“Eu sei que não é sua primeira escolha para passar as férias, mas se der uma chance pode até se divertir.” Shelby falou quebrando o silêncio que acompanhava as duas desde o aeroporto.

Rachel desviou os olhos de sua discussão por mensagem com Jesse e encarou a tia com um sorriso forçado, não queria ser mal educada, mas duvidava muito que aquela cidadezinha tivesse algo de divertido para fazer, imagina então a reserva indígena onde passaria os próximos dois meses.

“Noah ficou animado quando contei que você estava vindo.” Shelby continuou, pelo canto do olho observou a morena digitando furiosamente no aparelho. “Namorado?”

Rachel acenou positivamente. “Jesse, ele... não ficou muito feliz que eu cancelei nossos... Uh... planos para vir, principalmente para passar o verão todo, ele queria que eu voltasse mais cedo.”

‘Mais como demandando.’ Pensou rolando os olhos.

Cansada do drama que o namorado estava fazendo, bloqueou o celular guardando na bolsa e voltou toda a atenção para a mulher mais velha.

“Vocês namoram á muito tempo?”

“Desde o começo do ano, Jesse me defendeu de alguns Neanthertais do time de futebol, rolou um clima e começamos a namorar.” Rachel deu de ombros “Alguns dizem que ele é a versão masculina de mim, só que um pouco mais egocêntrico e drama queen.”

“Parece... interessante esse relacionamento.” Shelby rolou os olhos discretamente, não conhecia o rapaz, mas pelo que tinha ouvido de Leroy tinha certeza que não iria gostar dele. “Você continua a cantar?”

“Sim, sempre! Inclusive participo de um glee club na minha escola, o Vocal Adrenaline. Eu e o Jesse somos os solistas, se quiser posso te mostrar alguns vídeos quando chegarmos á reserva.”

“Eu adoraria querida.” Shelby respondeu sorriso, lembrava-se de quando a sobrinha era menor e estava sempre cantando querendo que ela ou seus pais prestassem atenção e dessem criticas construtivas sobre como poderia melhorar.

“Como você e o Noah estão?” Rachel questionou rolando os olhos quando Hello começou a tocar, é claro que Jesse não ia aceitar que ela o estava ignorando. Pegou o aparelho e depois de ignorar a ligação, colocou no silencioso e guardou de volta na bolsa. “Não deve ter sido fácil se mudar de NY para um reserva longe de tudo.”

“Foi... diferente.” Shelby respondeu sem saber o que falar. Ela e Noah se mudaram para a reserva as pressas cortando todo e qualquer contato com a sobrinha, apenas Leroy sabia o verdadeiro motivo e mantinham contato de mês em mês. “Mas a reserva é um lugar maravilhoso para se viver.”

“Vocês são corajosos, não sei se conseguiria largar a vida na cidade para morar no meio do nada.” Rachel deu de ombros e distraída com a paisagem não notou o olhar preocupado de sua tia.

As duas conversaram sobre coisas banais pelo resto da viagem e quando a morena notou haviam chegado á reserva e Shelby estacionava em frente a uma casa que a morena supôs ser onde ela morava. Pegou sua bolsa e com a ajuda de sua tia, sua mala rosa e entrou na simples, mas bem aconchegante casa.

Seguiram por um pequeno corredor e algumas escadas até o que deveria ser o porão, mas que tinha sido transformado num adorável quarto. As paredes estavam pintadas num rosa claro e os moveis básicos, cama, guarda-roupa e cômoda eram de madeira bem rustica.

“Noah e um amigo que pintaram e organizaram aqui, queríamos que você se sentisse em casa.” Rachel sorriu tocada e abraçou a tia agradecida. Sentira falta da mulher, por muito tempo tinha sido o único modelo feminino em sua vida e quando ela fora embora, fizera uma falta enorme. “Aquela porta da para um banheiro só seu, eu achei que você iria gostar da privacidade.” Shelby apontou para a porta próxima do guarda-roupa. “Você tem que arrumar suas coisas, se precisar de ajuda estou lá em cima. Quando terminar vá para a praia, Noah está lá com alguns amigos.”

“Obrigada tia Shelby.” Rachel agradeceu observando a tia subir as escadas e fechar a porta do quarto. Deixou a mala no canto e caminhou para a cama, onde sentou.

Pelo menos o colchão era confortável...

i.

Uma coisa Rachel tinha que admitir, o local era absolutamente lindo. Ela não era uma garota da mata, sendo criada sempre na cidade, mas sabia apreciar o ar puro e a paisagem e aquela a sua frente era definitivamente a mais linda que já tinha visto.

O céu era uma pintura de cores enquanto o sol dava seu adeus naquele final de tarde, era definitivamente uma imagem que não se via na cidade e a morena tirou uma foto querendo guardar a lembrança.

Continuou andando a procura de seu primo e ao longe viu varias pessoas em volta de uma pequena fogueira, uma boa ideia já que estava fazendo um frio terrível e suas roupas pouco praticas não faziam nada para livra-la dos ventos congelantes.

Pensou em ir ver se seu primo estava naquele meio, mas sua timidez a impediu. Não era boa fazendo amigos e a ultima vez que vira Noah, ambos tinham oito anos, definitivamente não queria passar pelo mico de chamar o rapaz errado achando que fosse o Puckerman. Sentou na areia um pouco mais distante e começou a ler as mensagens ignoradas de Jesse.

A maioria era sobre como ela era uma péssima namorada nunca fazendo o que ele queria. Ás vezes se questionava o que ainda estava fazendo com Jesse, no inicio fora tratada como uma princesa, mas agora só recebia criticas do namorado, sua voz, sua dança, a forma de falar, como não interagia com seus amigos babacas que só sabia fazer piadinhas sobre suas roupas, seu nariz que ele insistia que ela deveria fazer uma cirurgia plástica e principalmente o motivo que eles mais brigavam nos últimos meses... sexo.

Jesse insistia que eles estavam prontos para esse passo, mas Rachel se sentia bem longe de estar pronta e só aceitara fazer durante essas férias, porque o rapaz ameaçara terminar com ela caso eles não transassem.

Mas seus pais a mandaram para Forks e ele a culpava como se Rachel tivesse sugerido cancelar os planos e viajar para a reserva. Ignorou uma boa parte sabendo que Jesse falara no calor do momento e mandou um te amo para o rapaz pelo whatsapp. A mensagem fora vista, mas não teve nenhuma resposta o que quase levou a morena as lágrimas, bloqueou o celular e largou ao seu lado enquanto encarava o mar.

Se Jesse ia ignora-la, iria fazer o mesmo.

Tão distraída com seus pensamentos não notou as duas jovens paradas ao seu lado até uma tocar seu ombro, pulou surpresa ficando de pé e tentando acalmar o coração que tinha disparado.

“Desculpa te assustar, mas a gente chamou e você não respondeu.” A loira de cabelos curtos falou enquanto o outra com cabelos longos acenou.

“Eu estava distraída.”

“Sem problemas. Você por acaso é Rachel Berry?” A mesma loira que tinha falado antes questionou.

“A própria. Você é?”

“Quinn Fabray e essa é Brittany Pierce, eu sou namorada do seu primo.” Quinn explicou estendo a mão e se apresentando. “Puck a notou de longe e te achou conhecida, mas ele não tinha certeza.”

“Eu não me surpreendo, provavelmente não o reconheceria, faz tanto tempo que não nos vemos.” Rachel explicou notando que a maioria das pessoas no grupo mais a frente ás encaravam.

“Vem com a gente, você vê seu primo e conhece o resto da galera.” A outra loira, Brittany falou passando o braço pelos ombros da morena e praticamente a puxando na direção dos outros enquanto Quinn mais atrás pegou o aparelho celular esquecido.

“Rachel?” Um jovem de moicano perguntou se levantando assim que elas se aproximaram do grupo.

“Noah!” A Berry exclamou surpresa, seu primo tinha mudado muito. Estava mais moreno, com aquele ridículo moicano, mas que surpreendente era sua cara e definitivamente musculoso.

Se aproximando o rapaz abraçou a prima levantando-a do chão e girando algumas vezes.

“Dude você não cresceu nada!” Puck falou tirando sarro da prima e ganhando um tapa da própria.

“Primeiro eu não sou um cara, então nunca mais me chame assim Puckerman e segundo, eu cresci muito desde meus oito anos.” Rachel respondeu rolando os olhos sabendo que não era a ultima vez que ouviria uma piadinha com seu tamanho.

“Aham vou fingir que acredito.” Puck respondeu a puxando na direção do grupo. “Galera essa é a Rachel, minha prima. Princesa esses são Jake e a namorada Marley, Mike e namorada Tina, Matt, Ryder e a namorada Kitty, Brittany e Quinn você já conheceu e o solitário ali atrás é o Finn.”

It’s not like love at first sight, really. It’s more like… gravity moves… suddenly. It’s not the earth holding you here anymore, she does… You become whatever she needs you to be, whether that’s a protector, or a lover or a friend.”

Aquilo o pegara de surpresa e antes que percebesse algo em si tinha simplesmente... clicado. Era como se todo seu mundo estivesse fora de ordem e agora tudo fora posto no lugar.

Ela estava parada ao lado de Puck, um anjo... seu anjo tão inocente e tão perfeita que Finn se sentia paralisado e ao mesmo tempo com uma necessidade crescente de se mover para onde estava e nunca mais se afastar.

Estavam a uma distancia mínima, mas todo seu corpo queimava de necessidade de estar perto dela.

Ele a queria. Seu lobo a queria.

E Finn fez a única coisa lógica, ele correu.