505 escrita por Moonlight


Capítulo 1
"I crumble completely when you cry"


Notas iniciais do capítulo

Oláá!! Estou de volta, hun? e pra quem pegou a referencia de 2 shots atrás, 505!!!!E pra quem tá acompanhando até aqui, obrigada!! Pra quem tá tipo "acompanhando até aqui? Oi?" então pessoa, essa é a 4 one de uma sequencia de 5. Volte nos avisos e leia as anteriores :DVamos a one!



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— Ele costumava dizer que eu o olhava de maneira engraçada. — Eu sorrio, pensando em Peeta. Depois volto a olhar para senhora do meu lado, que simplesmente resolveu que conversar comigo era melhor do que aguentar essa viagem de avião sozinha. — Na verdade, quando eu realmente gosto de alguém, e ela está ali, do meu lado, eu simplesmente a olho com uma expressão do tipo: “Porque você me ama mesmo?”. — A senhorinha do meu lado sorri, e eu não aguento também. Começo a rir, daquela maneira que só Peeta conseguia me fazer rir, especialmente nas vezes que cantava na Parrot’s Beak. Eu sou uma imbecil, penso. — E essa cara é engraçada. Eu só nunca disse isso pra ele. Parece estúpido falar todas essas coisas.

— Estúpido? — Ela pergunta. — Parece adorável. Você deveria dizer isso a ele.

— Não... — Eu continuo, porém dessa vez estou considerando o que ela diz. — Peeta acharia engraçado e passaria horas rindo de mim. Toda vez que ele percebe essa minha cara, eu morro de vergonha e não o olho duas vezes. — Digo.

— São pequenos gestos de amor, mocinha. — Ela diz. — Pequenos gestos de amor, diariamente, fazem sempre a diferença. Eu e meu marido fomos casados por 52 anos antes dele morrer, e todos os dias ele chegava em casa e falava meu nome no mesmo tom de voz. Em palavras, ele apenas dizia: “Olívia!”. — Ela imitou o marido, num tom de voz zombeteiro e carinhoso. — Mas o tom de voz dele dizia: “Eu te amo, e por isso estou aqui”. — Dessa vez, sua voz soa com um pesar. Um amor enorme, mas um pesar. Ela realmente o perdeu, e não o terá de volta nunca. Penso em Peeta novamente. — Se esse moço é realmente todas essas coisas que você falou, ele deve apreciar isso.

Penso em como Peeta adoraria saber sobre isso.

— Perai, espere um segundo... — ele interrompe nossos beijos na cozinha, e sem ao menos perceber, eu o olho com aquela cara engraçada. — Quando você me olha assim, desse jeito... O que você esperava?

— Nada. — Respondo. — Eu só... provavelmente ainda te adoro, com as suas mãos em volta da minha nuca... — Reparo nas ásperas mãos de Peeta agarrando minha cintura e coxa, e logo depois eu o olho, sorrindo maliciosamente. — Bem, estava lá da ultima vez que eu chequei.

— Você acha que depois de eu ter, bem... Ido embora, ele pode levar todo e qualquer gesto meu não explicado no pior sentido das coisas? — Pergunto à ela.

— Eu acho que você tem que lutar muito para ter o seu antigo Peeta de volta. — Ela respondeu. — As pessoas costumam mudar muito, principalmente depois de um abandono como este.

Eu suspiro, olhando para meu colo e contendo minhas lágrimas. Tudo bem, eu já sabia das consequências dos meus atos. Mas ouvi-los saindo da boca de alguém que acaba de ouvir a minha história só faz a realidade bater ainda mais na minha cara. Eu fui uma idiota, penso. Imbecil. Burra. Eu perdi Peeta, porque nunca soube como cuidar dele, uma vez de tê-lo nos meus braços.

— Não se culpe assim, queridinha. — A senhorinha do meu lado, Olívia, volta a falar. Ela ainda está aqui, nesse voo, e eu ainda estou aqui também. — Fazemos coisas estúpidas por amor. Inclusive nos afastar dele.

— Você está se afastando de novo, Katniss. — Rosna Peeta, com uma raiva quase assustadora. Nunca o vi assim antes.

— Eu não estou!! Eu estou bem aqui, seu desmiolado! Porque eu iria embora, Peeta? A gente completa dois anos de namoro semana que vem! Eu vou continuar aqui, caramba! — Eu grito. Eu grito tão alto com Peeta, mas no fundo mesmo, eu grito pra mim. Eu vou continuar aqui! Penso.

— Então fique! — Peeta gritou, e todo nosso apartamento silenciou. Eu não falei nenhuma palavra, e quando soltei um suspiro alto, percebi que prendia a respiração o tempo todo. — Não aja como se fosse partir a cada momento. Não esconda sentimentos de mim. Não use essa droga de auto proteção quando eu digo que te amo... e não... não — Peeta não pode continuar a falar. Ele chorava.

Ele tentou esconder por um tempo, mas ele chorava. Eu conhecia os olhos azuis de Peeta. Os olhos negros de luxuria. Os olhos vermelhos de álcool. Mas aqueles olhos vermelhos e inchados de lágrimas...

— Para! — Eu falei, mais alto do que pretendia. Peeta arregalou os olhos e os mirou em mim, totalmente surpreso. — Pelo amor de deus, pare. Eu não consigo lhe dar com você assim. Eu desmorono completamente quando você chora!! — Eu digo em desespero, e quando menos percebo, estou chorando. — E eu não suporto essa sensação de que me parece que mais uma vez você teve que me cumprimentar com um adeus! E que eu estou sempre a ponto de acabar com a surpresa, tirando minhas mãos dos seus olhos cedo demais. Eu não posso lidar com isso. Eu não posso continuar assim, Peeta. Pare de dizer adeus, e aceite que eu estou bem aqui. E eu não demonstro nada, absolutamente nada, mas eu sinto, e por isso eu estou bem aqui...

Eu não sei exatamente o que surgiu em efeito naquela discurso, mas Peeta simplesmente me beijou.

— Eu não vou fugir novamente. — Garanto à ela. — E é por isso que eu estou voltando para 505, o apartamento dele. Mesmo que dure 7 horas de voo e 45 minutos de carro. — Garanto. Olívia segura minha mão, e sorri. — Na minha cabeça, ele estará deitado no seu lado da cama, comum mão entre as coxas, todo encolhido, como costumava fazer para dormir nas noites de frio. — Lhe confesso, quase num sussurro feliz. Feliz não. Esperançoso, talvez. — E sorrindo. Com sua mãos meio as pernas e sorrindo. Eu quero ver aquele sorriso.

***

Em três momentos da minha vida, meu coração parou.

No primeiro, eu tinha 11 anos, e foi quando o coração do meu pai parou, num acidente de uma petroquímica que fez todo o nosso país parar. Minha mãe decidiu cantar “El vie en rose” todas as noites para mim e para minha irmã, porque era a música que meu pai nos cantava. Cada vez que ela cantava, meu coração se apertava.

A segunda vez que meu coração parou, eu tinha 18 anos. Eu deixei minha casa, porque eu não pude confrontar a dor de ter o fantasma do meu pai por muito tempo. E eu queria fazer faculdade fora da pequena cidade em que fui criada, conseguindo uma bolsa em uma das melhores do país. Nesse dia, minhas malas estavam jogadas na cozinha. Minha carta da faculdade na mesa da sala de jantar. Minha mãe, minha irmã e eu jogadas no sofá. Eu chorava feito um bebê faminto. Minha irmã, na época com 13 anos, cantou a versão mais bonita de El vie em rose que eu já ouvi. Meu coração parou ali.

Algumas horas depois, Olívia se despediu de mim. Descemos do avião, e ela desejou que a sorte estivesse a meu favor. Eu peguei a única mala que eu tinha levado quando decidi ser imatura e fugir, entrei dentro de um táxi e disse o único endereço que poderia ter em mente.

— Cornerstone. — Eu disse. O taxista, por sua vez, me olhou torto. Bom, eram quase 3h da manhã, e depois de 7 horas de avião, temos que percorrer 45 minutos de táxi até chegar lá.

— Primrose, última vez que eu te digo, então ouça atentamente: Nós vamos para o melhor lugar desse mundo.

— Não quero ir para bar nenhum, não me importa se acabei de fazer 21 anos, eu só quero chorar e esquecer essa prova. — Diz ela. Minha irmã mais nova Prim, que agora era minha nova colega de quarto, estava desesperada com a prova do último semestre de enfermagem, por isso eu quis leva-la para beber e esquecer seus problemas. Na semana seguinte, descobrimos que ela foi a melhor da turma na avaliação. — Não adianta ficar aí chorando a vida. Eu só superei meu curso de direito na base da Cornestone, Prim.

— Cornestone? — Ela me perguntou, rindo da minha frase, me olhando com curiosidade.

— Coloque sapatos confortáveis, Primrose. Coloque aqueles de dançar. — Eu digo. — Vamos conhecer o melhor lugar do mundo.

Naquela noite, eu conheci Peeta.

E eu estava frente a Cornestone novamente, tempos depois.

Desço do táxi, com minha única mala na mão, e sigo em frente ao bar. Meu corpo treme, mesmo eu estando aquecida com um casaco enorme e minha boina marrom. Minhas mãos, antes seguras, estão vacilando. Minha mente está vacilando também, trazendo mil lembranças do que esse lugar um dia foi, e mil hipóteses do que agora ele pode se tornar: O pior lugar do mundo.

Me aproximo cada vez mais quando uma visão me para: Peeta.

Há quanto tempo ele vem aqui? E porque ele continua aqui, se eu já não estou? Mil questões se passam em minha mente. Deixo a mala cair no chão, e me aproximo mais da vitrine do bar. É nesse momento que Peeta põe seus olhos vermelhos de álcool em mim, e momentaneamente, congela. Ele está me vendo, mas eu não movo um sentimento. E eu sei, – eu só sei – que eu estou olhando para ele com a cara engraçada novamente, pois é assim que fico na presença dele.

É quando Finnick chega e lhe fala algo importante, pois Peeta tira os olhos de mim naqueles segundo que pareceram horas – mas eu me atreveria a dizer que são igualmente tristes.

Essa foi a terceira vez que meu coração parou, e eu fiz a única coisa que me veio na cabeça naquele sábado a noite: Correr.

Corri ruas e ruas até esperar me perder por entre elas, mas eu conheço essa cidade bem o suficiente para fazer isto. Então, corri até chegar ao ponto de táxi mais próximo, tirar dinheiro da minha carteira e ir para o único lugar que eu deveria estar o tempo todo nessas semanas em que eu fugi: Meu apartamento.

No momento em que Primrose abriu a porta de casa com aquela cara sonolenta, eu comecei a chorar. A lembrança da minha mãe, da canção e do meu pai me atingiu num baque forte, e tudo isso juntou com o fato de que eu abandonei minha irmã também. Que grande bosta você é Katniss, eu penso. Prim, que de inicio não acredita na minha aparição, ainda mantém o braço na porta e os olhos arregalados quando me pergunta:

— Onde estão suas malas?

— Eu só fiz uma. — Respondo, olhando para os meus pés. — E eu o esqueci na rua.

— O que mais você esqueceu? — Ela perguntou.

— A chave de casa. — Solucei, com lágrimas ainda caindo no meu rosto. — O novo número de telefone da mãe. O sobrenome do amigo de Peeta, o tal de Tresh. Toda a gratidão que tenho com você quando peguei uma mala e enchi de roupas e fui embora. — Não olhava Prim, mas sei que ela não tirava os olhos de mim. — Esqueci sua mala na rua também, com minhas coisas dentro. Desculpa, Prim.

Graças a deus, minha irmã me abraçou, e eu tentei tremer menos. Foi nesse momento que meu celular tocou, e a foto de Peeta e eu na Battleship aparece na tela do meu celular. Encaro o celular, decidindo se atendo – decidindo por tempo demais, por quando ouço a voz de Peeta na caixa postal, meu coração se aperta.

— Katniss, me faça um favor e peça se precisar de alguma ajuda. — Ele diz. — Você nunca o fez. Todas as vezes em que você se achava inútil, recorrer pela ajuda de quem te ama era a ultima opção. Você odiava ser inútil, por isso fazia de tudo para não ser, para não precisar de mim, para ser sempre superior. Faça-me um favor, Katniss — Peeta dá uma pausa, recuperando o ar, e eu juro que posso ver sua expressão diante desse jorro de palavras. — Pare de se gabar! Como vamos desfazer os laços que nos amarram? Depois de tudo isso, Talvez um "foda-se" seja gentil demais.

Prim arregala os olhos e não os tira de mim, esperando minha reação. Mas ele está certo.

— Talvez “foda-se” seja gentil demais, Peeta. — Eu digo, para que ele escute do outro lado da linha. O que não sei se ele o faz, pois a ligação termina logo a seguir. Eu sei que Peeta está bêbado, e sei que ele me viu. Mas na minha cabeça, se eu não ver Peeta hoje, ele nunca mais vai querer me ver.

— O que você faria se eu te deixasse outra vez? — Pergunto a minha irmã.

Primrose me beija na bochecha, depois vira de costas e segue até seu quarto.


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Notas finais do capítulo

Heeey! E então?! penultima one, logo logo ela será editada com o link da ultima aqui, então fiquem de olho. Pobre Prim, tá tão cansada.... haha

Editado 07/01 ultima one shot, continuação desta: http://fanfiction.com.br/historia/581822/Fireside/



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