Inglaterra, 21 de Janeiro de 2013.

A estrada esburacada e o carro simples demais faziam com que Alicia batesse a cabeça no teto do carro milhares de vezes. Seu pai enquanto dirigia tentava fazer com que a garota mudasse de ideia pela milésima vez. Para ele, sua menininha era indefesa demais praquele tipo de lugar. Loucos por toda parte e desconhecidos. Um prato cheio, não é mesmo? Mas, ela sabia o que queria. Trabalhar naquele lugar seria apenas uma porta de entrada para seu verdadeiro sonho : ser uma psicologa juridica.

Quando, finalmente chegaram ao local ela começou a entender a preocupação do pai. O lugar era sombrio e enorme demais. Eram três prédios divididos por gravidade.

Alfa, Beta e Gama.

Alicia reconheceu as letras gregas assim que as viu. Pela lógica, no Gama ficavam os mais perigosos. Ela estremeceu ao olhar para o prédio mais descuidado dos três.

- Filha, tem certeza absoluta de que quer morar aqui? Com esses loucos? Por favor, minha princesa, vamos pra casa. Falamos com aquele amigo meu e...

O pai de Alicia, Jason Mosganstain, era um neurologista bastante conhecido em Londres, portanto tinha vários contatos e sempre queria ajudar a filha. O que era bastante válido, mas Alicia sempre quis ser independente. Parte da decisão de ficar por ali era exatamente por conta de que finalmente ficaria sozinha. Sem estar sob supervisão paternal o tempo inteiro.

- Pai, por favor. Você já me ajudou demais. Eu preciso cuidar sozinha da minha carreira.

O pai assentiu, abraçando Alicia com força.

- Eu e sua mãe torcemos por você. Cuidado.

Alicia assentiu e com os olhos marejados viu seu pai partir. Virou para o prédio Alfa, onde trabalharia e respirou fundo. Andou alguns passos, até ver uma cena bem inusitada. Um garoto lavava as mãos repetidamente. Outro rapaz surgiu, tentando acalmar o outro de maneira rude e autoritária.

- EI! - Alicia disse, intervindo. - Ele tem TOC, seu idiota. Não pode ser tratado assim.

O outro rapaz riu, debochadamente.

- Eu faço o que eu quiser. Qualé? Já chega querendo mandar nos outros. Se coloca no seu lugar, garota.

- Sou uma psicóloga, eu entendo disso e...

- Fo-da-se.

- LOUIS! - Disse um rapaz que vinha se aproximando. Usava jaleco e os dizeres " Dr. Will Mayer. Psiquiatra " reluziam.

Louis se calou e revirou os olhos.

- Não trate Alicia assim. Ela é a nova psicóloga.

Louis começou a rir.

- Mais uma pra sua listinha de psicólogas comidas, Mayer?

O rosto de Alicia assumiu um tom avermelhado, próximo ao de um tomate maduro.

- Não ouse, Louis. Mais uma dessas e estará preso novamente.

- Tudo é melhor que essa porcaria aqui.

Will pegou as mãos de Alicia e sorriu, andando e deixando Louis e o garoto pra trás.

- Hã... Tem certeza de que é uma boa ideia deixar o garoto com aquele louco?

Will riu.

- Louco, mas não burro. Ele só sai daqui quando terminar a pena.

- Peraí, pena?

- Sim, Louis é mais um daqueles delinquentes que você vê na TV. Foi pego e está tentando cumprir a pena aqui.

Alicia assentiu, virando o rosto para voltar a ver Louis. Seus olhos se encontraram e ele sorriu, maliciosamente. Alicia sentiu um arrepio tomar conta do corpo. Medo.