Tudo Novo de Novo escrita por BloodyMah


Capítulo 7
Capítulo 7 - Curativos


Notas iniciais do capítulo

Oláa pessoas bonitas!!!

Agora, as coisas estão mais estabilizadas, e ao que tudo indica, vou voltar a postar toda segunda!! Uhuul!! Hahahaha

Mais um cap aqui, então nao vou ficar enrolando!!

*PLAYLIST*

1 - Perigo Sobre o Chão - Tim Rescala
2 - I Cried Like a Silly Boy - Devotchka
3 - The Clockwise Witness - Devotchka
4 - Dearly Departed - Devotchka
5 - Charlotte Mittnacht - Devotchka
6 - Boca do Mato - Gabriel Sater



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[Perigo Sobre o Chão - Tim Rescala]


– Renato! Renato, olha pra mim! - Aisha estava ajoelhada ao seu lado, segurando o rosto dele.

Ele ainda arfava de dor. Ela não precisava perguntar se ele estava bem assim que viu a mancha de sangue no braço do rapaz.

– Eu vou te levar pro posto!

Ela puxou ele pelo outro braço, que colocou em volta do seu pescoço, segurou na cintura dele e ergueu-o. Renato ficou surpreso pela força dela.

– Não... - ele arquejou ao perceber que ela o levava para o cavalo.
– E você quer que eu faça o que?! Te leve nas costas?! É o único jeito de chegar no posto logo!

Ele não retrucou. Sabia que ela estava certa.

– Se apoie aqui - ela o colocou ao lado de Quarta-feira. Segurando as rédeas, ela colocou o pé no estribo e subiu com um pulo. Pegou novamente o médico pela cintura - No três você pula, ok? 1... 2... 3!

Ela fez toda a força que podia e conseguiu acomodá-lo a sua frente na sela. Pegou as rédeas de modo que conseguia prender Renato pelos lados.

– Se segura... Iá!! - ela gritou batendo os pés e as rédeas.

Quarta-feira era rápido. Aisha montava com destreza, guiando o cavalo pelo caminho que Renato apontava. A visão da vila começava a aparecer.

**


– Tem certeza que ocê não quer comer nada?
– Tenho sim, dona Tê - respondeu Ferdinando, educadamente - Eu prometi que ia jantar em casa. Só preciso falar com seu marido.
– Bão, como ieu disse, ele tá tomando banho. Mai ocê pode esperar aqui se quiser!
– Agradeço a gentileza. Ieu até poderia voltar outro dia, mas acho que já adiei esse assunto por demais.
– Intão fique a vontade!
– Obrigado!

Ele se sentou no sofá enquanto a dona da casa se dirigia para a cozinha. Do andar de cima ele podia ouvir as cordas melodiosas de uma viola. Mas nem Viramundo podia incomodá-lo. Ele ia tirar a prova com a ruiva ainda aquela tarde, só esperava que ela não se demorasse.

[I Cried Like a Silly Boy - Devotchka]

Como que atendendo seu pedido silencioso, a garota entrou na sala, tirando o pó de terra das mãos.

– Tarde, Gina - ele cumprimentou.

Ela estava distraída. Quando avistou aquele que ocupara seus pensamentos pela manhã e por boa parte da tarde, o rosto que estava "sereno" (se é que alguma vez Gina estivesse serena) se fechou. Ela continuou em silêncio. Rumou em direção a escada, com seus passos duros, mas Ferdinando foi mais rápido, levantando-se e ficando na frente da escada, abrindo os braços para impedir a passagem. Gina bufou, mas ainda estava quieta. Cruzou os braços e ficou de costas para ele.

– Sabe, Gina, ieu fiquei pensando, pensando, pensando muito no que ocê me disse de manhã, e eu descobri porque eu não lembrava da tar promessa - ele dizia, galanteador como sempre - Porque aquilo que ieu disse num foi promessa, foi só um aviso, ieu tava só falando a verdade. E ieu disse e digo de novo, menininha - ele se aproximou do ouvido dela, sussurrando - Ieu nunca vou desistir d'ocê.

Ela arregalou os olhos. Ele havia se lembrado, e parecia realmente honesto. O coração dela batia em descompasso e as mãos suavam frio. Mas, apesar de toda a alegria interna, ela ainda era Gina.

– Ocê não seja besta, Ferdinando! É craro que ieu num tava falando disso! Ieu tava falando... De outra coisa!
– Eu sei que ocê ta mentindo, Gina - ele sorria.
– E porque ocê tá tão certo disso?! - ela se virou, com as mãos na cintura e o queixo erguido.
– Porque ocê vorto a falar comigo - sorria, admirando a prepotência dela.

Touché. Ele havia vencido. Gina tentava esconder o desconforto, não podia ter cometido tamanho deslize.

– É craro! Ocê tava aí falando umas besteirage sem tamanho! Num podia deixar que ocê saísse pensando que ieu gosto d'ocê!
– E não gosta? - perguntou malicioso.
– C... Craro que não!
– Gaguejou! - provocou.
– Gaguejei porcaria nenhuma! E me dê licença que ieu vou tomar meu banho!

Ao passar por ele, Ferdinando pegou no pulso da ruiva e puxou-a para si.

– Pois ieu te acho linda de qualquer jeito - e beijou-a na bochecha, próximo aos lábios.

Gina pisou no pé dele e se soltou, lançando um último olhar fulminante antes de ir para o quarto.

Ferdinando não conseguia se conter de tanta felicidade. Agora só precisava fazer a garota admitir, o que ele sabia que não seria fácil.

Enquanto isso, Gina entrava no quarto, batendo a porta atrás de si, assustando a professora, que terminava de corrigir os cadernos, em sua escrivaninha.

– Aquele sujeitinho é atrevido por demais!
– Que sujeito, Gina?
– Ara, quem? Ferdinando!
– O que ele fez agora? - perguntou, rindo, vendo que o comportamento da ruiva para com o engenheiro havia voltado ao normal.
– Ele lembrou da promessa! - disse, nervosa, andando até o guarda-roupas, retirando todas as peças e jogando-as na cama.
– E porque você está brava? Achei que você queria que ele lembrasse...
– Mai num achei que fosse!
– Ai, Gina, você é mesmo uma maluca!

Mas a ruiva não prestou atenção, ocupada em decidir qual roupa usaria.

**

[The Clockwise Witness - Devotchka]


– Pare de reclamar! Já estou acabando.
– Tudo bem... Mas você tem certeza que esterilizou essas agulhas?
– Renato, eu juro que se você me perguntar isso de novo, eu paro essa costura por aqui! Você já esqueceu o que meu pai queria que eu fosse?

Aisha estava se saindo muito bem. Logo que chegaram no posto, ela acomodou o médico e viu o que precisava ser feito.

Ao abrir a blusa dele, viu um grande e profundo corte no braço, por ter caído sobre uma rocha pontiaguda. Separou uma seringa com anestesia, álcool, algodão, agulha e linha, achando tudo com uma incrível facilidade.

Seu pai havia lhe ensinado diversas coisas, e como dar alguns pontinhos foi uma delas. Ela aplicou a anestesia e começou a "costurá-lo".

– Nunca vi um médico reclamar tanto! - ela brincou.
– Não estou reclamando, só estou tomando alguns cuidados - respondeu, de costas para ela - Você não tem nojo disso? - perguntou, espantado com a calma dela. Ela riu.
– Aprendi a ser fria em certos momentos. Por acaso, esse foi um deles. Você ficaria impressionado se eu falasse as coisas que realmente me dão nojo. Prontinho - ela disse, cortando a linha restante. Ficou alguns segundos admirando o bom trabalho.
– Já acabou? - perguntou, levando a outra mão, como que por reflexo, onde havia sido costurado, mas Aisha bateu, antes que pudesse tocar.
– Você, mais do que ninguém, sabe que não pode fazer isso! Agora deixa eu cuidar desses ralados.
– Não precisa. Eu posso fazer isso.
– Eu já estou aqui, não estou? - disse ela, levantando e pegando mais álcool e algodão.
– Eu posso pedir pra Mãe Benta, que me ajuda aqui no posto - continuou ele.
– Renato, já são quase seis horas, ela já foi embora! "Até parece que ocê não quer a minha companhia, meu caro" - provocou, imitando o modo de falar de Ferdinando.
– Claro que eu quero. Só não quero que você fique porque acha que é sua obrigação - explicou, vendo ela andando de um lado a outro.
– Acredite, eu não estaria aqui se realmente não quisesse - ela sorriu, sentando-se agora de frente para ele.

Renato gostou a resposta dela. Aisha gostou da atitude dele.

Ela molhou o algodão com álcool e colocou no ferimento do lado esquerdo do rosto dele. Renato sentiu um calafrio e grunhiu baixo, tentando ficar forte na frente da garota.

– Desculpe... Já vai passar - ela continuou passando o algodão com leves batidinhas, que faziam o médico se arrepiar a cada toque - Vamos lá, você aguentou seis pontos no seu braço, isso não é nada!

[Dearly Departed - Devotchka]

E de fato, aquilo não doía tanto. Principalmente porque agora estavam de frente um para o outro. A mão, que segurava o queixo dele, era delicada; os olhos verdes acalmavam sua inquietude, porém faziam com que seu coração batesse mais rápido.

Aisha agora descia a mão para o pescoço de Renato. Ela fazia aquilo com muito cuidado e, de certa forma, carinho.

– Pronto... Eu não achei curativos...
– Segunda gaveta.
– Aqui? - ela apontou.

Abriu no local indicado e pegou alguns. Aplicou uma pomada nos ferimentos e colocou os curativos.

– Do que você tá rindo? - perguntou Renato ao notar o sorriso que havia se formado no rosto dela.
– Nada... Só fiquei pensando... Você é o médico, mas também precisa que alguém cuide de você - respondeu, fitando-o.
– E eu não podia ter recebido melhores cuidados - ela enrubesceu e baixou os olhos, sorrindo de canto - Mas devo dizer que como médica, você uma ótima advogada.
– Você acha?! - levantou o rosto, rindo.
– Claro que sim.

Aisha não precisava agradecer, seus olhos esmeralda faziam isso por ela. Aquele silêncio que os envolvia dizia mais do que qualquer palavra. Renato colocou uma mexa do cabelo dela atrás da orelha, afim de observar por completo aquele rosto angelical.

– Bom... Eu tenho que ir agora - anunciou, relutante consigo mesma - Se cuide. Até depois, doutor - e virou-se em direção a porta.
– Você ainda vai querer me ver, mesmo depois de todo esse trabalho? - perguntou, seguindo ela.
– Isso não foi trabalho algum - ela sorriu - E depois, eu pretendo ficar, no mínimo, cinco meses. Seria impossível não nos vermos, não acha? - piscou.

Aisha subiu no cavalo, enquanto Renato a admirava da porta.

– Até - ela se despediu, já batendo as rédeas.
– Até - suspirou o médico para o vento.

**

[Charlotte Mittnacht - Devotchka]


– Devo dizer que dessa vez é pra valer, seu Pedro.
– Ara, Ferdinando, mai porque isso agora?
– Bom... Tenho muitos motivos, pessoais principalmente - explicou, tentando não demonstrar a causa mais importante - A única coisa que realmente me entristece é que ieu não vou poder fazer da sua filha a primeira dama, como ieu havia prometido - disse, olhando a ruiva de canto.

Gina também o encarava e ainda não havia respondido a nenhuma das provocações do outro porque Juliana a impedia. A duas estavam na mesa de jantar, jogando cartas.

– E seu pai já sabe disso, fio?
– Sabe sim, seu Pedro. Primeiro ele ficou uma fera, mas depois de que ieu falar umas coisinhas, ele até que aceitou bem.
– Craro que ele disse, né pai? O que ocê acha que ele é? Um frangote? - provocou Gina, sem tirar os olhos do jogo.
– Gina! - repreendeu o pai.
– Não se preocupe, seu Pedro. Ocê devia saber que ieu não me importo com as besteirage que sua filha fala - disse ele, indo para trás da ruiva, retirando uma carta das mãos dela e descartando.
– Ei! - ela protestou.
– Ganhei! - disse a professora.

Ferdinando riu baixinho, se afastando. Por vezes, lançava olhares ao violeiro no pé da escada, mas até, o momento, ele não fizera nada demais.

– Boa tarde! - anunciou uma voz contente.
– Tarde, fia! Achei que ocê tinha se perdido.
– Não, não - ela riu - O doutor Renato me acompanhou o dia todo, mas aconteceu um... Pequeno acidente.
– Acidente? - perguntou Ferdinando, preocupado.
– Ele está bem, Nando - se apressou Aisha - Ele só... Caiu do cavalo - ela riu.
– Cuma assim? - todos agora prestavam atenção na conversa.
– Bom... Ele queria aprender a montar a cavalo, mas quando ele foi subir, o cavalo empinou e ele caiu. Ele fez um corte profundo no braço, machucou as costas e ralou o rosto, mas já está tudo bem.
– Não vai me dizer que ocê voltou às suas origens, minha cara... - duvidou Ferdinando, sentando-se ao lado dela.
– Minhas origens são a lei e a justiça - ela rebateu - Mas, se você está se referindo ao meu pai, então sim.
– O pai da Aisha é um médico muito renomado na capital, seu Pedro - explicou Ferdinando, ao ver a confusão dele.
– Ele me ensinou socorros básicos, sintomas característicos de algumas doenças... Enfim. Quando eu vi o estado do doutor Renato levei ele para o posto e fiz o que deveria.
– Mai ieu num entendi uma coisa, ocê que tava ensinando ele a montar? - perguntou Gina, rindo debochadamente.
– Pois fique ocê sabendo, minha cara, que a Aisha monta melhor que muita gente que ieu conheço - interviu Ferdinando, pegando na mão da garota.
– Nando... - disse, envergonhada, trocando olhares com ele.

O rosto de Gina ficou escarlate ao ver os dois. Juliana reparou na amiga e foi logo dizendo:

– Vira, porque você não toca uma música pra gente? - ela piscou para ele.
– Pois ocê num precisa pedir duas veiz.

[Boca do Mato - Gabriel Sater]

Ele passava os dedos pelas cordas com grande habilidade. Era uma moda conhecida e logo a música preencheu todos os cômodos da casa. Gina se levantou da mesa e foi sentar ao lado de Viramundo na escada, cantando melodiosamente como ele havia ensinado. Juliana observava a todos, encafifada com alguns pensamentos que tivera.

Ferdinando ficou emburrado ao ver a ruiva tão a vontade com o violeiro. Aisha, aparentemente sem perceber o desconforto do amigo, puxou ele pela mão e começaram a dançar. O engenheiro agora ria, guiando a garota e fazendo-a rodopiar.

Gina não gostou daquilo, mas continuou cantando, agora emburrada.

Imitando o casal, seu Pedro estendeu a mão para a professora, e também começaram a bailar. Dona Tê veio da cozinha ao ouvir a música, e ficou encantada com a cena.

Todos, exceto por Gina, se divertiam com a música que quase todas as tardes tomava aquela casa desde que Viramundo fora morar com eles.

Quando a música cessou todos aplaudiram, até Ferdinando que, pela primeira vez, sorriu para o violeiro.

– Toca mais uma Vira! - pediu Pedro.
– Infelizmente eu tenho que ir agora - anunciou Ferdinando, antes que a cantoria recomeçasse.
– Mai tá cedo, Nando! - disse dona Tê.
– Eu realmente tenho que ir. Agradeço pelo seu tempo, amigo Pedro. Inté.
– Inté - se despediram. Gina grunhiu.
– Eu te levo até a porta. Deixei Quarta-feira ali na frente - disse Asiha, acompanhando ele porta a fora.
– Nando! Ai meu Deus... Eu esqueci de uma coisa! - lembrou-se Juliana, correndo para alcançá-lo.

E assim terminou a noite, com música, dança, e uma boa quantidade de ciúme.


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Notas finais do capítulo

E aii... Renaisha ou Nandaisha???? Hahahah

Mini spoiler: Sabado está chegando... E é quando coisas acontecem..!!!

Poxa galera, fique chateada... Só um comment no outro cap!! Eu sei que fiquei um tempo sem postar mas.... Ara... Não se esqueçam que eu sou carente!!
Mas falando sério agora, se vcs não estiverem gostando, de verdade, sem ressentimentos, podem falar, que eu tento mudar a história, meu modo de escrita... Sei lá! Dou meus pulos!!

Então, por favor, comentários, críticas, duvidas, sugestões, ideias, fofocas, indicações ao Oscar, diálogos internos... Enfim!!!

Beijoooos... E até o proximo!!



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