Nathaniel me levou até a minha sala de aula, perguntei se ficaria tudo bem em ele se atrasar, mas ele respondeu que ser o representante de turma tem suas vantagens, quem sabe eu me candidate a ser representante.

Descobri que eu tinha ficado na mesma sala que Violette, sentamos juntas e papeamos durante toda a aula, sempre que o professor olhava fingíamos ler algo no livro. Violette me mostrou vários desenhos lindos que ela havia feito, tinha alguns desenhos de alguns de seus amigos.

– Essa é a Rosalya, ela é linda e divertida – Violette ia me mostrando os desenhos e mostrando quem é quem. Mesmo sem cor, pude perceber que a garota é realmente linda, e tem um cabelo lindo e brilhoso. – Esse é o Alexy, ele é super divertido, ele adora ouvir música. E esse aqui é o Armin, ele é irmão gêmeo do Alexy.

– Nossa, eles são idênticos. Se usassem a mesma roupa eu não saberia quem é quem.

– Pode apostar, eles são muito diferentes um do outro. – Violette me mostra mais uma folha, agora é uma garota que usa boina, muito bonita também. – Essa é a Kim, ela é meio durona, mas tem um ótimo coração e está sempre disposta a ajudar.

Vejo mais uma folha, dentro do caderno de Violette só está fora um pedaço do desenho, puxo a folha e vejo.

Imediatamente faço cara feia.

– O que foi? – Violette pergunta percebendo minha expressão.

– Nada, eu só vi a desgraça da minha vida. – Sinto vontade de corta-la em milhões de pedaçinhos, jogar gasolina e queimar até que sobre mais nada.

Violette olha para a folha.

– Castiel?

– É, esse mesmo. – Dou um peteleco na folha.

– Você já o conhece? Mas, Evangeline, você não acabou de chegar?

– É só que... – Conto a Violette tudo, desde que decidiram me mandar para cá até hoje de manhã quando Castiel me deixou sozinha, me virando para poder vim para a escola.

– E vocês estão morando juntos?

– Infelizmente. – Suspiro. – Ele é seu amigo?

– O que te leva a pensar isso?

– É que você tem desenhos de todos os seus amigos – Começo a pensar em como alguém como Violette pode ser amiga de um traste como Castiel.

– Não, você entendeu errado – Ela ri. – Eu não conheço Castiel bem, nunca chegamos a trocar mais do que duas palavras.

– Eu não entendo, então por que o desenhou?

– Sabe, Castiel é popular entre as garotas e algumas delas pedem para que eu o desenhe.

– Então ele é popular entre as garotas, hein.

Violette me encara de perto. Espero que ela algo, mas ela continua calada. Desvio o olhar, já sei o que ela está pensando, começo a ficar corada.

– Você gosta dele?

– Claro que não Violette, não viaja.

– É pelo jeito como você fala dele não é provável que você goste do Castiel, mas a minha mãe sempre dizia – Violette se coloca em posição como se fosse citar a frase universal. – “Quem briga é porque ama” ou algo assim.

– Acho que não, viu.

– Ei, já tá quase na hora do almoço, vem vou te apresentar para o resto do pessoal. Arruma suas coisas.

– Certo. – Enquanto coloco minhas coisas de volta na mochila o sinal toca, Violette me puxa pelo braço porta a fora.

O refeitório fica no térreo e como as salas de aula ficam do segundo andar para cima temos que correr para pegar uma das melhores mesas. Segundo Violette sempre há brigas pelas mesas, então a da escola estabeleceu uma regra: quem conseguir sentar por um mês na mesma mesa fica com ela permanentemente até o próximo ano. Desde então tem acontecido uma guerra no refeitório.

Descemos as escadas correndo. Conseguimos pegar uma das mesas, sento já sem fôlego.

– Isso Vio, você conseguiu! – Rosalya, quem só conheço por desenho, chega acompanhada de Kim. Rosalya usa um uniforme amarelo que realça a cor de seus olhos, Kim usa um verde. Elas são bem mais bonitas pessoalmente, quanto a Rosalya, o desenho de Violette não mentiu em nada.

– Kim, Rosa queria apresentar a vocês, essa é...

– Evangeline, Peggy havia me contado que havia uma aluna nova. – Rosalya estende a mão para mim e eu a aperto. – Oi, sou Rosalya, seremos boas amigas. – Ela sorri.

Rosalya é radiante, como aconteceu com Jade, gosto dela logo de cara.

– Claro. – Sorrio de volta.

– E aí, guria? Sou a Kim.

– Oi. – Guria?

Rosalya se senta ao meu lado e Kim do de Violette.

– E Alexy e Armin? – Pergunta Violette.

– Devem estar chegando... Ah, lá estão eles – Rosalya acena para os gêmeos, olha para o lado e entendo o porquê de Violette ter dito que eles são diferentes. O cabelo de um é azul, do outro preto, um tem olhos rosa, o outro azul. Nem sei mais quem é quem, pois estão usando o mesmo uniforme.

– Psiu, Violette – Me debruço sobre a mesa para falar no ouvido de Violette. – Quem é quem?

– Alexy tem cabelo azul, Armin é o outro.

Quando volto a me sentar na cadeira, Alexy e Armin já chegaram. Alexy senta do meu lado esquerdo, enquanto Armin senta na parte afastada e coloca os pés em cima da mesa jogando com um PSP portátil.

– Então você é a aluna nova? – Alexy apoia o cotovelo na minha cadeira.

– Sou e você deve ser o Alexy.

– Exatamente. Bem-vinda a gangue. – Alexy sorri. – Armin. Ei, Armin. Armin! – Alexy pega uma batata doce do almoço e Kim que acabou de desembrulhar.

– Ei! – Ela reclama.

Alexy joga a batata na direção de Armin, a batata atinge a testa de Armin em cheio, se despedaça e cai no chão. Rosalya e eu caímos na gargalhada sem conseguir se controlar.

– Por que fez isso, droga?! – Armin olha furioso para o irmão.

– Para chamar sua atenção. – Alexy dá de ombros. – Ei, ei! Essa é a Evangeline, não disse que era bonita? – Coro imediatamente. Armin olha para mim, me analisando. Fico cada vez mais corada.

– É realmente bonita. – Percebo Armin corar um pouco. – Posso voltar pro meu jogo?

– Á vontade, só queria que você visse.

– Do que estamos falando aqui? – Rosalya pergunta com os olhos brilhando.

– Pois é. Que história é essa?

Eu realmente gostaria de saber.

– Evangeline, não é? – Alexy pergunta. Confirmo com a cabeça, ávida por uma resposta. – Eu vi a Evangeline chegando hoje, então corri para o Armin para contar que havia chegado uma garota realmente bonita hoje que talvez fizesse o tipo dele, mas ele não acreditou, porém agora que ele a viu eu acho que... – Pedaços de batata voam para o cabelo de Alexy. – Ei, o que está fazendo, Armin?

– Dando o troco. – Armin sorri um perfeito lorde das trevas.

– Gente, vamos almoçar em paz. – Violette intervém.

Já tinha me esquecido que tínhamos vindo aqui para almoçar com toda essa confusão. Abro minha mochila e tiro a bolsa térmica com o almoço que Anastásia fez para mim antes de sair: sanduíche de queixo quente e suco de manga.

– Soube que você é de outra cidade Evangeline. Onde você morava antes? – Rosalya pergunta comendo seu cupcake.

– Amsterdã.

– Sério? – Alexy pergunta com os olhos brilhando. – Ouvi dizer que a cidade fica linda durante a noite.

– É verdade que há vários campos de tulipas e moinhos? – Violette.

Confirmo dando uma mordida em meu sanduiche.

– Eu adoraria poder desenhar essa paisagem. – Violette dá uma colherada em sua salada de frutas.

– Havia muitos gatinhos por lá? – Kim pergunta com olhar malicioso.

Dou de ombros.

– Perto da minha casa havia um restaurante que tinha um rapaz que tocava e cantava todas as noites lá, minhas amigas gastavam uma fortuna jantando lá todas as noites, elas me arrastavam junto sendo que eu não queria.

– Ele não era tão bonitinho assim? – Rosalya pergunta com a sobrancelha erguida.

– Não me entenda mal, ele era bonitinho e tudo mais, porém não despertava interesse em mim. – Digo colocando o último pedaço de sanduiche na boca e tomando um longo gole do meu suco.

– Você tinha um namorado por lá? – Pergunta Alexy roubando mais batatas de Kim, dessa vez ele come.

– Não, eu nunca cheguei a me apaixonar de verdade por alguém.

Vejo que Alexy se recosta na mesa e pisca para Armin que não dá a mínima atenção para ele, Alexy faz bico e se ajeita na cadeira.

– Se eu fosse você não perderia tempo e ia até o gato cantor. – Diz Kim com o sorriso malicioso ainda no rosto.

– Ele não fazia meu tipo.

– E qual o seu tipo? – Pergunta Rosalya acabando com seu cupcake.

Tento pensar em uma resposta, mas não encontro nenhuma.

– Ah, sei lá, eu tenho que ama-lo.

– Nossa você é tão clichê. – Kim revira os olhos.

– E qual o problema de ser clichê Kim? – Rosalya olha severa para ela. Ela se volta para mim. – Eu te entendo amiga, é por isso que eu tenho o meu Leigh.

– Lá ela. – Alexy revira os olhos. – De qualquer forma, bem-vinda a Sweet Amoris, Evangeline.

Antes que eu possa agradecer a Alexy, Rosalya levanta bruscamente da mesa.

– Tive uma ideia brilhante. – Ela diz praticamente saltitando.

– Qual? – Todos nós perguntamos juntos.

– Vamos dá uma Festa de Boas-vindas para Evangeline!