Lótus escrita por Aphrodite Laclair


Capítulo 1
to live forever


Notas iniciais do capítulo

eu escrevi essa pequena fic ao som de https://soundcloud.com/instrumental-1/red-roses-erhu e é tipo TOTALMENTE O CLIMA DA FIC, é realmente a história em forma de música. então seria legal se vocês lessem ouvindo, eu acho? é instrumental e chinesa. ♥



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“He insisted that stars were people so well loved, they were traced in constellations, to live forever” — Jodi Picoult

Há uma parede de silêncio que se ergue entre os dedos de Seoglian e a mão de Meishan. Há algo como quieta calmaria na forma como se movem, um pequeno passo após um pequeno passo, brilhantes flores caindo no chão aos seus pés conforme elas podam a roseira. Nunca houve palavras entre as duas, apenas uma suave compreensão em seus olhos rasgados, uma insinuação de sorriso na curva de seus lábios e então. E então. Seoglian a olha quando pensa que Meishan não está olhando, enterrando amor profundamente em sua alma para poder relembrá-la depois. Seus traços inesquecíveis tantas as vezes que já a olhou e tantas as vezes que já a amou. Nunca houve um toque mais demorado que um roçar suave de peles ou mesmo um beijo trocado. Meishan e Seoglian permanecem paradas, cada uma de um lado do abismo profundo e intransponível do gênero e do parentesco.

Seoglian tem certeza que nunca vai esquecer o dia que seu irmão se casou com o próprio Sol. Meishan estava muito calma em suas roupas vermelhas de casamento, imóvel como uma planta fazendo fotossíntese, rodeada por todos os lados por sua mãe e suas irmãs que choravam e cantavam lamentos pela sua partida. Seus olhos estavam em paz e eram como lagos, profundos e enganadores — há sempre algo se movendo no fundo, peixes e algas que se balançam para lá e para cá, para lá e para cá. Meishan se tornou para Seoglian o que a Terra é para a lua: um planeta ao redor do qual gravitar. E o amor era então como uma espiral colorida e secreta, toda feita em tons suaves, o vermelho de suas bochechas e o pálido de sua pele.

É sempre no silêncio que a verdade grita mais. É sempre na forma como suas mãos se tocam enquanto servem chá, a forma como pegam a mesma flor para colocar em seus cestos, os dedos tocando-se por um segundo antes de moverem-se para longe. É sempre no sorriso que Meishan esconde de Seoglian quando seus olhos se desviam. É no modo como seus braços se roçam quando passam pelo mesmo corredor, Seoglian indo para o pátio e Meishan voltando para dentro. É como viver de um amor secreto, mesmo que o amor nunca seja nada mais do que a suavidade e o silêncio.

Seoglian não se sente sozinha quando Meishan está por perto porque Meishan lhe tira toda a tristeza e todo o medo e deixa apenas quieta alegria no lugar. Seoglian nunca se sentirá sozinha enquanto Meishan estiver no mundo porque Meishan pega as rosas vermelhas com seus longos dedos pálidos e coloca atrás da orelha direita de Seoglian, e então sorri. Sorri e seus olhos se enrugam para ser como duas meia-luas e Seoglian a ama tanto. Tanto.

Seoglian daria tudo para poder inclinar-se e encostar seus lábios nos dela, mas ela não o faz porque sempre há alguém olhando, alguém ou seu espectro, pairando entre as árvores e nas janelas. Meishan murmura sorrisos sob suas orações, quando as duas estão ajoelhadas uma ao lado da outra; murmura sorrisos quando suas mãos se entrelaçam por um segundo ou dois embaixo da mesa de jantar.

Seoglian nunca se sentirá sozinha porque Meishan nunca a deixará, nunca enquanto viver em seu coração.


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