Ele estava vulnerável. Ao mesmo tempo em que ele queria ir, descobrir novos ares e tentar a sorte, ele não queria deixar pra trás os sonhos que havia começado a construir junto à Kurt nos meses que viveram juntos em NYC. Foram meses muito complicados, mas eles nunca estiveram tão fortes dentro do relacionamento como agora. Ele sabia que o que tinham era precioso e não queria arriscar a perder tudo, mais uma vez.

Blaine esperava que Kurt reagisse de uma forma que tornasse mais fácil a sua decisão de correr atrás de seu sonho. Era estranho para ele pensar que sua proposta os poria novamente em estados separados, prejudicaria a sintonia que estavam vivendo; por isso estava também disposto a convidá-lo para viver essa nova vida junto com ele.

Iguais.

Mas ele podia ver o pânico que assolava os pensamentos de Kurt. Não seria uma decisão fácil, mas ele queria conversar com o noivo e descobrir como poderiam resolver essa situação.

– Na verdade, eu adoraria descobrir se é esse o meu destino. – Ele procurou e segurou as mãos de Kurt junto as suas – Mas antes, preciso da sua opinião a respeito do assunto. Eu te amo e não quero tomar nenhuma atitude que abale o nosso relacionamento – Nesse momento, Kurt não conseguiu conter as suas lágrimas.

O instinto de Blaine foi chorar junto e abraçá-lo. Ele nunca se acostumou com a idéia de ser o responsável pelas lágrimas de Kurt, ele não queria que Kurt chorasse por conta de nada que ele dissesse, sentia-se mal e cogitou esquecer que a proposta de June havia chegado a acontecer. Quando Kurt embalou o abraço recebido, Blaine sentiu que o choro e o abraço tinham um significado maior do que ele estava imaginando.

– Kurt, eu ainda não me decidi... – Ele falou delicadamente, quando foi interrompido.

– Você não faz idéia do por que eu estou chorando, faz, Blaine? – Não havia raiva, apesar do tom elevado na fala de Kurt. Eles soltaram-se do abraço e olharam-se olhos nos olhos – Estou chorando porque não existe outra resposta além de você aceitar essa oferta. – Ele sorriu, dessa vez, com sinceridade.

– Eu posso ficar aqui. Com você. Ou você pode vir. Comigo – Blaine indagou, numa tentativa de controlar a situação.

– Eu não posso ir e você não pode ficar. É a sua vez de correr atrás dos seus sonhos e a minha vez de te deixar ir embora.

Kurt lembrou-se da vez que Blaine abriu mão de sua companhia, para deixá-lo buscar seus sonhos em New York. Não seria justo que ele prendesse Blaine ao seu lado. Mas a separação não terminaria mal dessa fez, eles eram pessoas diferentes, com percepções de mundo diferentes e um amor fortalecido. E continuou:

– Blaine, meu amor, New York é o meu sonho! Uma vez você me motivou a persegui-lo, vir pra cá e conquistar essa cidade. Assim que cheguei... tudo aconteceu! Eu nunca estive tão feliz nessa cidade como estou agora, tenho mais do que eu sempre quis aqui e não posso abrir mão desse sonho agora. – As palavras vieram drásticas nos ouvidos de Blaine, doía mais escutar a decisão de Kurt do que ele imaginava antes de começar a conversa. – Mas, hey, olha pra mim! – Blaine levantou a cabeça – Você é o sonho mais concreto que eu tenho. Eu não preciso te conquistar, você já é meu, não importa aonde estamos, eu sei que eu não vou te perder! – Blaine sorriu entre lágrimas, uma habilidade que apenas Kurt conseguia despertar nele. - A distância machuca, é claro, mas a gente pode fazer dar certo! Eu confio em nós!

Blaine assentiu com a cabeça e o beijou.

– Eu sei que podemos fazer funcionar! E prometo que no momento em que eu sentir que as coisas não estão dando certo pra mim, eu não perco mais nenhum minuto naquela cidade e volto! – Kurt colocou seu dedo indicador nos lábios de Blaine.

– Por favor, você pode deixar a negatividade de lado? – Blaine deu de ombros, Kurt ofegou –Você precisa aproveitar essa oportunidade ao máximo! Por você e por mim.

– Estamos bem?

– Estamos ótimos.

Selaram a promessa com um abraço e ficaram conversando sobre a viagem e as expectativas dela. Blaine havia guardado suas novas promessas: aproveitar a oportunidade, por si mesmo e por Kurt e lembrar-se a cada instante de que eles estavam bem e que ficariam melhores ainda quando voltassem a se encontrar.