POV - EDWARD

Era tarde de quinta feira, sai para dar uma volta, fui ate a praça central. Vi uma garota sentada embaixo de uma arvore chorando, era a Melissa quer dizer Isabella. Ela estava com os olhos fechados, seu choro era intenso. Logo uma forte chuva começou a cair, e ela nem se mexeu, era doloroso, vê-la assim, queria poder ir ate ela e ajudá-la, mas quando eu dei o primeiro passo me lembrei de que ela não era a Melissa, a Melissa não existia. Isso me fez sentir a mesma dor que senti na semana passada, virei de costas pra ela e caminhei de volta pra casa, no meio do caminho a chuva piorou, corri o percurso restante, fui direto pro meu quarto, tomei banho, coloquei uma roupa seca e fui deitar na cama, cobrindo ate a cabeça com o cobertor.

  Era sábado; já tinha anoitecido e eu não saia do meu quarto desde quinta-feira. Às vezes minha mãe vinha aqui me fazer levantar, ou melhor, tentar, coisa que eu não fazia. Só comia porque minha mãe trazia algo pra mim.

  Ouvi a porta se abrir, pensei que era novamente a minha mãe

  - O que quer agora mãe? – perguntei raivoso

 - Eu não sou sua mãe – Disse uma voz masculina; Jasper.

 Sentei-me na cama e eu o vi se sentar em uma cadeira próxima a minha cama.

 - E aí Edward, como está?

 - Bem – respondi com uma careta – E você?

 - Ótimo! Eu fiquei sabendo sobre você

 - E

 - Queria saber se precisa de algo

 - De sumir – murmurei – E você alguma novidade? – peerguntei querendo mudar de assunto

 - Eu estou namorando, a uma semana – comentou sorrindo

 - Com que?

 - Alice – fiz uma careta, ela era melhor amiga da Isabella, mas talvez fosse diferente do que ela era.

 - Você gosta dela – afirmei

 - Muito; nunca pensei que um dia poderia me sentir assim, só de ouvir a voz dela me faz bem, sabe, é incrível como se pode estar vulnerável assim por alguém – Quando eu o ouvi falando de Alice, eu lembrei-me de Bella, das conversas, sua voz, o seu riso, eu realmente sentia sua falta. Queria perguntar como estava, mas não tinha coragem, esperava que ele me falasse algo sobre ela, mas isso nunca aconteceu.

  Jasper vinha todos os sábados aqui, e sempre tive vontade de perguntar sobre a Bella; se ela era como a Mel, mas faltava coragem. Desejei que ele tocasse em seu nome para poder perguntar, mas isso ele nunca fez. Comecei a pensar que estava imaginando a existência de uma pessoa.

  Já fazia uns três meses que me tratava

  E hoje era mais uma quarta-feira em que ia até o consultório da Dra. Esme.

 - Eu sinto falta dela, das conversas bobas, o som da sua voz doce e suave, seu riso. Tenho vontade de vê-la, de conhecê-la

 - E por que não procura por ela?

 - Às vezes é tão fácil me lembrar da Melissa como se fosse a Bella, mas ainda sinto como se ela houvesse me traído, é tão confuso. Eu sei que eu a desculpei por toda a historia. Mas a saudade que eu sinto da Bella parece ser estranha. Às vezes parece que ela não existe e que eu estou enlouquecendo

 - Por quê?

 - A única pessoa que a conhece e eu ainda converso é o Jasper, sei que ele namora a melhor amiga dela, mas ele não fala nada, nunca se quer mencionou o nome dela

 - E isso faz parecer que ela não existe?

 - É mais ou menos, eu tenho curiosidade de saber como ela está, desde quinta-feira em que eu a vi pela ultima vez.

- E como foi?

- Foi em uma quinta depois que ela contou a verdade, após aquela consulta que você soube das drogas.

 - Sim; e como foi vê-la?

 - Era de tarde, eu havia saído dar uma volta. Fui ate a praça central. Foi quando eu vi uma garota sentada embaixo de uma arvore, ela chorava, chorava muito, ela estava de olhos fechados, e eu sabia quem era. Era a Bella. Começou a chover forte, ela nem se mexeu; só continuava ali parada, abraçando os joelhos, o choro se intensificava cada vez mais. Era angustiante, doloroso de se ver. Quis ir ate ela, abraçá-la, sei lá, de alguma forma ajudá-la. Ela parecia estar sofrendo, mas então lembrei quando dei o primeiro passo em sua direção, de que ela não era a minha Melissa; não era aquela que me fazia bem. Era Isabella que me traiu. Acabei indo embora sem olhar pra trás novamente. Sai sentindo a dor daquela mesma sexta-feira. Passei o final de semana fechado em meu quarto, até no sábado em que o Jasper foi até lá eu não sai da cama, mas desde esse dia desejo saber sobre ela. Isso me deixa confuso

 - Por que não pergunta ao Jasper?

 - Eu não tenho coragem.

 - Por quê?

 - Tenho medo do que ela vai pensar ou do que pode dizer

 - Medo de ouvir como ela esta ou medo dele não responder por achar que você não deva saber?

 - Medo dos dois. Medo de ouvi-lo dizer que ela está mal por minha culpa, medo de ouvi-lo dizer que ela já me esqueceu como eu tinha pedido, medo dele dizer que eu não tinha o direito de saber depois do que eu disse a ela

 - O que você disse a ela?

 - Tanto faz... Mas eu já digo não dou nenhuma esperança... Isso que eu estou de bom humor hoje...  E parem de ficar mandando cartas... E nem venham disser que não foram vocês porque todo mundo viu vocês com as cartas... Eu só peço pra que vocês parem de me perseguir que esta me irritando... Só isso... Já falei tudo que é necessário e já ouvi muita coisa, mas eu tenho mais o que fazer.

 - Arrependido de tais palavras?

 - Sim, eu disse isso na hora da dor e da raiva.

 - Peça desculpa então

 - Eu não posso

 - Por quê?

 - Porque eu não sei, mas ainda certas coisas doem

 - Você não está pronto pra perdoá-la sem estar curado da dor

 - Como assim?

 - Sem você ter curado a dor da traição da sua ex-namorada, você não vai perdoá-la verdadeiramente.

 - Por quê? É exatamente isso que eu não entendo, não foi ela quem me traiu, então por que eu não consigo?

 - Porque você assimila a dor da traição da sua ex-namorada com a dor da mentira da Bella, quando você superar a traição, essa ligação será rompida então você realmente estará pronto pra perdoá-la.

- E se eu nunca consegui superar a traição significa que eu nunca realmente a perdoei?

 - Não, quando você conseguir quebrar a ligação entre as duas coisas

 - E como eu faço isso?

 - A resposta somente você sabe, eu só posso ajudá-lo a encontrar a resposta.

 - Então até lá eu não posso fazer nada?

 - Alem de seguir com o tratamento?

 - É

 - Se você quiser, você pode conversar com ela, tentar ser amigo dela, voltar a ter uma vida, fazer coisas que fazia antes, começar a fazer coisas novas. Tudo isso Edward, depende somente de você. Sei que no começo é difícil, mas tente, se esforce. Sei que você não quer voltar a estudar

- Eu acho que não, é muito esforço, e eu não estou preparado pra fazê-lo.

- Certo, se não quer voltar a estudar tudo bem, por enquanto, mas procure outras atividades pra fazer, academia ou algum esporte, atividade física ajuda muito, faça atividades que já pensou em fazer, mas nunca fez, aprenda a tocar algum instrumento ou uma língua nova, esta bem?

 - Sim, eu vou ver o que eu posso fazer.

 - Claro, então ate a próxima quarta-feira

 - Ate

  Sai do consultório, e minha mãe não estava na sala de espera, então fui ate o café ao lado, normalmente era lá que ela estava. Encontrei-a sentada em uma mesa afastada de costas pra porta, havia alguém com ela, caminhei ate ela e vi que ela estava com a Bella. Parei ao lado e um pouco atrás da minha mãe, olhando a Bella fixamente dizer

 - Eu imagino

  Antes que minha mãe voltasse ao assunto, resolvi me fazer presente

 - Mãe – eu a chamei mantendo meus olhos em Bella. Ela ate que era bonita, os cabelos ondulados soltos, uma blusa tomara que caia rosa com um cinto na cintura, um bolero de mangas curtas, calça jeans e uma sandália baixa.

 - Eu preciso ir, adorei a sua companhia Elizabeth – Bella disse feliz a minha mãe, pegou a sua bolsa e saiu, foi ate o caixa e sumiu pela porta, vi que minha mãe a seguiu com os olhos.

 - Da onde você a conhece? – Perguntei sentando na cadeira que ela ocupava antes.

 - A conheci agora

 - Como?

 - Bem, não havia nenhuma outra mesa vazia, então como ela estava aqui sozinha, perguntei se podia me sentar com ela.

- Sei, e conversaram sobre o que?

- Nada em especifico

 Olhei-a coma testa franzida

- Esta bem, perguntei o nome, idade, o que ela fazia

 - Você a interrogou? – Perguntei preocupado, pois achava que esse encontro não foi casual

 - Não, e por que está preocupado? Você a conhecia?

 - Não.

 Nisso Jasper chega, senta ao meu lado, bebe o restante da sua coca e diz

 - E ai Edward?

 - Oi Jasper. O que faz aqui?

- Estava com uma amiga, quando encontrei sua mãe.

- Sei, finjo que acredito.

- É verdade, e você como está?

- Vou levando, alias, eu to com fome mãe.

 Minha mãe chamou a garçonete, fizemos os nossos pedidos e logo ela se retirou

- Eu vou lavar a mão – disse e sai pro banheiro, algo eles estavam escondendo de mim e eu ia descobrir

– Espero não trazer mais dor a ela. – ouvi minha mãe dizer quando eu voltei

- Trazer dor a quem mãe? – Perguntei sentando na cadeira

 Ela e Jasper se olharam e não responderam, o silencio foi cortado pela garçonete, assim que ela se afastou.

 - Vão me responder ou não? Trazer dor a quem?

 - Ninguém – respondeu Jasper.

 - Dá pra falar a verdade ou ta difícil? - perguntei irritado – O que aprontaram?

 - Edward, meu filho

 - Não enrola Dona Elizabeth

 - Bem estávamos falando de uma amiga do Jasper.

 - Que amiga?

 - Você não conhece – disse Jasper apressadamente.

 -hum... E por quê?

 - Como?

 - Você disse trazer mais dor a ela, eu quero saber o que aconteceu.

 - Nada de muito grave.

  Olhei pra Jasper em busca de resposta

- É complicado.

- Tenho certeza que posso acompanha

- Bem, é que

- Jasper desembucha

- Edward – minha mãe me chamou, virei de frente pra ela

- Sim mãe

- Deixe isso de lado esta bem, e pare de ser curioso.

- Calma esta bem não precisa falar.

 Depois disso conversamos sobre banalidades, mas às vezes eu me dispersava. Algo me dizia que era da Bella que eles falavam, mas que droga, por que eu não podia saber. Olhei varias vezes a porta do café, queria vê-la novamente, mas ela não voltou ao café e nem passou pela frente do mesmo.

Roupa bella: http://www.bymk.com.br/looks/701184