"Sabe, eu enxergo a tolice humana em cada movimento feito, Não sei por que estou chorando, só sei que estas são lágrimas inocentes, mas que expressam a dor que está guardada em meu peito..."

Sou tirada de meus pensamentos quando ouço uma música, guardo meu diário no lugar de sempre, atrás de um quadro velho que tenho em meu quarto, vou à procura da música. Sou tomada por um carro de musicas que tocava Stronger e que de acordo com um senhor que ia passando foi pedida por uma garota que havia acabado de romper com seu namorado. Achei tolo e muito clichê, mas aproveitei a musica. Um filme da minha vida atualmente veio em minha cabeça quando ela falou:

"O que não te mata te deixa mais forte
Erga-se mais alto
Não significa que estou solitária quando estou sozinha
O que não te mata te faz um lutador
Deixa os passos mais leves
Não significa que estou acabada, porque você foi embora"

Lembro-me do meu sofrimento, minhas manias, minhas escolhas, que confesso não foram as melhores, minhas loucuras, meus erros, minhas amigas que brilhavam na luz e que sempre me faziam bem... Mas deixem eu me apresentar, Stella, significa estrela, mas só se for uma estrela negra. Tenho meus 16 anos, rodeada por um mundo que não julgo ser meu, meu mundinho é pequeno, mas é o meu mundo e deveria ser como é. Não tenho amigas, sou a nerd, aquela que fica atrás da sala, que só balança a cabeça para não receber indiretas, que prefere viver em seu próprio mundo do que nesse enorme cenário de hipócritas.
O carro de músicas havia sumido pelas ruas, não vi mais ninguém, nem mesmo uma folha no chão, era apenas eu e o vazio, outra vez.
Decidi entrar e preparar algo pro jantar, já que minha mãe e meu pai estavam em uma viagem de negócios, e meu irmão só voltaria do jogo altas horas da noite, sinceramente as vezes sinto uma puta raiva desse trabalho, mal os vejo, já meu irmão é um imbecil, ele não se importa comigo, só pensa em jogar, campeonatos, isso parece um inferno. Mas não vou passar mais uma noite aqui, sozinha, olhando para uma parede violeta, quero adrenalina, meu coração batendo mais rápido, o sangue fervendo por entre as minhas veias. Faço meu jantar, decidida a sair pela rua ao escurecer, enquanto o mesmo ainda está no fogo olho pela janela, vejo pessoas sorrindo, mas não um sorriso verdadeiro, sabe, é muito fácil colocar um sorriso falso em nossos rostos e dizer que está tudo bem. Volto minha atenção para o que seria meu jantar e que agora estava pronto, ponho a mesa e me sirvo, sento à mesa e olho as outras cadeiras, merda, como eu sinto falta deles, como os amo.