PDV - Sam

Depois que o Freddie saiu do hospital, digo, no dia seguinte ao baile, ele me convidou para visitar o seu apartamento. Pensei duramente se iria e cogitei em não ir de jeito nenhum, ainda mais depois que a Sra. Benson nos viu... beijando.

– Claro que você vai, Sam! - dizia Carly, quando deu uma passada na minha casa.

Era bem difícil de acreditar que a Carly está aqui em Seattle, me visitando, o que compensou muito, pois na noite anterior não tivemos muito tempo para conversarmos. Enfim, também não acredito que a minha mãe está na cozinha, preparando um lanche para a gente - Ela nunca fez isso antes.

– Não, sem jeito disso acontecer! - falei, balanço a cabeça. - A chata da mãe dele vai ficar no meu pé o tempo todo e é bem capaz dela nem deixar que eu entre...

Carly me deu uma bela sacudida.

– Acorda, Sam! O Freddie te convidou para vê-lo!! - gritou ela, sorridente. - Ah, ele sofreu um acidente. Precisa ver gente, principalmente, as pessoas que se importam com ele!

Suspirei.

– Tanto faz... - bufei. - Mas não vou poder ir mesmo.

– Por quê? - quis saber Carly.

– Porque amanhã terei uma super prova no Ridgeway, então preciso estudar muito.

– Mas você...

Tivemos que dar uma pausa na nossa conversa, pois, inesperadamente, a minha mãe surge na sala de estar.

– Eu ouvi bem? - perguntou ela com um sorriso no rosto, enquanto trazia uma bandeja com sucos e sanduíches. - O garoto convidou a Sam para ir no apartamento dele?

– Não é da sua conta... - murmurei, chateada, e em troca levo um leve beliscão da Carly. - Ai, Shay! Essa doeu, ouviu!

Pam sorriu.

– Ah, você vai sim, Sam! - ordenou a minha mãe. - Nem que eu te leve até lá.

Fiz uma careta para ela.

– Não duvido nada de que você venha isso - falei, entediada. Foi nesse momento que me levantei do sofá e falei: - Mas, pode deixar... Eu vou por conta própria.

Carly também se levantou animada do sofá e comemorou a minha decisão.

PDV - Freddie

Odeio fraturar uma parte do meu corpo - afinal, ninguém deve gostar. De qualquer forma, recebo tratamento "especial" da minha mãe, que sempre exagera nesses casos de acidentes, cortes com objetos pontudos e afins.

Passei a manhã inteira recebendo visita de alguns vizinhos chatos no meu quarto, me questionando "como quebrei o meu braço" e eles estavam bem interessados em saber dos fatos, embora nenhum deles quisessem saber de tantos detalhes quanto o Gibby quis.

– Quanto azar! - falou Gibby, quando terminei de contar toda a história.

Sorri.

– Ah, valeu, Gibs! - tentei ser irônico.

– Você vai querer jogar basebol comigo? - perguntou ele. A minha resposta era bem óbvia (não!), mas o Gibby era uma pessoa bem ingênua, ao extremo.

– Não, não vou poder! - exclamei. - Meu braço ainda está no gesso! - apontei para o braço fraturado.

Gibby balançou a cabeça, como se tivesse entendido naquele momento.

– Bom - ele olhou para o relógio da minha estante. - Agora vou ter que levar o Guppy para o treino... - Ele deu uns tapinhas no meu braço engessado, o que doeu muito, e saiu do quarto, ainda me desejando "melhoras".

Depois que o Gibby foi embora a minha tarde ficou um verdadeiro tédio, pois a minha mãe não deixou que eu saísse do quarto - com medo de que eu pudesse quebrar outra parte do corpo.

Então, já que eu estava deitado na cama, decidi tirar uma soneca.

(***)

O meu sono durou pouco tempo, bem pouco mesmo. Logo sou surpreendido por uma gritaria sem fim, vindo da sala de estar. Pensei em levantar da cama e ver o que estava acontecendo, mas nem me dei ao trabalho. A gritaria chegou pessoalmente ao meu quarto.

– Ei! - gritei, fazendo a minha mãe e a Sam pararem de discutir.

Sam ficou de frente para mim, ignorando a presença da minha mãe.

– Essa louca invadiu o nosso patrimônio! - gritou a minha mãe para mim, apontando para a Sam. - Vou chamar a polícia.

– Não! - pedi. - Fui eu quem convidei a Sam... Ela pode ficar.

T-Bo, que estava enrolado numa toalha de banho, também entrou no meu quarto para, talvez, saber o que estava acontecendo.

– O quê!? - gritou a minha mãe, irritada. - Freddie!

– Você ouviu ele!? - questionou Sam, agora olhando para a minha mãe, com os braços cruzados e um sorriso vingativo.

A minha mãe tentou avançar para cima da loira, mas foi impedida por T-Bo, que conseguiu segurá-la e levá-la para fora do meu quarto.

Com a saída da minha mãe, Sam decidiu se aproximar de mim, sentando-se na minha cama.

– Pensei que você não vinha - indaguei, entortando a boca.

– Ah, eu não vinha... - Ela sorriu, sincera, me fazendo rir também. - E aí, como tá esse braço?

– Poderia estar melhor - falei, mais sério.

Ficamos alguns segundos em silêncio.

– E você? - perguntei. - Preparada para o Super Provão de Q.I.?

Ela negou com a cabeça.

– Eu devia ter estudado um pouco mais, não lembro de mais nada, nem dos assuntos do começo do ano. - explicou ela, meio intrigada. - Lembra quando eu ficava lendo uns livros na escola? - perguntou ela e eu respondi que "sim". - Certo... Eu não estava lendo mesmo, apenas vendo umas figuras. Eu só fazia aquilo para te irritar mesmo.

Sorri.

– Na verdade, eu já sabia que você fazia aquilo para me irritar. - arregalei os olhos para ela. - Mas... Eu também não estava preparado para fazer a prova... Ninguém está! Acredite em mim.

Depois dessa nossa conversa, pedi para que a Sam pegasse os meus cadernos numa das gavetas do meu armário e passamos a estudar juntos os assuntos que irão cair na prova de amanhã.

(***)

Enfim, passamos duas horas fazendo aquilo quando, de repente, ouço o meu Pear Phone tocar.

– Não vai atender? - perguntou Sam para mim.

– Não é ligação - falei, olhando para o visor. - São apenas mensagens de texto...

Justamente mensagens de texto da Molly, a minha ex-namorada, me perguntando: "como estou?"

– De quem? - quis saber Sam, bastante curiosa.

– Da Molly. - respondi. Sei que as duas já foram amigas, mas percebi que a Sam mudou de expressão quando ouviu o nome dela.

– Ah tá... - disse Sam, sem ânimo. - Pergunta como ela está e diz que eu mandei lembranças...

Nesse momento, desliguei o Pear Phone e coloquei-o numa estante ao lado da cama.

– Sam - chamei a atenção da loira a minha frente. - A minha relação com a...

– Não precisa me explicar. - Ela me interrompeu, já se levantando da cama. - Está ficando tarde... Acho... Acho melhor eu ir.

Quando ela estava indo embora, consegui segurar um dos braços dela e lhe fiz uma pergunta importante:

– Quer voltar a namorar comigo?

Ela ergueu uma das sobrancelhas, possivelmente assustada com o pedido.

– O que você disse mesmo, nerd?

Revirei os olhos.

– Bom, nós dois sabemos que não conseguimos viver um longe do outro, mesmo que estejamos brigados com alguma bobagem... Quero que saiba que eu já senti e sempre sentirei a sua falta, Puckett - falei, ainda segundo o braço dela. - ... Então? Você quer tentar mais uma vez?

Ela não me deu nenhuma resposta, mas, ao invés disso, ela foi ao meu encontro mais uma vez. Aproximou levemente os seus lábios doces aos meus e logo em seguida, o nosso beijo se tornou intenso. Nessa hora, ninguém pôde atrapalhar e mesmo se pudesse não iria ser notado ou levado a sério.

– Bom, eu... Vou supor que isso seja um 'sim'... - sussurrei, sem fôlego algum.

[Dias Depois]

O Diretor Franklin reuniu todos os alunos, de todas as séries, no corredor principal do Ridgeway. Havia tanta gente, que mal dava para se movimentar para os lados.

Enquanto os professores se juntavam ao lado do diretor, reparei que a Sam e o Gibby pareciam bem agitados para os resultados da Super Provão de Q.I.

– Bom dia a todos - começou o Diretor Franklin para todos. - Primeiramente quero agradecer a todos os alunos que se inscreveram no Super Provão desse ano. - Ele parecia olhar para cada um de nós. - Foi uma disputa bem acirrada, isso eu posso garantir. - Ele falou mais algumas coisas antes de anunciar o aluno que ficou em primeiro lugar. -Temos um vencedor ou vencedora...

A Sra. Briggs retirou um papel de um dos envelopes e entregou ao diretor.

– E o primeiro lugar do Super Provão de Q.I. vai para... Gibby Gibson. - disse o diretor, deixando todos espantados com o resultado.

Todos abriram espaço para que Gibby pudesse passar e pegar o seu prêmio, que era uma fatia de pizza do Pinni's.

Confortei a Sam, por ela estar meio tristonha com o resultado, mas feliz pela conquista inédita do Gibby (talvez ele tenha chutado a prova inteira).

– Obrigado, diretor Franklin - disse Gibby, segurando o prêmio. - Eu queria dedicar esse prêmio aos meus dois grandes amigos, Sam e Freddie. Queria também passar esse meu prêmio ao casal... - Gibby se aproximou de nós e entregou o prêmio para a Sam, que abriu um longo sorriso, enquanto eu a abraçava. - Façam bom proveito.