PDV - Sam

Toques de campainhas são irritantes! Sempre me acordam num momento desagradável, como ao meio-dia!

Levantei do sofá para atender a porta e parar com aquela zuera irritante. Para a minha surpresa era uma pessoa pela qual eu não estava esperando. Nunca estive.

– Senhora Benson?

Sem querer, reparei o papel higiênico pendurado em uma das mãos para tocar na minha campainha.

– Olá Samantha.

Permaneci paralisada, esperando alguma coisa acontecer. Daí a mãe do Freddie entrou na minha casa, sem eu ter autorizado.

– O que quer!?

– Isso são modos? - perguntou ela, espantada, segurando a bolsa. Retomei a mesma pergunta, ignorando-a.

– Ah... - Ela suspirou. - Eu vim conversar com você sobre o Freddie.

Ótimo, era tudo o que eu estava querendo conversar numa manhã de Sábado. E tinha que ser logo no dia seguinte do tal encontro com a Molly?

– O que tem ele? - perguntei, sem importância.

A Sra. Benson zanzava pela minha casa, enquanto observando a decoração e os meus artigos roubados - ninguém precisa saber disso.

– Bem... Você deve estar sabendo que ele encontrou uma outra garota... Molly - Concordei com a cabeça. Por um momento, achei que ela fosse jogar na minha 'cara' o novo namoro/amizade do Freddie. Ela sempre foi contra a nossa relação. Mas não fez: - Odeio essa garota! Mas, Fredward não quer me ouvir e até está pensando em ir morar com ela em uma outra cidade, próxima a Seattle, depois de terminar o terceiro ano.

– Tá - concordei, entediada. - O que eu tenho a ver com isso? Eu não posso fazer nada. Se ele quer ficar com outras garotas, tudo bem. Nós já terminamos faz...

– Não interessa quanto tempo faça! Eu quero que o Freddie largue essa menina!

– Então resolva isso com o seu filho! Eu nunca fiz nada para provocar esses acontecimentos malucos na vida de vocês.

– Sim, você fez! - protestou ela. - Por que pra começar, a culpa é toda sua...

– Minha? - sorri.

– Sim! - concordou ela, ofegante. - Desde que deixou de bater no meu filho e decidiu ir para Los Angeles, o meu Freddie só pensa em conversar com estranhos pela web.

Wow. Se eu entendi bem, a Sra. Benson estava me culpando por ter parado de bater no filho favorito dela.

Embora eu voltasse a fazer isso com muito prazer.

– Foi mal mesmo. Eu não posso fazer nada pelo nerd... digo, Freddie! - Minha paciência foi esgotada por completo. - E a culpa é sua! Você que é uma péssima genitora!

Genitora?

Não era bem essa palavra que eu estava procurando - talvez tenha vindo do meu livro de Biologia.

Pedi 'gentilmente' para que a Sra. Benson saísse da minha casa, para que eu pudesse retornar ao meu preciso tempo de descanso.

Antes de sair, ela quebrou o antigo vaso inglês da minha avó e deu um gritinho estérico, que acordou o Shet e o seu nobre porco.

– Espera! - Pediu ela, antes que eu fechasse a porta. - Se... Se você decidir mudar de ideia. Sabe bem onde me encontrar.

– Naquele hospício que você chama de lar? Não, valeu! - fechei a porta, sorridente.

Acomodei-me no sofá. O Shet veio logo em seguida.

– Quem foi essa louca que assustou o Roger?

– Melhor você não saber...

(***)

Como de costume, Gibby e eu íamos ao Vitamina da Hora para conversar sobre qualquer besteira. Ele fez questão de explicar os acontecimentos estranhos do Benson.

Não hesitei em perguntar:

– E cadê o idiota?!

– Eu não sei bem... Parece que o Spencer precisou fazer uma viagem de última hora, então o Freddie teve que ir numa Lan House para tentar conversar com a Molly.

Até o momento, ele era o único ser que desperdiçava um final de semana numa Lan House, antes estivesse jogando World of Warcraft, um games online bobo para pessoas sem vida social.

– Está chateado pelo Fr...

– Não, não estou chateada por ele ter encontrado uma outra garota. - Interrompi. - Eu estou chateada por ele não ter me contando. Por ele ter transformado toda essa história em um segredo estúpido!

Um dos funcionários acabara de deixar dois copos médios de Vitamina na nossa mesa.

– Sabe, Sam... - Começou o Gibby. - Nada disso estaria acontecendo se você expressasse mais os seus sentimentos.

Olhei com desprezo para ele e os seus conselhos fora de hora.

– Ai, Gibby - Me contorci na cadeira. - Não enche o meu saco!

Dou o primeiro gole da minha Vitamina de abacaxi.

– Enfim, o que você vai fazer agora?

Argh, um outro fato que me deixava irritada. Não sei por que tudo mundo espera que eu faça alguma coisa e que isso aconteça nos finais de semana.

– Nada.

– Como assim "nada"!? - perguntou ele, assustado. - Você é uma Puckett!

– E daí? - Cruzei os braços, cansada. - Não dá para suportar o Freddie por tanto tempo assim! Eu já não tenho dúvidas de que essa tal de Molly dará um pé na bunda daquele mané em duas semanas... - Dei mais um gole da bebida. - Enquanto isso não acontece, vou aprimorando os meus estudos até o dia do Teste no Ridgeway.

– Não, essa não é você, Sam! - gritou o Gibby, chamado a atenção de todos. - Dá para você deixar de ser responsável e armar uma forma de prejudicar a vida do Freddie!? - Isso é o que eu chamo de "melhores amigo". - Sério, você 'tá' precisa acordar!

Tudo bem, eu já havia compreendido a mensagem e talvez ele estivesse certo - não é muito comum de acontecer, porém não é impossível.

Mas o Gibby foi muito além, ele se atreveu a jogar a Vitamina de melão dele no meu rosto.

– Você... está... morto, moleque! - Rangi.

Levantei da cadeira e reparei como o Gibby não suportava o próprio medo, tive vontade de rir, mesmo mantendo minha expressão de mal.

– S... Sam...

Não pronunciei uma palavra. Apenas dei um forte tapão na testa do Gibson - antes de sair da lanchonete -, pela sua atitude anormal, fazendo-o cair da cadeira. Juro que não foi por falta de aviso...

Porém, se não fosse por ele, eu nunca teria esse incentivo para continuar com as minhas armações.

Estive pensando em cometer mais uma besteira e por mais que fosse uma ideia estúpida, era a única...

[30 minutos depois]

Chego no Bushwell Plazza e logo na entrada sou abordada pelo Lewbert.

– Código 8... - falou ele no interfone. E depois virou para mim. - A Sra. Benson já irá lhe receber.

Olhei confusa para o porteiro, enquanto subia as escadarias para o 8○D. Ainda não sei como a Sra. Benson tinha tanta certeza de que eu viria fazer uma visita.

– Olá novamente, Samantha. - cumprimentou a própria, ao abrir a porta.

Parecia estar rolando uma reunião no prédio quando cheguei. A sala permaneceu escura e a única coisa que iluminava eram as velas sobre a mesa.

– Agora que todos estão aqui - disse ela, sentando ao lado de outras duas pessoas. - Podemos começar. Lembrando que o meu Fredward Benson chega em quarenta e cinco minutos.

Reviro os olhos para aquelas contagens exageradas. Já sei de quem o filho herdou a "inteligência insuportável".

Só depois vim reparar quem estava presente na mesa.

– Brad? Você também está nessa?

– Desculpa, mas o Freddie anda muito ocupado com essa nova garota e nem está comparecendo ao "Clube de Xadrez Nerd".

Por essa eu não esperava, por alguns minutos esqueci que o Brad também era um dos nerd, embora não parecesse.

– Spencer? - perguntei, sem conter os risos. Só faltava o T-Bo e o Gibby para completar "Os Três Patetas". - Achei que estivesse viajando!

O Spencer olhou para os lados, também surpreso por estar na mesa.

– Eu só vim porque a Sra. Benson avisou que teria salgadinhos de queijo!

– Tem salgadinhos de queijo? - perguntei, com água na boca. Se ela tivesse avisado isso no mesmo momento em que quebrou as coisas da minha avó, eu já teria planejado uma maneira de distanciar o novo "casal".

– Calados! - ordenou ela, batendo na mesa. - Temos um assunto mais importante para tratar.

Ela acendeu a minha vela e pós o assunto em dia. E mais uma vez, para ficar bem claro, a 'Marissa é sinistra' por ter criado essa máfia!

– Retomando o nosso esquema...- começou ela. - O Spencer irá dar ingressos para o Freddie e a Molly irem para o cinema de San Diego para a grande estreia de "Guerra nas Galáxias: Episódio VII" e enquanto isso, o Brad irá rastrear a casa daquela pilantra da Molly...

– Enquanto a mim? - pergunto.

A Sra. Benson lançou um sorriso maligno.

– Eu quero que você descubra tudo sobre aquela garota.