Closer escrita por Wenky


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Fiz com todo carinho, espero que goste!!! E, nem preciso dizer o quanto fiquei feliz por ter te tirado, né? Fiquei rindo sozinha quando descobri. Foi muito bom poder te dedicar uma fanfic mais uma vez. Boa leitura!



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Capítulo Único

Escrito por: Wenky (Andréia)

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“De repente, estávamos louca, desajeitada, imprudente e angustiadamente apaixonados um pelo outro – e desesperadamente, deveria acrescentar”

— Vladimir Nabokov (Lolita)

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Sakura sempre fora bonita. Com seus cabelos rosados nada convencionais, seus grandes e brilhantes olhos verdes e até mesmo com sua testa mais larga que o padrão ela era bonita.

E, além de suas características físicas, Sakura também sempre fora atraente por sua personalidade quase sempre espirituosa. Até mesmo quando mais nova, seus modos convencidos e espontâneos eram graciosos.

Com o passar dos anos, contudo, Sakura adquirira uma beleza diferente. Tal como a flor que lhe emprestara o nome, ela havia florescido. Sua beleza, porém, variava em diferentes tons. Alguns matizados com sua determinação e com seu amadurecimento pessoal e outros com sua tristeza e solidão desde que Uchiha Sasuke deixara a Vila da Folha.

Tons os quais, aos seus olhos, se mostravam ainda mais bonitos.

Hatake Kakashi havia observado, em momentos inusitados, e talvez até mesmo estranhos para um professor fazê-lo, sua mudança nesse meio tempo.

Observava em detalhes e tomava nota de cada um de seus passos, e os gravava mentalmente como se fossem um filme. Uma pequena obra de arte de sua mente, a qual ele podia voltar diversas vezes sempre que achasse necessário, em seu tédio habitual, ter alguma distração.

Uma distração perigosa, ele devia admitir.

Devido ao tempo que passaram juntos, Kakashi conhecia bem suas lágrimas, tal como conhecia seus sorrisos. Apesar de gostar mais desse último, também sabia apreciar o primeiro.

Em seu mundo solitário, e agora em sua vida pacata de um homem de meia idade Haruno Sakura era como um pequeno paraíso pessoal. E observá-la era como arte para ele.

Ninguém nunca soube, ou saberia até então, sobre essa parte de si que ele fizera questão de esconder tão bem durante todos esses anos e que certamente levaria para o túmulo.

Ele bem sabia, afinal, que não convinha que a expusesse. Tal como não convinha que estivesse apaixonado por ela. Isto é, se ele realmente estivesse apaixonado.

Pois também fazia parte de sua pequena distração pessoal se questionar sobre como se sentia em relação a sua aluna de cabelos rosados. Havia feito isso durante anos a fio. Pequena distração esta que, curiosamente, havia lhe tirado algumas horas e até mesmo noites de sono.

O que mais o intrigava era o fato de nunca ter se apaixonado antes, talvez seja por isso que aquela ideia lhe gerava tamanha dor de cabeça, porque ele simplesmente era incapaz de descrever ou até compreender seus sentimentos por sua antiga aluna.

Tanto que, havia decidido já há um bom tempo, deixar o efeito dela sobre si se revelasse apenas em momentos oportunos. Onde ele pudesse controla-los de forma adequada, a fim de que nem Sakura nem qualquer outra pessoa chegasse perto de desconfiar de qualquer coisa.

Acontece que naquela noite em especial, as coisas eram diferentes. Sakura apresentava, como sempre, sua beleza estonteante. E com requintes de tristeza nos olhos, ela segurava um copo de saquê em sua mão direita.

Sentava-se na ponta de uma pequena mesa com uma luz fraca iluminando o rosto. Kakashi, por sua vez, sentava-se um pouco mais afastado, também com um copo de saquê nas mãos, observando-a em silêncio.

Ele bem sabia que Sakura só fizera aquele convite pois se sentia solitária. Logo após o fim da Grande Guerra e da partida de Sasuke, Naruto havia engatado um suposto namoro com Hinata, tal como Ino com Sai. E do antigo Time Sete, restaram apenas os dois sozinhos naquela noite.

Kakashi, porém, havia se tornado Hokage o que significava que ele tinha algo a mais para preocupar a mente. Mas naquele momento não era como se a Vila precisasse muito de sua assistência, o mundo ninja estava pacato por hora.

Mas para Sakura, ele devia reconhecer, além de seu trabalho no hospital, a única coisa que parecia restar era sua longa espera por Sasuke. Contudo, Kakashi também reconhecia que, analisando bem suas situações, os dois estavam no mesmo barco solitário.

Eles haviam trocado algumas palavras desde que se encontraram e se sentaram para beber seus respectivos saquês, mas havia pelo menos quinze minutos que se mantinham em silêncio. E, ele curiosamente só conseguia desejar que suas expectativas fossem de alguma forma atendidas, as mesmas que ele bem sabia que não deveria estar cultivando em relação à Sakura.

Principalmente porque se Uchiha Sasuke estivesse ali, ele seria o único solitário em seu empoeirado escritório de Hokage.

Sakura levantou os olhos para ele, e um pequeno e tímido sorriso brotou no canto de seus lábios. E então, decidiu quebrar o silêncio:

— No que está pensando?

Kakashi deu de ombros, pensativo. Sorrindo internamente soube que jamais revelaria para ela o que estava pensando. Fazia parte de sua coleção pessoal que ele preferia manter isolada e a salvo.

— Nada em especial – respondeu simplesmente.

— Você não está colaborando – Sakura retrucou bebendo mais um gole de seu saquê e dando uma pequena risada.

Ele a encarou por alguns segundos, considerando qual seria a melhor maneira de dar continuidade àquela conversa, pois não desejava parar de falar com ela. Por fim, ainda perdido em observá-la, decidiu que devolver a pergunta era a única solução que lhe vinha à mente.

— E você? No que está pensando?

“E não é tão óbvio assim?”

Sakura brincou mentalmente, Kakashi conhecia bem seus pensamentos, e ela sabia disso. Mas, por algum motivo, desejou mudar de foco. Não era sobre Sasuke que pretendia falar naquela noite.

— Estava pensando em você – respondeu sorrindo – Quem diria que em alguns anos eu estaria tomando saquê com meu sensei? – completou.

“Ex sensei”

Kakashi considerou mentalmente, e, antes de respondê-la, permaneceu em silêncio durante alguns segundos.

Segundos os quais permitiram que Sakura o observasse e tirasse suas conclusões. Conclusões as quais, em outro momento, não tiraria. Simplesmente porque nunca se deixara observar Kakashi como nada além de seu sensei.

Mas numa situação casual como aquela, o olhando sob a luz fraca e com um copo de saquê na mão, apesar de sua idade já avançada se comparada a dela, Kakashi era bonito. E atraente, ela deveria admitir.

E, pensando bem, talvez ele sempre fosse bonito.

O que lhe trouxe um estranho pensamento, se não fosse pelo fato de já estar apaixonada pelo Uchiha mais novo quando o conhecera, será que, ela o veria de forma diferente? Será que até mesmo chegaria a se apaixonar por ele?

Por fim, sacudiu a cabeça com o pensamento que lhe cruzou, considerando o quão absurdo aquilo era. Não fazia o menor sentido ter se apaixonado pelo seu professor.

— Quem diria – Kakashi murmurou.

E então, não demorou muito até que engatassem numa conversa bastante descontraída sobre o passado e sobre o quanto as coisas havia mudado desde que se conheceram.

De repente Kakashi, em meio a segunda ou terceira dose de saquê, foi tomado por uma coragem que até então desconhecia.

Uma pergunta, nada convencional, passou por seus lábios de maneira sorrateira, antes mesmo que ele pudesse impedir. E, apesar do efeito do álcool em seu organismo e de sua coragem supostamente mais elevada do que o normal, ele soube com toda certeza que o que havia feito era como atirar uma kunai.

Não havia mais volta.

E, alguma coisa, ainda que pequena, ainda que insignificante aconteceria. Mesmo que fosse esquecida em breve.

— Sakura, e se o Sasuke nunca voltar de fato?

A reação de Sakura foi exatamente como ele havia imaginado. As risadas cessaram e ela ficou séria, parada considerando o que acabara de ouvir durante os segundos em que a pergunta atirada entre eles se encontrava pairando no ar.

Aquilo lhe pegara de surpresa, e de fato lhe atingira como alguma kunai. E o resultado foi uma dúvida plantada em seu coração que até então cultivava a certeza de que Sasuke voltaria.

Ela não havia questionado em momento algum sobre sua volta, tal como também não havia se questionado sobre seus sentimentos.

Mas ali, olhando para seu antigo sensei sob a luz fraca do estabelecimento em que se encontravam, ela começou a se questionar. Em resposta, Sakura abaixou a cabeça, e nos segundos que se seguiram, seus olhos se levantaram diferentes.

Ainda sob o efeito do álcool, Kakashi não conseguiu identificar com clareza o tom e a expressão que eles assumiram. Ou tão pouco compreender como aquilo de fato acontecera, pois àquela altura sua mente só lhe proporcionava memórias em forma de borrões.

Em algumas horas ele estaria se amaldiçoando por não ter estado sóbrio e por conta disso não ter registrado o que se seguira com clareza de detalhes. Ao mesmo tempo que sabia que, caso estivesse sóbrio, jamais teria se permitido dizer aquelas palavras.

As palavras que, juntamente de suas doses de saquê, mudaram o rumo daquela noite.

Já em sua casa ele se lembrava de Sakura ter puxado sua máscara gentilmente, e, com seus olhos em um verde agora mais escuro, ter olhado em seus olhos durante alguns instantes.

E, por fim, ela o beijou. Seu beijo era gentil, tinha exatamente o gosto e a sensação que ele imaginara. E ele a correspondeu imediatamente, assumindo um ritmo lento, suave. Os dedos de Kakashi se enrolaram nos fios de seu cabelo, puxando-os levemente, mantendo-a perto de si.

Sakura, por sua vez, se agarrava a ele com incerteza. Beijá-lo lhe proporcionava uma sensação se não estranha, no mínimo curiosa, diferente do que já havia experimentado ou imaginado. E talvez fosse aquele o motivo pelo qual estava o beijando.

Talvez fosse mesmo o efeito do álcool agindo sobre si, e por isso ela sentia como se estivesse fora de si por alguns instantes.

Flutuando.

Quando uma das mãos dele desceu por suas costas repousando em sua cintura puxando-a mais para perto, Sakura sentiu algo em seu estômago que por alguns instantes ela reconheceu como borboletas.

Naquela noite, ela poderia estar apaixonada por ele.

Naqueles poucos minutos ele poderia ser apenas Hatake Kakashi e não mais o seu antigo sensei. Ou o Hokage da Vila.

E por alguns instantes, Uchiha Sasuke não existira em sua vida.

Ela sequer havia o conhecido.

Era exatamente como havia imaginado mais cedo, enquanto bebiam saquê juntos. Seu passado havia sido refeito e tudo o que vivera até ali havia se reduzido até chegar a um ponto onde restara apenas os dois ali.

Porém, quando seus lábios se separaram, algo muito frágil que eles haviam construído naquela noite, se quebrou em milésimos de segundos.

Antes mesmo que Kakashi pudesse puxá-la e guia-la para outro beijo, ou que pudesse leva-la para seu quarto e arrancar suas roupas como havia brincado mentalmente durante tantos anos e mais ainda naquele momento, ela se afastou. E quando ele pensou em protestar, ela lhe dirigiu um olhar envergonhado.

“Desculpe, eu bebi demais”

Ele quase a ouviu dizer quando ela se encaminhou para porta de saída.

“Não há o que se desculpar”

Pensou em responder, mas se calou. E tudo o que pôde fazer foi observá-la.

Sakura se virou, abriu a porta que se encontrava a poucos metros de si e saiu dali rapidamente. A porta se fechou fazendo barulho atrás de si e era como se nada tivesse acontecido. Por dentro, ela sentia como se houvesse um turbilhão de emoções colidindo de uma só vez e seu coração batia forte contra o peito.

Aquilo poderia ter mudado tudo, aquilo poderia não ter mudado nada.

A verdade era que, seu mundo, talvez, não continuasse o mesmo. Mas o que quer que acabara de acontecer ali, atrás da porta de Kakashi, definitivamente já fazia parte do passado àquela altura.

O mundo continuava girando, o relógio já marcava onze horas da noite. Era hora de ir pra casa.

Havia passado.

Kakashi, por sua vez, sentou-se em uma cadeira que se encontrava logo perto de si. Ainda pensativo, repetindo as sensações que fizera questão de guardar tão bem. Por um momento, algo se acendeu dentro de si.

Para ele, aquilo seria parte de sua coleção pessoal de sensações, do pequeno filme que criara para si onde Sakura protagonizava desde os primeiros até os últimos segundos.

Até mesmo sua expressão envergonhada ao passar por aquela porta era digna de ser recordada.

Mas, acima de tudo o primeiro e último beijo que compartilharam ou compartilhariam em suas vidas.

Porque durante aquele pequeno momento, o mundo havia parado, e eles estavam apaixonados.

Para Kakashi, bastaria.


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Notas finais do capítulo

Bru!!!!!!! Primeiro preciso dizer que sua fanfic foi o maior desafio da minha vida de ficwriter, pois até então eu nunca tinha escrito nada relacionado a esses dois. E, preciso dizer, foi díficil fazer algo no mínimo coerente numa one shot, viu! Há tantas coisas para serem exploradas entre eles... *pensa*

A minha ideia foi basicamente explorar o lado do Kakashi com maior intensidade e mostrar seus sentimentos por muito tempo reprimidos em relação à sua aluna. E, quanto à Sakura, eu não consegui desvencilhá-la do Sasuke #apanha. Espero que não tenha ficado muito forçado. O quote de Lolita foi totalmente proposital, obrigada Sr. Nabokov, cê me inspirou legal! :'D

O título eu também peguei emprestado do filme Closer (2004) do diretor Mike Nichols, que assisti recentemente e adorei.

Por fim, qualquer coisa deixem na caixinha de review logo ali embaixo. Suas críticas, elogios e sugestões serão muito apreciadas por mim! :')

Um beijo!