Nunca Durma escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 18
Volta ao lar


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu povo e minha pova!

Demorei um pouquinho, mas cheguei com o penúltimo capítulo de Nunca Durma. Isso mesmo, está acabando... Snif.

Eu até pensei em dividir este capítulo em duas metades iguais (se é metade, é igual, Ana Maria Braga), maaaaaaaaaas, como vou demorar um tiquin para postar o último e derradeiro capítulo final, resolvi manter assim mesmo porque mesquinharia não é comigo. Oi?

Bem, espero que gostem e ressalvas lá embaixo!

Boa leitura!



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Era madrugada, Henry dirigia por uma estrada com Rachel ao seu lado, enquanto Tony e Emily estavam logo atrás deles, no veículo dos dois. Todos, exceto Erik e Isabel, seguiam em direção ao Kansas, mais precisamente para Lebanon, onde o bunker dos Homens das Letras ficava.

Era para lá que Henry e Rachel decidiram ir depois que o caso em Springwood foi devidamente encerrado. E já que estavam envolvidos romanticamente com Emily e Tony, os dois decidiram que era um bom momento para mostrar onde eles moravam e apresentá-los aos seus pais.

Porém, conhecendo o primo muito bem e incomodada com o silêncio que havia se instalado entre eles, desde que deixaram Springwood para trás, Rachel decidiu iniciar aquela delicada conversa:

— Tudo bem, priminho. Pode falar. Você não está nada feliz por mim e pelo Tony, não é?

Henry respirou fundo e pensou um pouco antes de responder:

— Não se trata disso, Rachel. Eu só não consigo entender muito bem. Você costumava chamá-lo de Estrupício e agora vocês estão... Sei lá... Juntos?

Depois de soltar um suspiro inevitável ao pensar em Tony, Rachel explicou:

— Bem, na verdade, ele continua sendo um estrupício, mas agora é o meu Estrupício, entende?

Henry não conseguiu conter uma risada diante daquela explicação e depois respondeu:

— Não, eu não entendo, priminha. — e após uma breve pausa, acrescentou: — Mas eu respeito, ok? Então, se o Estrupício te faz bem, eu não vou me intrometer nem me opor. Não se preocupe porque eu não vou bancar o primo chato e ciumento, como costumo fazer. Você está feliz, é um fato, e isso é o que basta para mim. Apenas tome cuidado e, se ele fizer qualquer coisa que te magoe, me avise imediatamente.

Surpresa com tanta maturidade e apoio, Rachel disse em tom divertido:

— Nossa! Pelo visto o amor também está te fazendo muito bem, priminho. — e percebendo que Henry ficou um pouco sem graça com aquela observação, ela perguntou de um jeito mais sério: — Você gosta da Emily, não é? Eu quero dizer... De verdade e não como mais uma aventura?

Henry pensou um pouco, enquanto um leve sorriso surgia em seu rosto ao pensar na ruiva e, por fim, admitiu:

— Foi como você disse no começo de tudo, eu acho que sempre gostei dela. Eu só não sabia disso. Mas agora eu sei, agora está tudo... Claro. Tão claro. A Emy é a minha garota. Sempre foi. E, se eu não estragar tudo em algum momento, sempre será.

Tocada com aquelas palavras, já que era a primeira vez que Henry se abria assim, talvez porque era a primeira vez que ele estava realmente apaixonado, Rachel o tranquilizou:

— Você não vai estragar nada, Henry. — e quando ele sorriu, agradecendo o apoio, ela brincou: — Espera aí... Agora eu tenho que chamar a Emily de cunhada?

O caçador não aguentou e riu pela segunda vez de algo que Rachel disse durante aquela conversa. E ele ainda ria quando respondeu:

— Eu não sei se você esqueceu, mas nós não somos irmãos. Portanto, a Emily não pode ser sua cunhada, assim como o Tony não é meu cunhado. Eu sou apenas o seu primo, Rachel.

— Você sabe que é muito mais do que isso para mim. Você é o meu priminho lindo? Sim, você é. Mas você também é o meu melhor amigo, meu parceiro de caçadas e o irmão que eu não tive. — articulou Rachel, olhando Henry com carinho.

Fingindo desconfiança, ele a fitou de soslaio e indagou:

— Por acaso você está querendo dinheiro emprestado? Porque eu não tenho nada aqui, só o meu cartão de crédito falso, se servir.

— Bobo. — resmungou Rachel, rindo um pouco.

Quando ela parou de rir, Henry resolveu retribuir suas palavras:

— Você sabe que também é muito importante para mim, não sabe? É por isso que eu me preocupo tanto com você. Porque você também é a irmã que eu nunca tive.

Ao ouvir aquilo, Rachel sorriu levemente, se aproximou e deu um beijo na bochecha do primo. Depois apoiou a cabeça em seu ombro e ficou olhando para a estrada logo a frente.

Instantes depois, Henry mudou de assunto:

— Você acha que a Isabel vai ficar bem? Que ela vai conseguir contar a verdade para o Erik e que ele vai aceitar numa boa?

Após pensar um pouco sobre aquilo, Rachel respondeu:

— Eu espero que sim.

Enquanto isso, longe dali...

Isabel e Erik estavam em um hotel de beira. Enquanto os outros seguiam para o bunker, a nephilim decidiu que iria para a sua casa, em Wichita Falls. Porém, como a viagem era longa, os dois decidiram parar ali para passarem aquela noite.

Mesmo sabendo que tinha que encontrar as palavras certas para contar a verdade para Erik, antes dos dois chegarem em Wichita Falls de preferência, Isabel não conseguia ordenar os seus pensamentos.

De frente para o espelho do banheiro, depois de ter jogado um pouco de água no rosto, ela tentava conter o nervosismo que a dominava.

Não era só o fato dela ser uma nephilim e Erik não saber disso que estava a deixando tensa daquele jeito. Outra coisa preocupava Isabel. Era a primeira vez que ela e Erik passariam uma noite juntos. E Isabel não tinha ideia do que ia acontecer. Ou talvez até tivesse, mas isso só a deixava mais nervosa.

Depois de respirar fundo, a nephilim se convenceu de que primeiro ela tinha que contar a verdade para Erik. Talvez, depois disso, ele simplesmente fosse embora. E então, ela estaria se preocupando com a outra coisa à toa.

Era triste pensar assim? Era. Mas Isabel sabia que tinha que ser realista, pois havia uma grande chance daquele romance terminar naquela noite mesmo.

Sendo assim, ela finalmente saiu do banheiro e voltou para o quarto. Imediatamente, deteve o passo ao ver Erik deitado na cama, com o notebook dela no colo, lendo algo na Internet, aparentemente distraído.

No entanto, uma certa ruga na testa do rapaz fez Isabel deduzir que Erik estava preocupado com alguma coisa. E a nephilim estava certa. Erik só estava disfarçando, fingindo que estava compenetrado em algo interessante, porque não sabia como contar para ela o que havia decidido sobre o seu futuro.

Sabendo que não podia fugir daquilo, mas querendo saber o grande segredo de Isabel primeiro, Erik ergueu o olhar em sua direção, depois abaixou a tela do notebook e o colocou sobre o criado-mudo, e só então iniciou o assunto:

— Você vai me contar ou não, Isabel?

Percebendo que tinha sido incisivo demais e que Isabel engoliu em seco, Erik se levantou da cama, caminhou até a garota, segurou as suas mãos e disse de um jeito mais gentil:

— Você pode me contar qualquer coisa. Apenas diga. Eu não vou te julgar.

A nephilim desviou do olhar dele por um instante, se perguntando se Erik mudaria de opinião no instante em que ela revelasse a verdade. Porém, cansada de se torturar daquele jeito e ciente de que não podia mais adiar aquele momento, Isabel respirou fundo, voltou a fitá-lo nos olhos e começou de fato:

— Eu pensei em muitas formas de te dizer isso, Erik. Tentei escolher as melhores palavras e pensar em uma forma sútil de contar, mas... Eu não sou assim. A verdade é que eu herdei uma característica muito peculiar do meu pai. Ele é muito direto. Então, eu vou ser direta também. — percebendo que tinha toda a atenção de Erik, Isabel respirou fundo mais uma vez e revelou: — Meu pai é um anjo. Minha mãe é humana. E eu sou uma nephilim. É isso. Esse é o meu grande segredo.

Diante da expressão impassível de Erik, que estava assimilando o que tinha ouvido, Isabel ficou aflita e franziu o cenho, como se pedisse para ele dizer alguma coisa.

Mas Erik não conseguia dizer nada porque estava surpreso demais com aquilo. E, ao mesmo tempo, uma parte dele sabia que o segredo de Isabel devia ser algo grandioso como aquilo, afinal, ela havia se curado dos graves ferimentos provocados por Freddy Krueger em questão de segundos. E podia ver a verdadeira face dos demônios. E tinha o salvado de um deles.

— Por favor, diz alguma coisa. — pediu Isabel, ainda mais aflita com aquele silêncio sufocante e com a falta de reação de Erik.

Como se tivesse acordado de um transe, o rapaz piscou algumas vezes e desviou do olhar dela por um instante, antes de voltar a encará-la e dizer a primeira coisa que lhe veio à cabeça:

— Você tem asas?

Se não estivesse tão nervosa, Isabel teria rido. Mas, ao invés disso, ela apenas respondeu:

— Não.

Erik pensou um pouco e pigarreou, antes de fazer outra pergunta:

— E você acha que... Eu e você, juntos, é errado?

Após um instante se fazendo aquele mesmo questionamento e pensando em tudo o que os seus pais enfrentaram para ficarem juntos, Isabel respondeu:

— Eu acho que para muita gente vai parecer errado sim. Mas eu não me importo com a opinião delas. Eu não me importo com a opinião de ninguém, Erik, só com a sua.

Era o que o rapaz precisava ouvir para finalmente entender algo elementar: nada daquilo importava realmente. O fato de Isabel ser uma nephilim não importava porque isso não mudava o que ele sentia por ela. Isabel continuava sendo Isabel. A sua Isabel. A única diferença é que agora Erik sabia que ela era mesmo um anjo em sua vida. Ou algo assim.

— E então? O que você me diz? O que você pensa disso? De nós? — indagou a nephilim, ainda mais aflita em relação ao seu futuro com Erik.

Ao invés de lhe dar uma resposta verbal, Erik fez algo que pegou Isabel de surpresa. Primeiro, ele deu um passo a frente e tocou o rosto dela com uma das mãos. Depois, com as duas mãos juntas, ele envolveu e acariciou o rosto dela por algum tempo. Então, deu mais um passo a frente, fechou os olhos e envolveu os seus lábios com um beijo suave e repleto de significado.

Erik havia aceitado Isabel do jeito que ela era, afinal, que outra escolha ele tinha? Ele não podia abrir mão dela, do que eles construíram em tão pouco tempo e, principalmente, do que ele sentia pela nephilim. Simplesmente não podia.

Tomada por uma felicidade indescritível e por um grande alívio, Isabel correspondeu o beijo à altura, sentindo como se um peso tivesse saído das suas costas à medida que o seu coração acelerava de um jeito descompassado.

Erik tinha a aceitado. Ele sabia o que ela era. Uma nephilim. E ele não se importava com nada disso porque gostava dela de verdade. Exatamente como ela era.

Com o coração ainda mais acelerado e um tanto ofegante, Isabel interrompeu o beijo e disse em tom divertido:

— Boa resposta.

Erik sorriu levemente, antes de unir seus lábios aos dela de novo e a envolver com um abraço apertado. Isabel correspondeu mais uma vez. Podia ser diferente? Não, não podia.

Mas, instantes depois, quando as mãos de Erik começaram a abrir os botões da blusa dela, a nephilim interrompeu o beijo mais uma vez, sentindo um alerta se acender em sua mente, e pediu ainda mais ofegante:

— Erik, espera... Vamos com calma. — diante da expressão confusa dele, Isabel tentou dizer: — Eu nunca... Eu nunca...

A nephilim não conseguiu terminar a frase. A vergonha a impediu de concluir aquela confissão e Isabel achou melhor desviar do olhar de Erik e fitar o chão, desejando que um buraco se abrisse e ela pudesse se esconder nele, antes que Erik percebesse o quanto ela estava vermelha.

Porém, Isabel parou de desejar isso, quando Erik ergueu o seu rosto com a ponta do dedo, a obrigando a encará-lo de novo, e disse de um jeito romântico:

— Não se preocupe. Eu te ensino. — e após se aproximar e lhe dar um beijo sútil no canto dos lábios, ele sussurrou: — Com calma.

Isabel sentiu o seu rosto enrubescer ainda mais. Parecia que ia pegar fogo. Porém, desta vez, não era por vergonha. Isabel estava com calor mesmo. Um calor engraçado e envolvente, somado a uma vontade irresistível de se livrar daquelas roupas logo.

Pensando assim, ela praticamente se jogou nos braços de Erik e o beijou de um jeito mais intenso. Não fez qualquer oposição, quando ele voltou a abrir os botões de sua blusa. Ao invés disso, ela o ajudou a terminar de tirar a peça, que logo estava no chão, e partiu para cima dele mais uma vez, o derrubando sobre a cama e caindo sobre ele.

— Ah! Espera... — pediu o rapaz, entre um beijo e outro, enquanto se lembrava de algo importante. — Isabel, espera... Eu tenho uma coisa para te contar também. — insistiu, tentando conter a empolgação da garota.

— Agora? — questionou Isabel, um tanto desapontada.

— É, agora. — confirmou Erik, e ela finalmente se afastou um pouco, sentando em volta do quadril do rapaz e o fitando com certa curiosidade.

Tal imagem, fez Erik se lembrar de quando Isabel exorcizou o demônio que tinha o possuído. Ela estava naquela mesma posição, quando ele voltou a si depois do exorcismo. Erik não podia negar que aquilo mexia com ele de alguma forma. Mas, por outro lado, ele sabia que tinha que se concentrar no que precisava dizer e, por isso, respirou fundo e recomeçou:

— É que... Bem, eu vou seguir o seu exemplo e ser direto também. — e após um breve instante, fitando os olhos curiosos de Isabel, ele contou sem mais rodeios: — Eu quero ser caçador. — diante do silêncio da garota, que o encarou com uma expressão indecifrável, ele pediu aflito: — Por favor, diz alguma coisa. Agora é a sua vez.

Como se tivesse saído de uma espécie de transe, Isabel piscou algumas vezes, procurou assimilar o que tinha ouvido, pensou por algum tempo, avaliando a decisão de Erik por completo e, por fim, se pronunciou:

— Eu devia tentar tirar essa ideia da sua cabeça. Eu devia dizer que essa é uma vida perigosa, sem qualquer glamour, que você pode se machucar, quebrar uma perna, um braço, morrer...

— Isabel. — chamou Erik um tanto zonzo.

Uma característica que a nephilim tinha herdado de Mia era que, de vez em quando, ela falava demais e rápido demais, e acabava perdendo o foco.

Percebendo que tinha feito exatamente isso, Isabel procurou se concentrar e recomeçou:

— Certo! Foco! — e após uma breve pausa, completou: — Eu não vou te dizer nada disso nem tentar te dissuadir dessa escolha porque talvez você não tenha outra escolha, Erik.

— Ah! Obrigado pelo otimismo. — brincou ele.

— Você já se envolveu demais e sabe disso. — argumentou ela. — E tem um sobrenome que sempre vai te colocar em perigo. E que, ao mesmo tempo, mostra que talvez você tenha nascido para isso. De certa forma, o sobrenatural está no seu sangue, Erik. E eu não vou ser hipócrita em relação a tudo isso. Talvez o melhor para você seja mesmo abraçar quem você é de verdade. Além disso, você aceitou muito bem o meu grande segredo. O que eu posso fazer se não aceitar a sua escolha como retribuição?

Surpreso, mas feliz por Isabel ver as coisas por aquele ângulo, Erik sentou na cama, acabando com a distância entre eles, passou os braços em volta da cintura dela, a trazendo para mais perto de si, a fitou com um olhar cheio de promessas e segundas intenções, e indagou de um jeito apaixonado e sugestivo ao mesmo tempo:

— Você quer me dizer mais alguma coisa antes que eu tire a sua roupa?

Isabel não sabia se aquilo era só uma pergunta retórica, mas o fato é que ela tinha algo a dizer sim. E, por isso, imitando o jeito que Erik falou, sobre ensiná-la a fazer o que eles estavam prestes a fazer, ela respondeu:

— Se você quiser a minha ajuda... Você sabe, para aprender mais sobre este ramo sobrenatural... Eu te ensino.

Erik sorriu, a beijou por um instante que pareceu eterno e depois disse:

— Eu aceito.

Foi a última coisa que ele disse, pois depois disso, Erik e Isabel ficaram no mais completo silêncio, apenas se olhando de um jeito intenso, como se o tempo tivesse parado.

Aos poucos, instintivamente e quase sem perceber, os dois foram se reaproximando até que suas bocas se uniram em mais um beijo apaixonado.

A missão de se despirem foi retomada. E, por fim, seus corpos se envolveram, guiados pelo desejo e pelo sentimento que Erik e Isabel tinham um pelo outro.

Dois dias depois...

Era manhã, Henry estacionou o Dodge Challenger em frente ao bunker, e Emily e Tony pararam o Chevelle vermelho logo atrás. Em seguida, os quatro saíram dos seus respectivos veículos. Rachel e Henry olhando para o bunker com uma saudade palpável estampada em seus rostos, e Emily e Tony visivelmente admirados com a grandiosidade daquele lugar, que mais parecia uma fortaleza.

— Uau, Boneca! — exclamou Tony depois de assobiar para aquele cenário. — Então foi aqui que você se escondeu de mim esses anos todos, hein?

Rachel sorriu levemente ao ouvir aquilo, em seguida caminhou até o namorado, parou de frente para ele e lhe deu um selinho demorado. Depois disso, a caçadora segurou na mão do rapaz e, enquanto o puxava na direção da entrada do bunker, disse animada:

— Eu não estou vendo o carro dos meus pais nem os dos meus tios em lugar algum, o que significa que não tem ninguém em casa. E isso é ótimo porque eu preciso muito te mostrar uma coisa no meu quarto.

— Boneca... — murmurou Tony, com um misto de surpresa, interesse e malícia.

Henry, que tinha ouvido o que a prima havia falado, abriu a boca para protestar quando o casal passou por ele, — já que uma coisa era aceitar que Tony e Rachel estavam juntos, outra bem diferente era pactuar com aquela falta de compostura — porém, o Winchester se deteve quando Emily se aproximou, segurou a mão dele e sugeriu de um jeito malicioso:

— Eu adoraria conhecer o seu quarto também, Henry. Você não quer me mostrar?

Imediatamente, Henry lançou um sorriso torto para ela, puxou a ruiva para mais perto de si, lhe deu uma mordida suave na bochecha, a deixando completamente arrepiada, e insinuou:

— Você não devia ter dito isso, Emy...

— Agora é tarde, eu já disse. — rebateu a caçadora com um sorriso, antes de beijá-lo de um jeito carinhoso e apaixonado.

Algum tempo depois, os dois finalmente interromperam o beijo e caminharam na direção da entrada do bunker abraçados.

XXX

— Feche os olhos, Estrupício. — orientou Rachel, quando chegou com Tony, na porta do quarto dela.

Prontamente, ele acatou o pedido e murmurou com um interesse palpável:

— Boneca... Quer dizer que você gosta de um joguinho de sedução antes, não é?

Rachel preferiu não responder, apenas revirou os olhos, nem um pouco surpresa por Tony estar interpretando as coisas daquele jeito. Em seguida, ela segurou a mão dele e, com a outra, abriu a porta.

Depois que os dois entraram, Rachel fechou a porta atrás deles e guiou Tony até a cama. Fez ele se sentar e orientou novamente:

— Fique aqui, não se mexa, nem abra os olhos.

— Tudo o que você quiser, minha Bonequinha! Se você quiser que eu pare de respirar, é só me dizer também. — respondeu ele, ainda mais animado e ansioso pelo o que estava por vir.

Rachel se segurou para não rir e então se afastou um pouco. Tony, por sua vez, ouviu os passos dela pelo quarto e, em dado momento, ficou agoniado com tanta demora. Mas, por fim, ele sentiu quando Rachel se reaproximou, sentou ao seu lado e colocou algo relativamente pesado em seu colo.

Depois disso, Tony ouviu a morena dizer:

— Muito bem, pode abrir os olhos.

Sorrindo, o caçador obedeceu mais uma vez. Porém, quando ele viu o que Rachel havia colocado sobre o seu colo, não entendeu nada. Inevitavelmente, o seu sorriso se desmanchou, tamanha foi a decepção. E, depois de segurar o tal objeto, Tony admitiu:

— Sabe, quando você disse que queria me mostrar uma coisa e me trouxe para o seu quarto, não era bem um livro que eu estava esperando.

Como resposta, Rachel deu uma leve cotovelada entre as costelas dele, lhe arrancando um gemido abafado, e depois orientou:

— Páginas 221 e 222, seu pervertido.

Mesmo sem entender o que aquilo significava, estava claro para Tony que Rachel queria lhe mostrar algo além daquele livro. Então, mais uma vez, o rapaz obedeceu.

Sendo assim, ele abriu o livro e observou o que parecia ser uma rosa ressecada pelo tempo entre as páginas mencionadas por ela.

Quase imediatamente, uma lembrança veio na mente de Tony e ele sentiu uma emoção engraçada. Uma nostalgia e uma sensação genuína de felicidade.

— É o que eu estou pensando? — indagou ele, por fim.

Rachel afirmou com a cabeça, deixando claro que aquela era mesmo a rosa que Tony havia lhe dado quando os dois eram crianças e, na sequência, pediu:

— Vire a página.

Tony fez aquilo, mas ao reconhecer o bilhete que escreveu na época, pedindo desculpas para Rachel por tê-la importunado, ele fechou o livro às pressas e disse de um jeito crítico:

— Credo! Que letra horrível!

Rachel riu daquilo, mas tentou tranquilizá-lo:

— Você tinha nove anos, Estrupício. O que você queria?

— Obrigado, Boneca, mas a minha letra continua um horror até hoje. — admitiu ele.

— Ninguém é perfeito. Além disso, você tem qualidades bem mais importantes do que uma caligrafia bonita. — articulou a morena.

Gostando do elogio implícito, Tony colocou o livro de lado, se aproximou mais um pouco de Rachel, passou um dos braços sobre os ombros dela e insinuou arqueando as sobrancelhas:

— Por falar nas minhas qualidades...

Percebendo as segundas intenções dele, Rachel recuou um pouco e achou prudente dizer:

— Olha, eu não sei onde os meus pais estão, mas eles podem voltar a qualquer momento. Portanto, se comporte.

Ignorando aquele alerta, Tony voltou a se aproximar de Rachel e a beijou. Sem conseguir resistir, ela correspondeu avidamente. Mas, deduzindo aonde aquilo ia levá-los, ela afastou o rosto e disse ofegante:

— Estrupício... Meu primo e a sua irmã estão aqui.

— E com certeza estão aproveitando o tempo livre melhor do que a gente. — supôs Tony, tentando se reaproximar, mas Rachel o impediu, colocando as mãos no peito dele.

— Não é que eu não quero... Você sabe. Mas agora não é o momento nem o lugar para isso. — esclareceu a caçadora, deixando-o pensativo.

Depois de soltar um suspiro de frustração, Tony se pronunciou:

— Você está certa, Boneca. E não se preocupe, eu não vou avançar o sinal. Mas será que nós não podemos namorar só um pouquinho?

— Só um pouquinho? — questionou-se Rachel, enquanto passava os braços em volta do pescoço dele.

— É, só um pouquinho. — balbuciou Tony, aproximando o seu rosto do dela.

— Ah! Eu acho que só um pouquinho, nós podemos sim. — concordou Rachel, sorrindo e gostando da ideia de esquecer o mundo lá fora e simplesmente namorar um pouco.

Sem esperar mais nenhum segundo, Tony uniu seus lábios aos dela...

XXX

Enquanto isso, no quarto de Henry, Emily estava sentada na cama, ao lado do caçador, e o observava trocando o curativo do braço dela.

Instantes depois, enquanto limpava com uma gaze e um antisséptico os cortes que Freddy Krueger tinha feito com as suas lâminas na pele de Emily, Henry refletiu com ironia:

— Cortes superficiais, hein?

Mas, Emily não prestou a menor atenção no que Henry disse, já que estava concentrada demais em seu rosto, enquanto certos pensamentos envolvendo o rapaz surgiam em sua mente e a deixavam com calor.

Percebendo que estava sendo observado, Henry indagou:

— O que foi?

Finalmente despertando daqueles pensamentos, Emily respondeu sem pestanejar:

— Não era isso que eu estava imaginando quando disse que queria conhecer o seu quarto.

Henry ergueu o olhar na direção da ruiva de um jeito interessado e, enquanto colocava um novo curativo no braço dela, indagou se fazendo de desentendido:

— Sério? E o que você estava imaginando?

Emily percebeu que Henry estava muito perto de terminar o que estava fazendo e, por isso, resolveu esperar alguns instantes. Mas, assim que ele terminou o curativo, ela não pensou duas vezes, se jogou nos braços dele e, antes de beijá-lo com paixão, anunciou:

— Me deixe te mostrar.

Mesmo pego de surpresa, Henry a envolveu em seus braços, aprofundou o beijo e logo deitou-se sobre Emily na cama. Porém, quando ela se virou com um impulso e se posicionou sobre ele, o rapaz se deu conta de algo importante, a afastou um pouco e articulou:

— Emy, espera... Olha, não me leve a mal, eu também quero isso, mas, primeiro, eu preciso te apresentar para os meus pais. Eu quero que você saiba que eu não estou te tratando como qualquer uma, entendeu? Então, formalidades primeiro, diversão depois...

A ruiva não conseguiu conter um sorriso de satisfação ao ouvir aquelas palavras. Ficou muito feliz por constatar que Henry estava levando os dois à sério.

Porém, a vontade de ficar com ele e viver aquele sentimento intensamente era bem maior do que qualquer formalidade e, por isso, ela contrapôs:

— Henry... Você não precisa me provar nada.

— Não? — indagou um tanto confuso.

— Não. — confirmou a ruiva e, depois de lhe dar um selinho demorado, completou: — Mesmo porque, e se os seus pais estiverem no meio de uma caçada e forem demorar dias para voltar?

— Dias?! — exclamou Henry, temendo aquilo, afinal ele não sabia por quanto tempo ia conseguir se segurar em relação à Emily, mas com certeza não seria muito tempo. — Tipo... Tudo isso?

— Pois é. — assentiu ela, contendo o riso diante do pânico que viu no olhar do caçador.

— Pensando por este lado... — refletiu Henry, convencido de que a diversão poderia vir antes das formalidades mesmo.

No entanto, quando os dois estavam quase se beijando de novo, ele se lembrou de algo importante e um tanto embaraçoso, e falou:

— Mas tem outra coisa também, Emy. A Rachel e o Estrupício estão aqui.

— E com certeza estão aproveitando o tempo livre melhor do que a gente. — replicou a ruiva em tom divertido.

— O quê?! — exclamou Henry, sentindo-se desconfortável ao imaginar que, a algumas portas dali, a sua priminha estava nos braços de Tony, fazendo sabe-se lá o quê.

Tentando reverter o efeito do que disse, Emily o beijou de novo. De um jeito mais intenso e apaixonado, arrancando o fôlego de Henry. Em seguida, ela afastou o rosto, o fitou nos olhos, enquanto acariciava o seu rosto, e pediu:

— Esquece os dois, Henry. E se concentra em mim. Em nós.

Depois de arquear as sobrancelhas e se virar rapidamente, ficando sobre Emily, Henry sorriu completamente relaxado e assentiu cheio de segundas intenções:

— Pedindo assim...

E então ele envolveu os lábios de Emily mais uma vez, enquanto suas mãos percorriam o corpo dela por sobre as peças de roupas. Em alguns momentos, elas entraram embaixo das roupas e acariciaram a pele quente e macia da ruiva diretamente.

XXX

Nem Henry nem Rachel ouviram os barulhos dos motores, mas naquele momento, os carros de seus pais se aproximavam dali. Logo estacionaram na frente do bunker. E então Sam, Dean, Claire e Natalie saíram dos veículos e seguiram em direção à entrada.


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Notas finais do capítulo

Flagra a caminho, sociedade kkkkkkkkkkkkkkk Aguardem o capítulo final...

Bem, e aí? Gostaram? Esse capítulo me deu um trabalhinho (nem sei por que), mas eu ameiiiiiiiiiii. Adorei escrever a conversa entre o priminho e a priminha no começo, a conversa decisiva entre Isaberik, o Erik aceitando a Isabelzinha do jeito que a moçoila é, os dois "fazendo nada", e claro o povo indo para o bunker.

Ah! Não sei se todo mundo lembra, mas, em O Caso do Slender Man, o Tony dá uma rosa para a Rachel quando os dois são crianças e no começo desta fic, ela disse que tinha jogado a tal rosa fora. Achei fofo esclarecer esta história direitinho.

Well, eu quis fazer um capítulo mais leve e romântico (mesmo porque o pior já passou, né?). Espero que tenham gostado!

No capítulo final, teremos os fatídicos e aguardados flagras, pretendo fazer Isaberik se lembrar de onde se conhecem e plantarei algumas sementinhas para a terceira temporada.

Bjs! Fico por aqui, mas agora é com vocês! Reviews?

PS: A piadinha das notas iniciais, sobre duas metades iguais, foi porque eu lembrei deste vídeo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=CbiWtviYS2M kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk



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