4 anos depois...

Marina chorava tristemente

Mais do que isso, ela berrava e se debatia como uma louca

O motivo de tudo isso?

Ela havia acabado de sair de uma prisão

Mas vocês devem estar pensando: Por quê ela está triste se acabou de sair do xadrez?

Ah, na verdade ela não está tão triste, até que ela está feliz

Mas..Vamos descobrir o motivo de ela estar tão abalada

–Filha não fique assim-dizia Cebola tentando confortá-la.

–Pelo menos você siau de lá querida-dizia Mônica enquanto abraçava a filha.

–Eu não aguento mais, eu não vou..Eu não vou mais roubar,não vou masi matar, cansei dessa vida.

–Filha você não pode desistir assim.

–Mãe, aquele foi o pior lugar onde eu já eu já estive-disse Marina-Não é igual os reformatórios, porque lá tinha adolescentes e até crianças, mas na prisão...Na prisão tem adultos, usuários de drogas, bêbados, todo o tipo de gente.

–Eu sei filha, também já estive por lá.

–E você foi agredido?As pessoas te forçavam a fazer cosias ruins e se você não aceitasse elas faltavam te matar?

–Não mas...

–Você não entende!Não foi com você que aconteceu tudo isso então é fácil falar.

Marina saiu correndo dali e foi para o seu quarto

–Coitada da nossa filhinha-dizia Mônica com o coração partido.

–É, mas não podemos fazer nada-disse Cebola.

–Está acontecendo tantas coisas em nossa vida, Magali morreu, Cascão foi embora com sua esposa, Marina foi presa de verdade...Agora só falta ela descobrir que não é minha filha para as coisas desmoronarem de vez.

–O quê?-disse Marina saindo do quarto com seus olhos esbugalhados.

–Marina, quantas vezes dissemos para não ouvir conversas através de portas?

–Isso não vem ao caso papai, quero saber se isso é verdade.

–É verdade Marina...

–Como pode fazer isso comigo?Por 19 anos eu pensei...Pensei...Argh-Marina saiu da sala.

–Marina volte aqui-disse Cebola se levantando.

–Não, eu nem sei se você é meu pai, tá mentindo sobre isso também?Fui adotada?Quem sabe a mamãe tem um filho em outra família e não conta pra gente.

–MARINA-disse Mônica com os olhos arreganhados.

–Marina, se acalme, eu vou te contar toda a verdade.

–Promete?

–Prometo.

Minutos depois...

–Então minha mãe mora em São Paulo?

–Sim.

–Você não me queria não é?Me trouxe só pra roubar-disse Marina com lágrimas nos olhos.

–Não..

–Trouxe sim, você mesmo admitiu, pare de mentir nem que seja por um minuto.

–Tá bom eu trouxe apenas pra isso, mas com o tempo, descobri que não queria você pra isso, queria você pra ser minha filhinha, pra cuidar de você.

Marina ainda chorando deu um abraço em seu pai

–Eu ainda não te perdoei pelo que você fez-ela disse desfazendo o abraço.

–Eu entendo.

–Eu vou atrás da minha mãe.

–O quê?

–Você não sabe o que ela passou nesses últimos 19 anos, se ela está bem, como ela reagiu a tudo isso, você simplesmente a largou e só olhou para o próprio umbigo.

–Mas você não pode ir.

–E quem vai me impedir?

–...

–Eu vou sair amanhã de manhã.

–Filha, você está na condicional,qualquer coisinha que você fazer de errado, você volta pra prisão-disse Mônica.

–Olha aqui, não em chama de filha, eu vou em cuidar.

–Não fala assim com a Mônica filha-disse Cebola.

–Cala a boca. Eu disse que vou sair de manhã, vocês querendo ou não. Me tiraram da minha mãe e ela não pode, agora vou sair da vida de vocês e quem aqui não vai poder poder fazer nada são vocês.

Marina fez um cara séria e foi para o seu quarto

Já era de noite então ela dormiu

De manhã..

–Cebola,Cebola-gritava Mônica desesperada.

–O que foi Mônica?-disse Cebola chegando até ela preocupado.

–Ela..ela foi mesmo.

–O quê?

–A Marina..Ela foi embora.

–Como você sabe?

–Levantei e fui acordar ela pra ir pra escola, e ela não tava na cama, olhei seu guarda-roupa e estava vazio.

–Ela se foi mesmo.

Os dois se abraçaram e choraram juntos

Na casa de Ana...

–Já voltou querida?-perguntou sua mãe.

–Já mamãe-disse Ana se sentando no sofá.

–Está com fome?Estou terminando a janta.

–Obrigada. Eu chequei meu facebook hoje e achei fotos da Marina quando ainda era pequena.

–Deixa eu ver.

Ela se sentou ao lado de Ana

–Ela sempre teve o rostinho parecido com o seu-disse a mãe de Ana.

–É, não sei de onde ela puxou esses cabelos enroladinhos, eu e o pai dela temos cabelos lisos.

–Deve ter puxado de mim.

–É.

–Ela é tão linda.

–É.

–Tenho certeza que deve estar mais linda ainda agora que tem 19 anos.

–Deve ter se tornado uma linda mulher.

–Com certeza.

–Como eu sinto a falta dela, queria pelo menos um dia pra poder abraça-la ter um dia de mãe e filha sabe?

–Eu sei filha...Eu sei...

Ela deita no colo da mãe

Enquanto isso.

–Puxa, eu tenho que arrumar um emprego, mas como posso viajar pra São Paulo e trabalhar ao mesmo tempo?-dizia Marina-Já sei! Posso trabalhar em uma loja grande, aí eles tem lojhas por todo o Brasil e podem me mudar de hora em hora.

Ela pegou suas malas e foi até o Mc Donalds

–Tem vagas?-perguntou.

–Tem sim, entre.

Marina entrou e foi falar com um cara

–Oi, soube que quer trabalhar aqui-ele disse.

–Sim, eu quero, mas tenho que ficar mudando de lugar toda a hora-ela respondeu.

–Por quê?

–Porque...-Marina se lembrou que se falasse que estava na condicional, ou que era uma ex-presidiária, nunca conseguiria um emprego-É que eu estou indo viajar pra São Paulo e preciso de dinheiro, mas vou indo até lá enquanto trabalho.

–Ok, vista seu uniforme.

Marina vestiu um uniforme apertado e com o cheiro um pouco desagradável

E foi atender os clientes

–Moça estou esperando aqui a uma hora e nada do meu pedido-disse uma mulher.

–Desculpe moça, mas o que foi que você pediu?

–Você não sabe?Que ligar de merda, eu vou embora daqui.

–Tá bem...

–Moça me da uma batata-frita-disse uma criança.

–Claro mocinho, com o quê?

–Com batata.

–Mas a batata tem que vir temperada com o que?

–Só batata.

–Mas você tem que escolher um tempero.

–Mãe a moça não quer me dar uma batata.

–Por quê você não dá uma batata pro meu filho?

–Quero saber o tempero.

–Só batata.

–Mas é obrigatório tempero.

–Mas eu quero só batata.

–Mas moça, não posso vender uma batata sem tempero pra você.

–Aff, tinha que trabalhar aí no Mc Donald mesmo, sua sem-futuro-disse a mulher indo embora.

Seria uma looonga jornada...

Continua..