A Guerra dos Dez escrita por Sabs Zullush


Capítulo 6
Caçadas




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Queixos caiam por toda sala, num estado de frenesi inigualável. Precisou que um apocalipse acontecesse para que os dois ficassem juntos, Sabrina pensou.

Daniela pigarreou e o casal se soltou. Tomi estava espantado enquanto Mama sorria acanhada, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. A mãe olhou desafiadoramente para a menina loira, julgando-a, mas depois desviou o olhar.

—Onde eu coloco minhas coisas? – Ela sorriu e logo Giulia ajudou-a a levar as mochilas para uma sala ao lado.

Os quatro novos membros daquele grupo então se acomodaram e começaram a contar suas histórias.

Luke estava em Piracicaba, onde Mapa morava, quando descobriu seus poderes. Eles não enfrentaram problema algum ao buscar Tomi, pois aparentemente os mogadorianos tomaram conta apenas das capitais mais influentes do país.

A energia fora aliviada com a chegada deles, mas não diminuía em nada o peso que cada um levava nas costas por conta de Isadora. As altas horas da madrugada, a maioria foi se deitar, mas era possível ouvir as conversas sussurradas e carregadas de dor. Ela não era a única a prestar atenção, mas Sabrina podia jurar que o choro de seus amigos sufocado pelo travesseiro, era a pior parte. Aquilo partiu seu coração. E com uma única lágrima que ela se permitiu chorar, caiu no sono.

Os dias se passaram e o humor do grupo aumentou, menos de Malu, que continuava sem querer comer, e entrando numa depressão desigual. Em uma das noites, quando se preparavam para dormir houve um pronunciamento na televisão da recepção do prédio. Os mogadorianos haviam tomado todas as mídias e diziam que não queriam o mal da população, pedindo assim que voltassem a suas vidas habituais. Sempre lembrando que se vissem algum ser com habilidades extraordinárias era o dever deles como cidadãos do Progresso Mogadoriano a relatar em qualquer delegacia, agora tendo alienígenas como delegados.

O medo para com sigo mesmo ou a família era o que obrigada os jovens a permanecerem escondidos e juntos. Porém, esporadicamente, eram formados grupos para espionar o tipo de vida que os humanos estavam levando fora dos muros da metalúrgica. Tudo era uma espécie de ditadura, e os mogadorianos capturavam qualquer pessoa nas ruas que apresentassem qualquer sinal suspeito. Os espiões tentavam manter-se longe das câmeras dispostas nas ruas que com certeza estavam sendo monitoradas. Sabrina era sempre designada para estas tais missões, mantendo-se no topo dos prédios e tentando não chamar atenção, além de dar cobertura para aqueles que estavam no chão. O que mais amedrontava era que não havia sinal de moradores de rua ou qualquer outro tipo de marginal. Os crimes cessaram por completo na metrópole. Mas isso estava longe de ser algo bom, pois Sabrina sabia o que acontecia em guerras e em ditaduras, e sabia que se tratando de uma raça alienígena, experiências com essas pessoas seriam ainda mais frequentes.

Em uma das tardes andando pelo pátio central da metalúrgica, Sabrina ouviu gritos.

—CAÇAA!!!!! – Gritou Yokota e correu para avisar a todos. Sabrina caiu na gargalhada, era o fim do mundo e queriam brincar de caça bandeira. Lorenna se aproximou e ditou as regras, uma vez que todos estavam no pátio.

—É o seguinte, dividam os grupos conforme era feita nos eventos, time azul e time vermelho. Mas ao invés de bandeiras vamos usar 3 pessoas sem poderes como objetivo. Os humanos tem que chegar ilesos até o outro lado. Sabrina, não vale voar com eles. – Ela fingiu desapontamento, assim seria bem mais difícil. – Só peguem os humanos se tiverem no mínimo 90% de certeza que não vão machucar eles. O grupo que conseguir trazer o maior numero de humanos, vence. E... – Ela sorriu. – Vale tudo. Menos algo que vá provocar morte né, gente. Por favor.

—Eu vou ser o juiz dessa merda. – Disse Lyu, que empunhava respeito onde passava, era um líder nato. Pegou uma cadeira e sentou-se próximo à parede do prédio.

Os humanos foram escolhidos. Mama, Jujubs e Thalles do lado do time vermelho, que era composto por: Dudu, Lorenna, Sabrina, Chiara, Luke e André.

Enquanto do outro lado haviam: Giulia, Thalles e Yokota como humanos e como os próprio intitulados “Gladiadores” do time azul se encontravam, estes: Tomi, Mapa, Vinny, Caio e Marti.

Os grupos deram uma ultima olhada e voltou-se para discutir suas estratégias.

—É o seguinte, Dudu e André, vão defender os humanos, usem a força. Eu e Luke vamos atacar, como uma distração. Luke, deixe-os desnorteados com suas mãos. Sabs e Chiara, vocês vão salvar os humanos. – Disse Lorenna.

—Mas eu não posso voar.

—Pode voar até lá, mas não voar com os humanos. - Ela olhou disfarçadamente para os gladiadores e voltou-se para as meninas– Eu quero que vocês fiquem invisíveis o tempo todo. Enquanto vocês. – Ela disse para Dudu e André. – Em hipótese alguma deixem o Vinny passar. Nós vamos fazer de tudo para isso não acontecer.

Todos sorriram. Estavam prontos.

*

O grupo azul formou uma roda e foi Mapa quem deu as ordens.

—Tomi e eu ficaremos defendendo os humanos, enquanto vocês vão trazê-los para nós. Vinny, tenta não usar a super velocidade o tempo todo, pois somos melhores do que apenas poderes. Tente distraí-los, enquanto Caio e Marti pegue. os humanos. Disseram que a Sabrina não poderia voar, mas vocês podem usar sua telecinésia.

Enquanto ela falava, Tomi conseguia ouvir vagamente o que era dito no grupo ao lado. Eles deviam estar falando alto e portanto Mapa deveria estar ouvindo, ela sabia o que fazer. Quando voltou a si o grupo já havia acabado de discutir os planos e tomavam seu lugar. Correu então para próximo a base onde se encontravam os humanos e lá ficou.

—Isso é um absurdo, eu quero lutar. – Reclamou Giu, mas logo se calou vendo que o jogo ia começar.

Com um assobio extremamente alto, Lyu permitiu que a partida começasse e os times avançaram.

*

Em menos de dois segundos, Sabrina e Chiara ficaram invisíveis, no tempo em que permaneceram na fábrica, ela treinou e conseguiu explanar a sua invisibilidade para quem a tocasse. Subiu nas costas de Sabrina e as duas voaram pela extremidade esquerda do campo de batalha. Elas iam devagar pois Sabrina era extremamente magra e consequentemente fraca para carregar Chiara em suas costas.

Vinny avançara e ficara usando sua velocidade no espaço entre Lorenna e sua base, enfurecendo a menina pouco a pouco. Caio e Marti avançaram cautelosos, levantando Luke ao ar com a força de sua mente, mas foram ofuscados pela luz vinda do menino. Vendo o que acontecera Vinny tentou burlar a barreira entre os humanos e Lorenna fazendo um redemoinho ao redor dela, o que estava tirando o seu ar. Enfurecida, ela quis acabar com tudo aquilo e socou o chão com força extraordinária, lançando Vinny para a lateral do prédio onde Lyu estava sentado, este teve que se jogar no chão para não ser acertado pelo menino.

—Desculpa!! – Disse Lorenna envergonhada.

Enquanto isso, as meninas já haviam ultrapassado a metade do campo.

*

—Elas devem estar perto. Pegue a terra do canteiro ali ao lado, se vir qualquer sinal de aproximação, atire nelas.

Tomi olhou confuso, mas obedeceu. Concentrou-se em tudo ao seu redor, ouvindo então um suspiro cansado vindo da sua direita, avançou e jogou a terra ao ar, que atingiu e por alguns segundo pode-se ver o contorno da dupla que vinha os atacar.

—Tomi, abaixa. – Ele obedeceu, e Mapa correu, tomou impulso em suas costas e pulou em cima das meninas, levando-as ao chão ao chocar-se com Sabrina. Elas não estavam mais invisíveis e as costas de Tomi doíam.

—Ki, pega os humanos! – Gritou Sabrina, mas Mapa já havia corrido para a amiga que rolou e ficou invisível, deixando Mapa atenta, mas sem saber para onde olhar. Direcionou-se então para Sabrina que levantou-se e deu um chute na barriga de Mapa, jogando-a longe.

Tomi se levantava e Sabrina o olhava com um sorriso psicótico. Ele sabia o quanto ela era competitiva e correu para joga-la no chão, enquanto ela voava em sua direção. Aquilo ia doer. Sabrina o agarrou e aumentou altitude, não alto o bastante para causar um ferimento grave, mas deixa-lo incapaz de ir atrás dela. Jogou-o de uma altura de 5 metros e voou em direção ao humanos.

*

Enquanto isso, Marti conseguira tirar Luke do jogo, atirando nele as várias pequenas pedras que se encontravam no canteiro. Parecia não surtir efeito, mas elas doíam, até que quando o menino já não estava prestando atenção para onde direcionava a luz, ele o jogou de costas em uma árvore deixando o menino desacordado.

Caio correra para perto dos humanos, onde estavam André e Dudu. Pegando Mama, a mais leve, com a telecinésia e levantando-a a uma altura realmente elevada, levando-a para o seu lado do campo. Contudo, Dudu veio como um rinoceronte e se atracou com o menino pelo chão rolando e tentando incapacitá-lo do uso de suas habilidades. E conseguiu, porém como consequência, Mama despencou de uma altura de aproximadamente 14 metros.

*

Vendo sua loira despencar, gritando desesperadamente por ajuda, Tomi se levantou e com um grito estendeu as mãos, metade para tentar impedir o que estava acontecendo, como se pudesse, e metade para fingir que não era real. Porém o que mais impressionava era que ela realmente havia parado a alguns metros do chão.

O jogo parara para olhar em sua direção. Devia ter sido outra pessoa a segura-lá. Mas a cara de surpresa no rosto daqueles que tinham telecinésia era demais para ser apenas coincidência.

Pegando Mama no colo, correu para deixá-la segura na base, não antes de dar-lhe um beijo e voltar para o jogo.

*

Chiara quase gritou de felicidade quanto a demonstração de afeto e foi apenas lembrar-se que o jogo continuara quando Sabrina tocou seu ombro. Ela ficou invisível com Thalles e os dois correram em direção ao seu campo de origem.

André tentava defender-se de Marti, mas era quase impossível uma vez que este segurava suas mão ao ar com a telecinésia.

Sabrina então pegou Yokota pela mão e correu com ele por entre a batalha. Caio havia se soltado de Dudu e agora corria para ela. Protegendo Yokota, numa missão cômica por causa do seu tamanho, desviou de um soco de Caio e deu outro na boca de seu estomago, fazendo- o recuar passos o suficiente, para que ela corresse com Yokota para base.

Tomi havia ido tentar capturar os humanos, mas ao ver Sabrina trazendo o segundo para o seu campo, lembrou-se que Mapa não estava mais na defesa para ajuda-lo, voltando correndo para impedir que pegassem mais um e vencessem o jogo, enfim.

Um assobio alto foi ouvido. Lyu indicava o final do jogo, pois a luta entre Caio e Luiz Eduardo já estava tomando rumos catastróficos.

O resultado? 2 x 1 vermelho, ganhando o primeiro caça com poderes da história.

Uma vez que jogo havia acabado, todos começaram a rir e a comentar seus feitos, levando os feridos à Malu que se mantinha dentro de casa com Daniela e que tentava anima-la. A menina curaria os amigos mecanicamente e depois voltaria à sua própria mente.

Eles já estavam a um mês dentro da metalúrgica, conseguindo viver ali tranquilamente, treinando todos os dias para ter evolução de seus poderes e escondendo-se sempre que viam uma nave mogadoriana rasgar os céus.

O problema do confinamento era que apesar de todos estarem seguros, os nervos já começavam a ficar a flor da pele. A noite era possível contar nos dedos de uma mão, quantas pessoas realmente dormiam, ou ouvir os soluços de saudade da família e do mundo lá fora.

Com o tempo também, a luz fora cortada da metalurgia e a noite eles tinham que ficar ao lado de fora para ao menos enxergar o rosto uns dos outros antes de dormir.

O terceiro problema que encontraram pelo caminho foi que os mantimentos estavam acabando, assim como a munição das armas mogadorianas, que logo não serviriam para nada, e eles tiveram que juntar todo o dinheiro possível para comprar as coisas básicas, assim como armas novas. Com a telecinésia assaltaram dois carros que haviam sido estacionados nas ruas adjacentes a sua fabrica. Sabrina fora na frente, esgueirando-se por entre os prédios e depois se arriscando e fazendo uma varredura pela rua onde se encontrava o mercado e a loja de artigos esportivos. Estava limpa, e voltou para avisar aos outros que o caminho estava aberto.

Dividiram-se entre os dois carros, Dudu dirigindo o que ia para a loja esportiva, Lyu dirigia o que ia para o supermercado. Se não se encontrassem na rua em no máximo duas horas, deveriam partir sem eles. Sabrina entrou no carro de Eduardo e todos se dirigiram aos seus destinos.

Consigo estavam: Giulia, André e Vinny. Que se dividiram e foram buscar armas diferentes. Elas variavam desde pistolas até mini metralhadoras. Enquanto Dudu preenchia a papelada, sendo que ele era o único capaz de comprar armas em todo o grupo, Sabrina brincava de atirar facas em um alvo, e incrivelmente era muito boa nisso. Vai ver havia herdado esse dom de uma vida passada...

Após o tempo limite imposto pelo grupo, eles saíram do estabelecimento e viram sombras cobrirem toda a intensidade da rua. Eram naves mogadorianas.

—Você disse que estava tudo limpo. – Disse Giulia enfurecendo-se.

—E estava... – Eram naves demais para qualquer um dar conta.


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