ou melhor, não conheceram), não queriam crescer e viviam todas as aventuras que imaginavam. E, o mais importante, os dois sabiam as alegrias de ser criança, das brincadeiras, da magia...

Ele terminara de ler a página com certa dificuldade, mas Lepe o ajudava nas palavras mais difíceis, ou as que ele não conhecia. Era incrível para Zelão conhecer todas aquelas palavrinhas novas, definições novas, combinações novas... Era uma vitória cada linha que ele lia, e entendia.

– Pronto... Agora me fala, que foi que ela disse?
– Ela disse... Não esqueçam de fazer a lição de casa! – o garoto riu descontroladamente.
– Ara! – Zelão estava nervoso.

Jogou o livro pro lado, pulou em cima do garoto e começou a fazer cócegas por todo ele. Rolavam no feno, os dois, brincando, brigando, rindo e esbravejando... Por mais que tentasse, Zelão não conseguia ficar bravo com o outro.

– Seu moleque – ele riu, sem folego, olhando para o teto do celeiro, cheio de palha pelo corpo.
– Ara, mai foi o único jeito que ieu arrumei de ocê terminar de ler aquela parte!
– Ieu devia era te dar uns cascudos! – brincou, pegando o menino e bagunçando o cabelo dele de novo.

Na porta do celeiro um homem ria alto vendo aquela cena, pegando os dois de surpresa. Sem saber quem era, Zelão pegou uma das pistolas que trazia na cintura e se sentou rapidamente, apontando pra quem quer que fosse.

– Ei, ei! Eu vim em paz! – disse Ferdinando, levantando as mãos, levemente assustado pela reação do outro.
– Ah... É o senhor... Discurpa, doutô Nando... Ieu num vi quem era – disse, abaixando a pistola, e se levantando, tentando tirar alguns ramos de palha das calças.
– Não se preocupe. Na verdade ieu não queria lhe atrapalhar, é que eu acabei de vorta da casa do seu Pedro Farcão, e vim trazer um recado da professora Juliana... – sorriu de lado.
– Da perfessora? – Zelão parou de se arrumar. Ficou hipnotizado apenas por ouvir aquele nome. Os olhos já brilharam e um sorriso bobo se formou no rosto – O... O que que ela disse? – se aproximou do engenheiro.
– Ela disse que vai te esperar no horário combinado, na árvore grande no caminho de vorta da escola – ele sorriu para o amigo – Eu não sei se eu entendi direito... Mas ela disse que ocê ia entender...
– Sim – ele suspirou, apaixonado – Ieu entendi. Gradecido, nhô Nando.
– Pode parar de chamar assim, Zelão... Pra você, é só Ferdinando, sem essa de doutor, ou de senhor, ou de nada disso – ele riu.
– Tudo bem – Zelão sorriu de volta.
– E devo lhe dizer, meu caro, que ela parecia bastante ansiosa pra lhe ver – deu uma piscadela.
– O nhô... Ocê acha?
– Com certeza. Ela parecia uma garotinha quando me pediu para dar o recado – ele lembrou, achando graça da amiga – Aproveita, meu amigo. E lembre-se do que ieu lhe disse: agora o caminho tá livre pr’ocê. Boa sorte – desejou.
– Gradecido... Amigo.

Ferdinando se despediu do companheiro. Era engraçado pensar que estava ajudando o amigo a conquistar a garota que ele já se interessou um dia. Na verdade, ele nunca fora definitivamente apaixonado por Juliana, fora apenas um encanto passageiro. Afinal, era realmente difícil não se encantar por ela, pela beleza, gentileza, delicadeza... Mas hoje, ele estava atraído exatamente pelo oposto: por uma turrona, brava, que não tinha meias palavras, e ainda assim, igualmente bela. Como são as coisas... Realmente, não se pode mandar no coração. Ele desejava que Zelão pudesse, enfim, se acertar com a professora. Ele sabia que os dois se amavam, então, qual o sentido de ficarem separados?

Zelão voltou à pilha de feno, ainda sorridente, e pegou o livro que havia se afundado entre os ramos. Passou a mão pela capa, limpando.

– Ocê vai ter que se lavar antes de ir ver a perfessora...
– Tudo curpa sua! – ele brincou. E o garoto estava certo. Zelão tinha feno até nos cabelos – Vem. Nóis dois precisa de um banho.

**

[Clockwise Witness - Devotchka]

Aisha se preparava para ir até as Antas. Havia pegado alguns documentos que talvez precisasse apresentar na prefeitura, a bolsa... Sim, estava tudo ali.

– Dona Tê, estou indo. Precisa de alguma coisa de lá?
– Obrigada querida, mai ieu num careço de nada não – respondeu a outra.
– Bom... Então já vou. Até.

Ao passar pela sala, viu Viramundo compenetrado com sua viola, olhando para nada em particular.

– Vira?
– Oi – ele respondeu, saindo do transe.
– Eu vou pras Antas, precisa que eu traga alguma coisa?
– Não... Não... Gradecido.
– Tá tudo bem? – perguntou, vendo o quanto ele estava disperso.
– Tá sim.
– Certeza?
– Tenho – ele sorriu – Ieu... To compondo uma música pra Milita.
– Jura?! – ela se alegrou – Bom, já que é assim, não vou te atrapalhar. Até mais tarde.
– Inté.

Ela pegou o casaco pendurado próximo a porta, onde havia deixado no dia em que chegara, e saiu.

– Bom dia.
– Renato? Ahn... Bom dia – cumprimentou, um pouco surpresa – Veio falar com o senhor Pedro?
– Na verdade, eu vim aqui ver você.
– Está tudo bem? – perguntou preocupada, apontado para o braço do médico.
– Está sim – ele sorriu – Eu vim... Te convidar pra um passeio. Você me disse que ainda não conhecia a vila...
– Obrigada pelo convite, mas, infelizmente, eu já tenho compromisso – ela sorriu, descendo alguns degraus da casa.
– E eu posso perguntar qual é o compromisso?
– Claro que pode, e eu posso não responder – ela piscou, rindo – Eu vou até a prefeitura pegar alguns documentos.
– Mas... Hoje é sábado!
– E a prefeitura não abre?
– Não... Quer dizer, abre... Mas... Eu acho que você deveria descansar, aliviar a cabeça – começou ele, tentando convencê-la.
– Pois saiba que esse tipo de trabalho não me dá folga, diferente de certos médicos que, desde que eu cheguei, o único dia em que eu vi ele no posto foi quando ele mesmo precisou ser atendido – ela provocou, sorrindo maliciosamente – Estou começando a duvidar das suas faculdades, meu caro - ela brincou. Ele riu.
– Eu já disse, não tenho pacientes! O povo daqui nunca fica doente, e quando fica, preferem ser atendidos pela Mãe Benta do que por mim.
– Mãe Benta?
– A mãe do Zelão... Ela é a benzedeira da vila e, agora, minha assistente.
– Ah sim... Mas isso é só questão de tempo. Agora que vocês trabalham juntos, garanto que terá mais pessoas para cuidar! E para isso, vai precisar estar no posto. Agora, com licença – ela sorriu, terminando de descer a escadinha.

Aisha desviou pelo lado direito do doutor, mas ele pegou os papéis que ela tinha nas mãos.

– RENATO! Me devolva! – ela gritou, furiosa.
– Não! – ele subiu até o terraço, abriu a porta e colocou os documentos em cima de uma mezinha que ficava na entrada – Agora aceita meu convite?

Ela não acreditava na prepotência dele. Às vezes, se parecia muito com Ferdinando. Talvez fosse por isso que ela gostava do médico. Aisha revirou os olhos, suspirou e, por fim, consentiu. Entrelaçou os braços no do médico e, juntos foram caminhando para a vila.

...

[Giácomo - Tim Rescala]

– Bom dia, seu Giácomo!
– Buongiorno doutor Renato! – cumprimentou o italiano de dentro da venda. Ele se aproximou do balcão com passinhos ligeiros e avistou Aisha – I quem sera questa ragazza?
– Mio nome é Aisha, signore – respondeu ela, num italiano perfeito.
– Parla italiano? – perguntou ele, surpreso.
– Si – ela respondeu sorrindo.
– A Aisha chegou há alguns dias, e ainda não teve tempo de conhecer a vila.
– Buon, io so Giácomo, dono di questa loja. Tutto que precisare io garanto que vai achar aqui – ele apresentou, de forma educada – I também tenho uma filha. Milita – ele chamou.

Uma garota ruiva, com algumas sardas, de olhos azuis apareceu e andou até o pai.

– Si, papa?
– Questa é Aisha, ela é nova aqui na vila.
– Muito prazer, dona.
– O prazer é meu – disse ela, admirando a garota.

Então ela era Milita, A Milita. Não era a toa que o violeiro se apaixonara tão perdidamente por ela. A garota parecia mesmo adorável, sem contar o quanto era bonita.

– Milita, será que você poderia me ajudar, eu estou precisando de algumas fitas – ela começou, avistando fitilhos no fundo da loja, uma ótima desculpa para tirá-la de perto do pai.
– Claro, pode vir por aqui.
– Com licença – ela se desvencilhou cuidadosamente de Renato e seguiu a italiana.
– Ieu acho que essa aqui vai ficar muito bonita n’ocê – ela mostrou uma fita azulada, parecida com os cabelos de Aisha.
– Obrigada... Mas, na verdade, eu não preciso de fitas... Apesar de que essa é muito bonita – ela pegou e admirou – Mas não é disso que eu quero falar – ela se lembrou, tentando manter o foco – Eu preciso te falar uma coisa, sobre o Viramundo.
– O Vira? – ela abriu mais os olhos.
– Sim... Eu soube que ele disse que não quer mais nada com você, mas eu posso te garantir que isso não é verdade.
– Como... Como ocê sabe disso? – o coração batia acelerado.
– Eu não posso dizer... Mas acredite, o que ele sente por você não mudou, de jeito algum. Ele só disse isso pra te poupar – ela não podia dizer mais – Só... Espere. Tenha paciência, que tudo vai se resolver. Eu prometo.

Milita sorriu abertamente, com um alívio enorme dentro do peito. O violeiro, afinal, não havia criado maiores sentimentos pela filha dos Falcão. Num impulso, ela abraçou Aisha apertado, agradecendo por lhe avisar.

– Não há de que – ela sorriu, respondendo aos pensamentos da outra – Bom, eu já vou. E vou levar essa fita, que afinal, é muito bonita!

**

[Somethin' Stupid - Devotchka]

Juliana já tinha tudo preparado. Estendeu uma grande toalha azul, florida, no chão, embaixo da maior árvore que havia no caminho que Zelão a levava para a casa dos Falcão. Separou os caderninhos dos alunos que ia terminar de corrigir (ou, pelo menos, fingir que ia) enquanto Zelão lia sua história predileta. Estava tudo caminho perfeitamente para ser um dos melhores dias que ela já tivera. Sem contar, que ela finalmente havia criado coragem de dizer tudo.

Ela olhou no relógio de novo. Havia se passado apenas dois minutos da última vez que olhara. Alisou o vestido quadriculado mais uma vez. Estava nervosa, ansiosa, feliz e eufórica, tudo ao mesmo tempo. Como tantas emoções podiam caber na mesma pessoa? Ela riu da própria situação. Talvez, se começasse a vistar a lição dos alunos, o tempo pudesse passar mais rápido. Sim. Faria isso.

Juliana se sentou e pegou um caderno. Leu uma linha, duas... Parou. Recomeçou. Já não se lembrava do que havia lido. Tentou de novo. Mais uma vez. Não... Aquilo não ia dar certo. Fechou o caderninho e colocou de volta na pilha, e depositou a caneta em cima deles. Suspirou. Olhou para cima. Por entre os galhos e as folhas da copa da árvore alguns raios de sol de início de tarde transpassavam, brilhando, fazendo a professora fechar um pouco os olhos. Ela já havia sentido isso de manhã. O sol cegando seus olhos, fazendo ela ter que se adaptar para vê-lo. Zelão também tinha esse poder de cegá-la, mas era diferente. Ela só desviava os olhos dele quando ela não podia mais se controlar, ou quando tinha que voltar a sanidade que ele a fazia perder. Ah Zelão... Porque demorava tanto? Ou ela havia chegado cedo demais? Os dois...

Mas ela não esperou muito mais. Ao longe, avistado do horizonte, o capataz vinha, com seus passos largos, as vestes vermelhas, e o chapéu cobrindo parte do rosto. Juliana respirou fundo uma, duas, três vezes. Se acalmou. Tentou parecer o mais normal possível.

– Bas tarde do... Juliana – ele cumprimentou, sorrindo.
– Boa tarde, Zelão. Senta. Vamos começar?
– Vamo! Mai... Ieu ainda to só começando...
– Eu sei disso – ela riu – Pelo contrário, você já está começando! E isso é um avanço enorme. Eu fico muito, muito orgulhosa de você – ela olhou profundamente nos olhos dele, olhos cheios de mistério, tormenta e... paixão? – Muito bem, pode começar de onde você parou. Enquanto você lê, eu vou corrigindo algumas lições dos meus alunos, mas qualquer dificuldade que você tenha pode me perguntar, afinal, é pra isso que eu estou aqui! Podemos?

Ele assentiu. Abriu na página que havia terminado de ler com Serelepe. Respirou fundo e começou. A voz rouca e grave entoou por entre o bosque, atingindo como um trovão o peito de Juliana; a respiração dela começou a acelerar, mas ainda assim, ela se conteve. Ficou admirada como ele já estava lendo rápido para alguém que havia se alfabetizado em poucos meses.

– “ Ele de... Declarou ‘uma menina... vale mais do que vin.. vinte meninos” – leu, pausadamente, sem errar, dando um sorriso ao final.
– O que foi? – ela percebeu.
– Nada... É que ieu tamém acho isso... Uma muié vale mais do quarque home – ele a fitou, baixando os olhos logo em seguida. Não queria que ela se ofendesse e fosse embora.
– Jura? – ela sorriu – Isso é muito bonito Zelão... Continue... Estou gostando de te ouvir – ela confessou, encarando-o de volta.

Ele continuou, agora mais confiante. Leu mais algumas linhas, sem maiores problemas. Ele nem parecia que nunca fora alfabetizado, tamanha afinidade que tinha com as palavras.

– “...e foi assim que apareceram as fadas”. Mai... Juliana, num existe essa coisa de... – ele começou, mas rapidamente a outra, assustada, levou alguns dedos na boca dele, impedindo que ele continuasse.
– Não diga isso! Toda vez que alguém diz, uma fada morre em algum lugar – ela explicou – Não queremos fadas mortas por ai, não é?

Ele negou com a cabeça, ligeiramente surpreso. Ver ela assim tão próxima dela, com os dedos em seus lábios, dedos tão macios, delicados.

Ela não conseguia mais se conter perto dele. Sentia aqueles lábios quentes, a respiração abafada, o bigode crespo, mas também macio... Tudo naquele homem a atraia de uma forma inexplicável. Era, agora ela não tinha a menor dúvida, amor.

– Me diga Zelão, você acredita nessas coisas do livro? Coisas que, pra todo mundo é impossível, mas que para algumas, poucas, pessoas, podem ser reais?
– Ieu acredito... Ninguém creditava que ieu ia tá lendo, não é mermo? E hoje ieu to aqui... Lendo... Com ocê do meu lado – ele também já não conseguia mais aguentar, ter ela tão perto, e tão longe.
– Realmente... Esse é um bom exemplo – ela sorriu, sentando-se mais próxima dele.
– E ocê, Juliana? Ocê acredita? Nessas coisa de... Fada?
– E porque não? O mundo já sem graça e sério o suficiente para não ter um pouquinho de esperança no impossível, não acha?

Ela não queria assustá-lo. Ele não queria ofendê-la. Mas ainda assim, os dois queriam um ao outro. E quando se ama, o mundo se apaga, nada mais importa, apenas aquele que temos a nossa frente.

E não foi diferente. Zelão não se importava mais se ela iria correr para longe ou não. Precisava tê-la, senti-la, tocá-la... Juliana sabia que ele era corajoso, então esse era o momento em que ele devia provar.

Ele colocou o livro de lado, se virou totalmente de frente para a professora, o que fez com que ele ficasse ligeiramente mais alto que ela. Repousou uma de suas mãos no rosto dela, ao que Juliana fechou os olhos, aproveitando aquele toque que ela há tanto esperava.

Ela retribuiu, enlaçando os braços no pescoço do capanga, puxando-o mais pra si, sentindo seus cabelos, fazendo a nuca dele se arrepiar, bem como todo o resto do corpo ao sentir aquelas mãos, ao ver aqueles olhos de cristal se abrirem em sua frente.

Eles não aguentavam mais. Juliana deu um pequeno impulso com o corpo, Zelão abaixou ligeiramente, e juntos, selaram, finalmente, aquele amor que transbordava do peito do casal. A calma e o desespero, o delicado e o bruto, o singelo e o denso, finalmente encontraram paz no outro.

Os lábios dos dois se encaixavam de uma forma única, como se fossem feitos para serem selados e nunca mais separados. A outra mão do capanga desceu até a cintura da professora, segurando forte, para ter certeza de aquilo não era um sonho. Juliana pressionou os lábios com ainda mais força, para garantir que ele não fugiria, que aquilo não acabaria. Eles podiam ficar ali para sempre, nos braços do companheiro, envolvidos pelo amor.

O livro foi deixado de lado e, pela primeira vez, a realidade foi muito mais bela.

**

[Dearly Departed - Devotchka]

Escola, igreja, bosque, riacho, Renato levou Aisha para conhecer toda a vila. Almoçaram juntos na venda de seu Giácomo, que se mostrava encantado com a recém-chegada. Agora, estavam acabando de voltar da Casa Grande, não entraram, ela apenas queria conhecer a casa de Ferdinando.

– Não consigo entender como ele não deixa o Nando cuidar daquela propriedade enorme... – comentou Aisha, depois de ver o tamanho daquela casa, só por fora, e entendendo porque a chamavam “casa grande”.
– Ele queria que o filho tivesse feito direito... Você lembra como ele vivia falando que ia melhorar toda a plantação?
– Claro! Era uma das coisas que ele mais se orgulharia em fazer quando terminasse a faculdade...
– Mas ai... O pai expulsa ele de casa...
– Pois é... Ele vivia falando como a gente era parecido.

Já estavam quase chegando na casa dos Falcão, e Renato queria saber de uma coisa que o deixava ligeiramente curioso....

– É por causa do seu pai que você é tão centrada e metódica? Que nunca aceita ajuda de ninguém? – perguntou o médico, tentando entender mais daquela garota que ele estava começando a se apaixonar.
– Bom... Também. Ele sempre trabalhou sozinho, independente. Acho que uma boa parte veio dai.
– E a outra parte?
– É bem bobo, na verdade – ela riu – Mas, sei lá, pra mim foi quase que um trauma.
– Ora, me conte! Prometo que eu vou rir – ele levantou a mão, prometendo.
– Está bem – ela baixou os olhos sorrindo. Porque sempre cedia ao que ele pedia? Ele transmitia certa segurança que ela nunca havia sentido com ninguém – Bom... Ano passado eu namorava um cara que estava no quinto ano. Ele sempre me ajudava a estudar, e também me auxiliava um pouco no meu tcc. Já faziam dois anos e meio que eu estava trabalhando naquilo. Alguns meses depois a gente terminou. No final do ano, eu descobri que ele havia apresentado o meu tcc como se fosse dele... Quando eu pedia para ele tirar copias ou imprimir algumas pesquisas e documentos, ele também pegava pra ele... – ela revelou – Eu contei pra direção da faculdade; ele tirou zero, foi expulso, levou diversas advertências... Mas ainda assim, eu perdi todo o meu trabalho, por culpa dele.
– Realmente, isso deixaria uma marca em qualquer um... Mas, e agora? O que você vai fazer?
– Bom... Os diretores avaliaram as minhas notas, viram que eram muito boas, e me deram alguns meses a mais... O final de novembro passado, fevereiro, e dois meses antes e depois das férias de meio do ano pra tentar refazer o meu trabalho... Sem contar que durante todo esse ano minhas notas vão ser computadas diferente... É bem trabalhoso, na verdade...
– Imagino! E ai você veio pra cá?
– Isso... Não vai ficar igual ao primeiro, mas está indo pelo caminho que eu imaginei – ela sorriu.
– Você sabe que... Eu nunca faria isso com você, não é? – ele começou, tentando mostrar a ela que nele ela poderia confiar.
– O que? Roubar meu trabalho? – ela riu.
– Também – ele riu junto – Mas... Te trair... Trair a sua confiança, te magoar – eles pararam, Renato acariciou o rosto dela com a ponta dos dedos.
– Já está ficando tarde, não é? – ela desviou, envergonhada – Acho melhor nos apressarmos ou vai ficar escuro demais – disse, apertando o passo, ficando a frente de Renato.
– E você tem medo do escuro? – perguntou, acelerando para acompanha-la.
– Não tenho medo do escuro... Tenho medo do que pode ter nele.

“Eu posso te proteger”, Renato pensou, mas não disse... Sabia que ela teria ficado ainda mais acanhada, mas era o que ele pensava.

– Pronto... Entregue.
– Obrigada pelo passeio, Renato... A vila é realmente linda... Obrigada por ter me mostrado...
– Mesmo que tenha custado sua viagem até as Antas?
– Mesmo assim – ela riu.
– Então espero que possamos fazer isso muitas vezes mais... Eu adorei passar o dia com você – ele pegou a mão dela e a beijou, como havia feito no primeiro dia em que se conheceram.

Ela sorriu, as bochechas ganharam um leve tom avermelhado.

– Até, Aisha.
– Até, Renato – ela colocou uma duas mãos no rosto dele, e beijou sua face, que agora tinha ficado tão vermelho quanto ela pelo ato inesperado – Obrigada, mais uma vez, por tudo – agradeceu, olhando profundamente nos olhos de Renato, que ainda se enfeitiçava com aqueles olhos que mais pareciam esmeraldas.

Aisha entrou na casa e, finalmente, pode suspirar livremente. Colocou de volta o casaco próximo a porta e foi até a cozinha. A casa estava silenciosa, assumiu que não havia ninguém. Pegou um copo de água, com as mãos ligeiramente trêmulas e se lembrou do melhor dia que tivera desde que havia chegado ali. Começou a rir sozinha. Era uma bobagem enorme... Como ela podia estar se envolvendo com um médico que mal conhecia? Não... Ela não tinha vindo ali para arranjar um namorado... Mas, é claro que isso podia acontecer.

Percebeu o sorriso bobo que tinha no rosto. A cada lembrança da imagem de Renato a fazia querer voar... Começou a rodar pela cozinha, sem música, apenas de felicidade, de alegria... De amor? Não... Amor não... Aquilo era forte demais para apenas alguns dias... Podia apenas estar encantada... Mas como era belo aquele encantamento.

[Perigo Sobre o Chão - Tim Rescala]

– Tarde.
– Gina! – ela assustou, dando um pulinho – Eu... Não vi você aí... Achei que estivesse na lida...
– Não... Ieu cheguei já faiz um tempo – disse, séria, apoiada na pilastra.
– Bom... Acho que eu vou tomar um banho – disse Aisha, torcendo para que ela não a tivesse visto naquele estado. Ela se virou para ir para o quarto.
– Ocê é muito dissimulada mermo...
– Perdão?! – ela se virou.
– Ieu vi muito bem ocê com o doutorzinho lá fora – começou, andando na direção de Aisha.
– E qual o problema? Até onde eu sei, não sou comprometida com ninguém!
– Ara... Num se faiz de santinha! Ieu sei muito bem d’ocê e do Ferdinando!
– De mim e de quem? – ela estava achando graça, mas via que a outra não estava brincando.
– Do Ferdinando! Ieu sei que ocês dois tem arguma coisa... Ocês num se larga! Vão é fica muito bem juntos... São estudado, moraro junto...!
– Gina! Você... – ela não conseguia mais esconder, já estava passando dos limites – Você é uma cega!
– Como é que é? – ela ficou ainda mais furiosa, se é que aquilo era possível.
– Sim! Cega! Você não consegue ver uma coisa que está na sua frente, nem se tivessem milhares de luzinhas piscando! – esbravejou. O tom das duas estava subindo.
– Ah, é mermo? Agora ieu tenho certeza que ocê e o Ferdinando foram feitos um pro outro... Os dois são umas mulas!
– Gina... Presta atenção, eu não posso, eu não quero e eu nunca vou estar apaixonada pelo Ferdinando! – ela disse, frisando cada uma das palavras.
– E porque não pode? Ocê merma disse que é desimpedida pra fazer o que bem entende... Me diz, porque não namora com ele?

Aisha já estava cheia... Andava pela cozinha de um lado a outro, não ia mais aguentar... Ia contar... Gina a provocava, a cabeça dela rodava, chega...

– Vai, me diz? Qual o grande pobrema afinar? Ele num é todo bunito, carinhoso... E deve de ser mermo, ele te abraça, dança... – ela provocou, mas foi cortada por uma Aisha nervosa.
– Porque ele é meu primo, Gina! – ela bradou com toda a força que tinha no peito – O Nando é meu primo.


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Notas finais do capítulo

EU QUERO QUE TODO MUNDO QUE ODIAVA A AISHA COMENTE AQUI!! AGORA!!!! HAHAHAHAHAHHA

Eu juro, juradinho que dei o meu melhor em Zeliana, tive até ajuda (valeu Nathy!! s2) Então, espero que tenham gostado!

Pooor favor não deixem de comentar! Criticas, elogios, ideias, sugestões, segredos, desabafos, problemas de vida, traumas de infância.... enfim!!!

Beijoooos, até o próximo!



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