Por um momento, Nyaru ficou calada, depois só escutei suas gargalhadas de "nyahahaha", não era engraçado, eu precisa de ajuda mesmo.
–N-Não tem graça. -Disse olhando para ela, irritado-
–Nyahaha... desculpa, é que... você tem 16 anos e.. nyahaha, nunca gostou de ninguém? que pergunta mais fútil, como assim você nyão sabe?
–Vai me ajudar ou não?
–Bom.. primeiro você tem que sentir.
–Sentir? Sentir o que?
–O sentimento de gostar ué, quando você gosta de alguém, você quer estar com essa pessoa a todo momento, e cada momento desse é especial para você, você te que amar a pessoa em todos os sentidos, desde suas qualidades á seus defeitos. É basicamente isso, não tem uma resposta clara, essa é a graça dos sentimentos.
–Nyaru... você acharia estranho se eu gostasse de um menino?
–Bom... estranho não acharia, mas eu gosto de você, então ficaria chateada. -Não me parece que ela ficaria chateada com isso-
–Vocês gosta mesmo de mim Nyaru?
–Nyihihi, bobinho, você é meu único amigo dessa escola Peter, é claro que eu gosto mesmo de você, nyão sei por que, mas você também é o único com quem eu sinto vontade de fazer coisas... pervertidas. -Ela não tem vergonha mesmo-
–Ei ei, como assim?
–Nya? Nunca fez nada? não conhece o que são coisas pervertidas?
–Eu conheço, mas nuncas fiz nada, na verdade eu só sei o significado dessa palavra, não sei exatamente o que se encaixa nela.
–Então eu vou te mostrar.

Nyaru me puxou para perto de seu corpo, como era mais baixo, fiquei na altura de seus seios... enormes, que por sinal estavam tocando meu rosto. Eles pareciam ser macios, nunca toquei em um seio antes, qual seria a sensação? Para descobrir, coloquei a mão direta em seu seio e apertei.
–Nyaaah... -Ela deu um gemido de gato bem atraente e fofo-
–O-O que foi isso? por que você fez isso?
–Você esta tocando meu lugar sensível, é claro que vou ter uma reação, O mesmo é com você. - Não escutei o que ela dizia, aquilo estava macio de mais-
–Tem como parar? Não quero perder o controle -Ela disse com uma voz prazerosa-
–Ah claro, desculpa, só queria ver como é. -Me afastei dela- Bom... ignorando o que acabou de acontecer, vou me abrir com você, por favor, não fale para ninguém. Tem um garoto da outra sala que... bom, não sei o nome dele, mas seu apelido é Smile, desde os primeiros dias reparei nele, e acho que... quero ele sempre por perto, gosto do jeito dele e tal, isso seria... gostar?
–Bom... -Ela pensava enquanto arruma o sutiã- Você deve estar apaixonado por ele, esse é o sentimento que você não deve compreender, a paixão, o amor. Você provavelmente vai sentir ciúmes, vai ficar triste, vai ficar feliz, ansioso, todas essas coisas, as vezes todas de uma vez. O importante é realmente pensar nos seus sentimentos e fazer o melhor para você.
–Ah.. obrigado Nyaru, você me ajudou e muito, eu não tenho com quem conversar sobre isso, e também, as pessoas iriam rir de mim se soubessem.
–Nya, lembre-se, nyão deixe ninguém te derrubar, garoto pervertido.

Depois da escola, fui para casa muito pensativo, resolvi escrever no diário tudo que aconteceu no dia de hoje, para não perder nada, assim iria facilitar muito a minha vida.

"Ei diário, hoje o dia foi cheio de surpresas, depois de alguns dias seguindo o Smile, eu finalmente falei com ele, e ainda falei coisas que não sei nem da onde tirei, acho que falei aquilo que estava sentindo. Ele ia me dizer algo depois de todo aquele confessionário, mas a amiga dele apareceu na hora, não sei se vamos ter essa conversa outra vez. Depois de todo aquele clima eu fui procurar a Nyaru para deixar essa minha confusão de sentimentos, organizado, e no meio disso me esbarrei com uma menina bem chatinha, espero não vê-la novamente. Nyaru me disse que quando se gosta de alguém, sentimos um carinho enorme pela pessoa, queremos sempre ela por perto, sentimos ciúmes, amor, tristeza, afeto, as vezes tudo juntinho, é uma coisa meio doida eu sei. Acho que não teve jeito, eu gosto de um garoto, mesmo sendo garoto também, não vou ficar preocupado, quero seguir meus instintos, se eu gosto do Smile, vou dizer a ele.
Ps: Peitos grandes são macios. "

Fechei o diário, coloquei uma jaqueta e saí. Precisava pensar um pouco, ir na sorveteira talvez.

Assim o fiz, caminhei pelas ruas perto do meu apartamento, observando as lojas, e lá na frente, avisto a mesma garota de hoje cedo, ela carregava uma mala de rodinhas e não estava de blusa comprida azul, mas estava com um cachecol azul, parece que ela sempre usa alguma coisa com essa cor, caminhei até ela, que parecia perdida.
–Ei, você não é a menina de hoje cedo?
–Ah, o guri sem educação.
–Não sou guri, desculpa se esbarrei em você, eu estava com pressa.
–É Guri sim, olha sua altura, sou maior que você. Guri!
–Moç...Menina, qual é seu nome?
–Meu nome não te interessa, tenho coisas para fazer. -Que rude-
– Eu posso ajudar talvez, conheço essa região, diria que você está perdida. -Ela fez uma cara meio preocupada, o que me deixou feliz- Eai, vai querer minha ajuda ou não?
– ... Tudo bem, eu quero. -Ela me mostrou um pedaço de folha com alguns rabiscos de ruas e quadradinhos, deveriam ser casas, tinha uma em especial circulada- Tá vendo esse lugar aqui em vermelho? é lá que eu preciso ir.
–Ah... esse lugar é o apartamento onde eu moro, por que você precisa ir pra lá?
–Eu me transferi assim como outros alunos, esse tempo todo eu estava na casa da minha mãe, no município ao lado, mas está sendo um inferno chegar até aqui, então vim passar um tempo na casa da minha tia até que minha mãe concerte o carro.
–Ah, sua tia deve morar no mesmo apê que o meu, mas... por que você não vem de trem ou de ônibus?
–Eu não moro na divisa, é bem mais longe, eu só consigo chegar a tempo de carro, que é o que esta em falta. Enfim, me ajuda?
–Tudo bem, eu te levo até lá.

Caminhamos apenas alguns metros e chegamos no prédio. Dentro do elevador pedi para ver o número do complemento, ela se negou a mostrar. A porta abriu, minha mãe estava de saída, e por incrível que pareça ela olhou na minha direção com felicidade.
–Kel! Você chegou! Eu estava indo te buscar agorinha.
–Oi tia, parece que vim mais cedo então, haha.

Não entendi mais nada, fiquei olhando para a cara da minha mãe tipo "Que merda é essa?", quando ela disse:
–Peter, já conheceu sua prima?
–Ela é minha prima? Não conheço nenhuma prima.
–Está conhecendo agora, não seja tão rude com ela, a Kel só vai passar uns meses aqui, por conta do-
–Já sei, do carro da mãe dela que está quebrado.
–Ora, ela te contou? Que ótimo, estão se dando bem já. -Ah claro-

Entramos em casa, não queria nem saber onde aquela criatura iria dormir, no meu quarto nem morto, ela e seu radar anti-ecchi iriam me perseguir e encontrar meus mangás pervertidos, e mangás yaoi (só comprei por curiosidade mesmo, eu acho).
–Então criatura, onde você vai dormir? -Disse olhando para a Kel-
–Não sou criatura, e irei dormir onde a tia achar melhor.
–MÃE, A LAVANDERIA ESTÁ DISPONÍVEL PARA VISITAS? -Gritei rindo-
–Ei! Também não me trate como cachorro, sou sua prima, por mais nojento e esquisito que seja.
–Vocês podem parar de brigar certo? -Minha mãe nos cortou- Kel, Não temos muitos quartos aqui, você tem problemas se dormir no quarto do Peter? tem um colchão lá, deve dar para você, e também não se sentirá sozinha.
–Ah.. -ela me olhou com nojo, e em seguida fez uma cara de anjo- Está perfeito tia, vou adorar ficar aqui!

Kel despachou suas coisas no meu quarto, já havia dito que nas minhas coisas ninguém tocava, mas era tarde, ela já estava folheando meus mangás pervertidos (como ela encontrou tão rápido?), achei que ela odiasse essas coisas, mas parecia ter alguns interesses.
–E então, algo de bom para falar da escola? - perguntei tentando puxar um assunto comum sem ela ficar brava-
–Não nada, só tem um carinha que eu gosto. -Ela disse ainda com os olhos nos mangás, parecia tranquila-
–Ah... você se confessou para ele?
–Sim, bom... mais ou menos. Sou meio tímida perto dele, então fiz uma carta, mas não tive coragem de entregar a ele, então pedi para minha amiga fazer o serviço em meu nome, mas ele não aceitou.

Nessa hora fiquei em choque, será que era ela a garota que o Smile rejeitou? Tive de perguntar quem era o garoto.
–Q-Qual era o nome desse menino?
– O nome dele? Ninguém sabe ao certo, mas ele tem um apelido bem incomum.
–Qual?
–Smile.