Still Into You escrita por dobrevastar


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo, VIVAAAAAAA!!
Espero que tenham gostado muito do anterior (como ja falei antes, meu preferido



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Effie claramente não está em seu juízo perfeito. Procura dentro daquele aquário outro papel, mas só há um. Um único papel com o nome Katniss Everdeen.

Pega o papel e dirige-se ao microfone para ler o nome que todos sabem qual é. Depois, vira-se para o outro aquário, suas mãos trêmulas, e por fim pega um papel, voltando para o microfone.

– E o tributo masculino escolhido para o Massacre Quaternário é... – abre o papel – Haymitch Albernathy.

U-hu, vou voltar para a arena.

Ela olha para mim, tentando conter as lágrimas que insistem em escorrer por suas bochechas, provavelmente querendo poupar a maquiagem. Ela sorri, tentando me acalmar, acho, e eu tento retribuir o sorriso, mas não funciona muito bem.

Quero uma bebida. Quero quebrar algo, qualquer coisa.

Antes que eu consiga chegar ao lado de Effie, Peeta se voluntaria e me empurra para trás. Somos jogados dentro do trem sem chance de despedidas apesar de toda a cena entre Katniss e o Pacificador.

Dirijo-me ao vagão-bar enquanto Katniss e Peeta observam o Distrito 12 desaparecer. Não há bebida. Parto para a segunda opção: quebrar algo. Começo a jogar os copos contra a parede, transformando-os em cacos cortantes no chão.

Effie entra desviando dos cacos com seus saltos enormes.

– Sem bebida para você – diz ela.

– Por quê?- pergunto jogando-me em qualquer poltrona e colocando meus pés sobre a mesinha de centro.

Ela trinca o maxilar. Odeia quando eu faço isso. “É nojento e deselegante” posso ouvir ela dizendo isso na minha cabeça.

– Você precisa estar sóbrio para quando eles estiverem na arena.

– Mas eles não estão!

– Logo estarão!

Pronto, agora ela está chorando. Suspiro.

– Ei, ei, Effie – digo colocando minha mão por cima das suas para... sei lá para que. Não sou a melhor pessoa para consolar outras pessoas.

– Foi tão assustador, meu Deus, eu quase perdi você, e agora vou perder Peeta ou Katniss, ou os dois, e eu não sei... não sei como ajudá-los, eu não tenho como ajudar nenhum deles na posição que estou... – ela começa a soluçar e encosta a cabeça em meu ombro, hesitante, coloco a mão e suas costas e a acaricio, enquanto Effie soluça de se acabar por longos minutos - Você vai cuidar deles não é?- pergunta ela, recompondo-se.

Não posso contar para ela. Seria arriscar demais.

Afinal, o que seria melhor? Contar sobre uma possível Rebelião contra a Capital, que estava sendo planejada no Distrito 13, para ela inexistente, ou deixar que acontecesse e ela se envolvesse mais futuramente, quando fosse confirmado e estivesse acontecendo, correndo o risco de ficar do lado da Capital e ser “riscada do mapa” assim como ela? E se Effie Trinket escolhesse realmente a Capital? Ou será que alguns rebeldes poderiam ser mais violentos e atacar os habitantes da Capital, podendo ela não sobreviver?

Será que a Rebelião chegaria aos habitantes ou seria notada apenas depois, quando fizesse falta os produtos que fazem parte da rotina de muitos lá? Afinal, porque propagariam essa Revolução aos habitantes da Capital, fúteis e de sotaque irritante?

– Vou cuidar deles – digo, forçando novamente um sorriso.

– Você promete?- pergunta ela erguendo para mim aqueles olhos azuis esperançosos e lacrimejantes, contornados com maquiagem colorida, tendência na Capital, imagino eu.

– Confie em mim, boneca da Capital – digo, recostando-me novamente a cadeira.

– Faça por merecer, Haymitch Albernathy – diz ela levantando-se e saindo do vagão-bar, provavelmente indo trancar-se em se quarto, como sempre faz.

No jantar, Effie e Peeta tentam frustradamente iniciar uma conversa.

– Adorei seu cabelo, Effie – diz ele.

– Obrigada. Eu o fiz para combinar com o broche de tordo de Katniss, e pensei que pudéssemos todos ter algum objeto dourado, sabe, para nos dar um ar de equipe. Posso ver uma corrente para você, Peeta, e quem sabe um bracelete de ouro para Haymitch – diz ela, gabando-se de sua idéia.

Katniss olha para mim, e imagino que ela está pensando o mesmo que eu. Effie claramente não sabe o simbolismo real do tordo de Katniss, assim como também não deve saber das rebeliões que estão ocorrendo nos Distritos, acredito que nem Katniss saiba toda a história direito.

– Eu acho uma ótima idéia, e você Haymitch?- pergunta Peeta.

Meus olhos estão varrendo o local a procura de qualquer traço de alcool, não encontro nada. Resmungo qualquer coisa em resposta a eles enquanto como uma cereja.

Mas aquela garotinha petulante continua no assunto, comentando ironicamente:

– Podiamos arrumar uma peruca para você também, o que acha?

Contenho-me em apenas fuzilá-la mentalmente, ou asfixiá-la, qualquer morte digna do tipo, e não respondo, mas posso ouvir as risadinhas na mesa. Por fim, Effie limpa os cantos da boca com o guardanapo de linho e sugere que vejamos as reprises das Colheitas nos outros distritos.

Pego uma maçã e uma faca, pois odeio assistir a isso, e fico esculpindo qualquer coisa na fruta e jogando as cascas na mesa de centro. Posso ver pelo olhar que Effie me lança como ela acha aquilo “totalmente nojento e deselegante”.

Agora que já sei qual dos meus amigos irão para a arena, levanto-me e vou para meu quarto, consegui trazer um frasco de aguardente, que escondi com muito cuidado de Peeta e de Effie, até mesmo de Katniss, já que corria o risco de perdê-lo para ela.

*

Escuto um barulho, visto-me num robe e saio para ver o que foi. Ouço vozes na sala, Katniss e Peeta, mas imagino que eles não tenham ouvido.

Abro a porta do quarto de Haymitch cuidadosamente e quase sou acertada por uma faca. Dou um pulo para trás de surpresa e arquejo.

– Ah, é você – diz Haymitch, posso ver, até mesmo na pouca luz, algo brilhando em sua mão, imagino que seja uma garrafa de aguardente.

– Onde você encontrou isso?- perguntei tomando a garrafa de sua mão. Ele está sentado no chão, recostado a cama, e o que ouvi foi o abajur que ele derrubou. Ele ainda não está em seu juízo normal e reage ferozmente. Eu me agacho ao lado dele e coloco minha mão sobre a sua – Ei, ei, Haymitch. Está tudo bem, você está seguro agora.

Ele olha para mim, seus olhos parecem tão sem vida, e mesmo assim tão assustados.

– Está tudo bem – repito – Me dê isso, olhe só, está bêbado.

– Não estou – resmunga ele.

– Haymitch, você atirou uma faca em mim.

Ainda com certa resistência, ele me entrega a garrafa. Levanto-me para ir jogá-la fora.

– Effie – Haymitch chama antes que eu saia.

– Pois não?

– Por favor, fique aqui – diz ele, em tom de súplica – Não me deixe sozinho.

Quem diria que Haymitch Albernathy, o mentor rabugento e bêbado do Distriro 12, não passava de um garoto com medo do escuro.

– Ora, Haymitch – digo, refazendo meu caminho e sentando-me ao seu lado – Quem diria que você só não passa de um garoto medroso?

Fico quieta ao ver o olhar que ele me lança.

– Sabe, eu acho que as pessoas nos distritos não gostam de mim – digo depois de algum tempo.

Haymitch ri.

– Não é você. Elas odiariam qualquer uma com peruca colorida que aparecesse lá para levar seus filhos para a arena – diz ele.

– Isso não ajuda muito. E o que minhas perucas têm a ver com isso?

– Nada, boneca da Capital.

– Hoje acho que compreendi um pouco o que os pais dessas crianças que, segundo você, eu mando para a arena. Quando eu vi Katniss e Peeta iriam voltar mais uma vez para a arena foi um aperto no peito. Para mim, agora, eles são como nossos filhos, nós gostamos deles, e nos conhecemos. Somos mais que uma equipe.

– Você vê isso como uma família?- pergunta Haymitch.

– Sim, você não?- pergunto.

Ele da de ombros.

– Bom, para mim eles são meus filhos. Nossos. Nossos tributos, nossos vencedores, nossos filhos. Eles são nossa única família, Haymitch, queira você ou não.

– Que bela família – zomba Haymitch -, amaldiçoada pelos Jogos. “E que a sorte esteja sempre a seu favor”- ele me imita e eu rio.

– Tudo bem, eu tenho que ir dormir agora. Boa noite – digo, me levantando.

– Effie, por favor, fique.

– Mas eu preciso dormir, Haymitch.

– Não pedi para que ficasse acordada. Só não quero que me deixe sozinho.

Nossa, que poço de delicadeza e modos eu arrumei como colega de time!

– Tudo bem, mas vou deitar na sua cama. E nem pense em deitar comigo. Se quiser dormir, durma em alguma cadeira. Boa noite, Haymitch Albernathy.

– Boa noite, boneca da Capital.

*

E lá estava ela tão linda. Será que ela percebeu que eu a estava a observando?

Nunca havia a visto daquele jeito. No momento em que ela tirou a peruca para ir dormir vi que seu cabelo não era só loiro mais também ondulado. E pensando que aquilo era só o começo. Ela realmente queria me provocar, depois de tirar sua maquiagem pude ver o quanto ela era bonita por baixo daquilo tudo.

Eu tinha que me controlar para que minhas reações aquela visão não me denunciassem. Effie saiu de fininho do quarto para não me acordar, no momento em que ela saiu do quarto pensei que ela havia me abandonado, mas depois ela voltou, só havia saído pra vestir sua camisola porque ela não seria maluca de se despir na minha frente, essa parte até eu entendi, porque meu coração já estava disparando ao ver ela com aquela camisola meio transparente. Não pude suportar tive que dar meu sorriso ladino mesmo ela estando ali. Mas logo, logo ela já estava dormindo, tão serena e tranquila e não demorou muito para que eu adormecesse. Com a sensação que teria sonhos com aquela imagem.

*

Mas, nas poucas vezes que abria meus olhos, via Haymitch, na poltrona ao lado da cama, me observando cuidadosamente, nas poucas vezes em que ele estava de olhos fechados, estava inquieto, seu rosto era expressivo e suas mãos tremiam. Suspirei e fiquei na beirada da cama, segurando uma de suas mãos, e isso pareceu acalmá-lo.


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