The Long Way Home escrita por Carol_Freitas


Capítulo 1
I.


Notas iniciais do capítulo

Presente do amigo oculto das devassas (DOTDL).

Dedicatória: Para a minha querida GabsBestzuda, a quem eu amo com todo o meu coração. Obrigada pela amizade incrível! Obrigada por fazer parte da minha caminhada! A minha vida é muito mais feliz por ter você nela!

Mais uma vez: Happy New Year!!

Desejo que 2015 seja um ano incrível para você e toda a sua família!!

Desejo, nesse novo ano que se inicia, que você realize seus sonhos, cumpra as suas metas, goze de muita felicidade e alegria, ame loucamente e seja amada, tenha muito sucesso tanto no campo profissional quanto no pessoal, saia cada vez mais com quem te faz bem - encontrando mais e mais devassas por esse Brasil -, coma as comidas mais gostosas sem medo de ser feliz, beba todas sem ter ressaca no outro dia, chore de rir várias e várias vezes e, por fim, desejo que seja sempre essa pessoa tão querida, única e ímpar na vida de tantas pessoas.

Espero que goste do seu presentinho, a criatividade foi muito má comigo, mas eu escrevi com muito carinho.

Aproveito a oportunidade para desejar a todos que estiverem lendo esta fanfic um feliz ano novo, cheio de conquistas, felicidades e muitas realizações. Beijos e boa leitura!

Plot: Pós-guerra | UN |

Obs.: Eu abordo o Tanabata na estória e, talvez, devido a sua adaptação ao plot da minha fanfic, essa celebração esteja um pouco fora do que ela realmente representa.

Também espero que os personagens não estejam muito OOC. Me policiei ao máximo nesse quesito, porém eu acredito que as pessoas mudam com o tempo, depois de vivenciarem certas experiências. Talvez vocês percebam, ou não, essa mudança no comportamento de alguns personagens.



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A guerra finalmente acabou. Os danos foram enormes, as perdas irreparáveis, mas a esperança de dias melhores que crescia no coração de cada sobrevivente era forte o bastante para fazê-los suportar toda a dor e tentar recomeçar.

As cinco grandes nações finalmente encontraram a paz. Com o tempo as vilas ocultas começaram a ser reconstruídas. Tratados e acordos comerciais mais uma vez foram firmados. As pessoas já voltavam à sua rotina sem maiores preocupações.

A Vila da Folha, sob o comando do Rokudaime Hokage– Kakashi –, já estava prosperando, quase como nos seus dias de glória. O mundo finalmente estava em paz.

Três anos já haviam se passado desde o fim da guerra. Três longos anos se passaram desde que ela tinha o visto pela última vez, e ainda assim ela o esperava. Afinal de contas, ele tinha prometido voltar.

Após mais uma noite de sonhos conturbados, a jovem mulher de cabelos rosados sentou-se em sua cama, esfregou os olhos na tentativa de tirar aquele último resquício de sono que ainda se apegava ao seu corpo e encarou o calendário na mesinha ao lado de sua cama, suspirou logo em seguida ao ver que dia era: Tanabata.

Há um mês o casamento do Naruto com a Hinata ocorrera, Sakura não podia estar mais feliz pelos seus amigos. A cerimônia tinha sido emocionante, repleta de familiares e amigos do casal, apenas um cego (ou uma pessoa sem amor no coração) não seria capaz de perceber o quanto esses dois se amavam. De certa forma, Sakura não conseguia deixar de sentir inveja da felicidade do casal Uzumaki-Hyuuga, pois almejava com todo o seu coração o mesmo para si.

Depois de uma última olhada no seu calendário, a kunoichi levantou-se de sua cama, espreguiçou-se e caminhou rumo ao banheiro para tomar seu banho e preparar-se para o dia que prometia pelo visto ser bastante agitado.

Enquanto relaxava os seus músculos debaixo do jato de água quente de seu chuveiro, imagens de seu sonho, ainda remanescentes em sua cabeça, começaram a lhe fazer pensar em uma certa pessoa.

“Sasuke...” – ela sussurrou fechando os olhos e encostando-se à parede atrás de si.

A última aparição do Uchiha ocorreu durante a crise causada pro Toneri Outsutsuki, quando ele repentinamente surgiu do nada para ajudar Kakashi na defesa de Konoha, enquanto ela estava ocupada ajudando Naruto a resgatar aquela que viria a ser sua esposa, assim só veio saber de sua presença na vila quando ele já estava longe demais para ser encontrado.

Depois desse incidente, meses haviam se passado sem que a kunoichi tivesse qualquer notícia dele. A preocupação com o seu bem estar era enorme e sempre que ela passava perto da entrada da vila era inevitável lançar um olhar em direção ao portão, como se estivesse esperando ver ele atravessá-lo a qualquer momento, no entanto, nunca houve qualquer sinal de seu retorno.

Naruto e Kakashi sempre a tranquilizavam dizendo que toda essa preocupação era infundada, visto que Sasuke era um dos shinobis mais fortes de toda a vila da folha. Na verdade, era difícil de acreditar que existia alguém no mundo que se igualasse a ele e a Naruto em força. Os dois eram fortes demais que chegava a ser surreal. Então, se havia alguém que podia cuidar de si mesmo, sem quaisquer problemas, era Uchiha Sasuke.

No entanto, não era só preocupação que assolava o coração da jovem kunoichi, o que realmente estava a machucando profundamente era a saudade tão grande ao ponto de tirar seu sono em algumas noites, de deixá-la sem fome, sem concentração, sem chão.

Porém, quando ela começava a desanimar, as palavras de Naruto ressoavam em sua cabeça – “Sasuke prometeu que voltaria pra você quando sua viagem de redenção acabasse. Um homem como ele não diz palavras vazias, muito menos volta atrás com as suas promessas. Tenha fé e paciência. Confie nele, Sakura-chan.”– davam a força necessária para continuar a espera.

Saindo do banheiro, já devidamente arrumada com um simples vestido florido de algodão, a Haruno foi para a cozinha preparar o seu café da manhã, o fazendo de forma mecânica, sem realmente prestar atenção, com os pensamentos voltados para outras coisas sem nenhuma relação com os ingredientes que tinha em suas mãos.

Entre treinos com Tsunade-hime, plantões no hospital, aulas na academia e as escassas saídas com os amigos, Sakura foi construindo uma reputação, um nome a ser sussurrado fora dos limites de Konoha com respeito e admiração, chegando ao nível jounin, feito esse que apenas ela e Shikamaru, do grupo de genins da sua época, conseguiram.

Sakura sempre foi inteligente, paciente (especialmente em situações que não envolviam o Naruto) e esforçada, o que justificava os seus feitos até então. No entanto, desde o incidente com Toneri, quase não se via mais a kunoichi, estando a mesma sempre trancada em seu consultório/laboratório do hospital, ou realizando alguma missão, ou, ainda, engajada em seu treinamento com a antiga hokage.

Manter a mente ocupada sempre foi o melhor remédio para livrá-la das inquietações de seu coração, porém essa busca exacerbada de distração já estava preocupando os seus amigos, chegando ao ponto de o próprio Rokudaime Hokage submetê-la a uma licença temporária que foi acatada com muita reclamação.

“Maldito, Kakashi-sensei...” – ela murmurou tomando um gole de seu café bem forte.

Ino, ao saber de suas férias forçadas, obrigou-a a ajudá-la na organização da barraca da loja de flores Yamanaka na grande área preparada para a realização do Tanabata, sob o pretexto de passarem algum tempo juntas já que a Haruno estava sumida.

O Tanabata foi um festival muito aguardado por grande parte da população todos os anos. As ruas e as praças que iriam receber essa grande celebração já estavam enfeitadas com flâmulas fukinagashi, com flores e tiras de papel que representam os fios tecidos pela princesa da lenda que deu base ao festival. Estavam decoradas também com grandes ramos de bambu ornamentados por enfeites coloridos de papel, com o intuito de simbolizar as estrelas, onde nos mesmos (ou em galhos de árvores) seriam pendurados os tanzaku, que são pequenos pedaços de papel onde as pessoas colocam os seus pedidos.

Sakura costumava amar participar dessa celebração, mas nesse momento da sua vida, esse festival, também conhecido como festival das estrelas, não poderia ser mais deprimente, uma vez que o mesmo nasceu de um conto de amor de uma “princesa tecelã” e um “pastor do gado”, e de acordo com a lenda, a festa nada mais é do que a celebração desse amor, a celebração do reencontro desses amantes separados pela Via Láctea.

“Tsc...” – a Haruno se sentia amarga demais para sair de casa nesse dia. Só existia um reencontro que ela desejava celebrar, e ela não tinha esperanças de que ele fosse acontecer tão cedo.

Depois de lavar a louça usada, pegar o kimono cuidadosamente dobrado e enrolado em um tecido limpo no armário debaixo da escada junto com as sandálias de madeira correspondente, a Haruno saiu de casa e pôs-se a caminhar rumo à residência dos Yamanaka. Ela tinha quase certeza que se demorasse um segundo a mais, Ino iria aparecer em sua casa fazendo o maior escândalo. E, definitivamente, ela não precisava de mais alguma coisa para azedar ainda mais seu dia.

Chegando à residência de sua melhor amiga, Sakura não conseguiu segurar o riso diante da cômica cena que se desenrolava à sua frente: Sai estava varrendo a porta da loja, com um avental feminino e parecendo bastante satisfeito consigo mesmo.

“Até hoje eu não entendo como esses dois acabaram juntos” – ela pensou franzindo as sobrancelhas – “Eu jurava que ele era assexuado, ou pelo menos gay diante da sua fixação com o pênis dos outros.”.

Ino saiu para falar com o namorado – na certa para passar alguma tarefa – ao ver a amiga de cabelos rosados pôs-se a acenar com a mão direita, sem esconder a alegria de vê-la.

“Testuda, você realmente veio. Eu já estava achando que teria que ir te buscar e trazer arrastada pelos cabelos” – ela disse quando Sakura chegou perto, puxando-a para um abraço apertado.

“Bom, foi justamente para evitar isso que eu vim, Ino-porca” – retrucou feliz ao ver que a outra fez cara feia por causa do apelido – “Hey, Sai. Esse avental realmente realça a sua figura” – Sakura não conseguiu evitar a provocação, ele estava pedindo por isso ao usar algo tão feminino.

Sai parou o que estava fazendo e encarou a companheira de time com o mesmo sorrisinho irritante de sempre - “Ei, feiosa. Vejo que continua um pé no saco como sempre. Eu li em um livro que sexo ajuda a liberar toda essa tensão que você possui, talvez você devesse experimentar.”

A Yamanaka percebendo aonde isso iria levar decidiu se intrometer pedindo para que o namorado fosse ajudar a mãe dela a montar e começar a arrumar a barraca da loja da família no local reservado para tal no festival, enquanto ela e a Sakura iriam terminar de arrumar os arranjos a serem vendidos.

Tirando seu avental, Sai deu um leve aceno de cabeça e foi cumprir o que lhe foi pedido, direcionando um sorriso para Ino bem diferente do que foi dado para Sakura antes de pular em um telhado e sair correndo.

“Tive calafrios com isso” – resmungou Sakura,o que arrancou uma gargalhada da loira – “Sabe, até hoje me pergunto como vocês acabaram juntos. O Sai consegue ser insuportável quando quer”.

“Bom, ele tem seus momentos” – respondeu Ino levantando as sobrancelhas e sorrindo de forma sugestiva.

“Por favor, sem mais detalhes. Não quero ter pesadelos a noite” – Ino sorriu mais ainda, puxando-a pelo braço enquanto proclamava os benefícios de uma noite de sexo bem feita para o seu desespero.

A tarde passou de forma bem rápida, depois do meio dia, com Hinata e Tenten se juntando as duas para ajudar a Yamanaka, então Sakura percebeu que a companhia de suas amigas, assim como o trabalho e outras coisas que ela tanto se afoga, fazia esquecer-se da agonia que a acompanhava constantemente a espera de certo homem de cabelos negros. Ela riu como há muito tempo não ria e ficou a par de histórias que devido ao seu sumiço não sabia.

“Então, quando é o grande casamento? Ou o Sai realmente é assexuado como nós pensamos?” – Tenten perguntou para a loira com um sorriso levemente debochado, arrancando risadas de Hinata e Sakura.

“Nós não estamos pensando nisso agora!” – Ino retrucou com o rosto corado – “E não é da sua conta se o Sai é assexuado ou não!”.

Sakura gargalhou com o visível desconforto da amiga – “Deixa de besteira, Ino. A Ten-chan só está brincando com você. Nós estamos extremamente felizes por vocês, o Sai realmente precisa de uma mulher do seu tipo em sua vida para mantê-lo na linha.”.

Ino olhou para a amiga com carinho - “Isso foi extremamente doce vindo de você” – e respondeu com uma pitada de provocação em sua voz. Sakura deu um sorriso sem graça e ficou quieta, porque sabia que merecia essa suave indireta ao seu comportamento amargurado.

“Eu juro que um dia ele ainda vai morrer pela língua” – Tenten falou em meio a risadas – “Foi meio difícil não o fazer engolir uma kunai quando ele veio fazer um comentário sobre o meu suposto jeito macho de ser.”.

Hinata, Sakura e Ino gargalharam.

“E você, sra. Uzumaki? Como estão sendo as suas noites com o futuro hokage de Konoha? Já estão planejando um herdeiro?” – Ino perguntou com um sorriso malicioso, morrendo de rir internamente ao ver a Hyuuga corar em cinquenta tons de vermelho.

“Ino, deixa a Hinata em paz” – reclamou Tenten aparentemente defendendo-a – “Todas nós sabemos que a Hinata é fofa demais para fazer sexo. Quando for para ter um filho, é óbvio que vai ser por partenogênese!” – e gargalhou alto, sendo seguida por Sakura e Ino que não aguentaram segurar o riso.

“Tenten!!!” – exclamou Hinata indignada, ou pelo menos tentando parecer assim, mas falhando completamente ao se juntar ao coro de gargalhadas – “Vocês são impossíveis.”.

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Sakura caminhava sozinha pelo festival que tinha acabado de começar, usando o seu kimono na cor predominantemente preta, com detalhes florais bordados em dourado, faixa peitoral e laço posterior em vermelho. Com seus olhos bem destacados por uma sombra escura e lábios da cor de sangue, cortesia de sua melhor amiga, a Haruno estava se sentindo uma gueixa.

Nas mãos carregava um leque do mesmo tecido, tome detalhes semelhantes ao de seu kimono, que servia para afastar o calor provocado pela sua movimentação com tal vestimenta em um lugar tão cheio de pessoas.

Por um momento sentiu-se triste ao recordar que estaria passando essa data longe de suas amigas. Ino tinha seus próprios planos para o Tanabata, planos esses que certamente envolviam o seu namorado e a loja de sua família; Hinata estaria comemorando o seu primeiro festival com seu marido, sendo completamente compreensível ela querer passar essa data sozinha com ele e; Tenten, assim como nos anos anteriores, se recusou a participar desse festival. Segundo ela, não havia motivos para que a mesma celebrasse o amor, uma vez que o homem que ela amava tinha sido brutalmente arrancado de seus braços.

“Quando você ama alguém como eu amei o Neji, sinceramente, loucamente... com tanta paixão, tanto querer... Esse amor deixa marcas que ficam enraizadas profundamente no coração e que não dá para apagar. Eu não tenho motivos para ir nesse festival, para escrever meus desejos em um papel e colocar em uma vara de bambu, porque a única coisa que eu realmente quero com todo o meu coração não tem nenhuma chance de ser realizada” – lembrando-se das palavras da amiga, o seu sofrimento parecia tão pequeno em comparação. Sasuke iria voltar para Konoha um dia, mas Neji nunca voltaria à vida.

Balançando a cabeça para se livrar dos pensamentos tristes, Sakura decidiu realmente curtir o festival, prometendo a si mesma, que deste dia em diante, ela seria mais presente na vida de seus amigos, pararia de chafurdar na sua própria miséria e confiaria mais no homem que detinha seu coração em suas mãos.

Sentindo-se bem mais leve, a Haruno caminhava por entre as barracas do festival, parando para falar com algum conhecido de vez em quando, observando, com uma súbita alegria, as apresentações de taiko, música, artes marcial e dança folclórica.

Em um determinado momento, Tsunade já levemente embriagada a puxou para participar de uma dança, o que fez com grande sacrifício devido ao seu kimono tradicional. No entanto, apesar de sua dificuldade, cada segundo valeu a pena. Compartilhar esse momento de descontração ao lado de sua shishou só demonstrou o quanto ela estava em falta com a sua mestra.

No término da dança, a kunoichi de cabelos rosados abriu a boca para pronunciar um sincero pedido de desculpas para a mulher que tinha como mãe. No entanto, antes que pudesse falar uma palavra sequer, Tsunade a puxou para um abraço carinhoso e um pouco apertado – “As coisas vão finalmente melhorar” – sussurrou de forma enigmática, logo em seguida beijou a sua testa e voltou para junto de Shizune, que estava sentada em uma mesa junto com o atual hokage da vila.

Por um instante a Haruno ficou encarando as costas de sua shishou enquanto a mesma se afastava, sem reação, procurando entender o que ela quis dizer com aquelas palavras, que embora não fizessem nenhum sentido em sua cabeça, trouxeram uma paz indescritível em seu coração.

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Já estava quase na hora da queima tradicional de fogos de artifício do festival, Sakura já tinha escolhido um lugar estratégico para assisti-la, embora estivesse sozinha, não se sentia nenhum pouco triste com isso.

Enquanto caminhava tinha visto seus amigos: Ino e Sai trabalhando lado a lado na tenda de flores; Hinata e Naruto caminhando de mãos dadas e exalando felicidade em seus olhares; Shikamaru e Temari comendo juntos em uma barraca qualquer juntamente com Chouji e Karui; Tsunade e Kakashi enchendo a cara enquanto Shizune tentava controlá-los, falhando terrivelmente... Era impossível não sorrir sinceramente ao vê-los.

Antes de ir para a pequena colina que mentalmente reservou como sua para assistir a queima de fogos, a kunoichi resolveu escrever um pedido num papel de cor rosa e amarrou em um dos bambus que se encontrava ao lado da barraca em que estava.

“Já que estou aqui, não custa nada fazer tudo como manda a tradição” – ela pensou sorrindo com carinho ao ver seu papelzinho pendurado, rezando para que seu pedido fosse concedido: “Que eu possa passar o próximo Tanabata ao lado do meu Sasuke-kun.”.

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Durante a queima de fogos, de onde ela se encontrava, era possível visualizar inúmeros casais abraçados, se beijando, compartilhando afeto, e por mais que explodissem as mais diversas cores e formatos no céu, a jovem kunoichi não conseguia prestar atenção.

Como o festival já se encaminhava para o seu encerramento, Sakura decidiu pular a cerimônia e ir para a sua casa. Embora o seu coração doesse com as cenas de amor que presenciou, ela caminhava com um sorriso suave no rosto. Ela sentia imensamente a falta dele, mas ele lhe deu esperança e a Haruno decidiu agarrar-se a isso com todas as suas forças.

Depois de entrar em sua casa e trancar a sua porta, Sakura sentiu os pêlos da sua nuca e seus braços ficarem arrepiados em reação a um pulso de chakra muito conhecido por ela.

Mesmo com o pesado kimono que usava, ela correu em direção ao pequeno quintal que tinha na parte de trás de sua modesta residência. Com certa urgência, ela abriu a porta de correr da sua sala e ficou parada na pequena varanda encarando uma figura toda coberta de preto, sutilmente encostada na única árvore que tinha naquele lugar.

Ela ficou rígida, com os olhos arregalados e a respiração ofegante, como se estivesse vendo uma assombração, esperando que a qualquer minuto aquela figura negra desaparecesse... O que era absolutamente ridículo, pois até onde ela sabia fantasmas não possuíam chakra.

“Sasuke-kun...” – ela sussurrou.

Sakura desceu da varandinha e deu um passo hesitante em direção à aquele homem. Passos e mais passos foram dados e logo ela estava correndo em direção a ele com lágrimas de felicidade brilhando em seus olhos verdes.

“É realmente você...” – ela sussurrou mais uma vez, envolvendo os seus braços ao redor do pescoço dele, respirando o seu cheiro e finalmente deixando as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Depois de alguns segundos de surpresa, Sasuke finalmente reagiu trazendo lentamente a sua única mão para pressionar levemente as costas da mulher em seus braços, devolvendo o abraço – “Você finalmente voltou...”.

O Uchiha soltou um leve suspiro, enterrando sua cabeça no pescoço da Haruno e respirando o seu doce perfume – “Tem cheiro de casa...” – ele pensou, apertando-a ainda mais contra o seu corpo sem perceber.

“Senti sua falta” – ele a ouviu falar contra a pele de seu pescoço, o que provocou leves arrepios – “Por favor, me diz que você voltou de vez” – Sakura interrompeu o abraço olhando-o em seus olhos negros. Tirando as faixas negras que envolviam a sua cabeça, ele não parecia muito diferente da última vez que ela o tinha visto, no entanto a sua expressão estava. A sua mandíbula eternamente rígida estava relaxada, os lábios inexpressivos estavam levemente esticados em um sorriso suave e os olhos que antes a tinham encarado com tanta frieza agora exibiam um olhar macio.

Ele respirou profundamente antes de responder – “Antes de partir, eu falei para você que tinha muita coisa que eu precisava descobrir por mim mesmo, ver melhor todas as coisas que deixei de observar. Você lembra?”.

“Eu me lembro de cada palavra” – ela respondeu sem entender onde ele queria chegar com isso.

“Durante todo esse tempo em que eu estive fora, viajei por todas as grandes aldeias, buscando o perdão de seus kages e ajudando as vilas, seja na sua reconstrução, treinamento dos shinobis ou em algo que me fosse pedido” – Sasuke delicadamente tirou os braços da jovem mulher a sua frente de seu pescoço e pôs uma pequena distância entre seus corpos – “Em minhas viagens aprendi muitas coisas sobre o mundo shinobi, coisas que eu tinha negado por causa do meu ódio cego. Muitas pessoas se opuseram a minha presença em sua vila, muitas pessoas se recusaram a ouvir meus pedidos de desculpa, se recusaram a sequer reconhecer a minha presença e eu vi quanta dor eu trouxe ao mundo por causa das minhas ações... Apesar disso, a minha dedicação, persistência e trabalho duro, juntamente com o apoio público de Naruto e Kakashi, fez com que a maioria dos kages, civis e shinobis me aceitassem... Konoha é a minha última parada.”.

Sakura ouvia cada palavra atentamente, sentindo-se triste por saber que ele tinha passado por tamanha rejeição, porém imensamente feliz pela pessoa que ele tinha se tornado e por ele finalmente ter voltado para casa.

“Durante essa minha viagem, eu tive muito tempo para mim mesmo, para fazer uma autorreflexão sobre vários aspectos da minha vida” – ele fechou os olhos e respirou fundo, apenas a encarando quando voltou a falar – “A ideia de começar uma vida nova em Konoha era estranha para mim. Eu pensei bastante sobre o meu clã morto, pensei nos seus dias de glória e no que ele poderia ter sido... Ou ainda no que ele poderia ser” – nessa hora uma leve sombra rosada se fez perceptível nas maçãs do rosto do Uchiha – “Eu... Eu pensei em você... Muito...”.

Sakura piscou surpresa com a declaração e sentiu sua garganta secar – “Você sentiu a minha falta?” – ela perguntou ainda sem acreditar no que tinha ouvido.

“Você era uma das coisas que eu tinha que descobrir durante essa viagem” – respondeu desviando o olhar por puro constrangimento, o que em outra situação teria divertido a Haruno, mas nesse momento apenas deixava mais irreal tudo isso.

Após umedecer os lábios com a pontinha da língua, ela perguntou – “E o que você descobriu?”.

“Você, Sakura, tem sido paciente comigo por todos esses longos anos, enquanto tudo o que eu fiz só lhe trouxe sofrimento. Você sempre me apoiou e teve fé em mim mesmo naqueles momentos em que eu não merecia...” – ele deu uma pausa, tirando de um dos bolsos internos de seu manto uma caixinha preta e estendendo-a em sua direção, observando calmamente enquanto a Haruno delicadamente a segurou e abriu.

Ao visualizar o objeto dentro da caixinha, Sakura cobriu a boca com uma das mãos enquanto os seus olhos se enchiam de lágrimas – “Sasuke-kun... Isso é...”.

“Era da minha mãe” – ele falou enquanto a observava puxar para fora da caixa uma corrente de prata esterlina decorada com um pingente de rubis e brilhantes formando o símbolo do clã Uchiha – “Ele foi passado pelas mulheres da minha família durante várias gerações e agora é seu.”.

“Sasuke-kun, eu não posso aceitar isso... Isso é precioso demais, significa demais... Eu não sou... não sou nada sua” – ela tentou falar visivelmente perturbada com tal presente e o seu significado, colocando o colar de volta em sua caixa – “Eu não posso aceitar... Ou será que você... Você está pedindo...”.

“Eu quero que você o aceite e use” – ele a interrompeu, erguendo sua mão, colocando-a suavemente em seu rosto perturbado e olhando profundamente em seus olhos – “Esse colar não é uma proposta, ele representa uma promessa. Um dia, quando eu for merecedor do seu amor, e somente nesse dia, ele será uma proposta... Você vai aceitar a minha promessa?”.

“Você... Você está falando sério?” – Sakura perguntou entre soluços, com o coração acelerado sem realmente acreditar no que estava acontecendo.

“Hn” – ele respondeu acenando levemente com a cabeça, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios – “Mesmo com o seu perdão, de Naruto e Kakashi, Konoha ainda precisa aceitar e confiar plenamente em mim. Eu não posso ser o homem que você deseja nesse momento. Eu só posso prometer que em breve estaremos juntos... Você vai aceitar a minha promessa?”.

Com as mãos trêmulas, Sakura lentamente retirou o colar de sua caixa e com os olhos fixos nos do Uchiha, prendeu-o em volta de seu pescoço, acariciando suavemente o pingente do clã que futuramente viria a ser o seu.

“O que você acha?” – ao ver o olhar de satisfação do moreno, a Haruno não conseguiu se conter e abraçou-o com força, descansando a cabeça entre o seu pescoço e ombro enquanto chorava inconsolavelmente.

Sasuke, com a sua mão direita esfregou as costas da mulher agarrada ao seu corpo, numa tentativa de conforto, enquanto sussurrava em seu ouvido – “Eu acho que finalmente estou em casa.”.

Sentindo-se corajosa e influenciada pelas palavras sussurradas em seu ouvido, Sakura afrouxou o aperto que seus braços faziam ao redor do corpo do jovem Uchiha, fazendo o moreno afastar-se um pouco para encará-la, e ergueu o seu rosto na direção do seu, encaixando suavemente os seus lábios nos dele, em um beijo há muito aguardado.

Seria um completo eufemismo dizer que Sakura estava feliz. Essa palavra parecia muito pequena para representar tudo aquilo que ela estava sentindo nesse momento. Finalmente o homem por quem ela estava apaixonada durante anos voltara para casa, finalmente ela o tinha ao alcance de seus braços, finalmente ela o podia chamar de seu assim como ela fora dele durante tanto tempo.

Após se livrar da surpresa inicial, Sasuke, lentamente, começou a retornar o beijo, pressionando os seus lábios aos dela, gentilmente entrelaçando os dedos em seu cabelo rosado, puxando-o suavemente para arrumar sua cabeça em um ângulo mais favorável, fazendo-a suspirar de deleite.

A Haruno tinha imaginado esse momento em sua cabeça inúmeras vezes, mas sua imaginação não fazia jus à coisa real. Ela, em sua cabeça, imaginava que em seu primeiro beijo Sasuke seria forte e apaixonado, e não tímido e gentil. O que de certa forma a deixou surpresa, mas em nenhum momento desapontada. Sakura se sentiu feliz ao ver essa nova faceta do homem que amava, mostrando o quão confortável ele se sentia ao lado dela. E de certa forma o momento exigia isso, um beijo calmo, suave e extremamente carinhoso, diante do fluxo de emoções que assolava o seu ser.

O Uchiha encerrou o beijo, mas não fez nenhum movimento para afastá-la de seu corpo – “Obrigado” – ele sussurrou, tirando a mão de seu cabelo e entrelaçando seus dedos com os dela.

Sakura, como sempre, entendeu o que aquele pequeno agradecimento significava. Obrigado por sempre ter tido fé em mim. Obrigado por me esperar. Obrigado por me amar.

Olhando para aqueles olhos negros que tanto amava, ela percebeu que eles estavam preenchidos por uma emoção tão profunda que Sakura sentiu como se estivesse vendo algo proibido. No entanto, reinava a certeza que aquele olhar seria direcionado apenas para ela.

“Eu te amo” – ela confessou, assim como já tinha feito diversas vezes no passado, mas agora sem o medo de ser rejeitada.

“Hn” – ele sorriu suavemente antes de inclinar a cabeça e dar um casto beijo nos seus lábios em resposta.

“Sinceramente precisamos melhorar suas habilidade de comunicação” – Sakura o provocou, sentindo-se leve como há muito tempo não se sentia, e com as mãos entrelaçadas ela o guiou para dentro da sua casa.


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Notas finais do capítulo

Hi, pessoas lindas.

Estou um pouquinho enferrujada, entonces me avisem se encontrarem algum errinho.

Espero que esse amigo oculto seja o pontapé que faltava para eu voltar a esse delicioso mundo de ficwriter (é assim mesmo, produção?).

Espero que tenham gostado da leitura!