Depois de inventar a história mais esfarrapada do mundo, dizendo que Jacob se enganou com essa história de eu e Edward dormimos juntos, meu pai ficou nos vigiando vinte e quatro horas por dia, desconfiando de qualquer atitude suspeita que tivéssemos. Até parece que a gente ia fazer alguma coisa....Nós não ficávamos à sós nem por um segundo! Se a gente ia no jardim, Charlie queria ir. Se Edward me chamava para ouvir alguma música que tinha criado, o tirado a segurança fazia minha mãe ir junto, já que ele não gostava de música clássica... Até dormir comigo, papai resolveu dormir!

Pelos seus olhares meio suplicantes e aborrecidos, percebi que Edward já estava ficando impaciente com a nossa falta de contato físico por quase dois dias e eu fiquei com medo de ele fazer alguma coisa remotamente parecido com o que ele era capaz de fazer no passado.

Hoje ia passar um jogo dos Knicks e, finalmente, Charlie ia voltar sua atenção em outra coisa que não fosse nós dois. O cowboy já se sentia em casa e já se apossou do grande sofá da sala de cinema, enquanto mamãe sentava numa poltrona, tricotando, e Edward na outra, enquanto eu me equilibrava no braço da mesma, só para ficar o mais perto possível dele.

–Se quiser, senta no meu colo. – Meu noivo ofereceu sussurrante, notando o quão difícil estava sendo ficar naquela posição. Entretanto, a segunda intenção dele estava tão palpável que fez minhas bochechas queimarem, quase perdendo o equilíbrio e me estatelar no chão.

–Shhhh.... Pare com isso! –Exasperei de volta, com medo que meu pai notasse alguma coisa. –Charlie está logo ali no sofá!

–Eu sei, é que esse sofá me traz memórias esplendorosas... –Murmurou no meu ouvido e eu dei um tapa em seu peito, ele arfou: - Ai!

–Desculpa! – Pedi preocupada em ter acertado alguma cicatriz sensível dele. – Tá doendo?

–Tá sim... Dá beijinho que passa. – Disse zombeteiro, sorrindo torto e eu não resisti e acabei dando um selinho nele ali mesmo, na frente dos meus pais.

Meu pai limpou a garganta tão alto que chega nos assustou.

–Charlie, quer um xarope? – Edward ofereceu, irônico e eu arregalei os olhos, advertindo-o.

Não brinca com um touro, queridinho... ou você leva chifrada. Minha mente alertou.

–Não, não precisa não, minha saúde é de ferro. Mas, e você, aceita um banho gelado? – Suas sobrancelhas estavam tão arqueadas, ameaçadoramente, que eu até fiquei com medo delas subirem para sua careca que já dava sinais de vida.

–Se Bella for comigo, vou adorar!

–Meninos... – Minha mãe interviu, em tom condescendente. – Parecem duas crianças brigando pela Bella. – Repreendeu como se os dois fossem um de seus alunos do jardim de infância. – Charlie, querido, deixem os dois em paz, pelo amor de Deus! O casamento deles é daqui a três dias... eles ficarem de chamego agora não vai fazer mal nenhum...

Edward sorriu de canto, contente pelo que ela disse.

–Até tu, Renée? – Ele parecia pasmo. – Eu entendi errado, ou você quer que sua filha seda aos prazeres da carne antes da hora?

–Ela não seria a primeira da família, né querido?! – Ela rebateu o que ele disse com tanta força que meu queixo e o de Ed estavam roçando o chão.

Papai comeu a merenda antes do jantar... Que Ba-ba-do! Minha mente entrou em choque.

–Eh... Eh...Eh... – O coitado gaguejou, gaguejou, mas não teve resposta. Mamãe tinha ganhado essa!

Depois disso, todos ficaram calados num silêncio constrangedor olhando para tela, enquanto víamos o jogo que, certamente, papai já tinha perdido o interesse. Acho que, aproveitando a deixa, meu ruivo comenta:

–Jasper está dando uma festa hoje à noite.... Você gostaria de ir...só comigo? – Mandou logo a indireta para o outro e eu já esperei a bomba.

–Ué, e a gente vai fazer o quê aqui, sozinhos? –Como já era de ser esperar, Charlie se meteu na nossa conversa. –Não! Eu e Renée também vamos, né, esposa?

–Vamos uma pinoia! – Mamãe bradou, chocando a todos.

Um remedinho para aliviar a menopausa seria bacana.... Pensei comigo mesma, já que nem eu mesma reconhecia mais ela, que antes era apenas uma doce e gentil professora de criancinhas, que não alterava a voz para nada e com ninguém.

–Mas, querida... – Meu pai começou, porém, foi interrompido brutalmente pela senhora desgovernada que foi para cima dele, gritando:

–Olha aqui, Charlie! Eu tô cansada de fazer somente o que você quer! – Edward me lançou um olhar de quem não estava entendendo nada, porém até eu estava perdida nessa. – Eu não vou mais me calar ao ver suas sandices com nossa filha! Eu fiquei quieta esse tempo todo, pois pensei que era o melhor para ela, mas o que você está fazendo já é demais! Você não vê o quanto ela está crescida e feliz ao lado desse rapaz?! Eles se amam de verdade! Se ela decidir se entregar a ele, não a nada que você possa fazer a respeito! Papai, que era papai, não conseguiu segurar a gente, que na época éramos dois adolescentes, você acha mesmo que vai segurar esses dois adultos e donos do próprio nariz?!

–Mas...

–Calado! – Esbravejou. – Eu não vou ser igual aos nossos pais, pois eu confio em nossa filha, porquê sei que dei o meu melhor e criei bem ela. Agora, deixa de asneira e permita que os dois se divirtam!

Eu juro, que se não fosse pôr lenha na fogueira e desmoralizar ainda mais meu velho, eu bateria palmas de orgulho dela agora.

–Tudo bem... podem ir. – Ele cedeu, sem alternativa e cabisbaixo.

–Maravilha! – Ela sorriu, contente. – Agora, o que ainda está fazendo aqui, Bella? Corre para se arrumar, antes que ele mude de ideia! – Ordenou e eu obedeci, porém antes eu lhe dei um abraço apertado, agradecendo:

–Valeu, mãe! A senhora é demais! – Ela apenas riu.

***

Edward’s POV

Bella me olhava de esguelha toda hora e dava um sorrisinho, nervosa. Era a primeira vez em dois dias que estávamos à sós (relativamente, pois James estava dirigindo o carro), a ansiedade era palpável entre nós dois e a noite prometia. Eu me sentia como se estivesse novamente no meu primeiro encontro e Bella fosse a menina mais bonita da escola, pois eu não sabia como agir e tinha medo de assustá-la com minha afobação.

Entretanto, quem me assustou, de uma maneira boa, foi ela, pois inesperadamente, Bella selou nossos lábios de maneira apaixonada. Sua língua quente e esfomeada atacou a minha num duelo tão emocionante que fez nossos corações palpitarem audivelmente. Eu a puxei para o meu colo para ter mais proximidade e ela embrenhou seus dedos no meu cabelo, puxando-me para ainda mais perto.

Beijávamo-nos loucamente, esquecendo do mundo a nossa volta, até que...:

–É sério, vocês vão fazer um reality de filmes pornô dessa maneira... – Emmett observou bem alto, dando risada e nos trazendo de volta a realidade (mais precisamente em frente à casa de Jasper).

–James, por que não nos avisou que já tínhamos chegado? – Sibilei para ao meu incompetente motorista.

–Eu avisei, V. Graça... Por dez minutos. – Afirmou ele, todo sem graça, e quando eu olhei para minha noiva, ela se encontrava da mesma forma.

–Se acalme, não foi nada demais. – Acalmei-a e ela assentiu, porém, sua face estava extremamente ruborizada.

Eu caminhava devagar, usando uma bengala e a morena ao meu lado como apoio para que eu conseguisse andar, sem cair de cara no chão. Emmett me olhou estranho, não entendendo o porquê do meu novo acessório.

–Que é isso, Edward? Tá lançando moda agora, é irmão? – Eu engoli a seco, sem saber como me livrar dessa.

–Não ficou super fashion? – Bella interviu, salvando-me dessa. – Eu estou tentando transformar o estilo do seu irmão em algo mais ousado e inovador! E como você deve saber, Emm... O vintage o último grito da moda! – Até parecia que ela entendia muito no assunto.

–É sério? Nossa onde você comprou? Poxa, que eu quero uma também! – Emmett me perguntou e Bella sorriu, piscando para mim.

–Depois eu te dou uma de presente. – Garanti e ele sorriu contente, enquanto entrava na casa de Jasper.

Quando a gente entrou, vários rostos conhecidos se voltaram para nós. A maioria dos meus antigos “amigos”, tinha comparecido à festa que eu normalmente costumava dar. Todos muito bem vestidos e já altamente embriagados, como de costume. Senti que Bella ficou ainda mais vermelha do meu lado, quando uma multidão que se formou à nossa volta, entretanto eu sabia que o vermelho que eu vi eu seus olhos, quando Tanya se aproximou, definitivamente não era de vergonha.

–Olá, meu amor... – Foi as últimas palavras da russa, antes de...

Oh, Oh... Essas Swan são boas de briga hein?